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Planejamento Didático

Aula 03
Os Níveis de Planejamento – O Planejamento Curricular e o
Planejamento de Ensino

Objetivos Específicos
• Identificar os níveis de planejamento curricular e de ensino.

Temas
Introdução
1 Os níveis de planejamento
Considerações finais
Referências

Professoras
Claudia Valeria Nobre e Keite Melo
Planejamento Didático

Introdução
Dando sequência ao objetivo de conhecer melhor os níveis de planejamento, nesta aula
o olhar se volta para o planejamento curricular e o planejamento de ensino, com destaque
para a importância de compreendê-los adequadamente no contexto educacional.

Veremos que esses dois níveis de planejamento se relacionam mais diretamente ao


trabalho cotidiano do professor. Alem disso, os aspectos particulares ao planejamento
curricular e ao planejamento de ensino são ingredientes indispensáveis a esta aula e ajudam
a entendê-los adequadamente.

Para compreendermos melhor os níveis de planejamento, é necessário


que realizem a leitura do artigo disponível no ambiente virtual.

1 Os níveis de planejamento

1.1 Planejamento curricular


No contexto educacional nos vemos, cotidianamente, envoltos por situações nas
quais o planejamento curricular se faz presente, podemos dizer que, principalmente, no
início do semestre/ano letivo muitas são as atividades das quais os docentes participam e
que envolvem esse nível de planejamento, como reuniões gerais com as equipes diretivas
e o corpo docente, reuniões entre docentes que atuam no mesmo componente curricular,
reuniões com os docentes que atuam no mesmo ano/semestre letivo, entre outras, e em
todos esses espaços o planejamento curricular é ponto de pauta, sem dúvida alguma.

Entretanto, uma pergunta pode estar rondando: o que vem a ser o planejamento curricular
propriamente dito? Para respondê-la podemos recorrer a Haydt (2000), que afirma que esse
nível de planejamento pode ser entendido como “a previsão dos diversos componentes
curriculares que serão desenvolvidos ao longo do curso, com a definição dos objetivos gerais e
a previsão dos conteúdos programáticos de cada componente” (HAYDT, 2000, p. 128).

Para seguir adiante, com mais segurança, outra indagação se faz necessária: Afinal, o que
são conteúdos curriculares?

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Para Libâneo (1994), os conteúdos curriculares são considerados:

o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de


atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo um vista a assimilação
ativa e aplicação pelos alunos na sua práticas de vida. Englobam: Conceitos, idéias,
fatos, processos, princípios, leis cientificas, regras, habilidades cognoscitivas, modos
de atividades, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudo, de trabalho e
de convivência social, valores, convicções, atitudes. (LIBÂNEO, 1994, p.128)

A partir dessas definições, tornou-se possível entender melhor o que vem a ser o
planejamento curricular e como ele se relaciona com o contexto da sua sala de aula. Vamos
então prosseguir e compreender o que deve ser considerado na elaboração do planejamento
curricular. Segundo Saviani, para que o planejamento curricular possa potencializar o
processo ensino-aprendizagem, deve levar em conta: “os interesses dos alunos, os ritmos de
aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, sem perder de vista a sistematização lógica,
a ordenação e gradação desses conteúdos”(SAVIANI, 1987, p. 73).

Segundo Haydt (2000) há duas modalidades de operacionalização do planejamento


curricular. São elas:

1. Planejamento escolar oficial – é um guia que traz em linhas gerais os fins e os


conteúdos que devem ser trabalhados pelos docentes em suas práticas cotidianas.
Normalmente são definidos pelos sistemas educacionais, ou seja, são orientações
traçadas pelas secretarias de educação municipais, estaduais ou pelo Ministério da
Educação, visando dar unidade ao trabalho do docente que atua neste ou naquele
sistema educacional.

2. Programa pessoal de cada professor – este é o plano de ensino de cada professor que
deve ser elaborado tendo em vista o planejamento escolar oficial e as condições de
cada turma, podendo ser anual, semestral etc.

Libâneo traz um ponto importante que precisa ser considerado no planejamento


curricular: “a escolha dos conhecimentos parte deste princípio básico: os conhecimentos
surgem da prática social e histórica dos homens. Portanto, há um estreito vínculo entre
aluno (sujeito do conhecimento) e sua prática de vida“ (LIBÂNEO, 1991, p. 130). Com isso,
reafirmamos que o planejamento, assim como o ato educacional, não é neutro e deve
vincular-se ao contexto social e histórico que se insere.

Corroborando com esse conceito, Paulo Freire (1980, p. 39,) afirma que:

É preciso que a educação esteja – em seu conteúdo, em seus programas e em seus


métodos– adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito,
construir se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com os outros homens
relações de reciprocidade, fazer a cultura e a história. (FREIRE, 1980, p. 39)

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Para Turra (2006) no planejamento curricular a organização dos conteúdos precisa


contemplar alguns aspectos, como:

• o entendimento de que as inter-relações não devem ser desconsideradas;

• a clareza de que a função principal dessa organização é simplificar a compreensão


dos conteúdos;

• a necessidade de economizar o esforço intelectual dos alunos;

• a importância de favorecer o progresso da aprendizagem no menor espaço de tempo


possível.

Para o mesmo autor, a organização sequencial dos conteúdos no planejamento curricular


se resume no que ele denomina ordenação. Assim, segundo Turra (2006), ela pode ser
realizada de duas formas: na sequência, chamada de ordenação vertical e no relacionamento,
denominada ordenação horizontal. Na ordenação vertical a lógica é buscar levar a
aprendizagem de um nível de complexidade mais acessível a outro mais elevado, de forma
gradativa, obviamente. Já na ordenação horizontal o planejamento curricular preocupa-se
em relacionar os diferentes campos de conhecimento humano, buscando, portanto, romper
as barreiras disciplinares.

Todavia, segundo Turra (2006), no processo de elaboração do planejamento curricular,


deve-se considerar os aspectos básicos na organização sequencial de conteúdos. Portanto,
essa organização deve obedecer a etapas contínuas e sistemáticas, que considerem a
logicidade, a gradualidade e a continuidade.

No que tange a logicidade, sinalizamos que é primordial que haja uma preocupação
com a sequência lógica de organização dos conteúdos. Além disso, ressaltamos que esses
conteúdos devem ser coerentes com a estrutura e objetivos da disciplina, sendo necessário
que se estabeleçam uma ordenação e sequência de ideias (do simples ao complexo), que
favorecerão, assim, a aprendizagem.

Em se tratando da gradualidade, damos destaque a que é necessário buscar uma


distribuição adequada em quantidade e qualidade dos conhecimentos. Paralelamente, vimos
como adequado que se verifiquem se esses conhecimentos atendem as possibilidades de
realização dos envolvidos no trabalho e se a aprendizagem nova relaciona com a anterior.

No que diz respeito a continuidade, podemos afirmar que intimamente relacionada


a logicidade e gradualidade, propiciando a articulação entre conteúdos, completando e
integrando o desenvolvimento do trabalho, além de buscar atender o crescimento, maturidade
e interesse do aluno.

Após tantas considerações ficou claro o quanto é importante o planejamento curricular


para o contexto educacional? Foi possível perceber que há muitas nuances presentes na

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elaboração desse valioso instrumento? Com este estudo, esperamos ter revelado amiúde o
planejamento curricular. Em seguida, veremos mais de perto outro nível de planejamento, o
planejamento de ensino.

1.1 Planejamento de ensino


Planejamento didático ou de ensino, como alguns preferem chamar, é entendido por
Haydt como a “a previsão das ações e procedimentos que o professor vai realizar junto a seus
alunos, visando atingir objetivos estabelecidos” (2000, p. 98).

Desta forma, podemos definir como um conjunto de ações que os docentes realizarão
visando a que seus alunos atinjam os objetivos estabelecidos. Ressaltamos, ainda, que o
planejamento de ensino relaciona-se mais frontalmente ao aspecto didático do ensino e
pode ser subdividido em: plano de curso, plano de unidade e plano de aula.

Considerações finais
Nesta aula estudamos dois níveis de planejamento: o planejamento curricular e o
planejamento de ensino. No que tange ao planejamento curricular, vimos quais aspectos
devemos considerar em sua elaboração e como os conteúdos podem ser organizados de
forma a potencializar o processo ensino-aprendizagem.

No que diz respeito ao planejamento de ensino, ficou claro que esse nível se refere ao
planejamento das ações que o professor irá desenvolver em sala de aula e que há aspectos
que devem ser considerados em sua elaboração.

Referências
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento
de Paulo Freire. 4. ed. São Paulo: Moraes, 1980.

GAMA, A. S.; FIGUEIREDO, S. A. O planejamento no contexto escolar. Disponível em: <http://


www.uems.br/na/discursividade/Arquivos/edicao04/pdf/05.pdf.>. Acesso em: 14 set./2013.

HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo, Ática. 2000.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

TURRA,C. M. G. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre: Sagra: DCLuzzatto, 2006.

SAVIANI. D. Tendências e correntes da educação brasileira. MENDES, D. T. (Coord.) Filosofia da


Educação Brasileira. 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987.

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