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Disciplina |

Introdução

DISCIPLINA
DOCÊNCIA NO ENSINO
SUPERIOR

AULA 04
Metodologias Ativas e Ensino
Superior www.cenes.com.br | 1
Docência no Ensino Superior |

Sumário

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G892

GRUPO FOCUS DE EDUCAÇÃO. Docência no Ensino Superior: Metodologias Ativas e Ensino


Superior / Org. Vitor Matheus Krewer. – Cascavel: Grupo Focus de Educação, Focus, 2023.

23 P.

1. Professor – formação. 2. Professor Universitário. 3 Ensino Superior. 4. Prática de Ensino. I. Título.

CDD 23 ed.: 370.7124

Material didático elaborado pela equipe de Engenharia e Gestão do Conhecimento do Grupo


Focus de Educação sob solicitação do CENES – Centro de Estudos de Especialização e
Extensão.

© 2023, by Faculdade Focus


Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro
Cascavel - PR, 85801-050
Tel: (45) 3040-1010
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Sumário

Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
Introdução -------------------------------------------------------------------------------------------------- 4
1 A Empregabilidade de Estratégias de Ensino-Aprendizagem no Ensino Superior - 5
2 Metodologias Ativas: conceitos e aplicações ------------------------------------------------ 9
3 Tipos de Aprendizagem --------------------------------------------------------------------------- 12
3.1 Orientado a Solução de Problemas ------------------------------------------------------------------------ 12
3.2 Entre Times ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14
3.3 Movimento Maker --------------------------------------------------------------------------------------------- 15
3.4 Estudo de Caso -------------------------------------------------------------------------------------------------- 16

4 As Salas de Aula Invertida ----------------------------------------------------------------------- 18


Conclusão -------------------------------------------------------------------------------------------------- 20
Referências ------------------------------------------------------------------------------------------------ 21

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Introdução

Introdução
Nos anos 1990, o cenário educacional passou por uma transformação notável,
influenciada pelo avanço das ciências e tecnologias, o que levou a um aumento
expressivo na busca por cursos de graduação. Essas mudanças significativas
repercutiram na estruturação dos processos formativos das instituições de ensino
superior.

As transformações no ensino superior não se limitaram à revisão dos currículos,


mas também tiveram um impacto significativo na prática docente. O perfil do
estudante universitário evoluiu consideravelmente, exigindo, por conseguinte, uma
adaptação na abordagem dos educadores. Essa adaptação está intrinsecamente
relacionada às metodologias ativas aplicadas em sala de aula.

As metodologias ativas englobam as estratégias pedagógicas adotadas pelo


professor para alcançar os objetivos educacionais estabelecidos no planejamento do
curso. Esse caminho metodológico envolve a seleção de abordagens didáticas
apropriadas, levando em consideração os objetivos específicos, os conteúdos a serem
abordados e as características do público discente.

O emprego das metodologias ativas exerce um impacto substancial no processo


de ensino e aprendizagem, independentemente do nível de ensino. No entanto, no
ensino superior, é comum observar a persistência de abordagens tradicionais, que se
fundamentam em uma visão convencional do ensino, em que o professor assume
predominantemente um papel de transmissor de conhecimento, e os alunos
desempenham um papel passivo na absorção desse conhecimento.

Essa tradicional estrutura de aula, que se perpetua ao longo das décadas, muitas
vezes não se baseia em evidências de eficácia pedagógica, mas, sim, reflete a carência
de uma cultura de formação docente adequada para o nível superior. Historicamente,
os professores universitários frequentemente adquiriam suas habilidades pedagógicas
de maneira informal, com base em suas próprias experiências como alunos, em um
contexto substancialmente diferente do cenário educacional atual.

Consequentemente, as práticas pedagógicas no ensino superior, até certo ponto,


têm sido caracterizadas por aulas predominantemente expositivas, com pouco espaço
para a interação e um limitado potencial para a reflexão e a aplicação prática dos
conhecimentos à vida cotidiana dos alunos.

A necessidade de romper com esse paradigma conduziu as instituições de ensino

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A Empregabilidade de Estratégias de Ensino-Aprendizagem no Ensino Superior

superior a repensar a formação de seu corpo docente e a promover a adoção de novas


metodologias de ensino. Nesse contexto, emergem as metodologias ativas, que
representam uma abordagem inovadora e eficaz para o processo de ensino e
aprendizagem (MELO, 2017).

A implementação das metodologias ativas tem trazido uma notável


transformação para o ambiente acadêmico, promovendo uma integração mais eficaz
entre o conteúdo teórico e a reflexão sobre sua aplicabilidade na prática profissional.
Essa abordagem atribui um maior significado e relevância ao conhecimento adquirido
pelos alunos, estreitando a lacuna entre teoria e prática e enriquecendo a experiência
educacional.

1 A Empregabilidade de Estratégias de Ensino-Aprendizagem


no Ensino Superior
Segundo Gil (1997, p. 60), a aprendizagem é definida como a aquisição de
conhecimentos ou o desenvolvimento de habilidades e atitudes resultantes de
experiências educacionais, como aulas, leituras e pesquisas. Portanto, este autor
enfatiza a importância de levar em consideração diversos fatores durante o
planejamento das aulas e na seleção de estratégias que objetivem o alcance dos
objetivos educacionais. Tais estratégias devem ser projetadas com base em
considerações de natureza psicológica, como diferenças individuais, motivação,
concentração, feedback, memorização e retenção.

De acordo com Masetto (2003), as estratégias de ensino-aprendizagem


representam um conjunto de decisões que visam facilitar o alcance dos objetivos
educacionais pelo aprendiz. Essas estratégias abrangem desde a organização do
ambiente de sala de aula, incluindo a disposição das carteiras, até a preparação do
material didático, como recursos audiovisuais, visitas técnicas, uso da internet, bem
como a aplicação de dinâmicas de grupo ou outras atividades individuais.

Gil (1997, p. 60) dispõe que as pessoas apresentam variações em suas


capacidades de compreensão dos conteúdos. Algumas são mais aptas a assimilar os
tópicos abordados, enquanto a maioria enfrenta maiores desafios e requer uma
mediação mais eficaz. Por esse motivo, torna-se fundamental a realização de testes
de diagnóstico no início do curso para avaliar o nível de aprendizado da turma. Com
base nessa avaliação, o professor pode adaptar suas abordagens de ensino de acordo

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A Empregabilidade de Estratégias de Ensino-Aprendizagem no Ensino Superior

com as necessidades da população que está atendendo.

Devido às lacunas na formação básica de muitos alunos, as instituições de ensino


superior frequentemente precisam implementar planos e treinamentos para revisar
conceitos fundamentais de diversas disciplinas, que são essenciais para o
desenvolvimento dos conteúdos específicos do curso. Consequentemente, é
imperativo que o docente esteja preparado para lidar com essa diversidade de níveis
de conhecimento.

É razoável esperar que os alunos ingressantes no ensino superior tenham seus


objetivos bem definidos, mas nem sempre isso ocorre. Portanto, é fundamental
instigar neles, no mínimo, os motivos pelos quais escolheram frequentar o ensino
universitário. De acordo com Gil (1997, p. 60), "a importância da motivação na
aprendizagem é indiscutível. Mesmo um aluno inteligente, se não estiver motivado
para aprender, dificilmente o fará. Em uma situação de aprendizado, como uma aula,
é provável que ele direcione sua energia e atenção para outras atividades menos
desejáveis." Portanto, a motivação é um fator central na garantia do envolvimento
efetivo dos alunos no processo de aprendizagem.

É relevante destacar que as estratégias de ensino-aprendizagem devem ser


adaptadas às demandas do ensino superior, onde se espera um nível mais profundo
de compreensão, análise e síntese dos conteúdos. A transmissão passiva de
informações não é mais suficiente; o foco atual é o desenvolvimento de habilidades
críticas, a capacidade de resolver problemas complexos e a aplicação prática do
conhecimento adquirido.

No cenário contemporâneo, as estratégias de ensino-aprendizagem podem ser


potencializadas pelo uso de tecnologias educacionais e da aprendizagem ativa.
Plataformas de ensino online, simulações, realidade virtual, jogos educacionais e
ambientes virtuais de aprendizagem são exemplos de recursos que podem enriquecer
o processo educacional, promovendo o engajamento dos alunos e facilitando a
compreensão de conceitos complexos.

É fundamental que os professores do ensino superior sejam treinados e


atualizados continuamente em relação às novas abordagens pedagógicas e
tecnológicas. Eles devem ser capazes de escolher as estratégias mais adequadas para
os objetivos de aprendizagem de seus cursos e de acompanhar de perto o progresso
dos alunos. Além disso, a avaliação formativa e a retroalimentação são componentes
essenciais do processo de ensino-aprendizagem, permitindo que os estudantes
compreendam seu desempenho e façam melhorias contínuas.

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A Empregabilidade de Estratégias de Ensino-Aprendizagem no Ensino Superior

Em síntese, o ensino superior contemporâneo exige uma abordagem flexível e


diversificada em relação às estratégias de ensino-aprendizagem. A motivação, a
adaptação às necessidades individuais dos alunos e a incorporação de tecnologias
educacionais são elementos-chave para garantir um ambiente de aprendizagem eficaz
e significativo, que prepare os alunos não apenas com conhecimento teórico, mas
também com as habilidades práticas necessárias para o sucesso em suas carreiras
futuras.

Portanto, os discentes serão, na maioria das vezes, estimulados quando


perceberem a relevância do conteúdo proposto ou sua aplicabilidade. Despertar no
estudante o desejo de buscar respostas, de explorar, de avançar é uma maneira de
mantê-lo continuamente engajado, incentivando seu crescimento e a compreensão
do tópico relacionado à sua prática, aumentando seu desejo por conhecimento.

Orientado por este contexto, Gil (1997) enfatiza que a discussão se destaca como
uma estratégia pedagógica valiosa em sala de aula, uma vez que promove a reflexão
sobre os conhecimentos adquiridos, permitindo a exploração de um mesmo tema sob
diferentes perspectivas, proporcionando aos alunos a oportunidade de compreender
ou, pelo menos, ouvir teorias e conceitos diferentes de suas crenças preexistentes.
Além disso, a discussão facilita a construção da estrutura conceitual, com base na
participação ativa dos estudantes em relação ao tópico debatido. Isso, por sua vez,
contribui para um exercício democrático no ambiente acadêmico.

Dentro desse cenário de liberdade, é dever do professor mediar a transição do


conhecimento empírico para o científico, baseando-se em estudos que fundamentem
e sustentem a discussão. Essa prática, no entanto, alcançará eficácia quando todos os
participantes possuírem conhecimentos prévios sobre o tópico em discussão.
Seguindo Masetto (2003, p. 101), há algumas premissas fundamentais para a eficácia
dessa abordagem:

1. O professor deve dominar profundamente o tema do debate, demonstrando


um profundo conhecimento da matéria.
2. O tópico designado pelo professor deve ser preparado pelos participantes do
debate, mediante leituras e pesquisas prévias, de modo a trazer materiais e
argumentos bem fundamentados para a discussão.
3. O professor deve assegurar a participação equitativa de todos os envolvidos,
evitando que um grupo restrito domine as intervenções, garantindo que todos
tenham a oportunidade de expressar seus pontos de vista. O professor também

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A Empregabilidade de Estratégias de Ensino-Aprendizagem no Ensino Superior

deve evitar intervir constantemente e monopolizar o tempo de fala, o que pode


comprometer os objetivos da estratégia. Em vez disso, deve permitir que os
alunos assumam um papel central na discussão.

Gil (1997, p. 63) ainda destaca a simulação como uma estratégia eficaz no
processo de ensino-aprendizagem. Nessa abordagem, os alunos assumem papéis
correspondentes a situações da vida real e agem de acordo com esses papéis. As
consequências de suas ações são observadas pelos alunos, que são estimulados a
refletir sobre essas experiências. Essa estratégia promove a imersão dos alunos em
contextos próximos à realidade, oferecendo feedback imediato sobre suas escolhas,
comportamentos e decisões.

Novamente seguindo as orientações de Gil (1997), temos outras estratégias,


como o estudo de caso e a dramatização. A dramatização é uma abordagem
relativamente recente no campo educacional, mas tem demonstrado resultados
significativos em sala de aula. Envolve a interpretação de temas específicos pelos
alunos e é frequentemente utilizada em situações que demandam reflexão sobre
questões afetivas ou psicológicas, nas quais os estudantes precisam analisar e tomar
decisões.

O estudo de caso, por sua vez, envolve a análise de problemas apresentados aos
alunos com o objetivo de encontrar soluções. Isso requer a integração de teoria e
prática, além do desenvolvimento da capacidade de trabalho em equipe. Conforme
Masetto (2003, p. 102), essa técnica visa permitir que os estudantes entrem em contato
com situações reais ou simuladas de sua futura profissão, realizem análises
diagnósticas, busquem informações relevantes, apliquem o conhecimento à situação
e aprendam a analisar problemas complexos e tomar decisões. Veremos a frente, de
maneira pormenorizada, conceitos importantes sobre o estudo de caso como uma
metodologia ativa.

No contexto atual, além das estratégias mencionadas, recursos audiovisuais


desempenham um papel crucial no processo de ensino-aprendizagem. Eles
contribuem para manter o interesse e a atenção dos alunos, tornando as aulas mais
eficazes na transmissão de novos conteúdos. O uso de recursos audiovisuais é
particularmente valioso para envolver os estudantes em atividades interativas e
estimular a aprendizagem ativa.

Portanto, a diversificação das estratégias de ensino-aprendizagem, incluindo


simulações, dramatizações, estudos de caso e recursos audiovisuais, enriquece o

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Metodologias Ativas: conceitos e aplicações

processo educacional, tornando-o mais envolvente, participativo e eficaz. Essas


abordagens permitem que os alunos se aproximem de situações do mundo real,
desenvolvam habilidades práticas e melhorem sua capacidade de análise e tomada de
decisões.

2 Metodologias Ativas: conceitos e aplicações


As metodologias ativas representam uma abordagem fundamental no contexto
do ensino superior, trazendo consigo novas dimensões para o processo de ensino e
aprendizagem, tornando-o mais produtivo, dinâmico e significativo ao engajar os
alunos de forma ativa em seu próprio aprendizado. Essa abordagem é sustentada pela
premissa de que o discente assume um papel de protagonismo no processo
educativo, desempenhando um papel central na construção do conhecimento
(AZEVEDO; PACHECO; SANTOS, 2019).

O surgimento e a evolução das metodologias ativas têm raízes na Escola Nova,


que floresceu na segunda metade do século XX. A Escola Nova enfatizou a
aprendizagem por meio da experiência e vivência do aluno, promovendo, assim, uma
construção ativa do conhecimento (ARAUJO, 2015). Nesse contexto, a ação
desempenha um papel fundamental na pedagogia escolanovista, transformando o
estudante de um receptor passivo do conhecimento em um construtor ativo do
mesmo. Consequentemente, a participação ativa do aluno é fundamental para a
construção do conhecimento.

Inspiradas pelos princípios da escola nova, as metodologias ativas surgem como


uma resposta à necessidade de repensar as práticas de ensino e aprendizagem. Essas
metodologias representam um novo paradigma que transcende a mera intenção de
tornar o ensino mais atraente ou divertido, pois têm como foco central a construção
do conhecimento pelo aluno. Para atingir esse objetivo, elas empregam atividades que
otimizam os processos cognitivos dos alunos e fornecem elementos que conectam o
conhecimento à sua aplicação prática (AZEVEDO; PACHECO; SANTOS, 2019).

As metodologias ativas buscam, portanto, uma ressignificação dos saberes,


integrando o conhecimento teórico com situações práticas. A contextualização é um
pilar essencial dessas metodologias, pois visa aproximar a teoria da realidade dos
alunos, tornando o aprendizado mais relevante e significativo (AZEVEDO; PACHECO;
SANTOS, 2019).

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Metodologias Ativas: conceitos e aplicações

No entanto, a escolha da metodologia ativa mais apropriada exige que o


professor compreenda profundamente o perfil dos alunos e os objetivos educacionais.
Cada metodologia pode ser aplicada de maneira estratégica, dependendo do
resultado desejado. Por exemplo, atividades de simulação ou estudos de caso são
adequados quando o objetivo é desenvolver habilidades práticas. Por outro lado,
métodos que promovem interação e colaboração entre os alunos, como a criação
conjunta de mapas conceituais, são ideais para a formação de profissionais que
trabalham em equipe (AZEVEDO; PACHECO; SANTOS, 2019).

Vale ressaltar que a eficácia das metodologias ativas não depende apenas de sua
aplicação, mas, sim, da capacidade do professor de guiar os alunos em uma reflexão
profunda sobre os conceitos abordados. Nesse sentido, o conhecimento didático
desempenha um papel crucial. Portanto, é imperativo que o professor do ensino
superior não apenas escolha a metodologia apropriada, mas também compreenda
por que ela está sendo aplicada, tendo em mente as características do público, a
natureza do conteúdo e os objetivos de aprendizado.

Para uma implementação bem-sucedida das metodologias ativas, é fundamental


que o corpo docente esteja ciente da importância do conhecimento didático e saiba
articular os elementos didáticos com o conteúdo específico de sua disciplina. Isso
possibilitará uma prática docente mais engajada e alinhada com o processo de
aprendizagem dos alunos, promovendo um ambiente de ensino superior mais eficaz
e significativo (AZEVEDO; PACHECO; SANTOS, 2019).

Convidamos você a explorar algumas das metodologias ativas amplamente


utilizadas no ensino superior, a fim de aprofundar sua compreensão e aplicação na
prática pedagógica.

Algumas das metodologias ativas mais comuns no ensino superior incluem:

1 Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP): Nessa metodologia, os alunos


são confrontados com problemas complexos que simulam situações do mundo
real. Eles trabalham em grupos para analisar, pesquisar e resolver esses
problemas, desenvolvendo habilidades de resolução de problemas,
pensamento crítico e colaboração.
2 Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP): Aqui, os alunos embarcam em
projetos práticos que exigem a aplicação dos conceitos aprendidos em sala de

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Metodologias Ativas: conceitos e aplicações

aula. Isso os envolve em investigações, criação de produtos ou solução de


problemas reais. O foco é na aplicação prática do conhecimento.
3 Sala de Aula Invertida: Nesse modelo, os alunos acessam o conteúdo de
aprendizado antes da aula, muitas vezes por meio de materiais online, como
vídeos ou leituras. Durante as aulas, o tempo é dedicado a discussões, resolução
de dúvidas e aplicação prática do conhecimento, com a orientação do professor.
4 Aprendizagem Cooperativa: Aqui, os alunos trabalham em grupos
colaborativos para alcançar metas de aprendizado. Eles se apoiam mutuamente,
compartilham responsabilidades e se engajam em atividades que promovem a
aprendizagem ativa.
5 Peer Instruction (Instrução entre Pares): Essa técnica envolve os alunos na
discussão de conceitos-chave com seus colegas. O professor apresenta uma
pergunta desafiadora e os alunos debatem suas respostas em pequenos
grupos. Isso estimula a reflexão e a compreensão mais profunda dos tópicos.
6 Design Thinking: O design thinking é uma abordagem centrada no aluno que
se concentra na resolução de problemas e na criatividade. Os alunos são
incentivados a identificar desafios, colaborar na geração de soluções e
prototipar ideias. Essa metodologia é especialmente eficaz para cursos de
design, inovação e empreendedorismo.
7 Aprendizagem Baseada em Jogos: Os jogos educacionais são usados para
envolver os alunos e ensinar conceitos de forma interativa. Eles oferecem um
ambiente de aprendizado imersivo, onde os alunos enfrentam desafios, tomam
decisões e obtêm feedback imediato.

Essas metodologias ativas não apenas tornam o ensino superior mais envolvente,
mas também ajudam os alunos a desenvolver habilidades essenciais, como
pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração e comunicação. No entanto,
a escolha da metodologia apropriada deve levar em consideração os objetivos de
aprendizado, o conteúdo do curso e as características dos alunos.

A implementação eficaz de metodologias ativas requer um compromisso com a


formação docente contínua, pois os professores devem estar preparados para
projetar, facilitar e avaliar atividades que promovam o engajamento dos alunos e o
desenvolvimento de competências. O investimento em tecnologia educacional
também desempenha um papel importante, fornecendo ferramentas que facilitam a

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Tipos de Aprendizagem

aplicação de metodologias ativas.

Em resumo, as metodologias ativas representam uma abordagem pedagógica


valiosa no ensino superior, transformando a tradicional relação de ensino em uma
parceria entre professores e alunos na construção ativa do conhecimento. Elas não
apenas tornam o processo de aprendizado mais significativo, mas também preparam
os alunos para enfrentar os desafios do mundo real e se destacarem em suas futuras
carreiras. Portanto, é essencial que as instituições de ensino superior continuem a
promover e desenvolver práticas de ensino baseadas em metodologias ativas.

3 Tipos de Aprendizagem
3.1 Orientado a Solução de Problemas

Uma das prioridades do uso das metodologias ativas é a capacitação do aluno


para compreender a fundo os aspectos teóricos de um determinado conteúdo, com a
capacidade de aplicá-lo efetivamente em cenários do mundo real relacionados à sua
futura profissão, promovendo, assim, uma aprendizagem autônoma e participativa.

Dentre as diversas abordagens de metodologias ativas, destaca-se a


Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), conhecida como Problem-Based
Learning (PBL) em sua nomenclatura original. Esta metodologia foi inicialmente
desenvolvida no contexto do curso de medicina da Universidade de McMaster, no
Canadá, na década de 1960, e tem como propósito central a utilização de problemas
do cotidiano como catalisadores para instigar nos alunos a busca por soluções. O
objetivo é explorar o conhecimento teórico adquirido durante o curso para
desenvolver habilidades e competências relevantes para a futura carreira profissional.

O potencial da ABP transcendeu as fronteiras da área médica, expandindo seu


uso para diversas outras disciplinas. Foi necessário sistematizar as características que
deveriam nortear o desenvolvimento dessa metodologia como catalisadora de novas
aprendizagens. De acordo com Farias, Martin e Cristo (2015), essas características são:

1. Problem (Problema): O problema é a unidade fundamental para o aluno,


centrando seu foco no processo de aprendizado.
2. Resource (Recursos): O fornecimento adequado de recursos, como instruções,
literatura e acesso à internet, permite a autoaprendizagem.

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Tipos de Aprendizagem

3. Objectives (Objetivos): Os objetivos de aprendizagem são definidos pelos


educadores, orientando o direcionamento do processo.
4. Behaviour (Comportamento): O comportamento dos alunos evolui
progressivamente à medida que enfrentam e resolvem problemas.
5. Learning (Aprendizagem): A aprendizagem é ativa e monitorada por meio da
colaboração entre pares e da orientação do facilitador.
6. Examples (Exemplos): O facilitador promove o uso de habilidades cognitivas
de ordem superior por meio de exemplos e casos práticos.
7. Motivation (Motivação): A abordagem da PBL é projetada para estimular o
interesse dos alunos em tópicos específicos e fomentar a motivação para
aprender.

Dessa maneira, a ABP promove ativamente o envolvimento dos alunos em um


processo colaborativo em que eles buscam soluções e constroem conhecimento. A
metodologia valoriza a aprendizagem baseada em problemas reais e enfatiza o
desenvolvimento de competências interpessoais, como a capacidade de trabalhar em
equipe, de argumentação, de comunicação e de resolução de problemas.

No contexto da ABP, o papel do professor muda, não consistindo mais em


fornecer informações diretas, mas atuando como facilitador da aprendizagem. A
responsabilidade pela pesquisa, discussão e apresentação de conceitos cabe ao grupo
de estudantes, enquanto o professor fornece orientação e encerramento da atividade,
auxiliando na síntese das exposições e na consolidação dos principais pontos.

Essa metodologia também promove o desenvolvimento do senso crítico,


habilidades de comunicação e argumentação, e uma compreensão holística do
problema em questão. Coloca o aluno no centro do processo de aprendizado, com o
professor desempenhando o papel de guia e facilitador, que, no entanto, desempenha
um papel fundamental ao estabelecer a situação-problema e apresentar os conceitos
essenciais para orientar o trabalho em equipe.

A Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) representa uma mudança


significativa na dinâmica do ensino superior, colocando o aluno no papel de
protagonista do seu próprio aprendizado. Isso requer do professor uma compreensão
sólida das necessidades do aluno e um domínio eficaz das metodologias ativas.

Ressaltamos que é fundamental que o professor compreenda que a escolha da


metodologia ativa deve estar alinhada com os objetivos do curso e as características

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Tipos de Aprendizagem

dos alunos. Cada metodologia ativa tem suas peculiaridades e é mais adequada para
atingir certos resultados. Por exemplo, se o objetivo é desenvolver a capacidade do
aluno de aplicar o conhecimento teórico na prática, a ABP se destaca. No entanto, se
o foco for o desenvolvimento de habilidades de trabalho em equipe, outras
metodologias podem ser mais apropriadas.

O professor deve estar ciente de que a aplicação de uma metodologia ativa não
garante, por si só, uma melhoria na aprendizagem. É essencial que ele seja capaz de
orientar eficazmente o processo e ajudar os alunos a refletirem sobre os conceitos e
as soluções geradas no contexto da metodologia ativa escolhida. Isso exige um
conhecimento didático sólido e a capacidade de articular as metodologias ativas com
os conteúdos específicos do curso.

A ABP, por exemplo, enfatiza a autonomia dos alunos e a responsabilidade


individual, uma vez que cada estudante desempenha um papel importante na
resolução do problema. O papel do professor se concentra na definição dos
problemas e na facilitação do processo de aprendizagem.

Para finalizar este tópico, é válido mencionar que a eficácia das metodologias
ativas depende da escolha criteriosa da abordagem mais adequada às necessidades
dos alunos e aos objetivos do curso, do domínio das metodologias pelo professor e
da sua habilidade de orientar e apoiar o processo de aprendizagem ativa dos alunos.
A adoção bem-sucedida de metodologias ativas no ensino superior representa uma
inovação no cenário educacional, com potencial para proporcionar uma experiência
de aprendizado mais significativa e envolvente aos alunos, preparando-os para
desafios do mundo real.

3.2 Entre Times

O Team-Based Learning (TBL), ou aprendizado em equipe, surgiu na década de


1970, desenvolvido por Larry Michaelson, representando uma metodologia que se
baseia na colaboração entre estudantes para ampliar o processo de aprendizagem.
Essa abordagem é fundamentada em estratégias de gestão de equipes de
aprendizagem, atividades de preparação e aplicação de conceitos, feedback contínuo
e avaliação entre os pares (OLIVEIRA et al., 2018).

Em geral, embora não seja uma regra, o TBL é frequentemente adotado em


turmas numerosas, onde os alunos são organizados em pequenos grupos que atuam

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Tipos de Aprendizagem

simultaneamente em sala de aula, realizando uma variedade de tarefas. A composição


desses grupos deve ser heterogênea e definida pelo professor, que estabelece
critérios de seleção das equipes, fornece orientações, desenvolve os materiais
necessários e estabelece as etapas de trabalho (BOLLELA et al., 2014):

1. Preparação Individual (pré-classe): Envolve o preparo prévio dos estudantes


por meio de atividades que contribuirão para o trabalho em equipe na sala de
aula. Nessa etapa, enfatiza-se a autonomia e a responsabilidade individual de
cada membro da equipe.
2. Garantia de Preparo: Nesta fase, verifica-se se os alunos estão devidamente
preparados para a tarefa de grupo, uma vez que a falta de preparação pode
prejudicar o desempenho de toda a equipe. Isso inclui uma verificação sem
consulta ao conhecimento prévio dos conceitos que serão discutidos e
trabalhados em equipe.
3. Aplicação dos Conceitos: Esta etapa requer a participação ativa do professor,
que define o problema a ser resolvido, contextualizando-o com base nos
estudos teóricos, na realidade de mercado, no cenário político-social, no
contexto e em outros elementos que possam enriquecer a abordagem dos
estudantes. A definição do problema deve atender aos critérios dos "4 S":
significant (problema significativo), same (mesmo problema), specific
(específico) e simultaneous report (relatórios simultâneos).

O desenvolvimento dessas etapas é direcionado para uma progressiva evolução


do grupo em direção ao aprendizado, que é avaliado tanto individualmente quanto
em grupo, pelo professor e pelos colegas. Isso oferece oportunidades para diferentes
perspectivas, pontos de vista e reflexões sobre os resultados do trabalho. A
metodologia do TBL promove não apenas o aprendizado individual, mas também o
desenvolvimento de habilidades de trabalho em equipe, pensamento crítico e análise
aprofundada dos conceitos, contribuindo assim para uma experiência de aprendizado
mais rica e envolvente no ensino superior.

3.3 Movimento Maker

O Movimento Maker, ou cultura maker, é uma metodologia ativa fundamentada


no princípio "faça você mesmo". Nesse modelo, os alunos assumem um papel ativo e

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Tipos de Aprendizagem

autônomo em seu processo de aprendizado, tornando-se corresponsáveis por sua


jornada educacional. Isso implica avaliar progressos e erros e, quando necessário,
reestruturar o caminho de aprendizagem. O Movimento Maker surgiu por volta de
2005 e ganhou força à medida que profissionais de diversas áreas, como engenharia,
tecnologia da informação e arte, uniram seus conhecimentos para criar produtos e
soluções por puro interesse em criar e produzir (MOURA et al., 2019).

As criações e projetos do Movimento Maker envolvem a colaboração, o


compartilhamento de ideias e a utilização de ferramentas tecnológicas.
Frequentemente, esses projetos incorporam colaboração online, promovendo
trabalho em equipe e a consideração de múltiplos pontos de vista, com a finalidade
de testar, validar ou refutar ideias.

Embora tanto o Movimento Maker quanto a Aprendizagem Baseada em


Problemas (ABP) enfatizem o trabalho em equipe, existem distinções entre eles. A ABP
geralmente ocorre em um espaço físico onde todo o grupo se reúne, enquanto o
Movimento Maker, por sua natureza, pode ocorrer virtualmente, aproveitando-se de
tecnologias modernas.

O Movimento Maker não requer necessariamente a presença de um problema


específico para iniciar o processo de aprendizagem. O catalisador desse movimento
pode ser uma proposta, uma ideia, um objeto ou um produto a ser criado. Isso
concede aos alunos uma maior autonomia no processo de construção do
conhecimento, uma vez que o produto final não é fornecido pelo professor, mas surge
da colaboração entre os participantes, discussões e engajamento.

A autonomia desempenha um papel central no Movimento Maker, colocando o


aluno no centro do processo de aprendizado. No entanto, isso não exclui a
importância da orientação do professor, que desempenha o papel de mediador para
garantir que o grupo mantenha o foco em seus objetivos. Além disso, o professor é
responsável por estruturar as atividades e fornecer recursos materiais e teóricos para
permitir que os alunos avancem gradualmente em suas construções e aprendam por
meio de experimentação - a essência do Movimento Maker, que enfatiza a
aprendizagem pela prática e pela ação.

3.4 Estudo de Caso

O estudo de caso, como metodologia ativa, apresenta uma estreita relação com

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Tipos de Aprendizagem

a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) e, em alguns casos, pode até derivar


dela. Ambas as abordagens partem de situações da vida real que os alunos devem
analisar. No entanto, enquanto na ABP o foco reside na busca por soluções para o
problema apresentado, no estudo de caso, os estudantes se dedicam à análise de
diferentes abordagens propostas, resultando em suas próprias interpretações da
situação.

É importante destacar que o estudo de caso pode ser utilizado de maneira


complementar à ABP e a outras metodologias, oferecendo aos alunos a oportunidade
de construir seu aprendizado com base em situações reais que requerem a aplicação
de conhecimentos teóricos e práticos.

O emprego do estudo de caso como estratégia de ensino traz consigo inúmeras


contribuições para o processo educacional. Ele permite aos alunos compreenderem
os conteúdos e conceitos por meio da análise de casos, o que demanda a ativação de
diversos recursos cognitivos, enriquecendo assim o processo de aprendizado.

Contudo, para que o estudo de caso seja eficaz como ferramenta de


aprendizagem, é necessário que os estudantes atuem de forma ativa e direta,
colaborando e interagindo com seus colegas. Em geral, essa abordagem exige
trabalho em equipe para chegar a uma resolução, mesmo que o caso em questão
possa ser abordado individualmente (SPRICIGO, 2014).

Embora tanto na ABP quanto no estudo de caso a participação ativa dos


estudantes seja fundamental, também é crucial que o professor desempenhe um
papel ativo na estruturação do estudo de caso. O docente deve planejar a
metodologia de acordo com os objetivos de aprendizado e proporcionar o
desenvolvimento das habilidades e competências necessárias para a análise e
interpretação do estudo em questão.

As análises realizadas durante o desenvolvimento do estudo de caso são


embasadas por um conhecimento teórico fornecido pelo professor. Esse
embasamento teórico permite que os alunos se aproximem do caso, realizem
discussões e formulam perguntas específicas, que posteriormente comporão os
relatórios do grupo.

A conclusão do trabalho envolve uma apresentação para todo o grupo, liderada


pelo professor, que pode acompanhar as atividades, avaliar o desempenho dos
grupos e realizar uma síntese, destacando pontos de destaque e áreas que requerem
maior aprofundamento (SPRICIGO, 2014).

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As Salas de Aula Invertida

4 As Salas de Aula Invertida


Amplamente reconhecida no âmbito acadêmico, a estratégia educacional
conhecida como "sala de aula invertida," ou "flipped classroom," é uma abordagem
pedagógica na qual o aluno desempenha um papel proeminente no processo de
aprendizagem, sendo incumbido de se preparar previamente para as aulas. Isso requer
uma interação ativa com o conteúdo, o professor e os colegas.

Para implementar eficazmente a sala de aula invertida, o aluno deve ter acesso
antecipado ao material de estudo que será abordado durante a aula. Dessa forma,
após o estudo desse material por conta própria, o aluno participa das aulas presenciais
preparado para esclarecer dúvidas com o professor, engajar-se em discussões e
colaborar na proposição de soluções pertinentes.

O principal objetivo dessa metodologia é otimizar o tempo em sala de aula,


permitindo um aprofundamento mais significativo do conteúdo que foi estudado
independentemente. Isso culmina em análises mais aprofundadas e significativas,
promovendo o engajamento autônomo e responsável do aluno na construção de seu
próprio aprendizado.

Entre as vantagens da sala de aula invertida encontra-se a capacidade de


envolver mais profundamente os alunos com os tópicos abordados e fomentar uma
interação mais rica entre eles. Isso ocorre através de discussões, debates e diversas
atividades colaborativas.

A sala de aula invertida permite a combinação com outras estratégias


pedagógicas, como o estudo de caso, a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP)
e outras abordagens. Essa integração enriquece a experiência de aprendizado e
possibilita a exploração de diferentes estilos de aprendizagem nos grupos de
estudantes (PASSOS, 2018).

Essa abordagem requer uma mudança de mentalidade tanto por parte dos
professores quanto dos alunos. Além disso, é necessário criar condições que
viabilizem a preparação prévia. Dado que muitos estudantes universitários têm
responsabilidades profissionais, o material de estudo deve ser disponibilizado com
considerável antecedência, preferencialmente em formato digital para facilitar o
acesso em diferentes locais e horários.

A sala de aula invertida não apenas otimiza o processo de ensino-aprendizagem,

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As Salas de Aula Invertida

mas também permite que os professores identifiquem possíveis deficiências no


conhecimento dos alunos. Ela não só maximiza o uso efetivo do tempo em sala de
aula, mas também expande as oportunidades de interação entre professores e alunos,
resultando em uma aprendizagem mais eficaz.

O ensino superior tem evoluído consideravelmente, não apenas em termos


conceituais, pois deixou de ser exclusivamente voltado para uma classe
economicamente privilegiada, mas também em relação à qualidade dos processos de
ensino e aprendizagem.

Essa evolução se manifesta de maneira destacada nos investimentos em novas


metodologias de ensino, as quais demandam recursos não apenas materiais, como
ferramentas tecnológicas utilizadas na implementação de estratégias como a "sala de
aula invertida," mas também exigem um compromisso significativo com a formação
docente.

A formação pedagógica e o domínio do conhecimento didático desempenham


papéis cruciais no desenvolvimento e aplicação eficaz das metodologias ativas. Os
educadores devem não apenas estar familiarizados com uma variedade de
abordagens ativas, mas também ser capazes de discernir qual delas é mais adequada
para atingir objetivos específicos de aprendizado.

As metodologias ativas não devem ser encaradas simplesmente como uma


estratégia superficial para tornar as aulas mais atraentes, mas sim como instrumentos
que promovem um aprendizado genuinamente significativo. Isso implica que o
docente assuma uma postura pedagógica ativa, planejando estratégias e capacitando
os alunos para se adaptarem a essa nova forma de aprendizado.

A adoção das metodologias ativas exige uma transformação na mentalidade


tanto do corpo docente quanto dos estudantes. Ambos devem entender que o
processo de ensino e aprendizagem é uma empreitada colaborativa, na qual o aluno
desempenha um papel ativo na construção do conhecimento, ao passo que o
professor orienta e direciona o percurso do aluno em direção ao aprendizado
desejado. Portanto, o compromisso com a excelência pedagógica e a adaptação a
essas novas abordagens tornam-se cruciais no contexto do ensino superior
contemporâneo.

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Conclusão

Conclusão
Nesta unidade, vimos que o panorama educacional nos anos 1990 testemunhou
um nível de transformação notável diante dos avanços das ciências e tecnologias,
resultando em um aumento significativo na procura por cursos de graduação. Essa
evolução não se limitou apenas à revisão dos currículos, mas também teve um impacto
profundo na prática docente, à medida que o perfil do estudante universitário passou
por mudanças substanciais.

A adaptação dos educadores a esse novo cenário educacional se manifestou


através da adoção das metodologias ativas, que se tornaram ferramentas essenciais
para alcançar os objetivos educacionais. Essas abordagens pedagógicas têm um
impacto substancial no processo de ensino e aprendizagem, pois proporcionam uma
ligação mais sólida entre o conteúdo teórico e sua aplicação prática, além de
enriquecer a experiência educacional.

A introdução das metodologias ativas também representou um desafio


significativo, uma vez que muitos professores universitários foram historicamente
formados em uma estrutura pedagógica mais tradicional, baseada em aulas
predominantemente expositivas. No entanto, a necessidade de evoluir e proporcionar
uma educação mais envolvente e relevante para os estudantes levou as instituições
de ensino superior a repensar sua formação docente e a promover a adoção dessas
abordagens inovadoras.

Neste sentido, as metodologias ativas têm desempenhado um papel crucial na


melhoria da qualidade da educação superior, estimulando a interação, a reflexão e a
aplicação prática do conhecimento, e aproximando a teoria da prática profissional.
Essa transformação além de enriquecer a experiência do aluno, promove uma
educação mais alinhada com as demandas e desafios da sociedade contemporânea,
estabelecendo um novo padrão para a docência universitária e seu compromisso com
a formação de profissionais preparados para enfrentar os desafios do mundo em
constante evolução.

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Referências

Referências
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Referências

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