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Disciplina |

Introdução: o que é didática?

DISCIPLINA
DOCÊNCIA NO ENSINO
SUPERIOR

AULA 03
A Organização da Prática Docente
no Ensino Superior www.cenes.com.br | 1
Docência no Ensino Superior |

Sumário

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G892

GRUPO FOCUS DE EDUCAÇÃO. Docência no Ensino Superior: A Organização da Prática Docente


no Ensino Superior / Org. Vitor Matheus Krewer. – Cascavel: Grupo Focus de Educação, Focus,
2023.

18 P.

1. Professor – formação. 2. Professor Universitário. 3 Ensino Superior. 4. Prática de Ensino. I. Título.

CDD 23 ed.: 370.7124

Material didático elaborado pela equipe de Engenharia e Gestão do Conhecimento do Grupo


Focus de Educação sob solicitação do CENES – Centro de Estudos de Especialização e
Extensão.

© 2023, by Faculdade Focus


Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro
Cascavel - PR, 85801-050
Tel: (45) 3040-1010
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Sumário

Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
Introdução: o que é didática? ------------------------------------------------------------------------- 4
1 A Didática no Ensino Superior -------------------------------------------------------------------- 5
2 Organização e Planejamento Didático -------------------------------------------------------- 8
3 Tecnologias Aplicadas a Prática Docente ---------------------------------------------------- 11
Considerações Finais------------------------------------------------------------------------------------ 15
Bibliografia ------------------------------------------------------------------------------------------------ 16

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Introdução: o que é didática?

Introdução: o que é didática?


Durante muito tempo, a didática foi predominantemente concebida como uma
mera técnica de ensino. No contexto contemporâneo, entretanto, sua relevância se
estende para o epicentro do processo de ensino e aprendizagem, uma vez que
engloba os componentes essenciais que norteiam a prática docente com vistas à
construção do conhecimento.

O termo "didática" abarca a amalgama de ações e elementos que interagem


sinergicamente, conferindo materialização ao processo educativo. Mesmo que se
possua um planejamento meticuloso, objetivos claros, métodos e conteúdos
substanciais, tais componentes podem permanecer fragmentados e desarticulados,
carecendo, assim, de uma abordagem didática que proporcione a coesão necessária.
Sem esse alicerce pedagógico, o processo de ensino pode permanecer inconcluso, e
a mera transmissão de informações não se traduzirá, necessariamente, em
aprendizagem.

A didática atua como um fio condutor que direciona o professor, indicando os


caminhos para compreender como o aluno aprende, levando em consideração a
interação entre os componentes didáticos, incluindo o relacionamento professor-
aluno, conteúdos, objetivos, planejamento, avaliação e metodologias (LIBÂNEO,
1990).

Para guiar eficazmente essas trajetórias no âmbito do processo de ensino e


aprendizagem, a didática organiza os elementos didáticos, integrando-os em
contextos de ensino específicos, ao mesmo tempo em que incorpora conhecimentos
científicos que serão transformados em saberes escolares.

Esse complexo processo, que requer uma apropriação profunda por parte do
professor, culmina no aprendizado do aluno e na formulação de diretrizes
orientadoras para a atividade docente, diretrizes essas que devem conduzir a
educação nos mais variados níveis, modalidades e formatos.

No entanto, a relação entre didática e formação docente tem sido firmemente


estabelecida na educação básica, com o objetivo de aprimorar a prática pedagógica e
melhorar a qualidade da aprendizagem dos estudantes. No ensino superior, por sua
vez, devido às peculiaridades desse contexto e à ausência tradicional de profissionais
especializados em pedagogia para orientar os docentes, a discussão sobre didática
tem sido relativamente limitada.

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A Didática no Ensino Superior

Essa falta de tradição na orientação pedagógica dos professores universitários foi


em parte perpetuada pela crença antiquada de que "quem sabe, ensina". A ideia de
que ser um profissional reconhecido em sua área de conhecimento era suficiente para
uma carreira acadêmica bem-sucedida dominou o cenário universitário até
recentemente (MASETTO, 2003).

As dinâmicas educacionais mudaram, reconhecendo que a competência


pedagógica é tão vital quanto a proficiência técnica. Além de ter amplo conhecimento
em sua disciplina, o professor universitário deve possuir a habilidade de mediar o
entendimento dos conteúdos junto aos alunos, capacitando-os a construir seus
próprios saberes. Nesse contexto, a expertise técnica não é mais suficiente; os
conhecimentos pedagógicos tornaram-se imperativos.

A didática representa uma manifestação de conhecimento pedagógico, estando


intrinsecamente ligada à pedagogia, focalizando-se nos componentes do processo de
ensino e aprendizagem.

Seguindo este raciocínio, ressaltamos que a didática se propõe a estabelecer


diretrizes que capacitem o professor a avaliar criticamente sua própria prática, com o
objetivo de aprimorá-la e, assim, otimizar a aprendizagem do aluno. Portanto,
compreender que a docência no ensino superior também requer uma abordagem
didática, é um passo significativo na compreensão da relação entre didática e
educação superior.

No decorrer desta unidade trataremos de aspectos relacionados a aplicação da


didática no contexto do ensino superior, desenvolvendo e trabalhando conceitos e
saberes relacionados ao campo da organização e do planejamento didático dos
docentes e, ao final, como poderia faltar, comentaremos brevemente sobre as
tecnologias aplicadas no âmbito da prática docente.

1 A Didática no Ensino Superior


O encerramento do século XX foi marcado por significativas transformações que
atingiram variados setores da sociedade, especialmente no que concerne à produção
de conhecimento, ocasionando, por conseguinte, alterações nas instituições
incumbidas de gerar e disseminar novos saberes.

As modificações observadas nas instituições de ensino superior, em particular,


resultaram primordialmente do aumento substancial na demanda por matrículas. Um

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A Didática no Ensino Superior

dado elucidativo aponta que entre os anos de 2001 e 2010, houve um incremento de
100% nas matrículas, culminando em um total de 6,5 milhões de novos estudantes,
conforme as estatísticas apresentadas pelo Censo da Educação Universitária, veiculado
pelo Ministério da Educação no ano de 2011 (SANTO; LUZ, 2013).

O ingresso massivo de milhares de estudantes, muitos dos quais anteriormente


excluídos da perspectiva de cursar o ensino superior, não apenas resultou em um
público renovado, mas também inaugurou uma nova categoria profissional. Este
público, estimulado pelas crescentes demandas, encontrou oportunidades no campo
do ensino universitário. No entanto, a maior parte desses novos educadores não
possui a formação acadêmica tradicional de um professor, nem mesmo o background
pedagógico de um licenciado. Trata-se, em grande medida, de profissionais
autônomos, bacharéis que agora se lançam na empreitada de dominar a arte do
magistério (ZABALZA, 2004).

O processo de aprender a ser um educador e compreender as nuances do


panorama pedagógico, onde se articulam cada um dos elementos que compõem a
relação entre ensino e aprendizagem, exige uma compreensão aprofundada dos
elementos didáticos e a aquisição de saberes pedagógicos que viabilizem a conexão
desses elementos.

Essa apropriação dos saberes pedagógicos, mesmo por parte daqueles que
cursaram programas de licenciatura, é imperativa, haja vista que se relaciona com as
particularidades do ensino superior e do ambiente acadêmico. Portanto, torna-se
fundamental que se compreenda a dinâmica acadêmica e se adquira discernimento
sobre as complexas relações didáticas que se estabelecem nesse contexto específico.

Os desafios inerentes às relações didáticas no âmbito do ensino superior


englobam uma série de considerações relevantes que devem ser cuidadosamente
ponderadas no que diz respeito à seleção das estratégias metodológicas, ao
estabelecimento dos objetivos, à avaliação e aos demais elementos didáticos. Tais
considerações representam os fundamentos basilares que instrumentalizam a
concretização do processo de ensino e aprendizagem (ALMEIDA, 2015). A seguir,
procede-se à exposição destes desafios:

▪ Conhecimento do aluno: Mais do que a simples ciência da área de estudo


escolhida pelo aluno, a qual, apesar de relevante, é apenas um indicador a ser
considerado, torna-se de suma importância compreender o trajeto formativo
do estudante até o momento presente. Suas experiências profissionais,

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A Didática no Ensino Superior

vivências anteriores, estilo de vida e objetivos pessoais devem ser


criteriosamente avaliados e incorporados na definição dos elementos didáticos.
No contexto do ensino superior, tal aspecto assume uma relevância ainda
maior, visto que as motivações e vivências do estudante frequentemente
constituem as principais impulsionadoras de seu processo de aprendizagem.
▪ Engajamento do aluno: É comum que estudantes universitários
desempenhem, simultaneamente, papéis de trabalhadores, enfrentando a sala
de aula com cansaço proveniente de suas atividades profissionais. Portanto,
torna-se imperativo atrair esses alunos e fomentar sua participação ativa. Isso
requer a adoção de recursos e metodologias adequados, bem como a
habilidade de integrar as tecnologias contemporâneas sem que se abra mão do
diálogo. O objetivo é transformar a aula em uma experiência agradável e
motivadora, na qual o estudante seja um participante efetivo do processo de
aprendizagem, ao invés de mero espectador.
▪ Postura do professor: A postura docente demanda abertura para o diálogo e
para responder a questionamentos, o que nem sempre é simples, uma vez que
muitos professores se sentem intimidados ou questionados quanto à sua
autoridade e domínio do conhecimento. Isso se deve, em parte, à facilidade dos
alunos em acessar informações em tempo real e, ocasionalmente, às próprias
experiências profissionais dos discentes. Portanto, os professores precisam
atuar com segurança ao discutir e debater com seus alunos, compreendendo
que seu papel não se restringe à detenção do conhecimento, mas sim à
mediação ativa na construção de novos saberes.
▪ Postura do aluno: Em contraste com a educação básica, onde o professor é o
mediador que incita o aluno a aprender, o ensino superior exige um
engajamento mais substancial por parte dos discentes. Nesse nível de ensino, o
processo é mais centrado no aluno, em sua capacidade de absorver
conhecimento, buscar informações adicionais, realizar pesquisas e sistematizar
seus saberes. Embora o professor ainda exerça um papel mediador, os
estudantes são desafiados a desenvolver sua autonomia no processo de
aprendizagem. Isso é crucial, uma vez que o objetivo é formar profissionais que

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Organização e Planejamento Didático

desempenhem papéis essenciais na sociedade e, por isso, precisam adquirir um


conhecimento sólido e competente.
▪ Metodologias: A seleção de metodologias pedagógicas apropriadas é
fundamental e deve estar em conformidade com as demandas específicas do
processo de ensino-aprendizagem em questão. Isso não se limita a adotar
atividades modernas e inovadoras ou a conferir dinamismo às aulas, mas sim a
adaptar a estratégia educacional à abordagem formativa pretendida e ao perfil
dos estudantes.

Os obstáculos mencionados anteriormente refletem, em parte, uma tradição


universitária em que os professores, na qualidade de detentores de conhecimento,
permaneciam isolados em suas cátedras e frequentemente demonstravam indiferença
com relação aos processos sociais. Em tais contextos, a responsabilidade do professor
se restringia apenas ao ato de ensinar, enquanto o aprendizado era considerado
unicamente como uma incumbência do aluno.

No contexto educacional contemporâneo, caracterizado pela interação mais ativa


entre as universidades e a sociedade, as instituições de ensino superior passaram a
influenciar não apenas os processos produtivos e o mercado de trabalho, mas também
a serem influenciadas por eles. Essa dinâmica exige uma adaptação nos processos
formativos. Portanto, é imperativo superar os desafios apresentados. A estratégia
fundamental para enfrentar esses desafios reside na capacitação docente.

A melhoria na formação dos docentes, com foco na otimização de suas práticas


e dos processos didáticos nos cursos superiores, representa o caminho para
transformar o ensino em um processo efetivo de aprendizagem. Consequentemente,
esse aprimoramento resultará na formação de profissionais mais bem preparados,
com impactos significativos na sociedade e na própria estrutura das instituições de
ensino superior. Essas instituições se transformarão efetivamente em espaços de
aprendizado e descoberta, tanto para os alunos quanto para os próprios professores.

2 Organização e Planejamento Didático


Cada elemento didático incorpora particularidades e funções intrínsecas ao
processo de ensino e aprendizagem. Todavia, tais componentes, de maneira isolada,
não estabelecem, por si só, uma abordagem didática eficaz, incapaz de guiar a prática
docente em direção ao aprendizado.

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Organização e Planejamento Didático

Portanto, a fim de promover as vias para o processo de aprendizagem, torna-se


imperativo entrelaçar e amalgamar o conjunto de elementos que compõe a prática
didática, preservando a singularidade de cada um. É a sinergia desses elementos que
direciona o olhar do professor para o seu propósito formativo, levando em
consideração fatores como conteúdos, objetivos, perfil do estudante, o
estabelecimento de uma relação interpessoal com o aluno, a escolha das
metodologias pedagógicas e a avaliação do processo de aprendizado.

A organização desses elementos, de tal maneira que essa estruturação possibilite


ao professor direcionar, e, principalmente, manter o controle sobre o processo,
constitui um elemento essencial da didática. Nesse contexto, destaca-se a importância
de um dos componentes fundamentais da didática: o planejamento.

Para compreender a relevância do planejamento no âmbito do ensino superior,


é imperativo primeiro definir o seu conceito e analisar questões pertinentes, tais como:
o que constitui um planejamento? Refere-se à instituição de ensino? À sala de aula?
Ao conteúdo de uma aula específica? É de responsabilidade individual de um
professor ou envolve todos os educadores?

Tais questionamentos refletem a amplitude e a significância do planejamento no


processo educativo. Portanto, é fundamental explorar suas particularidades. O
planejamento tem como raízes a habilidade de antecipar, prever e, com base nessas
projeções, selecionar as estratégias e recursos que contribuirão para a construção dos
conhecimentos preconizados, bem como determinar os conteúdos a serem
ministrados, de modo a alcançar o objetivo didático estabelecido. O planejamento,
assim, se refere à trajetória didática escolhida pelo professor com o propósito de
ensinar, tendo em vista a aprendizagem do aluno. Portanto, planejar implica tomar
decisões com foco no ensino e aprendizado (SANT'ANNA, 1998).

O planejamento, como componente didático, abarca diversas finalidades e


perspectivas, apresentando uma amplitude que se desdobra para atender às
particularidades de cada etapa do processo educacional, enquanto mantém sua
natureza essencialmente organizativa.

O ponto de partida para as distintas dimensões do planejamento é o Projeto


Político Pedagógico (PPP) da instituição, o qual deve fundamentar o propósito
formativo e as concepções sobre ensino, indivíduo e sociedade que guiam esse
propósito.

Desse modo, o plano institucional decorre do que o PPP estabelece como

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Organização e Planejamento Didático

formação e constitui uma empreitada coletiva, realizada pela comunidade


universitária, que visa a traçar as diretrizes didáticas a serem seguidas pelo corpo
docente. A intenção é a de padronizar procedimentos, sem negligenciar a autonomia
e a individualidade inerentes ao trabalho de cada professor. O plano institucional tem
como objetivo alinhar as ações, tendo em vista o processo formativo definido, sem
fragmentar ou perder de vista os elementos previamente estabelecidos no Projeto
Pedagógico.

Integrante do plano institucional, o plano de ensino se vincula aos elementos


formativos delineados pelo Projeto Político Pedagógico (PPP). Todavia, leva em
consideração as particularidades inerentes a cada área do conhecimento, visando
assegurar que todos os cursos da instituição possuam uma identidade singular,
harmonizando-se com o plano institucional e, simultaneamente, respeitando as
demandas e os contextos formativos de cada campo.

Como ilustração, podemos mencionar o curso de Pedagogia, o qual deve estar


em sintonia com o projeto institucional, almejando formar um pedagogo crítico,
reflexivo e capacitado a orientar práticas pedagógicas diversas e a analisá-las à luz das
várias concepções ou correntes pedagógicas.

Este representa o princípio orientador para a formação de um pedagogo. No


entanto, as coordenações e os colegiados de cursos têm a responsabilidade de
deliberar e definir quais conteúdos são necessários para o desenvolvimento das
competências requeridas desse futuro profissional, ou seja, quais disciplinas devem
ser incorporadas na estrutura curricular do curso. Dessa forma, o plano de ensino lida
com as escolhas curriculares do curso, abordando a maneira como cada disciplina
contribuirá para a concretização dos objetivos estabelecidos na proposta de formação
do curso.

Convergindo com os planos institucional e de ensino, mas em uma dimensão


mais específica, emerge o plano de aula, que se concentra na abordagem de
conteúdos individuais e na forma como esses conteúdos serão abordados
didaticamente no ambiente da sala de aula, com o intuito de cumprir o objetivo
traçado para a disciplina. Este objetivo, por sua vez, deve estar alinhado com as demais
disciplinas do curso, a fim de promover a formação desejada.

O plano de aula abrange a definição de estratégias metodológicas que permitam


uma compreensão abrangente dos conteúdos e sua interligação com outros tópicos
do curso. Ao elaborá-lo, o perfil do aluno deve ser considerado, abarcando também a
escolha dos recursos pedagógicos a serem empregados, os tipos de atividades

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Tecnologias Aplicadas a Prática Docente

propostas e o método de avaliação, tendo como ponto de referência o plano de


ensino. Nesse contexto, o plano de aula se configura como uma expansão detalhada
do plano de ensino (Libâneo, 1993).

O planejamento, em todas as suas dimensões, é o alicerce da ação didática. Por


meio dele, os elementos didáticos são organizados, facultando ao professor, ao
compreender os objetivos estabelecidos, a determinação das estratégias mais
apropriadas para que resulte em aprendizagem.

Para tanto, o professor deve ter plena consciência de sua função e da natureza
singular da ação docente, compreendendo que a ação didática constitui parte
intrínseca desse processo. É imperativo que o educador se aproprie dessa ação como
parte de sua profissionalidade docente, reconhecendo que a função do professor
universitário vai além da pesquisa, incluindo a formação de outros profissionais. Isso,
por sua vez, demanda uma formação pedagógica.

A formação pedagógica implica a adoção da identidade docente e, com base


nessa escolha, a busca por conhecimentos que enriqueçam sua prática pedagógica.
Isso torna indispensável o conhecimento da didática e seus componentes, com
destaque para as metodologias que podem ser aprimoradas por meio da introdução
de diversos elementos de inovação, notadamente o emprego de tecnologias
educacionais.

3 Tecnologias Aplicadas a Prática Docente


Através dos períodos da história da humanidade, a ciência e a tecnologia têm
desempenhado um papel fundamental na redefinição dos modos de vida e na criação
de novas expressões culturais. Elas desencadearam significativas mudanças em
inúmeros processos sociais, afetando de maneira proeminente domínios como o
trabalho, o lazer, a saúde e as relações interpessoais, ou seja, em todas as esferas da
vida humana (KENSKI, 2013).

Este fenômeno corresponde à adoção de uma percepção singular do cotidiano


social que permeou as relações humanas de maneira irreversível. Uma percepção que
está imbuída de progressos tecnológicos e que desempenha um papel essencial,
sobretudo na forma como nos relacionamos com o conhecimento. Essa relação gerou
a construção de novos campos de conhecimento e novas abordagens para
compreender e apreender o mundo e a sociedade que nos rodeiam.

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Tecnologias Aplicadas a Prática Docente

Resultante de uma multiplicidade de processos históricos, a tecnologia evoluiu


para se tornar a principal força motriz da sociedade contemporânea. Esse
desenvolvimento está fundamentalmente ancorado nas transformações econômicas
decorrentes da Revolução Industrial, que deu origem a novas formas de comunicação
e revolucionou a maneira como a sociedade encara a informação. Consequentemente,
esse cenário impulsionou um dinamismo e uma velocidade sem precedentes nas
mudanças sociais.

A notável celeridade das transformações sociais torna imperativa uma adaptação


constante do indivíduo à medida que o conhecimento se torna cada vez mais volátil.
O que era considerado verdade e era transmitido como tal há apenas uma ou duas
décadas é agora objeto de questionamento e, em alguns casos, refutação.

Diante desse contexto, emerge a necessidade de formar indivíduos mais críticos,


capazes de questionar e se adaptar aos desafios contemporâneos. Além disso, a
formação deve capacitá-los a utilizar eficazmente as ferramentas tecnológicas, uma
vez que estas desempenham um papel central em todas as esferas da sociedade
moderna, onde a ciência e a tecnologia são os pilares do desenvolvimento.

A universidade, como instituição encarregada de moldar os futuros profissionais


e cidadãos, está imbuída da responsabilidade de adaptar seu processo de formação.
Esse processo transcende a mera transmissão de conhecimentos específicos de uma
profissão e se insere na missão mais ampla de construção social. Assim, é incumbência
da universidade formar indivíduos capazes de se orientar qualitativamente nas
complexas redes sociais que emergem da interação entre o conhecimento e a
tecnologia.

Portanto, torna-se essencial que as instituições de ensino superior incorporem a


tecnologia no cerne de suas práticas pedagógicas, proporcionando aos alunos as
habilidades necessárias para utilizar ferramentas tecnológicas tanto em seu ambiente
profissional quanto em sua vida cotidiana. Afinal, como enfatizado por Mill e Jorge
(2013), "não dominar a linguagem legitimada pela sociedade, desconhecer as
tecnologias, a linguagem e a língua que dão suporte ou não saber fazer uso delas
significa, automaticamente, exclusão do grupo beneficiado pelas tecnologias digitais."

Para tornar isso uma realidade, é imprescindível que o corpo docente da


universidade esteja adequadamente preparado para a utilização das tecnologias,
possibilitando assim a integração eficaz dessas ferramentas nas salas de aula, com o
objetivo de contextualizar e redefinir o conhecimento produzido socialmente.

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Tecnologias Aplicadas a Prática Docente

A inserção da tecnologia no contexto educativo transcende a mera


disponibilização de equipamentos. Embora a infraestrutura para o uso de tecnologia
nas universidades seja relevante, não se pode subestimar o fato de que "a tecnologia
não é algo simplesmente independente, com existência e finalidades próprias; pelo
contrário, existe pelo e para o ser humano" (NEGRI FILHO, 2008). Nesse sentido, é
imperativo que as funcionalidades tecnológicas sejam cuidadosamente articuladas
com o conteúdo curricular, tornando o ensino e a aprendizagem mais alinhados com
o contexto dos alunos.

Portanto, não se limita apenas à implementação de computadores ou à


modernização das instituições, mas sim a elevar a tecnologia a um recurso para a
construção de novos conhecimentos. Isso implica na integração não somente nas
metodologias de ensino, mas também nos planos de ensino dos cursos e no Projeto
Político Pedagógico da instituição.

Como destacado por Almeida e Valente (2011), a integração de tecnologia no


currículo oferece uma ampla gama de estratégias que podem aprimorar o processo
de ensino, ajustando-se aos contextos familiares dos alunos. Essa integração
possibilita que os alunos se tornem agentes ativos na construção de conhecimentos
por meio da ressignificação do que já sabem, mediado por "diferentes ferramentas e
interfaces digitais" (ALMEIDA; VALENTE, 2011, p. 33).

Dentre as várias interfaces tecnológicas que possibilitam essa interação com a


realidade cotidiana e o mundo, a internet se destaca como a principal ferramenta de
transformação. A internet não apenas influencia as interações diárias e o acesso global
à informação, mas também influencia a produção de novos conhecimentos e saberes.

Devido à sua capacidade de fornecer acesso e interação global, a internet pode


contribuir significativamente para diversificar as estratégias de ensino, bem como para
a formação de cidadãos críticos e conscientes de seu papel no mundo, capazes de
interagir em diversos contextos e respeitar diversas realidades culturais.

Portanto, é dever dos professores universitários estarem preparados para mediar


a relação entre os alunos e o conhecimento, incorporando diversas interfaces
tecnológicas nos processos de ensino e aprendizagem. Eles devem orientar e indicar
caminhos para uma aprendizagem mais crítica e reflexiva.

Existem várias maneiras pelas quais os professores podem integrar a tecnologia


no ensino e aprendizagem, como blogs, aplicativos, simuladores, programas
interativos, redes sociais, Google Earth, ferramentas de busca, criação de sites, jornais

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Tecnologias Aplicadas a Prática Docente

online e muito mais. Cada um desses meios oferece uma abordagem de aprendizado
que capacita o aluno a se tornar um agente ativo na construção de conhecimento,
que posteriormente se tornará parte de sua bagagem cultural e profissional.

A utilização de tecnologias, em conjunto com metodologias ativas, pode ser mais


do que apenas um recurso; pode se tornar um princípio educacional com o objetivo
de fomentar o conhecimento e, mais importante, o desenvolvimento social.

Entretanto, a integração da tecnologia ao currículo, sobretudo no ensino


superior, requer uma formação do corpo docente que permita compreender as
tecnologias como um suporte para otimizar a aprendizagem. A tecnologia na
educação não deve ser vista simplesmente como uma ferramenta, mas como um
elemento facilitador para a construção de novas estruturas cognitivas e estratégias
educacionais inovadoras que se adaptem aos novos métodos de ensino e
aprendizagem.

Assim, as instituições e seus profissionais devem adotar a tecnologia educacional


como um recurso fundamental para aprimorar os processos de ensino e
aprendizagem, com o propósito de estreitar a relação entre o conhecimento e o
contexto social e transformar a universidade em um espaço de aprendizagem em
todas as suas dimensões.

Essa transformação implica uma série de ações coordenadas e um


comprometimento integral da instituição e de seus professores. O primeiro passo é
reconhecer a relevância da tecnologia como parte integrante da experiência
educacional. Em seguida, é necessário oferecer suporte e treinamento adequados aos
professores para que possam efetivamente incorporar a tecnologia em seus planos de
ensino.

Uma abordagem eficaz requer uma revisão dos currículos para integrar de forma
coerente as tecnologias ao longo dos cursos. Isso não significa simplesmente
adicionar tecnologia como um apêndice, mas sim repensar como a tecnologia pode
melhorar a compreensão e a aplicação dos conceitos dentro de uma disciplina.

Além disso, é fundamental estabelecer diretrizes pedagógicas claras para o uso


da tecnologia. Os professores devem planejar cuidadosamente como a tecnologia
será utilizada em suas aulas, considerando os objetivos de aprendizagem, o perfil dos
alunos, os recursos didáticos a serem empregados e a avaliação dos resultados.

A avaliação contínua dos métodos de ensino e da eficácia da tecnologia também


é essencial. As instituições de ensino superior devem estar dispostas a adaptar e

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Considerações Finais

aprimorar suas abordagens à medida que novas tecnologias emergem e a


compreensão sobre como melhor usá-las evolui.

A colaboração entre professores e a criação de uma cultura de compartilhamento


de melhores práticas também desempenham um papel importante. A troca de
experiências e estratégias bem-sucedidas entre colegas pode enriquecer a abordagem
de ensino de todos.

Em constante evolução, a formação pedagógica dos professores universitários é


crucial. Eles devem ser capazes de adaptar-se às mudanças tecnológicas, compreender
as diferentes maneiras pelas quais a tecnologia pode ser integrada no ensino superior
e orientar os alunos em sua jornada de aprendizado nesse ambiente digital.

Por fim, devemos considerar que a integração da tecnologia no ensino superior


não se limita à aquisição de equipamentos, mas envolve uma transformação holística
do processo de ensino e aprendizagem. Isso requer a colaboração de instituições,
professores e alunos para criar um ambiente educacional que esteja alinhado com as
necessidades da sociedade atual, capacitando os alunos com habilidades críticas e um
conhecimento profundo, ao mesmo tempo em que os prepara para interagir de forma
eficaz em um mundo cada vez mais tecnológico e interconectado.

Considerações Finais
O ensino superior tem experimentado significativas transformações nas últimas
décadas, conduzindo a uma mudança de paradigma na compreensão do processo de
ensino e aprendizagem por parte da comunidade universitária. Atualmente, a
concepção evoluiu para reconhecer que tanto o professor quanto o aluno
desempenham papéis ativos nesse processo, e, portanto, a função do educador não
se limita à mera transmissão de conhecimentos, mas abrange a co-construção do
saber.

Nesse cenário, a ação didática emerge como um elemento central das práticas
pedagógicas no ensino superior. Ela orienta os educadores na compreensão do
processo de aprendizado dos alunos e nas estratégias para criar ambientes de ensino
que promovam uma aprendizagem eficaz, alinhada com os objetivos formativos da
instituição.

A compreensão da importância da ação didática no contexto do ensino superior


é relativamente recente e, em certa medida, ainda enfrenta resistência. É um conceito

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Bibliografia

que precisa ser construído em colaboração com os professores, de modo que eles
compreendam que as dinâmicas atuais de ensino e aprendizagem escapam do antigo
modelo de transmissão de conhecimento, em que o professor desempenhava um
papel central e o aluno era principalmente um receptor passivo de informações.

A nova perspectiva não diminui a relevância do professor, mas sim redireciona


seu foco, passando da simples transferência de conhecimento para o papel de
orientador, facilitador e mediador na construção do saber do aluno. Nesse contexto,
o uso de recursos didáticos, incluindo as tecnologias educacionais, desempenha um
papel fundamental para aprofundar a compreensão do processo de ensino e
aprendizagem, além de aprimorar as práticas pedagógicas.

A melhoria da prática pedagógica implica a busca contínua de aperfeiçoamento


profissional por parte dos docentes. A promoção do "aprender a aprender" deve se
tornar um norte constante em suas carreiras, enfatizando que a formação pedagógica
não é um ato isolado, mas um processo contínuo que requer o apoio institucional na
implementação de ações que ampliem o conhecimento e a compreensão da
importância da didática no ensino superior.

Finalizando esta unidade, ressaltamos que é essencial que as instituições de


ensino superior promovam a formação docente e a valorização da ação didática como
elementos fundamentais na construção de um ambiente de ensino eficaz e eficiente,
no qual tanto professores quanto alunos estejam envolvidos ativamente no processo
de aprendizagem e na construção do conhecimento.

Bibliografia
ALMEIDA, H. M. de. A didática no ensino superior: práticas e desafios. Estação
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