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AVALIAÇÃO ESCOLAR E CONCEPÇÕES

PEDAGÓGICAS DE ENSINO

1
Sumário

INTRODUÇÃO 3

AFINAL, O QUE É AVALIAÇÃO ESCOLAR? 4

DESCREVENDO SOBRE A AVALIAÇÃO 10

AS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS QUE PERMEIAM A AVALIAÇÃO NO


CONTEXTO ESCOLAR 15

A AVALIAÇÃO E O PAPEL SOCIAL DA EDUCAÇÃO ESCOLAR 25

A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO E A AVALIAÇÃO 27

A CARACTERÍSTICA PROCESSUAL DA AVALIAÇÃO 32

O COTIDIANO E SUAS POSSÍVEIS PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO DAS


APRENDIZAGENS 35

OS INSTRUMENTOS 36

A AUTO-AVALIAÇÃO 43

O CONSELHO DE CLASSE 46

OUTROS ESPAÇOS DE AVALIAÇÃO 47

CONCLUSÃO 50

REFERÊNCIAS 53

1
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

A avaliação se faz presente em todos os domínios da atividade humana. O


“julgar”, o “comparar”, isto é, “o avaliar” faz parte de nosso cotidiano, seja através das
reflexões informais que orientam as frequentes opções do dia-a-dia ou, formalmente,
através da reflexão organizada e sistemática que define a tomada de decisões
(DALBEN, 2005, p. 66).

Como prática formalmente organizada e sistematizada, a avaliação no


contexto escolar realiza-se segundo objetivos escolares implícitos ou explícitos, que,
por sua vez, refletem valores e normas sociais.

Segundo Villas-Boas (1998, p. 21), as práticas avaliativas podem, pois, servir


à manutenção ou à transformação social. Ainda para a referida autora, a avaliação
escolar não acontece em momentos isolados do trabalho pedagógico; ela o inicia,
permeia todo o processo e o conclui. A avaliação escolar, também chamada avaliação
do processo ensino-aprendizagem ou avaliação do rendimento escolar, tem como
dimensão de análise o desempenho do aluno, do professor e de toda a situação de
ensino que se realiza no contexto escolar.

Sua principal função é subsidiar o professor, a equipe escolar e o próprio


sistema no aperfeiçoamento do ensino. Desde que utilizada com as cautelas prevista
se já descritas em bibliografia especializada, fornece informações que possibilitam
tomar decisões sobre quais recursos educacionais devem ser organizados quando
sequer tomar o ensino mais efetivo. É, portanto, uma prática valiosa,
reconhecidamente educativa, quando utilizada com o propósito de compreender o
processo de aprendizagem que o aluno está percorrendo em um dado curso, no qual
o desempenho do professor e outros recursos devem ser modificados para favorecer
o cumprimento dos objetivos previstos e assumidos coletivamente na Escola.

3
AFINAL, O QUE É AVALIAÇÃO ESCOLAR?

É um componente do processo de ensino e aprendizagem que busca comparar


o que foi adquirido com o que se pretende alcançar.

Podemos dizer que a avaliação tem como objetivo diagnosticar como a escola
e o professor estão contribuindo para o desenvolvimento dos alunos.

 Avaliação processual: é a avaliação continua.


 Avaliação pontual: é a avaliação de resultado.

Segundo Libâneo (2017) ao analisar os resultados obtidos, por meio da


avaliação, percebe-se se os objetivos propostos foram alcançados para que o
trabalho docente seja reorientado, logo a avaliação é uma reflexão do processo
educativo que abrange aluo e professor. Os dados coletados são mensurados em
quantitativos e qualitativos.

 Avaliação quantitativo e qualitativo

 Avaliação quantitativo: é o que pode ser mensurado por meio de nota e


informações. Ela é classificatória.
 Avaliação qualitativa: é o que não pode ser mensurável, observa-se o
processo de ensino-aprendizagem de forma contínua e global.

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 Vamos ver o que a LDB 9.394/96 fala sobre a avaliação?

Art. 24. V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes


critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais;

Perceba que os aspectos abordados na lei não são notas, mas registros de
acompanhamento das atividades alunos. A avaliação contínua e cumulativa
demonstra que ela é diária, transparente, assim possui uma aparência diagnóstica.
Os aspectos qualitativos devem sobrepor os aspectos quantitativos.

 Princípios da avaliação:

 Integralidade: a avaliação deve perceber o estudante como um todo,


considerando todos os
envolvidos no processo.
 Funcionalidade: relaciona a avaliação aos objetivos educacionais.
 Orientação: direciona a prática escolar. Ela não pode assumir um caráter
excludente.
 Sistematicidade: a avaliação deve ser muito bem planejada, integrando todo
o trabalho educativo.
A avaliação é um processo contínuo, por isso deve ser projetada para
acompanhar a aprendizagem, identificando as conquistas diante do desenvolvimento
real do aluno. Uma avaliação inicial traz para o professor as características e o suporte
necessário para que ele possa desenvolver o planejamento de acordo com as
características de seus alunos.

Segue abaixo, as principais características da avaliação escolar conforme


Libâneo:

 Reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos


 Possibilita a revisão do plano de ensino
 Ajuda a desenvolver capacidades e habilidades
 Volta-se para a atividade dos alunos
 Deve ser objetiva
 Ajuda na percepção do professor
 Reflete valores e expectativas do professor em relação aos alunos

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Esse autor ainda nos traz como tarefas da avaliação a verificação, a qualificação e a
apreciação qualitativa.

 Verificação: coleta de dados por meio de provas, exercícios e tarefas ou


outros meios auxiliares.

 Qualificação: comprovação dos resultados alcançados e conforme o caso,


atribuição de notas.
 Apreciação Qualitativa: avaliação propriamente dita, referindo-se aos
padrões de desempenho esperados.

Fique atendo, você tem que verificar cada conceito que envolve a avaliação.
Cuidado para não confundir a teoria com a sua prática como docente.

Muita atenção nas funções da avaliação (que mudam de acordo com alguns
autores) e que sempre caem nas provas. O conceito abaixo é um dos mais cobrados
por nossas bancas examinadoras.

 Funções da avaliação
A avaliação apresenta três funções, sendo elas:

 Função diagnóstica: é realizada no início do processo para direcionar o


trabalho do professor. Nessa fase é estudado e
levantado os conhecimentos prévios dos alunos para que o professor possa
verificar como colocará em
prática o seu planejamento, de forma a atender as características dos alunos.
 Função formativa ou processual: é realizada durante o processo para
acompanhar o desenvolvimento dos alunos. A função formativa proporciona
ao professor e aos estudantes as informações necessárias para corrigir as
possíveis falhas, estimulando todos a continuarem o trabalho. Nessa fase
encontra-se o famoso feedback que reorienta os envolvidos em suas tarefas
de forma positiva.
 Função somativa (classificatória): é realizada no final do processo,
classificando os alunos quanto ao nível de desenvolvimento. Esta fase
oferece também as informações necessárias para o registro das atividades
que foram desempenhadas pelos alunos.

 Avaliação Diagnóstica

 Realiza-se no início do curso, do ano letivo, do semestre/trimestre, da


unidade ou de um novo tema.
 Verifica pré-requisitos.

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 Avaliação Formativa

 Ocorre ao longo do ano letivo.


 Localiza deficiências/dificuldades.

 Avaliação Somativa

 Classifica os alunos no fim de um semestre/trimestre, do curso, do ano letivo,


segundo níveis de aproveitamento.
 Tem a função Classificadora (classificação final). Avaliação escolar na visão
dos principais autores.

Vejamos como alguns autores abordam sobre a avaliação:

O momento de avaliar é também para diagnosticar dificuldades e mostrar


caminhos de superação. (ANDRADE 2014, p. 21).

Nenhuma avaliação dá resultados absolutos, mas informações sobre o que e


como o aluno aprendeu. E a função da avaliação é diagnosticar o processo de
aprendizagem, não a capacidade do aluno. (TAVARES, 2011, p. 108)

O processo de avaliação tem início quando: São levantados os conhecimentos


prévios dos alunos. A partir disso é possível estabelecer objetivos e metas, escolher
conteúdos e aplicar métodos. (SANTOS, 2011, p. 106)

Tendo um ponto de partida, a avaliação torna-se auxiliadora, quantitativamente


e principalmente qualitativamente, do processo de ensino-aprendizagem em que
progresso ou fracasso são importantes para se repensar as estratégias com vistas a
auxiliar o desenvolvimento do aluno. (SANTOS, 2011, p. 106)

Assim sendo, a avaliar os alunos representa incluí-la no mundo do


conhecimento. Assim caracteriza-se o tipo de avaliação que é preparada para
ensinar, reforçar o processo de aprendizagem, e não apenas para atribuir notas,
medindo o que foi memorizado. (ANDRADE 2014, p. 21).

Agora que já sabemos desses conceitos, vamos analisar as funções da


avaliação escolar na perspectiva de José Carlos Libâneo que também é muito
cobrado.

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 Libâneo classifica a avaliação em três funções:

Pedagógico-didática: está relacionada ao cumprimento dos objetivos


educacionais. Essa avaliação ajuda na compreensão acerca do alcance dos
objetivos educacionais.

Diagnóstica: apresenta os avanços e os problemas dos alunos junto com a atuação


do professor.
Ocorre em três fases:

 Início: para sondar os conhecimentos.


 Durante: para acompanhar o desenvolvimento dos professores e alunos.
 Final: para verificar o resultado do trabalho desenvolvido.
Com essas informações o professor poderá propor modificações durante o processo
de ensino e aprendizagem.

Controle: está relacionada aos meios e a frequência das verificações e de


qualificação dos resultados escolares, permitindo o diagnóstico das situações
didáticas.

Essas três funções atuam de forma interdependentes, não podendo ser


isoladas!

 Outros conceitos da avaliação escolar


Vamos conhecer um pouquinho mais sobre alguns fatores que envolvem a
avaliação escolar e que não foram conceituados:

A observação: é muito importante durante o acompanhamento dos alunos. Com


ela o professor pode modificar as dificuldades identificadas que influenciam a
aprendizagem dos estudantes.

A entrevista: ajuda e busca conhecer o aluno em seu desempenho escolar.


Contribui com as informações que o professor já tem, tratando assim problemas
mais específicos, esclarecendo dúvidas quanto às atitudes e hábitos de
determinada criança.

Existem também outras formas de avaliação que já caíram em concursos,


vamos conhecer um pouquinho mais:

 Avaliação informal: faz parte do processo desenvolvido pelo professor que


consiste em elogios, castigos, ameaças entre outros aspectos em que o
educador traça sobre o perfil do aluno durante o processo de ensino. Para
Freitas, esse tipo de avaliação consiste na construção, pelo professor, “de

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juízos gerais sobre o aluno, cujo processo de constituição está encoberto e é
aparentemente assistemático”.
 Avaliação formal: é formada por instrumentos específicos de avaliação
como provas, trabalhos e tarefas organizadas. Compõe-se das práticas “que
envolvem o uso de instrumentos explícitos de avaliação, cujos resultados
podem ser examinados objetivamente pelo aluno, à luz de um procedimento
claro” (Freitas).

 O papel da avaliação na prática escolar

Que tal lembrarmos o papel da avaliação que está presente em cada prática
pedagógica? Vamos para elas:

 Função da avaliação tradicional: é exercida de forma classificatória com


memorização e reprodução através de provas e exercícios.
 Avaliação – escola nova: há a valorização dos aspectos afetivos. A auto
avaliação está presente priorizando o desenvolvimento individual do aluno.
 Avaliação – tecnicista: é analisada através do comportamento desejado. Há
o apego aos livros didáticos, a produtividade do aluno com exercícios
programados.
 Avaliação – libertária: não há uma avaliação dos conteúdos.
 Avaliação – libertadora: busca a emancipação do grupo.
 Avaliação – histórico-crítica: existe a tomada de decisão para a
transformação da sociedade. Função diagnóstica.

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DESCREVENDO SOBRE A AVALIAÇÃO

A avaliação se faz presente em todos os domínios da atividade humana. O


“julgar”, o “comparar”, isto é, “o avaliar” faz parte de nosso cotidiano, seja através das
reflexões informais que orientam as frequentes opções do dia-a-dia ou, formalmente,
através da reflexão organizada e sistemática que define a tomada de decisões
(DALBEN, 2005, p. 66).

Como prática formalmente organizada e sistematizada, a avaliação no


contexto escolar realiza-se segundo objetivos escolares implícitos ou explícitos, que,
por sua vez, refletem valores e normas sociais. Segundo Villas-Boas (1998, p. 21), as
práticas avaliativas podem, pois, servir à manutenção ou à transformação social.
Ainda para a referida autora, a avaliação escolar não acontece em momentos isolados
do trabalho pedagógico; ela o inicia, permeia todo o processo e o conclui. A avaliação
escolar, também chamada avaliação do processo ensino aprendizagem ou avaliação

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do rendimento escolar, tem como dimensão de análise o desempenho do aluno, do
professor e de toda a situação de ensino que se realiza no contexto escolar. Sua
principal função é subsidiar o professor, a equipe escolar e o próprio sistema no
aperfeiçoamento do ensino.

Desde que utilizada com as cautelas previstas e já descritas em bibliografia


especializada, fornece informações que possibilitam tomar decisões sobre quais
recursos educacionais devem ser organizados quando se quer tomar o ensino mais
efetivo. É, portanto, uma prática valiosa, reconhecidamente educativa, quando
utilizada com o propósito de compreender o processo de aprendizagem que o aluno
está percorrendo em um dado curso, no qual o desempenho do professor e outros
recursos devem ser modificados para favorecer o cumprimento dos objetivos
previstos e assumidos coletivamente na Escola.

O processo avaliativo parte do pressuposto de que se defrontar com


dificuldades é inerente ao ato de aprender. Assim, o diagnóstico de dificuldades e
facilidades deve ser compreendido não como um veredicto que irá culpar ou absolver
o aluno, mas sim como uma análise da situação escolar atual do aluno, em função
das condições de ensino que estio sendo oferecidas. Nestes termos, são questões
típicas de avaliações:

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• Que problemas o aluno vem enfrentando?

• Por que não conseguiu alcançar determinados objetivos?

• Qual o processo de aprendizagem desenvolvido?

• Quais os resultados significativos produzidos pelo aluno?

A avaliação tem sido utilizada muitas vezes de forma reducionista, como se


avaliar pudesse limitar-se à aplicação de um instrumento de coleta de informações. É
comum ouvir-se "Vou fazer uma avaliação", quando se vai aplicar uma prove ou um
teste. Avaliar exige, antes que se defina aonde se quer chegar, que se estabeleçam
os critérios, para, em seguida, escolherem-se os procedimentos, inclusive aqueles
referentes à coleta de dados.

Além disso, o processo avaliativo não se encerra com este levantamento de


informações, as quais devem ser comparadas com os critérios e julgadas a partir do
contexto em que foram produzidas. Somente assim elas poderão subsidiar o processo
de tomada de decisão quanto a que medidas devem ser previstas para aperfeiçoar o
processo de ensino, com vistas a levar o aluno a superar suas dificuldades.

A avaliação tem sido limitada também pela hipertrofia que o processo de


atribuição de notas ou conceitos assumiu na administração escolar. Definir através
de nota ou conceito as dificuldades e facilidades do aluno á apenas um recurso
simplificado que identifica a posição do aluno em uma escala. Usado com precaução,
este recurso não deveria produzir efeitos colaterais Indesejáveis. Contudo, acreditar,
por exemplo, que uma nota ou um conceito C possa, por si, explicar o rendimento do
aluno e justificar uma decisão de aprovação ou reprovação, sem que se analisem o
significado desta nota no processo de ensino, as condições de aprendizagem
oferecidas, os instrumentos e processos de coleta de dados empregados para
obtenção de tal nota ou conceito, a relevância deste resultado na continuidade da
programação do curso, e reduzir de forma inadequada o processo avaliativo; é,
sobretudo, limitar a perspective de análise do rendimento do aluno e a possibilidade
do professor em compreender ó processo que coordena em sala de aula.

No entanto, em qualquer nível de ensino em que ocorra, a avaliação não existe


e não opera por si mesma; está sempre a serviço de um projeto ou de um conceito
teórico, ou seja, é determinada pelas concepções que fundamentam a proposta de

12
ensino, como afirma Caldeira (2000): A avaliação escolar é um meio e não um fim em
si mesma; está delimitada por uma determinada teoria e por uma determinada prática
pedagógica. Ela não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um
modelo teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de
ensino e de aprendizagem, Expresso na teoria e na prática pedagógica. (p. 122).

Essa ideia de que avaliar o processo de ensino e de aprendizagem não é uma


atividade neutra ou destituída de intencionalidade nos faz compreender que há um
estatuto político e epistemológico que dá suporte a esse processo de ensinar e de
aprender que acontece na prática pedagógica na qual a avaliação se inscreve.

Sobre a importância dessa compreensão, Cunha (1998), que pesquisou as


concepções de conhecimento que fundamentam a prática pedagógica no ensino
superior, afirma: A compreensão de que a concepção de conhecimento preside a
definição da prática pedagógica desenvolvida na Universidade foi muito importante
para ultrapassar a análise simplista, realizada sobre as regras didáticas aplicadas ao
ensino superior. Compreender que ensinar e aprender estão alicerçados numa
concepção de mundo e de ciência facilitou uma visão mais global e elucidativa,
especialmente numa época em que a supremacia da ciência tem sido amplamente
reconhecida. (p. 17)

Endossando essa mesma posição, Álvarez Méndez (2002), ao indagar a


respeito do objetivo da avaliação, ou sobre o porquê e para quê avaliar, sustenta que
a resposta nos remete, necessariamente, ao sentido que tenha o conhecimento ou
que a ele seja atribuído. Segundo o autor, (...) o conhecimento deve ser o referente
teórico que dá sentido global ao processo de realizar uma avaliação, podendo diferir
segundo a percepção teórica que guia a avaliação. Aqui está o sentido e o significado
da avaliação e, como substrato, o da educação. (p. 29)

Portanto, para esse autor, a avaliação está estritamente ligada à natureza do


conhecimento, e uma vez reconhecida essa natureza, a avaliação deverá ajustar-se
a ela se quiser ser fiel e manter a coerência epistemológica. Nessa direção, podemos
partir do pressuposto de que a avaliação, como prática escolar, não é uma atividade
neutra ou meramente técnica, isto é, não se dá num vazio conceitual, mas é
dimensionada por um modelo teórico de mundo, de ciência e de educação, traduzida
em prática pedagógica.

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Um segundo pressuposto é que a prática de avaliação dos processos de
ensino e de aprendizagem ocorre por meio da relação pedagógica que envolve
intencionalidades de ação, objetivadas em condutas, atitudes e habilidades dos
atores envolvidos. Na condição de avaliador desse processo, o professor interpreta e
atribui sentidos e significados à avaliação escolar, produzindo conhecimentos e
representações a respeito da avaliação e acerca de seu papel como avaliador, com
base em suas próprias concepções, vivências e conhecimentos. Nesse sentido, Sordi
(2001) afirma: Uma avaliação espelha um juízo de valor, uma dada concepção de
mundo e de educação, e por isso vem impregnada de um olhar absolutamente
intencional que revela quem é o educador quando interpreta os eventos da cena
pedagógica. (p.173)

Considerando, então, essa condição do professor, como avaliador, de atribuir


sentidos e significados à avaliação, cabe-nos questionar: que concepções
pedagógicas subjazem à atual prática de avaliação do processo de ensino e de
aprendizagem no contexto escolar? Para responder a essa indagação, nos propomos
a resgatar o significado de avaliação nas concepções pedagógicas dominantes no
contexto escolar, a partir dos séculos XVI e XVII, quando surge a prática dos exames
escolares e, em seguida, analisar em que medida tais concepções se encontram,
ainda hoje, presentes e dominantes, na atual prática de avaliação do processo de
ensino e de aprendizagem no contexto escolar.

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AS CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS QUE PERMEIAM A
AVALIAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR

Utilizaremos quatro categorias para a análise da relação entre concepções


pedagógicas e os significados de avaliação. Em um primeiro momento, situaremos os
exames e as provas escolares como práticas de avaliação, utilizadas a partir do
século XVI, no que se convencionou chamar de “Pedagogia Tradicional”, da qual
decorre a concepção de que avaliação e exame se equivalem. Em um segundo
momento, analisaremos a concepção de avaliação como medida, que teve o seu auge
com a denominada “Pedagogia Tecnicista”. A seguir, passaremos à concepção da
avaliação como instrumento para a classificação e regulação do desempenho do
aluno. Finalmente, em um quarto momento, trataremos da concepção qualitativa da
avaliação.

 Examinar para Avaliar

Numa perspectiva diacrônica, podemos remontar às práticas de avaliação sob


a forma de exames e provas, usadas em colégios católicos da Ordem Jesuítica e em
escolas protestantes, a partir do século XVI. Conforme Luckesi (2003): A tradição dos
exames escolares, que conhecemos hoje, em nossas escolas, foi sistematizada nos
séculos XVI e XVII, com as configurações da atividade pedagógica produzidas pelos

15
padres jesuítas (séc. XVI) e pelo Bispo John Amós Comênio (fim do séc. XVI e
primeira metade do século XVII). (p. 16)

No entanto, há registros de que tal prática antecede a esse período, pois, na


China, três mil anos antes de Cristo, já se usavam os exames para selecionar homens
para o exército. Todavia, os exames escolares, como praticados hoje em nossas
escolas, foram sistematizados com o advento da modernidade e sua consequente
prática educativa (Luckesi, 2003, p. 16).

A prática dos exames atinge o seu apogeu com a ascensão e consolidação da


burguesia, uma vez que desprovida dos privilégios garantidos por nascimento e da
fortuna da aristocracia recorre ao trabalho e aos estudos como forma de ascensão
social. Contudo, torna-se importante ressaltar que a introdução generalizada do
exame de admissão para o serviço público foi um grande passo na democratização
do Estado e na configuração de uma sociedade meritocrática.

Mediante o desenvolvimento do modo de produção capitalista, o exame


continuou a ser “uma das peças do sistema” e, nesse sentido, Afonso (2000) sustenta:
É, portanto, ao longo do século XIX que se assiste à multiplicação de exames e
diplomas, pondo em evidência o contínuo controle por parte do Estado dos processos
de certificação. Como Karl Marx observou, o exame passa a mediar às relações mais
amplas da cultura com o Estado, constituindo-se num vínculo objetivo entre o saber
da sociedade civil e o saber do Estado. (p. 30)

Defendendo a tese de que, ainda hoje, na escola brasileira, pública e


particular, do ensino básico ao superior, praticamos exames escolares em vez de
avaliação da aprendizagem, Luckesi (2003, p. 11) afirma: historicamente, passamos
a denominar a prática de acompanhamento da avaliação da aprendizagem do
educando de “Avaliação da aprendizagem escolar”, mas, na verdade, continuamos a
praticar “exames”. Por essa razão, o autor denomina de Pedagogia do Exame essa
prática que, segundo ele, ainda se faz presente em nossas escolas. Para esse autor,
também podemos verificar os resquícios dessa Pedagogia do Exame em algumas
práticas nacionais de avaliação, tais como o Exame Nacional do Ensino Médio –
Enem e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Sinaes (o extinto
“Provão”), e que, segundo ele, mais reforçam a cultura do exame do que a cultura da
avaliação (p.8).

16
Embora o autor reconheça a utilidade e a necessidade dos exames nas
situações que exigem classificação, como os concursos, e naquelas que requerem
certificação de conhecimentos, para ele, a sala de aula é o lugar onde, em termos de
avaliação, deveria predominar o diagnóstico como recurso de acompanhamento e 8
reorientação da aprendizagem, em vez de predominarem os exames como recursos
classificatórios (Luckesi, 2003, p. 47).

Essa breve análise a respeito da prática de exames possibilitou-nos identificar


uma primeira concepção sobre a avaliação ainda presente em nossas escolas, ou
seja, a de que avaliar é examinar. Outro conceito dominante é o de que avaliar é
medir o desempenho e, nessa perspectiva, será discutido a seguir.

 Medir para Avaliar

A concepção de avaliação como processo de medida teve sua origem no início


do século XX, nos Estados Unidos, com os estudos de Thorndike acerca dos testes
educacionais. Tais estudos prosperaram muito e resultaram no desenvolvimento de

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testes padronizados para medir habilidades e aptidões dos alunos. Paralelamente, há
de se considerar, no início do século XX, a contribuição da Psicologia à avaliação
educacional.

Essa contribuição pode ser vista sob dois ângulos. O primeiro diz respeito aos
testes psicológicos, com base nos estudos de Sperman (1904, 1907, 1913) sobre a
Psicometria, e de Binet e Simon (1905), que criaram o primeiro teste de inteligência
para crianças e adultos.

Essa possibilidade de mensuração de comportamentos por meio de testes


propiciou a expansão de uma cultura dos testes e medidas na educação e, por essa
razão, Dias Sobrinho (2003) afirma que, nas primeiras décadas do século passado,
avaliar se confundia com medir: Embora consideremos hoje importante distinguir
avaliação e medida, naquele momento, esses termos se tomavam um pelo outro. A
avaliação era eminentemente técnica, consistindo basicamente em testes de
verificação, mensuração e quantificação de resultados. (p. 17)

O segundo ângulo por meio do qual se pode focalizar a contribuição da


Psicologia à avaliação educacional refere-se aos estudos da Psicologia
Comportamental sobre a aprendizagem. Essa abordagem considera que a
aprendizagem pode ser quantificada e, portanto, medida. Tais estudos fundamentam
a chamada “Pedagogia Tecnicista”, conforme explica Caldeira (1997): A Pedagogia
Tecnicista busca sua concepção de aprendizagem na psicologia comportamental.
Esta sempre buscou adquirir o “status” de ciência, libertando-se da introspecção e
fundamentando-se na lógica científica dominante que lhe garantisse a objetividade
das ciências da natureza. Seu principal foco de preocupação são as mudanças
comportamentais que possam ser cientificamente observadas, portanto,
quantificadas. (p. 53)

A ideia de avaliar, não só para medir mudanças comportamentais, mas


também a aprendizagem, portanto para quantificar resultados, encontra-se apoiada
na racionalidade instrumental preconizada pelo Positivismo. Coerente com essa visão
de quantificação de resultados, a avaliação é conceituada como a sistemática de
dados por meio da qual se determinam as mudanças de comportamento do aluno e
em que medida estas mudanças ocorrem (Bloom et al., 1975, p. 23). Portanto, ela
visa a comprovar o rendimento do aluno com base nos objetivos (comportamentos)

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predefinidos e, desse modo, a avaliação é reduzida à medida e separa o processo de
ensino de seu resultado (Caldeira, 2000, p. 23).

 Mas afinal o que é uma medida?

Segundo Hadji (2001), medir significa atribuir um número a um acontecimento


ou a um objeto, de acordo com uma regra logicamente aceitável (p. 27). Para esse
autor, a ideia de que a avaliação é uma medida dos desempenhos dos alunos
encontra-se fortemente enraizada na mente dos professores e, frequentemente, na
mente dos alunos, e a dificuldade para a superação dessa concepção reside na
suposta “confiabilidade” das medidas em educação e nos parâmetros “objetivos”
utilizados pelos professores para atribuir notas às tarefas dos alunos.

Uma medida é objetiva no sentido de que, uma vez definida a unidade, deve-
se ter sempre a mesma medida do mesmo fenômeno. Certamente, um erro é sempre
possível, devido às imperfeições da instrumentação, pois ele resulta então das
condições de operacionalização dos instrumentos. Ele provém da operação de
medida. Por essa razão, pode ser calculado e, portanto, neutralizado. (p. 27)

19
Desse modo, para o referido autor, reduzir a avaliação à medida ou mais
especificamente à prova implica aceitar a confiabilidade da prova como instrumento
de medida e desconsiderar que a subjetividade do avaliador pode interferir nos
resultados da avaliação. Em razão disso, ele nos alerta: (...) registraremos aqui o fato
de que hoje se sabe que a avaliação não é uma medida pelo simples fato de que o
avaliador não é um instrumento, e porque o que é avaliado não é um objeto no sentido
imediato do termo. Todos os professores avaliadores deveriam, portanto, ter
compreendido definitivamente que a “nota verdadeira” quase não tem sentido. (p. 34)

 Avaliar para Classificar ou para Regular

Uma das concepções mais tradicionais sobre a avaliação na escola refere-se


à possibilidade de classificar o desempenho do aluno por meio da avaliação. Nessa
perspectiva, Perrenoud (1999) declara: A avaliação é tradicionalmente associada, na
escola, à criação de hierarquias de excelência [grifo do autor]. Os alunos são
comparados e depois classificados em virtude de uma norma de excelência, definida
em absoluto ou encarnada pelo professor e pelos melhores alunos. (p. 11)

Para esse autor, outra função tradicional que a avaliação assume no contexto
escolar é a certificação, isto é, o diploma garante que o seu portador recebeu uma

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formação e, portanto, não necessita se submeter a novos exames. Uma certificação
fornece poucos detalhes dos saberes e competências adquiridos e do nível de
domínio precisamente adquirido em cada campo abrangido. Ela garante, sobretudo,
que um aluno sabe globalmente “o que é necessário saber” para passar para a série
seguinte no curso, ser admitido em uma habilitação ou começar uma profissão (...). A
vantagem de uma certificação instituída é justamente a de não precisar ser controlada
ponto por ponto, de servir de passaporte para o emprego ou para uma formação
posterior. (p. 13)

Segundo Perrenoud (1999), nossas práticas de avaliação são atravessadas


por duas lógicas não necessariamente excludentes: a formativa e a somativa. No que
se refere à lógica da avaliação somativa, Sordi (2001), apoiando-se em Perrenoud
(1999), afirma: Esta se relaciona mais ao produto demonstrado pelo aluno em
situações previamente estipuladas e definidas pelo professor, e se materializa na
nota, objeto de desejo e sofrimento dos alunos, de suas famílias e até do próprio
professor. Predomina nessa lógica o viés burocrático que empobrece a
aprendizagem, estimulando ações didáticas voltadas para o controle das atividades
exercidas pelo aluno, mas não necessariamente geradoras de conhecimento. (p. 173)

Já a outra lógica – a formativa – preocupa-se com o processo de apropriação


dos saberes pelo aluno, os diferentes caminhos que percorre, mediado pela
intervenção ativa do professor, a fim de promover a regulação das aprendizagens,
revertendo à eventual rota do fracasso e reinserindo o aluno no processo educativo.

Assim, podemos depreender que a avaliação somativa apoia-se em uma lógica


ou em uma concepção classificatória de avaliação cuja função, ao final de uma
unidade de estudos, semestre ou ano letivo, é a de verificar se houve aquisição de
conhecimento. Quanto a essa modalidade de avaliação, Azzi (2001) declara: A
avaliação que acontece ao final nos dá uma dimensão do significado e da relevância
do trabalho realizado. Difundida nos meios educacionais com a denominação de
somativa, é sempre associada à ideia de classificação, aprovação e reprovação. Tal
associação tem sentido e não é errada em uma proposta que tenha esses objetivos.
Numa proposta que vise à inclusão do aluno, a avaliação final necessita ser
redimensionada, sem perder seu caráter de seriedade e rigor. (p. 19)

21
Com relação à avaliação formativa, Hadji (2001, p. 19) sustenta que sua função
principal é a de contribuir para uma boa regulação da atividade de ensino (ou da
formação, no sentido amplo). Trata-se, portanto, de levantar informações úteis à
regulação do processo de ensino-aprendizagem. Todavia, ele nos lembra: uma
avaliação não precisa conformar-se a nenhum padrão metodológico para ser
formativa (p. 19).

Nessa medida, observa-se que, na prática, essas lógicas convivem entre si.
Para Sordi (2001, p. 174), porém, a diferença reside na posição do educador diante
delas, ou seja, na coragem do professor em assumir a sua titularidade e sua
autonomia na definição do que vale em avaliação.

 Avaliar para Qualificar

Como reação às concepções tecnicista e quantitativa da avaliação, segundo


Saul (1988), a partir da década de 1960, surgem inúmeras críticas sobre os modelos
e práticas da avaliação em nossas escolas, verificando-se um rápido desenvolvimento
de enfoques de avaliação alternativos, com pressupostos éticos, epistemológicos e
teóricos bem diferentes. Nesse sentido, a autora se refere à busca de alternativa para
a avaliação escolar: Produziu-se um acelerado desenvolvimento do interesse sobre
a perspectiva chamada de avaliação “qualitativa”. Esse movimento deveu-se em
grande parte ao reconhecimento de que os testes padronizados de rendimento não
ofereciam toda a informação necessária para compreender o que os professores
ensinavam e o que os alunos aprendem. (p. 45)

22
Caracteriza que na concepção qualitativa de avaliação: Há uma preocupação
em compreender o significado de produtos complexos a curto e a longos prazos,
explícitos e ocultos, o que requer uma mudança de orientação, uma troca de polo: da
ênfase nos produtos à ênfase no processo. (p. 46)

Por essa razão, para a autora, a “avaliação qualitativa” passa a incorporar um


conjunto de técnicas, orientações e pressupostos da metodologia etnográfica, da
investigação de campo (p. 47).

Outra característica dessa avaliação é o delineamento flexível que permita um


enfoque progressivo, isto é, a avaliação centrada em processos é em si mesma um
processo que evolui em virtude de descobertas sucessivas e de transformações do
contexto; supõe, então, um enfoque seletivo e progressivo (Saul,1988, p. 47). Na
esteira de uma avaliação de cunho qualitativo, a autora propõe uma modalidade, por
ela denominada de avaliação emancipatória, cujas três vertentes teórico
metodológicas são: a avaliação democrática; crítica institucional e criação coletiva; e
a pesquisa participante (p. 53).

Observamos, portanto, que essa proposta de avaliação qualitativa surgiu a


partir da necessidade de uma revisão e ultrapassagem das premissas
epistemológicas até então vigentes. Demo (2004) declara: A avaliação qualitativa
pretende ultrapassar a avaliação quantitativa, sem dispensar está. Entende que no
espaço educativo os processos são mais relevantes que os produtos, não fazendo
jus à realidade, se reduzida apenas às manifestações empiricamente mensuráveis.
Estas são mais fáceis de manipular metodologicamente, porque a tradição científica
sempre privilegiou o tratamento mensurado da realidade, avançando, por vezes, de
maneira incisiva em algumas disciplinas sociais, como a economia e psicologia.
Todavia, não se pode transferir a limitação metodológica a pretensa redução do real.
Este é mais complexo e abrangente do que sua face empírica. A avaliação qualitativa
gostaria de chegar até à face qualitativa da realidade, ou pelo menos de se aproximar
dela. (p. 156)

Na opinião de Esteban (2003), a avaliação qualitativa configura-se como um


modelo em transição por ter como centralidade a compreensão dos processos dos
sujeitos e da aprendizagem, o que produz uma ruptura com a primazia do resultado
característico do processo quantitativo. Nesse sentido, a autora afirma: A avaliação

23
qualitativa tenta responder à imposição de a avaliação qualitativa apreender a
dinâmica e a intensidade da relação aprendizagem-ensino, porém articulada por
princípios que sustentam o conhecimento-regulação-mercado, Estado e comunidade.
(p. 26)

Suas pesquisas sobre a avaliação do rendimento do aluno indicam que a


construção de um modelo híbrido, que mantém como perspectiva global o modelo
quantitativo, de alguma maneira suavizado pela inclusão da análise de alguns fatores
subjetivos nessa avaliação, não chega a significar uma real transformação no
paradigma da avaliação. Nesse sentido, Esteban (2001) assinala: (...) Muitas vezes
observamos, tanto na sala de aula quanto nas propostas que chegam à escola, a
manutenção da prática de avaliação fundamentada na lógica classificatória e
excludente, ainda que a prática adquira uma aparência inovadora e que o conceito de
avaliação escolar associado à quantificação do rendimento do/a aluno/a seja objeto
de inúmeras e profundas críticas. (p. 121)

De acordo com Santos e Guerra, falam-se em avaliação de conteúdos,


conceitos, procedimentos, atitudes, mas há que se sintetizar todo o processo num
conceito ou número (apud Esteban, 2001, p. 121). Desta análise, podemos
depreender que embora não se possa negar a incorporação da abordagem qualitativa
como um avanço na proposta de avaliação escolar ela ainda não é suficiente para a
reconstrução global da práxis avaliativa. Segundo Esteban (2001), As concepções
qualitativa e quantitativa mantêm o sujeito individualizado e não consideram a

24
dimensão social da constituição da subjetividade, de suas características peculiares,
de suas possibilidades, de suas dificuldades, etc.; conservam a concepção de que é
necessário harmonizar o indivíduo às condições postas. (p. 122)

A AVALIAÇÃO E O PAPEL SOCIAL DA EDUCAÇÃO


ESCOLAR

 Que relações se estabelecem?

Até que ponto, nós, professores, refletimos sobre nossas ações cotidianas na
escola, nossas práticas em sala de aula, sobre a linguagem que utilizamos, sobre
aquilo que pré-julgamos ou outras situações do cotidiano? Muitas vezes, nosso
discurso expressa aquilo que entendemos como adequado em educação e aquilo que
almejamos. Isso tem seu mérito! Contudo, nossas práticas, imbuídas de concepções,
representações e sentidos, ou seja, repletas de ações que fazem parte de nossa
cultura, de nossas crenças, expressam um “certo modo” de ver o mundo. Esse “certo
modo” de ver o mundo, que está imbricado na ação do professor, traz para nossas
ações reflexos de nossa cultura e de nossas práticas vividas, que ainda estão muito

25
impregnados pela lógica da classificação e da seleção, no que tange à avaliação
escolar.

Um exemplo diz respeito ao uso das notas escolares que colocam os avaliados
em uma situação classificatória. Nossa cultura meritocrática naturaliza o uso das
notas a fim de classificar os melhores e os piores avaliados. Em termos de educação
escolar, os melhores seguirão em frente, os piores voltarão para o início da fila,
refazendo todo o caminho percorrido ao longo de um período de estudos. Essa
concepção é naturalmente incorporada em nossas práticas e nos esquecemos de
pensar sobre o que, de fato, está oculto e encoberto por ela.

Em nossa sociedade, de um modo geral, ainda é bastante comum as pessoas


entenderem que não se pode avaliar sem que os estudantes recebam uma nota pela
sua produção. Avaliar, para o senso comum, aparece como sinônimo de medida, de
atribuição de um valor em forma de nota ou conceito. Porém, nós, professores, temos
o compromisso de ir além do senso comum e não confundir avaliar com medir. Avaliar
é um processo em que realizar provas e testes, atribuir notas ou conceitos é apenas
parte do todo. A avaliação é uma atividade orientada para o futuro. Avalia-se para
tentar manter ou melhorar nossa atuação futura. Essa é a base da distinção entre
medir e avaliar. Medir refere-se ao presente e ao passado e visa obter informações a
respeito do progresso efetuado pelos estudantes. Avaliar refere-se à reflexão sobre
as informações obtidas com vistas a planejar o futuro.

Portanto, medir não é avaliar, ainda que o medir faça parte do processo de
avaliação. Avaliar a aprendizagem do estudante não começa e muito menos termina
quando atribuímos uma nota à aprendizagem. A educação escolar é cheia de
intenções, visa a atingir determinados objetivos educacionais, sejam estes relativos a
valores, atitudes ou aos conteúdos escolares.

26
A avaliação é uma das atividades que ocorre dentro de um processo
pedagógico. Este processo inclui outras ações que implicam na própria formulação
dos objetivos da ação educativa, na definição de seus conteúdos e métodos, entre
outros. A avaliação, portanto, sendo parte de um processo maior, deve ser usada
tanto no sentido de um acompanhamento do desenvolvimento do estudante, como no
sentido de uma apreciação final sobre o que este estudante pôde obter em um
determinado período, sempre com vistas a planejar ações educativas futuras. Quando
a avaliação acontece ao longo do processo, com o objetivo de reorientá-lo, recebe o
nome de avaliação formativa e quando ocorre ao final do processo, com a finalidade
de apreciar o resultado deste, recebe o nome de avaliação somativa. Uma não é nem
pior, nem melhor que a outra, elas apenas têm objetivos diferenciados.

A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO E A AVALIAÇÃO

Para se instaurar um debate no interior da escola, sobre as práticas correntes


de avaliação, é necessário que explicitemos nosso conceito de avaliação. Qual a
função da avaliação, a partir do papel da educação escolar na sociedade atual? Às
vezes, aquilo que parece óbvio não o é tanto assim. Para que seja feita a avaliação
na escola? Qual o lugar da avaliação no processo de ensino e aprendizagem?
Tradicionalmente, nossas experiências em avaliação são marcadas por uma

27
concepção que classifica as aprendizagens em certas ou erradas e, dessa forma,
termina por separar aqueles estudantes que aprenderam os conteúdos programados
para a série em que se encontram daqueles que não aprenderam. Essa perspectiva
de avaliação classificatória e seletiva, muitas vezes, torna-se um fator de exclusão
escolar.

Entretanto, é possível concebermos uma perspectiva de avaliação cuja


vivência seja marcada pela lógica da inclusão, do diálogo, da construção da
autonomia, da mediação, da participação, da construção da responsabilidade com o
coletivo.

Tal perspectiva de avaliação alinha-se com a proposta de uma escola mais


democrática, inclusiva, que considera as infindáveis possibilidades de realização de
aprendizagens por parte dos estudantes. Essa concepção de avaliação parte do
princípio de que todas as pessoas são capazes de aprender e de que as ações
educativas, as estratégias de ensino, os conteúdos das disciplinas devem ser
planejados a partir dessas infinitas possibilidades de aprender dos estudantes.

Pode-se perceber, portanto, que as intenções e usos da avaliação estão


fortemente influenciados pelas concepções de educação que orientam a sua
aplicação. Hoje, é voz corrente afirmar-se que a avaliação não deve ser usada com o
objetivo de punir, de classificar ou excluir. Usualmente, associa-se mais a avaliação
somativa a estes objetivos excludentes. Entretanto, tanto a avaliação somativa quanto
a formativa podem levar a processos de exclusão e classificação, na dependência
das concepções que norteiem o processo educativo.

A prática da avaliação pode acontecer de diferentes maneiras. Deve estar


relacionada com a perspectiva para nós coerente com os princípios de aprendizagem
que adotamos e com o entendimento da função que a educação escolar deve ter na
sociedade. Se entendermos que os estudantes aprendem de variadas formas, em
tempos nem sempre tão homogêneos, a partir de diferentes vivências pessoais e
experiências anteriores e, junto a isso, se entendermos que o papel da escola deva
ser o de incluir, de promover crescimento, de desenvolver possibilidades para que os
sujeitos realizem aprendizagens vida afora, de socializar experiências, de perpetuar
e construir cultura, devemos entender a avaliação como promotora desses princípios,
portanto, seu papel não deve ser o de classificar e selecionar os estudantes, mas sim

28
o de auxiliar professores e estudantes a compreenderem de forma mais organizada
seus processos de ensinar e aprender. Essa perspectiva exige uma prática avaliativa
que não deve ser concebida como algo distinto do processo de aprendizagem.

Entender e realizar uma prática avaliativa ao longo do processo é pautar o


planejamento dessa avaliação, bem como construir seus instrumentos, partindo das
interações que vão se construindo no interior da sala de aula com os estudantes e
suas possibilidades de entendimentos dos conteúdos que estão sendo trabalhados.
A avaliação tem como foco fornecer informações acerca das ações de aprendizagem
e, portanto, não pode ser realizada apenas ao final do processo, sob pena de perder
seu propósito. Podemos chamar essa perspectiva de avaliação formativa.

Segundo Allal (1986, p.176), “os processos de avaliação formativa são


concebidos para permitir ajustamentos sucessivos durante o desenvolvimento e a
experimentação do curriculum”. Perrenoud (1999, p.143) define a avaliação formativa
como “um dos componentes de um dispositivo de individualização dos percursos de
formação e de diferenciação das intervenções e dos enquadramentos pedagógicos”.
Outro aspecto fundamental de uma avaliação formativa diz respeito à construção da
autonomia por parte do estudante, na medida em que lhe é solicitado um papel ativo
em seu processo de aprender. Ou seja, a avaliação formativa, tendo como foco o
processo de aprendizagem, numa perspectiva de interação e de diálogo, coloca
também no estudante, e não apenas no professor, a responsabilidade por seus
avanços e suas necessidades. Para tal, é necessário que o estudante conheça os
conteúdos que irá aprender, os objetivos que deverá alcançar, bem como os critérios
que serão utilizados para verificar e analisar seus avanços de aprendizagem. Nessa
perspectiva, a auto-avaliação torna-se uma ferramenta importante, capaz de propiciar
maior responsabilidade aos estudantes acerca de seu próprio processo de
aprendizagem e de construção da autonomia.

A avaliação formativa é aquela em que o professor está atento aos processos


e às aprendizagens de seus estudantes. O professor não avalia com o propósito de
dar uma nota, pois dentro de uma lógica formativa, a nota é uma decorrência do
processo e não o seu fim último. O professor entende que a avaliação é essencial
para dar prosseguimento aos percursos de aprendizagem. Continuamente, ela faz
parte do cotidiano das tarefas propostas, das observações atentas do professor, das
práticas de sala de aula. Por fim, podemos dizer que avaliação formativa é aquela

29
que orienta os estudantes para a realização de seus trabalhos e de suas
aprendizagens, ajudando-os a localizar suas dificuldades e suas potencialidades,
redirecionando-os em seus percursos.

A avaliação formativa, assim, favorece os processos de auto-avaliação, prática


ainda não incorporada de maneira formal em nossas escolas. Instaurar uma cultura
avaliativa, no sentido de uma avaliação entendida como parte inerente do processo e
não marcada apenas por uma atribuição de nota, não é tarefa muito fácil. Uma
pergunta, portanto, que o coletivo escolar necessita responder diz respeito às
concepções de educação que orientam sua prática pedagógica, incluindo o processo
de avaliação. Qual o entendimento que a escola construiu sobre sua concepção de
educação e de avaliação?

Há pelos menos dois aspectos sobre os quais a escola precisa refletir, como
parte de sua concepção de educação. Um diz respeito à exclusão que ela pode
realizar, caso afaste os estudantes da cultura, do conhecimento escolar e da própria
escola, pela indução da evasão por meio de reprovação, como já foi abordado no
texto sobre currículo e cultura. Aqui os processos de avaliação podem atuar para
legitimar a exclusão, dando uma aparência científica à avaliação e transferindo a
responsabilidade da exclusão para o próprio estudante.

1. É fundamental: transformar a prática avaliativa em prática de


aprendizagem.

2. É necessário: avaliar como condição para a mudança de prática e para


o redimensionamento do processo de ensino/aprendizagem.

3. Avaliar: faz parte do processo de ensino e de aprendizagem: não


ensinamos sem avaliar, não aprendemos sem avaliar. Dessa forma, rompe-
se com a falsa dicotomia entre ensino e avaliação, como se esta fosse
apenas o final de um processo.

30
Outro aspecto diz respeito ao papel esperado dos estudantes na escola e o
desenvolvimento de sua autonomia e auto direção. Neste caso, a avaliação pode ser
usada para gerar a subordinação do estudante e não para valorizar seu papel como
sujeito de direitos com capacidade para decidir. A escola, portanto, não é apenas um
local onde se aprende um determinado conteúdo escolar, mas um espaço onde se
aprende a construir relações com as “coisas” (mundo natural) e com as “pessoas”
(mundo social). Essas relações devem propiciar a inclusão de todos e o
desenvolvimento da autonomia e auto direção dos estudantes, com vistas a que
participem como construtores de uma nova vida social.

A importância dessa compreensão é fundamental para que se possa, no


processo pedagógico, orientar a avaliação para essas finalidades. Entretanto, isso
não retira, nem um pouco, a importância da aprendizagem dos conteúdos escolares
mais específicos e que são igualmente importantes para a formação dos estudantes.
Se, por um lado, a escola deve valorizar a capacidade dos estudantes de criar e
expressar sua cultura, por outro, vivendo em um mundo altamente tecnológico e
exigente, as contribuições já sistematizadas das variadas ciências e das artes não
podem ser ignoradas no trabalho escolar.

31
A CARACTERÍSTICA PROCESSUAL DA AVALIAÇÃO

Normalmente, a noção de avaliação é reduzida à medição de competências e


habilidades que um estudante exibe ao final de um determinado período ou processo
de aprendizagem. Vista assim, a avaliação é uma forma de se verificar se o estudante
aprendeu ou não o conteúdo ensinado. Embora isso possa fazer parte do conceito de
avaliação, ela é mais ampla e envolve também outras esferas da sala de aula.

É sabido, por exemplo, que o professor procura respaldo na avaliação para


exercer o controle sobre o comportamento dos estudantes na sala de aula. Isso
acontece porque a sala de aula isolou-se tanto da vida real que os motivadores
naturais da aprendizagem tiveram que ser substituídos por motivadores artificiais,
entre eles a nota. Assim, o estudante estuda apenas para ter uma nota e não para ter
suas possibilidades e leitura do mundo ampliadas. Isso, é claro, limita os horizontes
da formação do estudante e da própria avaliação. O poder de dar uma nota não
raramente é usado para induzir subordinação e controlar o comportamento do
estudante em sala.

Além disso, nem sempre o professor avalia apenas o conhecimento que o


estudante adquiriu em um determinado processo de aprendizagem, mas também
seus valores ou atitudes. Dessa forma, ao conceituarmos a avaliação escolar,
realizada nas salas de aula, devemos levar em conta que são vários os aspectos
incluídos nesta definição: o conhecimento aprendido pelo estudante e seu
desenvolvimento, o comportamento do estudante e seus valores e atitudes.

Alguns desses aspectos são avaliados formalmente (em provas, por exemplo),
mas outros são avaliados informalmente (nas conversas com os estudantes, no dia-
a-dia da sala de aula). Investigar, portanto, como está ocorrendo a avaliação em sua

32
sala de aula – considerando os aspectos formais e informais – pode ser um bom
começo para aprimorar as práticas avaliativas usadas.

Em decorrência desses aspectos informais, avaliamos muito mais do que


pensamos avaliar. Nas salas de aulas, estamos permanentemente emitindo juízos de
valor sobre os estudantes (frequentemente de forma pública). Esses juízos de valores
vão conformando imagens e representações entre professores e estudantes, entre
estudantes e professores e entre os próprios estudantes.

Na sala de aula, boa parte das atividades que vão sendo realizadas tende a
gerar juízos de valor por parte de professores e estudantes. Não é apenas em uma
situação de prova que os juízos se desenvolvem tendo por base as respostas dadas
pelos estudantes. No dia-a-dia da sala de aula, há uma intensa relação entre
professores e estudantes que propicia o contínuo emergir de juízos de valor que são
expressos em observações e comentários públicos sobre o desempenho acadêmico,
sobre o comportamento em sala e sobre os valores e atitudes – tanto de professores
como de estudantes.

Esses juízos de valor interferem (para o bem ou para o mal) nas relações entre
os professores e os estudantes. Não são raras as situações em que os professores
começam a orientar suas estratégias metodológicas em função de seus juízos de
valor sobre os estudantes, configurando uma situação delicada, principalmente
quando os juízos negativos de valor passam a comandar a ação metodológica do
professor. Nesses casos, há um contínuo prejuízo do estudante, pois o preconceito
que se forma sobre ele termina por retirar as próprias oportunidades de aprendizagem
do estudante.

O acompanhamento dessas situações revela que, ao agirem assim, esses


professores terminam por afetar negativamente a autoimagem do estudante, o que
representa um fator contrário à motivação do aluno para a aprendizagem. Podemos
dizer que a reprovação oficializada em uma prova, por exemplo, é de fato, apenas a
consequência de uma relação professor-aluno mal sucedida durante o processo de
ensino-aprendizagem.

Quando o estudante é reprovado em uma situação de prova, de fato, ele já


havia sido reprovado, antes, no processo. Foi a relação professor-aluno que o
reprovou. Isso deve alertar o professor para a necessidade de uma relação bem

33
sucedida, motivadora e positiva para com o estudante durante o processo de
aprendizagem, no qual se evite o uso de procedimentos e ações que contribuam para
a criação de uma autoimagem negativa.

Pode-se afirmar, igualmente, que mesmo nas situações de organização


curricular baseada em ciclos e em progressão continuada, o fato de se eliminar o
poder de reprovação dos instrumentos avaliativos não significa que não esteja
havendo avaliação. Tanto os ciclos quanto a progressão continuada, em algumas
situações, permanecem fazendo uso de técnicas informais de avaliação
(observações, trabalhos sem critérios muito definidos etc.) inerentes ao processo de
ensino aprendizagem que podem até ser mais perversos que as próprias provas
formais, quando usadas com propósito classificatório e excludente.

Dessa forma, podemos perceber o quanto é fundamental avaliar os processos


de aprendizagem dos estudantes na escola em ciclos. Como fazer com que os
estudantes aprendam aquilo que não vêm conseguindo aprender? É preciso, antes
de mais nada, avaliar. Depois, traçar estratégias e maneiras de intervenção junto aos
estudantes que favoreçam a aprendizagem. Um equívoco que parece persistir, ainda
entre parte dos educadores, desde as primeiras experiências com ciclos básicos e
promoção automática no Brasil, é o de que combater a reprovação implica em não
avaliar o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes, em não fazer provas, em
não fazer testes, em não atribuir notas ou conceitos que reflitam tal processo.

Outro equívoco ainda parece relacionar-se com essa questão: há uma máxima
de que os estudantes, ao não serem reprovados, não aprendem e saem da escola
sem aprender o básico de leitura, escrita e matemática. Diz o senso comum que “os
estudantes estão saindo da escola sem aprender, porque não são avaliados e não
são reprovados!” Tal equívoco nos remete a outra máxima, que já faz parte de nossa
cultura escolar: a de que a reprovação é garantidora de uma maior qualidade do
ensino. Poderíamos reduzir toda a riqueza do ato de educar ao momento da
promoção ou retenção dos estudantes?

Ora, o que viabiliza uma melhor qualidade de ensino são professores bem
formados e informados; condições de trabalho; recursos materiais; escolas arejadas,
claras e limpas, com mobiliário adequado, com espaços de estudo, de pesquisa e
prazer para professores e estudantes, sempre, é claro, fazendo uso dessas condições

34
com seriedade e responsabilidade, de maneira a garantir a aprendizagem e
desenvolvimento dos estudantes.

O COTIDIANO E SUAS POSSÍVEIS PRÁTICAS DE


AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS

Inúmeras práticas avaliativas permeiam o cotidiano escolar. Em uma


mesma escola, ou até em uma sala de aula, é possível identificarmos práticas de
avaliação concebidas a partir de diferentes perspectivas teóricas e concepções
pedagógicas e de ensino. Isso é natural, uma vez que nossas práticas incorporam
diferentes vivências e modelos, bem como são permeadas por nossas crenças e
princípios, nem sempre tão coerentes assim. A escola, ao longo das décadas, vem
passando por inúmeras transformações do ponto de vista das concepções
pedagógicas e correntes teóricas.

A cada período, podemos considerar que a escola incorpora


determinadas práticas, rejeita outras, perpetua outras tantas. No entanto, é importante
perceber que, mais do que defender uma ou outra corrente teórica, a busca pela
coerência nas ações educativas deve ser o norte do professor.

35
OS INSTRUMENTOS

É importante reproduzir aqui uma fala recorrente em nossas salas de aula.


Nossas falas representam nossas concepções e ideias sobre as coisas e o mundo.
Pois bem, uma professora, em dia de prova, muitas vezes diz para sua turma: “hoje
faremos uma avaliação!” Essa fala traz uma incorreção conceitual, comum em nosso
cotidiano escolar, e importante de ser refletida. Se a avaliação é um processo que
não se resume a medir ou verificar apenas, como pode ser feito em um dia? A fala
adequada da professora deveria ser: “Hoje, vamos fazer um exercício que servirá de
base para a avaliação de vocês!”. Ao falarmos de instrumentos utilizados nos
processos de avaliação, estaremos falando das tarefas que são planejadas com o
propósito de subsidiar, com dados, a análise do professor acerca do momento de
aprendizagem de seus estudantes.

Há variadas formas de se elaborar instrumentos. Eles podem ser trabalhos,


provas, testes, relatórios, interpretações, questionários etc., referenciados nos
programas gerais de ensino existentes para as redes escolares e que definem
objetivos e conteúdos para uma determinada etapa ou série, ou podem ser
referenciados no conhecimento que o professor tem do real estágio de
desenvolvimento de seus alunos e do percurso que fizeram na aprendizagem.

É importante ressaltar também que os resultados advindos da aplicação dos


instrumentos são provisórios e não definitivos. O que o estudante demonstrou não
conhecer em um momento poderá vir a conhecer em outro. A questão do tempo de

36
aprendizagem de cada estudante é um fator, na maioria das vezes, pouco levado 26
em consideração. É importante ressaltar ainda que a simples utilização de
instrumentos diferenciados de provas e testes (memorial, portfólio, caderno de
aprendizagens etc.) já propicia uma vivência de avaliação distinta da tradicional. O
que queremos dizer é que, muitas vezes, a prática concreta leva a uma posterior
mudança de concepção de avaliação. A descrição dos instrumentos será colocada
mais adiante. Retomemos agora a discussão acerca de sua construção.

A construção dos instrumentos, quando é feita a partir de programas e


objetivos gerais, toma como referência tais programas e não as aprendizagens reais
dos estudantes ou do grupo. Se, por um lado, isso faz com que a questão do tempo
de aprendizagem específico de cada estudante seja um fator quase inexistente na
elaboração desse tipo de instrumento, por outro, é um importante fator de geração de
equidade entre os objetivos e conteúdos que se espera que as escolas ensinem a
seus estudantes. Sem isso, correríamos o risco de que cada professor fixasse o seu
próprio conteúdo ou nível de aprendizagem para seus estudantes. Dessa forma, a
coleta dos dados obtidos com os instrumentos que se referenciam nos programas
gerais de ensino revelará aquilo que os estudantes aprenderam ou não aprenderam.

O professor, porém, não necessita e não deve limitar-se a esse tipo de


instrumento. Ele pode construir outros que sejam mais sensíveis ao estágio de
desenvolvimento específico de seus alunos, confiando que tais instrumentos
proporcionarão a dimensão da possibilidade, do “vir a saber”, revelando melhor o
papel inclusivo da escola e da educação, a crença no potencial do aprendizado do
estudante.

Se bem planejados e construídos, os instrumentos (trabalhos, provas, testes,


relatórios, portfólios, memoriais, questionários etc.) têm fundamental importância para
o processo de aprendizagem ainda que não devam ser usados apenas para a
atribuição de notas na perspectiva de aprovação ou reprovação dos estudantes. O
que significa um instrumento de avaliação bem elaborado? Certamente, copiar tarefas
de livros didáticos ou planejar atividades, sem se ter a clareza do que estariam
objetivando, não são boas estratégias para a elaboração de tais instrumentos.

Um exemplo de prática avaliativa inadequada pode ser visto quando uma


tarefa é retirada de um livro didático para servir de questão de teste ou prova. Muitas

37
vezes, uma boa atividade de um livro didático não se enquadra no propósito de avaliar
a aprendizagem realizada por um estudante, simplesmente porque ela não foi
pensada com esse fim. Um instrumento mal elaborado pode causar distorções na
avaliação que o professor realiza e suas implicações podem ter consequências
graves, uma vez que todo ato avaliativo envolve um julgamento que, no caso da
educação escolar, significa, em última instância, aprovar ou reprovar.

Os instrumentos que serão usados no processo de avaliação, sejam


referenciados nos programas gerais ou no estágio de desenvolvimento dos
estudantes reais existentes em uma sala de aula, devem, portanto, partir de uma
especificação muito clara do que pretendem avaliar. A elaboração de um instrumento
de avaliação ainda deverá levar em consideração alguns aspectos importantes:

a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclarecedora, objetiva;

b) a contextualização daquilo que se investiga: em uma pergunta sem contexto


podemos obter inúmeras respostas e, talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
gostaríamos de verificar;

c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja, deve ter significado para quem
está sendo avaliado;

d) estar coerente com os propósitos do ensino;

e) explorar a capacidade de leitura e de escrita, bem como o raciocínio.

Podemos fazer algumas considerações em relação aos instrumentos que


podem ser utilizados ou construídos com a finalidade de acompanhar a aprendizagem
dos estudantes, em vez de fazer uma medição pontual do seu desempenho.
Comumente já encontramos, nas práticas da Educação Infantil, instrumentos que
revelam um processo de avaliação muito voltado ao acompanhamento das
aprendizagens e desenvolvimento das crianças, ou seja, uma avaliação incorporada
ao cotidiano e ao planejamento diário. Sabemos também que, na Educação Infantil,
os (as) professores (as), de um modo geral, já realizam uma avaliação muito próxima
da formativa, uma vez que exercem uma avaliação mais contínua do processo das
crianças, desvinculada da necessidade de pontuá-la com indicadores numéricos ou
de outra ordem, para fins de aprovação. As práticas avaliativas na Educação Infantil,

38
de um modo geral, primam pela lógica da inclusão das crianças com vistas à sua
permanência e continuidade nas creches, pré-escolas e escolas de Ensino
Fundamental.

Podemos considerar também que, tradicionalmente, nossas experiências,


principalmente no Ensino Fundamental, são marcadas por uma avaliação
classificatória, seletiva e, muitas vezes, excludente, como já vimos. Ao longo desse
texto, estamos trabalhando na perspectiva de uma avaliação das aprendizagens dos
estudantes que implica uma proposição de avaliação marcada pela lógica da inclusão,
do diálogo, da construção da autonomia, da mediação, da participação, da construção
da responsabilidade com o coletivo. No entanto, como tornar a avaliação dos
processos de aprendizagem dos estudantes mais interativa, dialógica, formativa?

Vimos que a avaliação formativa é aquela que orienta os estudantes para


realização de seus trabalhos e de suas aprendizagens, ajudando-os a localizar suas
dificuldades e suas potencialidades, redirecionando-os em seus percursos. Nesse
sentido, como já vimos, um aspecto fundamental de uma avaliação formativa diz
respeito à construção da autonomia por parte do estudante, na medida em que lhe é
solicitado um papel ativo em seu processo de aprender.

Além disso, a avaliação formativa considera em que ponto o estudante se


encontra em seu processo de aprendizagem. Para Villas Boas (2004), a avaliação
formativa é criteriada, ou seja, toma como referenciais os objetivos e os critérios de
avaliação, mas ao mesmo tempo toma como referência o próprio estudante. Isso
significa que a análise de seu progresso considera aspectos tais como o esforço
despendido, o contexto particular do seu trabalho e o progresso alcançado ao longo
do tempo. Consequentemente, o julgamento de sua produção e o retorno que lhe será
oferecido levarão em conta o processo desenvolvido pelo estudante e não apenas os
critérios estabelecidos para realizar a avaliação. A avaliação formativa é realizada ao
longo de todo o processo de ensino e aprendizagem.

O professor, trabalhando na perspectiva da avaliação formativa, não está


preocupado no dia-a-dia em atribuir notas aos estudantes, mas em observar e
registrar seus percursos durante as aulas, a fim de analisar as possibilidades de
aprendizagem de cada um e do grupo como um todo. Pode, dessa forma, planejar e

39
replanejar os processos de ensino, bem como pode planejar as possibilidades de
intervenção junto às aprendizagens de seus estudantes.

O registro da avaliação formativa pode ser feito de diferentes maneiras. O


professor deve encontrar uma forma de documentar os dados que for coletando ao
longo do processo. A periodicidade de coleta desses dados também deve ser
realizada de acordo com a realidade de cada grupo e do contexto em geral
(possibilidades do professor, turma, escola).

O importante não é a forma, mas a prática de uma concepção de avaliação


que privilegia a aprendizagem. Em uma prática de avaliação formativa, o instrumento
de registro do professor deve ter o propósito de acompanhar o processo de
aprendizagem de seus estudantes. A finalidade é registrar este acompanhamento, os
avanços e recuos dos estudantes, a fim de informar o professor acerca do processo,
para que, assim, possa mediar e traçar estratégias de ação adequadas a cada
estudante e às suas potencialidades.

Outros instrumentos de registro podem e devem coexistir: planilhas de notas,


relatórios do desempenho dos estudantes, anotações diárias das aulas, diários do
professor, no qual ele anota o que fez, o que foi produtivo, como poderia ser
melhorado, enfim, há uma infinidade de possibilidades de registro da prática e do
crescimento dos estudantes e crianças. Na Educação Infantil é comum a prática de
relatórios discursivos acerca dos processos das crianças. Os professores costumam
registrar sob forma de relatórios tais processos. Nesses registros, é comum os
professores relatarem considerações a respeito do processo de desenvolvimento e
aprendizagem de cada criança individualmente, do coletivo (da turma como um todo)
e do seu próprio trabalho. Ao avaliar seu processo de ensino, o professor poderá
considerar mais amplamente o processo de aprendizagem de cada criança e do
coletivo.

Portanto, é fundamental considerar que a avaliação das ações de ensino está


diretamente relacionada à avaliação das aprendizagens. Finalmente, há ainda a
possibilidade de se ter instrumentos destinados a informar aos estudantes e
responsáveis, bem como às secretarias de educação acerca da aprendizagem dos
estudantes. São os registros do tipo boletins, relatórios quantitativos ou qualitativos.

40
Estes são resumos daquilo que foi coletado ao longo de um período e expressam não
o processo, mas o resultado do mesmo.

Cabe-nos refletir acerca do papel desses registros. Seria coerente com a


proposta de uma educação voltada para a construção da cidadania e da autonomia,
que os estudantes, por exemplo, só tomassem contato com o final de seu processo
de aprendizagem, depois de findo o bimestre, trimestre, semestre ou ano? Estariam
acompanhando seu processo e podendo, dessa forma, ser mais autônomos e
responsáveis pelo mesmo? No caso da Educação Infantil, essas informações acerca
da avaliação da aprendizagem, ao longo do processo educativo, geralmente são
apresentadas em forma de relatórios de grupo e relatórios individuais, ou ainda, por
meio de reuniões coletivas ou individuais com pais e/ou responsáveis pelas crianças.

Dentro da perspectiva de uma avaliação contínua, cumulativa, a Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional recomenda às Escolas de Ensino
Fundamental, em seu artigo 24: “V - a verificação do rendimento escolar observará
os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao
longo do período sobre os de eventuais provas finais...”

A partir da recomendação legal, estaríamos utilizando os instrumentos de


registro de informação do processo de aprendizagem mais adequados? Lembramos
ainda o quanto é fundamental uma prática que tenha memória. Memória que só pode
existir a partir do registro dos processos, das descobertas, das tentativas, dos
percursos das turmas. Os conhecimentos construídos pelos professores ao longo de
sua prática, os instrumentos elaborados, os planejamentos feitos, as atividades
realizadas, tudo isso registrado significa a legitimação de um saber elaborado a partir
da prática.

Isso fica bastante evidente quando nos reportamos à Educação Infantil, pois a
LDB diz em seu Art. 31 que “na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção,
mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”. Assim sendo, constitui-se um
processo contínuo e abrangente que considera a criança em sua integralidade. É
considerada como parte inerente do processo de formação e, portanto, deve ser

41
parâmetro para o desenvolvimento de todo o trabalho pedagógico na Educação
Infantil.

Um procedimento de avaliação que cumpre a função de ser também


instrumento de registro e que propicia a memória dos processos de ensino e de
aprendizagem, tanto para estudantes, quanto para professores, é o portfólio. O
portfólio é uma tarefa de suma importância para os estudantes e crianças, pois os
coloca em contato com sua aprendizagem constantemente. Além disso, também é
um instrumento de avaliação importante, pois serve para valorizar seu trabalho, seu
crescimento e suas aprendizagens. No portfólio, os estudantes deixam registrado de
maneira concreta o seu caminho ao longo da escolaridade. Funciona como “um baú
de memórias”. Ao final do ano ou ciclo, o estudante terá um dossiê de sua trajetória
e poderá ter um acervo de material rico para lhe auxiliar nas suas próximas etapas. 3

Segundo Villas Boas (2004, p.38), “o portfólio é um procedimento de avaliação


que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem
e avaliar seu progresso. Eles são, portanto, participantes ativos da avaliação,
selecionando as melhores amostras de seu trabalho para incluí-las no portfólio”. O
portfólio pode constituir-se, tanto para estudantes quanto para professores, como uma
coleção dos trabalhos que conta a história de seus esforços, progressos,
desempenho, criações, dúvidas etc. Nesse sentido, o portfólio pode ser considerado
um instrumento de registro que serve para a avaliação dos processos.

Ao selecionar os trabalhos que comporão o portfólio, professores e estudantes


devem fazer uma auto-avaliação crítica e cuidadosa, a partir dos objetivos
estabelecidos, dos propósitos de cada tarefa ou atividade que estará compondo o
instrumento. Podemos ainda dizer que, além de servir como instrumento de auto-
avaliação e de registro da memória dos processos, o portfólio pode ser um
instrumento de comunicação com os pais e/ou responsáveis. É prática corrente, na
Educação Infantil, as crianças rememorarem as tarefas que elaboraram durante um
período, selecionarem e colocarem essas tarefas em uma pasta que será enviada
para casa, a fim de que os responsáveis possam ver o que foi realizado no período.
Ao relembrarem as tarefas, as crianças não só avaliam o que aprenderam, como
também têm a possibilidade de refazer aquilo que julgam que, agora, já poderiam
fazer melhor. Ou seja, aquilo que não sabiam bem e agora já sabem. Entendemos
que tal prática possa ser ressignificada para os outros níveis de ensino.

42
Outro instrumento que facilita a prática de uma avaliação formativa é o Caderno
de Aprendizagens, um caderno no qual os estudantes se depararão com suas dúvidas
e possibilidades de avanço; um caderno de estudos paralelos, digamos assim. Pode
ser uma iniciativa do próprio estudante ou uma prática a ser incorporada pelo
professor em seu planejamento.

A AUTO-AVALIAÇÃO

Algumas práticas que levariam a uma maior autonomia e compromisso dos


estudantes, a um diálogo mais profícuo entre os sujeitos da aprendizagem, à
construção do conhecimento de forma mais criativa e menos mecânica ainda
continuam distanciadas do cotidiano da maioria de nossas escolas. Ainda não
incorporamos em nossa prática cotidiana, por exemplo, a auto-avaliação do ensino
(feita pelo professor) e a auto-avaliação da aprendizagem (feita pelo aluno). Na
maioria das vezes, quando esta é realizada, aparece de forma assistemática ou
apenas em determinados momentos do ano letivo, quase que separada do processo.

A auto-avaliação ainda não se tornou um hábito em nossas salas de aula.


Se é papel da escola formar sujeitos autônomos, críticos, por que ainda não
incorporamos tal prática? Por que ainda insistimos em uma avaliação que não
favorece o aprendizado e que não está coerente com nosso discurso atual? Por que

43
insistimos em uma avaliação que coloca todo o processo nas mãos do professor,
eximindo assim o estudante de qualquer responsabilidade?

A auto-avaliação ainda não faz parte da cultura escolar brasileira.


Entretanto, se quisermos sujeitos autônomos, críticos, devemos ter consciência de
que tal prática deve ser incorporada ao cotidiano dos planejamentos dos professores,
do currículo, por fim.

Ainda hoje, apesar de nossos discursos pedagógicos terem avançado


bastante, insistimos em uma avaliação que não favorece o aprendizado, pois é
concebida como algo que não se constitui como parte do processo de aprendizagem,
mas apenas como um momento de verificação.

Em uma concepção de educação cujo foco do processo de ensino e


aprendizagem seja o professor, há coerência com uma prática de avaliação cujos
critérios e expectativas estejam somente a cargo do professor. No entanto, orientar a
avaliação para uma prática formativa, contemplando a auto-avaliação, torna-se um
pressuposto para avançarmos em direção a uma necessária coerência com uma
concepção mais atual de ensino e aprendizagem.

Os processos de auto-avaliação podem e devem ser individuais e de grupo.


Não devem ficar restritos apenas aos aspectos mais relativos a atitudes e valores. Os
estudantes, em todos os níveis de ensino, devem refletir sobre seus avanços não só
relativos à sua socialização, bem como sobre aqueles relativos às suas
aprendizagens específicas. Ter clareza sobre o que é esperado dele é o primeiro
passo para que o estudante possa realizar sua auto-avaliação. Como poderia saber
se estou aprendendo o que deveria, da forma como deveria, se não sei o que vou
aprender? Todos nós, para podermos fazer uma análise de nossos potenciais e
necessidades, em primeiro lugar devemos conhecer o que vamos aprender.

A auto-avaliação ainda não faz parte da cultura escolar brasileira.


Entretanto, se quisermos sujeitos autônomos, críticos, devemos ter consciência de
que tal prática deve ser incorporada ao cotidiano dos planejamentos dos professores,
do currículo, por fim.

Isso, na escola, se traduz em conhecer não só o programa de ensino do


ciclo, etapa ou série, mas principalmente, as expectativas dos professores, as nossas

44
próprias, refletir sobre por que frequentar a escola, sobre o que é mais importante
aprender e sobre aquilo que queremos conhecer. Depois, para além disso, é
importante que o professor propicie uma prática constante de auto-avaliação para os
estudantes, que se torne uma rotina, incorporada ao planejamento, com instrumentos
elaborados para esse fim e, especialmente, que os resultados obtidos da auto-
avaliação sejam utilizados, seja em conversas individuais, tarefas orientadas ou
exercícios de grupo. O processo de avaliação, seja ou não auto-avaliação, não se
encerra com a aplicação de um instrumento e com a análise dos resultados obtidos.
Avaliar implica em tomar decisões para o futuro, a partir desses resultados. A
autoavaliação quando realizada no grupo significa verificar e avaliar, no coletivo, se
os propósitos estabelecidos com o grupo estão sendo contemplados. Novamente,
coloca-se a situação do grupo ter conhecimento daquilo que é esperado dele, da
construção coletiva de metas e regras. A partir daí, pode-se então, fazer uma auto-
avaliação dos processos do grupo, seja em termos atitudinais, seja em relação aos
conhecimentos construídos coletiva e individualmente.

A auto-avaliação deve favorecer ao estudante a autorreflexão acerca de sua


postura, suas atitudes individuais e no grupo, seu papel no grupo, seus avanços, seus
medos e conquistas. Deve ajudar na superação das dificuldades de aprendizagem,
naturais a todo e qualquer processo de aprender.

45
O CONSELHO DE CLASSE

Outro aspecto diretamente relacionado à avaliação diz respeito ao conselho


de classe. Esse espaço precisa ser ressignificado e a sua real função resgatada.
Existiria espaço mais rico para a discussão dos avanços, progressos, necessidades
dos estudantes e dos grupos? Existiria espaço mais privilegiado de troca entre
professores que trabalham com os mesmos estudantes para traçar estratégias de
atuação em conjunto que favoreçam os processos de aprender? Não seria o conselho
de classe, o momento no qual deveríamos estudar os desafios decorrentes da
prática?

O espaço do conselho de classe poderia estar destinado a traçar estratégias


para as intervenções pedagógicas com os estudantes, com os grupos. Poderia
também se constituir em espaço de estudo e discussão acerca de questões teóricas
que ajudariam na reflexão docente sobre os desafios que o cotidiano escolar nos
impõe: violência escolar, estudantes com necessidades educativas especiais, as
formas e procedimentos de avaliação dos professores, construção coletiva de ações
que levariam a uma maior qualidade do trabalho pedagógico, avaliação das metas e
princípios estabelecidos no projeto político pedagógico da escola e sua concretização
junto aos estudantes e às turmas, formas de relacionamento da escola com as
famílias etc.

Como transformar o conselho de classe em um momento de integração e


discussão do processo pedagógico? É importante lembrar que para ser um espaço
de discussão coletiva, é importante que os professores planejem suas ações e

46
práticas de forma coletiva, desde o início. Como traçar estratégias de
encaminhamento conjuntas se as ações não são planejadas em conjunto?

Para isso, o conselho de classe, no ensino fundamental, deve ser convocado


periodicamente, visto como momento de interação entre professores, planejamento,
estudo e decisões acerca de como trabalhar com as dificuldades e as possibilidades
apresentadas pelos estudantes. O conselho não deve mais ser entendido como
momento de fechamento de notas e decisões acerca da aprovação ou reprovação de
alunos. É também um espaço privilegiado para o resgate da dimensão coletiva do
trabalho docente.

OUTROS ESPAÇOS DE AVALIAÇÃO

Embora tenhamos privilegiado o tratamento das questões relativas à


avaliação da aprendizagem do estudante, portanto, com foco na relação professor
estudante, a sala de aula não é o único espaço em que os processos devem ser
avaliados. Muito do que o professor consegue ou não em seu local de trabalho
depende de fatores que estão presentes no âmbito da escola e do sistema de ensino.
Tais fatores ou facilitadores precisam igualmente ser avaliados como parte integrante
da explicação das conquistas e fracassos que possam ocorrer no âmbito da sala de
aula. Esses outros espaços possuem seus próprios procedimentos de avaliação.

O espaço mais próximo da sala de aula é o espaço da escola como um todo.


A escola é uma organização complexa com múltiplos atores e interesses. A avaliação
da escola é chamada de avaliação institucional. Nesta, o ponto de apoio é o projeto
político-pedagógico da escola construído coletivamente e que deve orientar o
conjunto dos profissionais envolvidos no processo de formação dos estudantes.

47
O projeto político-pedagógico deve fixar indicadores a serem alcançados pelo
coletivo da escola. Indicadores não são padrões a serem obedecidos cegamente, mas
marcas que o coletivo da escola espera atingir e para as quais se organiza. Pode
envolver a fixação de índices menores de reprovação, índices maiores de domínio de
leitura ou outro conteúdo específico, expectativas de melhoria do clima organizativo
da escola etc. Pode envolver ainda a obtenção de uma melhor articulação com a
comunidade local, ou a luta por demandas a serem feitas ao poder público e que
sejam vitais para o melhor funcionamento da escola.

A avaliação institucional é também uma forma de permitir a melhor


organização do coletivo da escola com vistas a uma gestão mais democrática e
participativa que permita à coletividade entender quais os pontos fortes e fracos
daquela organização escolar, bem como mobilizar, criar e propor alternativas aos
problemas.

Finalmente, ainda existe o espaço do próprio sistema ou rede escolar,


enquanto o conjunto das escolas pertencentes a este. Dentre as várias formas de
avaliação que esta instância comporta, destacamos a avaliação de rendimento do
conjunto dos estudantes pertencentes a uma rede de ensino ou a chamada avaliação
de sistema. Aqui, além do rendimento dos alunos, são feitas avaliações de fatores
associados a tais rendimentos e pesquisadas.

O projeto político pedagógico deve fixar indicadores a serem alcançados pelo


coletivo da escola. Indicadores não são padrões a serem obedecidos cegamente, mas
marcas que o coletivo da escola espera atingir e para as quais se organiza as
características das escolas que podem facilitar ou dificultar o trabalho do professor e
a obtenção dos resultados esperados pelos alunos.

Essa avaliação, apesar de ser externa à escola, não necessariamente tem


que ser externa à rede, ou seja, preparada fora da rede avaliada. Ela pode ser
construída pelas secretarias de educação de forma a envolver as escolas e os
professores no próprio processo de elaboração da avaliação, de maneira que esta
seja realizada com legitimidade técnica e política. Os resultados obtidos na avaliação
de sistema devem ser enviados às escolas para serem usados, tanto na sua avaliação
institucional, como pelo professor na avaliação da aprendizagem dos alunos.

48
s. E por fim, temos os sistemas de avaliações nacionais como SAEB, Prova
Brasil, Enem, Enade, que passaram a ser implementados no Brasil ainda nos anos
90 e que cumprem a função de traçar para professores, pesquisadores e para a
sociedade, em geral, um panorama da situação da educação no país, em seus
diversos níveis de ensino. Tais sistemas cumprem um papel social importante, na
medida em que têm como propósito dar subsídios para a construção de uma escola
de melhor qualidade. Os resultados dessas grandes avaliações devem ser
amplamente divulgados e debatidos nas escolas, redes, meios de comunicação para
que, de fato, se tornem um instrumento de democratização do sistema educacional
brasileiro.

49
CONCLUSÃO

O processo avaliativo se faz necessário tanto para o aluno quando ao


professor, pois ao avaliar o rendimento de seus alunos, ele também terá informações
sobre o desempenho do seu próprio trabalho, e assim saberá quais atitudes deveram
ser tomadas, uma vez que sua atuação fará toda diferença.

De forma geral, a avaliação escolar pode ser definida como um meio de obter
informações sobre os avanços e as dificuldades de cada aluno, constituindo-se em
um procedimento permanente de suporte ao processo ensino-aprendizagem, de
orientação para o professor planejar suas ações, a fim de conseguir ajudar o aluno a
prosseguir, com êxito, seu processo de escolarização. Os instrumentos de avaliação
mais usados são provas escritas ou orais, seminários, tarefas, pesquisas e dinâmicas
de grupos. No processo de avaliação dos diversos graus de ensino, as notas e
conceitos são decisivos para a continuidade dos estudos.

No Brasil, particularmente na última década, surgiu um intenso debate em torno


do lugar da avaliação escolar, uma vez que ela estaria perdendo a sua dimensão
pedagógica e metodológica e assumindo crescentemente a dimensão de controle. As
questões relativas à avaliação tem se dividido entre a avaliação “externa” que tem
sido imposta em nosso sistema educacional e considera mais aspectos
administrativos padronizados e a avaliação “interna” que se dá no espaço da sala de
aula e que tem mobilizado os docentes para as mudanças qualitativas de suas ações
pedagógicas.

Dessa forma, a avaliação no processo ensino-aprendizagem tem sido


considerado um tema delicado por possuir implicações pedagógicas que extrapolam
os aspectos técnicos e metodológicos e atinge aspectos sociais, éticos e psicológicos
importantes. A prática avaliativa poderia tanto estimular, promover, gerar avanço e
crescimento, quanto desestimular, frustar, impedir o avanço e crescimento do sujeito
que aprende. Segundo Cipriano Luckesi, em Avaliação da aprendizagem escolar, a
avaliação escolar, assim como as outras práticas do professor, seria dimensionada
por um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica,
tenha o professor consciência disto ou não.

50
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, inova em relação à
anterior, por tratar a frequência e a avaliação do rendimento escolar em planos
distintos. Prevê-se que deve haver avaliação “contínua e cumulativa do desempenho
do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais”. Algumas regras
forçaram a mudança do sentido que se atribuía à avaliação, orientando para não mais
uma avaliação com vistas a promover ou reter alunos, mas uma avaliação que
permita: “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado.”

No Brasil, particularmente na última década, surgiu um intenso debate em torno


do lugar da avaliação escolar, uma vez que ela estaria perdendo a sua dimensão
pedagógica e metodológica e assumindo crescentemente a dimensão de controle. As
questões relativas à avaliação tem se dividido entre a avaliação “externa” que tem
sido imposta em nosso sistema educacional e considera mais aspectos
administrativos padronizados e a avaliação “interna” que se dá no espaço da sala de
aula e que tem mobilizado os docentes para as mudanças qualitativas de suas ações
pedagógicas.

Dessa forma, a avaliação no processo ensino-aprendizagem tem sido


considerado um tema delicado por possuir implicações pedagógicas que extrapolam
os aspectos técnicos e metodológicos e atinge aspectos sociais, éticos e psicológicos
importantes. A prática avaliativa poderia tanto estimular, promover, gerar avanço e
crescimento, quanto desestimular, frustar, impedir o avanço e crescimento do sujeito
que aprende. Segundo Cipriano Luckesi, em Avaliação da aprendizagem escolar, a
avaliação escolar, assim como as outras práticas do professor, seria dimensionada
por um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica,
tenha o professor consciência disto ou não.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, inova em relação à


anterior, por tratar a frequência e a avaliação do rendimento escolar em planos
distintos. Prevê-se que deve haver avaliação “contínua e cumulativa do desempenho
do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais”. Algumas regras
forçaram a mudança do sentido que se atribuía à avaliação, orientando para não mais
uma avaliação com vistas a promover ou reter alunos, mas uma avaliação que

51
permita: “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado.”

O termo avaliação escolar é muito usado com o mesmo sentido de avaliação


de aprendizagem, avaliação da aprendizagem escolar ou avaliação educacional.
Porém, com as novas políticas educacionais brasileiras, a partir de 1996, a avaliação
da aprendizagem tem sido considerada uma das “interfaces” da avaliação escolar.
Enquanto a primeira foca mais o indivíduo a segunda refere-se ao coletivo. A
expressão avaliação educacional, por sua vez, começou a ser mais utilizada no Brasil
para designar as análises em grande escala realizadas pelo Estado para avaliar o
sistema de educação pública.

52
REFERÊNCIAS

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