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MÓDULO VI

Avaliação da Aprendizagem

UNIDADE I
Concepções e Funções
da Avaliação
Concepções e Funções da Avaliação

Mas afinal, o que é avaliar?

É um processo sistemático de coleta, análise e interpretação de informações


relevantes que, de acordo com algum critério preestabelecido, seja possível tomar
uma atitude que favoreça a melhoria do objeto avaliado.
(Conde, 2005 apud David, 2007).

No contexto educacional, o objetivo da avaliação é favorecer a tomada de decisão, a


fim de garantir a qualidade do conhecimento que está sendo construído. A avaliação é uma
prática necessária a qualquer sistema de ensino, pois contribui tanto para que os
estudantes compreendam seus progressos durante o ato educativo, como também para a
apreciação da eficácia da didática e dos recursos pedagógicos empregados.
Tradicionalmente, a avaliação da aprendizagem tem sido implementada com um
caráter bem mais verificacionista do que avaliativo. Através do uso de instrumentos de
medição do desempenho, muitos professores têm se limitado a apenas medir para validar
os conhecimentos dos estudantes. Esses instrumentos variam desde simples observações
do comportamento do aluno frente às atividades pedagógicas, a testes sofisticados,
elaborados de acordo com normas e critérios estabelecidos no contexto de cada instituição
de ensino. Nesse caso, observa-se uma valorização de medidas quantitativas para a
aferição dos conhecimentos dos alunos, sem uma preocupação notável com o processo de
aprendizagem como um todo.

Antes de prosseguir com a leitura da aula, assista


ao Clip "ESTUDO ERRADO" de Gabriel, o Pensador. Esta
música o ajudará a refletir sobre a forma como a
avaliação tem sido aplicada em muitos sistemas
educacionais.
Link:https://www.youtube.com/watch?
v=NCvD5eZrhD8&feature=related

O modelo apresentado no clip ilustra uma concepção tradicional de avaliação e está


fortemente relacionado ao desenvolvimento das teorias tecnicistas e comportamentalistas
que ganharam importância, principalmente, durante a década de 1960. Tais teorias
buscavam julgar a efetividade do processo de aprendizagem de acordo com o alcance dos
“comportamentos esperados” dos alunos. A avaliação da aprendizagem tinha o papel de
apresentar uma análise de desempenho dos estudantes ao final de cada curso
(CALDEIRA, 2004).
Numa concepção progressista, a avaliação é usada como uma ferramenta de apoio
ao processo de aprendizagem. Funciona no contexto de um projeto educativo e prioriza o
desenvolvimento dos estudantes em termos de novos conhecimentos. Os dados obtidos
durante a avaliação ajudam o professor a orientar seus alunos quando houver alguma
dificuldade de aprendizagem e, até mesmo, a rever seus métodos educacionais. Assim, é
muito importante utilizar instrumentos que valorizem a interação social, que estimulem a
pesquisa e desafiem o aprendizado do estudante.
Pesquisadores afirmam que, para alcançar seus objetivos, a avaliação deve cumprir
três funções didático-pedagógicas: função diagnóstica, função formativa e função
somativa (PILETTI, 1987; LIBÂNEO,1991; HAYDT, 2002).
Diagnóstica
A avaliação diagnóstica compreende a identificação dos conhecimentos prévios dos
alunos em determinada área, observando a existência dos requisitos básicos (conceitos,
habilidades etc.) necessários às novas aprendizagens. É realizada no início do curso e
tem em vista, dentre outras coisas, estimar possíveis problemas de aprendizagem e suas
causas (HAYDT, 2002).

Formativa
A avaliação formativa constitui o acompanhamento contínuo do aluno, realizado ao longo
do curso ou processo de formação. Seu objetivo é ajudar estudantes e professores a se
comunicarem para compreenderem os processos de ensino-aprendizagem
(PERRENOUD, 1999). A avaliação formativa ou processual tem mais relevância do que os
outros tipos, pois permite identificar os progressos e as dificuldades do aluno e informar os
efeitos do trabalho do docente, possibilitando regular sua ação pedagógica.

Somativa
A avaliação somativa visa classificar os alunos de acordo com seus níveis de
aproveitamento no processo de ensino-aprendizagem. É realizada ao final de um curso ou
período letivo, segundo critérios previamente estabelecidos, e visa a promoção do aluno
de um nível para outro (HAYDT, 2002).

O tipo de avaliação desejável e mais alinhada à concepção progressista seria


aquela que englobasse as três funções, citadas anteriormente. Infelizmente, de acordo
com Santos (2005, p. 2), "essa forma completa de avaliar é raramente empregada em
nossa realidade educacional, tendo a avaliação um caráter meramente classificatório e
descontextualizado".
Observe, na tabela a seguir, um resumo das concepções tradicional e progressista
de avaliação:
Concepção tradicional
Na concepção tradicional, a avaliação constitui uma medida de desempenho, pois tem a
função de classificar os alunos, como é feito na avaliação somativa. Há uma
predominância pelo uso de instrumentos quantitativos, como provas, testes e exercícios, e
os resultados obtidos não são utilizados para um aperfeiçoamento do processo
educacional.

Concepção progressista
Numa visão mais progressista de educação, a avaliação prioriza os vários momentos do
processo de ensino-aprendizagem, cooperando com o seu aperfeiçoamento. Valoriza o
desenvolvimento global do aluno, todos os progressos por ele alcançados, e utiliza
procedimentos avaliativos diversificados.

Semelhantemente à educação presencial, na EaD, os princípios anteriores também


se aplicam. Na visão tradicional, os professores conhecem muito pouco acerca dos seus
alunos. Em geral, se preocupam em quantificar as participações e acessos ao ambiente
virtual e utilizam instrumentos quantitativos como: provas objetivas, testes e exercícios,
corrigidos automaticamente pelo ambiente.
Por outro lado, os professores que adotam uma concepção educacional e avaliativa
progressista, consideram todo o percurso do aluno durante o processo educacional.
Procuram conhecê-los pessoalmente, oferecendo-lhes um acompanhamento mais
personalizado. Além disso, utilizam instrumentos variados de avaliação.

No próximo tópico, trataremos sobre a avaliação na EaD de maneira mais


específica, comentando sobre recursos tecnológicos disponíveis, critérios a serem
adotados, e a importância do seu papel, como educador da EaD, no processo de avaliação.
REFERÊNCIAS

CALDEIRA, A. C. Avaliação da aprendizagem em meios digitais: novos contextos. 2004.


Disponível em: <http://www.abed.org.br/congresso2004/por/htm/033-TC-A4.htm>. Acesso
em: 10 jan. 2007.

CONDE, M. J. R. Aplicación de las TIC a la evaluación de alumnos universitários. Revista


Electrónica Teoría de la Educación. Nº. 6 (2). 2005. Disponível em:
<http://www3.usal.es/~teoriaeducacion>. Acesso em: 12 maio 2007.

DAVID, P. B. Avaliação do Ensino-Aprendizagem em Educação a Distância. In: Brendan


Coleman McDonald; Ana Paula de Medeiros Ribeiro. (Org.). Avaliação Pragmática. 1 ed.
Fortaleza: RDS Editora, v. 1, p. 223-243, 2007.

HAYDT, R. C. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. 6. ed. São Paulo: Editora


Ática, 2002.

LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1991.

PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Entre duas


lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

PILETTI, C. Didática geral. São Paulo: Ática, 1987.

SANTOS, J. F. S. Avaliação no ensino a distância. Revista Ibero-americana de Educação.


Número 38/4, ISSN 1681-5653, 2005. Disponível em: <http://www.rieoei.org/1372.htm>.
Acesso em: 12 nov. 2006.

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