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Planejamento Didático

Aula 08
Planejamento e o Processo Avaliativo

Objetivos Específicos
• Estabelecer as relações entre o planejamento e o processo avaliativo.

Temas

Introdução
1 Planejamento e o processo avaliativo
2 A avaliação na prática
Considerações finais
Referências

Professoras
Claudia Valeria Nobre e Keite Melo
Planejamento Didático

Introdução
Nesta aula a relação entre avaliação e planejamento será o tema da nossa discussão.
Veremos o quão imbricados estão esse dois processos e como é importante que os docentes
tenham consciência disto. Para entender melhor o que estamos falando, nesta aula iremos
rever, inicialmente, o conceito de planejamento e em seguida as nuances existentes entre a
ação de planejar e o ato de avaliar.

Veremos também que há diversas formas e momentos de se conduzir o processo


avaliativo e os docentes precisam considerar a avaliação como uma ação vinculada à tomada
de decisão, ao replanejamento da ação pedagógica, caso contrário esse processo se torna
estéril e pouco efetivo.

Para compreender melhor a relação entre avaliação e planejamento, é


necessária a leitura do artigo disponível no ambiente virtual.

1 Planejamento e o processo avaliativo


Para iniciar esta aula, vamos rever o conceito de planejamento. Segundo Menegolla e
Sant’anna, o planejamento pode ser considerado:

Um instrumento direcional de todo o processo educacional, pois estabelece e


determina as grandes urgências, indica as prioridades básicas, ordena e determina
todos os recursos e meios necessários para a consecução de grandes finalidades,
metas e objetivos da educação. (MENEGOLLA e SANT’ANNA, 2001, p. 68)

Como temos visto no decorrer da disciplina, o planejamento faz parte da história do


ser humano. Diariamente somos postos em diversas situações nas quais a necessidade de
planejamento é eminente, seja desde situações mais corriqueiras até outras mais complexas,
estamos quase sempre planejando algo. Entretanto, em algumas situações é necessário
avaliarmos se é preciso realizar mudanças no que já foi planejado. Destaca-se, portanto, que,
da mesma forma que planejamos cotidianamente, também estamos sempre avaliando se
o planejado ocorreu a contento, seja formal ou informalmente, e isso amplia a relação de
interdependência entre avaliação e planejamento.

A relação entre planejamento e avaliação é bastante estreita e não pode ser desconsiderada
no processo ensino-aprendizagem, pois, da mesma forma que se avalia o que foi ensinado ou
o que foi aprendido, também se avalia visando melhorias nesse processo. Com isso queremos
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dizer que sempre que ensinamos estamos avaliando e sempre que aprendemos também
estamos avaliando, ou seja, não existe uma dicotomia entre ensino e avaliação, são processos
que caminham juntos e a avaliação não se restringe ao final dele, como muitos pensam. “A
avaliação é um processo contínuo e sistemático. Faz parte de um sistema mais amplo que é o
processo ensino-aprendizagem” (HAIDT, 1999, p. 288).

Nesse contexto, a interdependência entre planejamento e avaliação é ressaltada por


Libâneo (1994) que ao abordar a relação dos conteúdos com os objetivos propostos para o
processo ensino aprendizagem afirma que:

Os objetivos antecipam os resultados e os processos esperados do trabalho conjunto


do professor e dos alunos, expressando conhecimentos, habilidades e hábitos
(conteúdos) a serem assimilados de acordo com as exigências metodológicas.
(LIBÂNEO, 1994, p. 119)

Destaca-se, todavia, que, infelizmente, ainda encontramos nas instituições educacionais


modelos mais conservadores de educação, que não consideram o educando como sujeito
com direito a voz, expressão; ao contrário, eles são considerados sujeitos passivos no processo
ensino-aprendizagem. É a chamada Educação Bancária (FREIRE, 1986).

Nesse contexto, o modelo de avaliação coerente com essa perspectiva é a avaliação


classificatória, calcada na exclusão escolar e na reprovação, tendo como lógica a meritocracia
na qual os melhores seguem em frente e os piores refazem o caminho. Segundo Hoffmann
(2001), na avaliação classificatória as provas e notas funcionam como rede de segurança em
termos de controle exercido pelos professores sobre os alunos, das escolas e dos pais sobre
os professores e dos sistemas sobre suas escolas. Contrapondo-se a esse modelo, Luckesi
(1995) sinaliza para uma modalidade de avaliação mais democrática e justa.

Para não ser autoritária e conservadora, a avaliação terá de ser diagnóstica, ou


seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da
identificação de novos rumos. Enfim, terá de ser o instrumento de reconhecimento
dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos.
(LUCKESI, 1995, p. 43)

Portanto, visando romper com o modelo de avaliação classificatória, há diversas outras


formas de avaliar e em diversos momentos, como os sinalizados a seguir:

• avaliação diagnóstica: que ocorre durante todo o processo, objetivando colher


dados relativos à turma para diagnosticar seu nível e então traçar estratégias a fim de
potencializar a aprendizagem;

• avaliação formativa: é processual e ocorre ao longo do processo ensino-aprendizagem,


fornecendo valiosos feedbacks aos docentes sobre o que precisa ser reformulado
(replanejamento) para que os alunos alcancem os objetivos da aprendizagem
estipulados;

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• avaliação somativa: ocorre no final de um período, sendo vista como uma linha
de chegada temporária. Afinal, tem a finalidade de apreciar o resultado e fornecer
elementos para o planejamento das próximas ações educativas.

A partir do que foi visto anteriormente, podemos dizer que a concepção de avaliação,
na lógica defendida pelo Luckesi (1996), que reforça a relação de interdependência entre
avaliação e planejamento, é a diagnóstica, pois requer não somente uma constatação dos
problemas educacionais, mas, principalmente, demanda uma tomada de decisão sobre o que
se identificou no processo avaliativo e as ações que daí recorrerão para ajustar o percurso.

Entretanto, Luckesi (1996) sinaliza que há ainda um longo caminho a ser percorrido para
que essa concepção diagnóstica de avaliação seja implementada e para que se quebre o
paradigma de que se deve avaliar apenas no final do processo ensino-aprendizagem.

a avaliação tem sido executada como se existisse independente do projeto pedagógico


e do processo de ensino e, por isso , tem-se destinado exclusivamente a uma atribuição
de notas e conceitos aos alunos. (LUCKESI, 1996, p. 150)

Como estamos estudando, no contexto educacional para se planejar há necessidade


de uma avaliação diagnóstica do público-alvo, de suas necessidades, potencialidades entre
outros. E a avaliação formativa também levará a novos planejamentos e replanejamentos.
Avalia-se para planejar o futuro.

Podemos, então, corroborar com Luckesi (1995) quando afirma que avaliação diagnóstica é um:

instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o


aluno; tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar
no processo de aprendizagem... Desse modo, a avaliação não seria tão somente um
instrumento para aprovação ou reprovação dos alunos, mas sim um instrumento de
diagnóstico da situação. (LUCKESI, 1996, p. 81)

Quanto a isso, Luckesi (1996) traz uma reflexão pertinente: “O ato de avaliar implica dois
processos articulados e indissociáveis: diagnosticar e decidir” (LUCKESI, 1996, p. 8). Ainda
buscando compreender a relação de interdependência entre planejamento e avaliação,
Vasconcellos (1999) fornece uma conceituação importante ao ato de planejar, ao destacar que:
“planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto;
é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo ideal” (p. 35).

Mas quais são os elementos interdependentes do planejamento de ensino ao processo


avaliativo? Em nosso entendimento, eles correspondem às seguintes perguntas/respostas:

• Para que ensinar? Para que avaliar? Essas questões dizem respeito aos objetivos
do ensino e as razões pelas quais avaliamos no processo educativo. Sobre isso, é
importante ter clareza de qual concepção de educação dará suporte às ações no
processo de ensino e no processo de avaliação.

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• O que ensinar? O que avaliar? A relação aqui é entre conteúdos de ensino e avaliação.
Os conteúdos de ensino devem ser escolhidos tendo como referência os objetivos de
ensino. No processo avaliativo, devemos priorizar aquilo que consideramos relevante
e indispensável à formação de nossos alunos, não perdendo de vista os objetivos da
aprendizagem.

• Como ensinar? Como e quando avaliar? O foco agora são as metodologias de


ensino (como ensinar) associadas ao processo avaliativo. As metodologias de ensino
precisam corresponder aos objetivos propostos e aos conteúdos elencados. A
avaliação é, todavia, uma ação constante, que, como tal, deve estar presente em todo
processo de ensino e aprendizagem. Portanto, deve-se avaliar no início, durante e ao
final desse processo, utilizando sempre instrumentos apropriados.

Destacamos, portanto, que a avaliação tem como foco oferecer informações sobre
a aprendizagem, não podendo ser realizada somente ao final do processo. Além disso, o
professor não deve avaliar apenas com o propósito de dar nota, pois ela é decorrência do
processo e não seu fim.

Para finalizar, recomendamos que as instituições de ensino e seus professores compreendam


as nuances do processo avaliativo e possam implementar uma avaliação que considerem os
avanços dos alunos e a necessidade de remodelar o caminho, caso haja necessidade. Sugerimos
também que os dizeres de Luckesi “alimentem” suas práticas avaliativas.

(...) a avaliação por si, é um ato amoroso e a sociedade na qual está sendo praticada
não é amorosa e, daí, vence a sociedade e não a avaliação... Para a avaliação não há
uma separação entre o certo; há o que existe e esta situação que existe é acolhida,
para ser modificada. Na avaliação, não há exclusão. (LUCKESI, 1996, p. 45)

2 A avaliação na prática
A discussão sobre avaliação perpassa todos os níveis e modalidades educacionais,
sendo sempre um tema bastante polêmico e controverso. No ensino superior ou no ensino
profissional não há de ser diferente, a avaliação da aprendizagem está sempre sendo debatida.
Nesse contexto, a leitura do texto complementar a seguir aponta questões instigantes sobre
a avaliação, por isso recomendamos fortemente a leitura visando aprofundar o que foi visto
na aula. Relembramos, também, que a avaliação da aprendizagem não existe dissociada do
processo de ensinar e do projeto educativo das instituições educacionais, sendo um ponto a
ser considerado exaustivamente.

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Considerações finais
Nesta aula o foco foi compreender o potencial do trabalho a partir de projetos nas
instituições educacionais e para isso vimos, brevemente, a origem dessa metodologia e quais
pontos não podem ser esquecidos para utilizá-lo eficazmente.

Vimos também que é uma metodologia bastante utilizada nas instituições educacionais. Foram
vistos ainda os procedimentos que precisam ser seguidos para planejar o trabalho por projetos,
assegurando, assim, o protagonismo dos alunos tão próprio dessa metodologia de ensino.

Referências
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra, 1996.

HAYDT, R. C. C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática. 2000.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 1995.

MENEGOLLA, M. SANT’ANNA, I. M. Por que planejar? Como planejar? 10ª Ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2001.

VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São


Paulo: Libertad, 1999.

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