SUMÁRIO.
I. INTRODUÇÃO.
II. CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO.
2.1 O que avaliar?
2.2 Importância da avaliação.
2.3 Fundamentos de uma avaliação adequada.
2.4 Avaliação - Algumas Categorias.
2.5 Tipos de avaliação e decisões do professor.
2.6 Algumas possibilidades didáticas frente aos instrumentos avaliativos a partir de práticas
de ensino.
2.7 Refletindo sobre minha prática avaliativa.
III. AVALIAÇÃO REFERENCIADA A NORMA E A CRITÉRIO.
3.1. Avaliação referenciada a norma.
3.2 Avaliação referenciada a critério.
3.3 Medidas referenciadas a critério e a normas: comparação.
IV. A AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS E HABILIDADES.
4.1 O que são competências e habilidades?
4.2 O que são habilidades?
4.3 Como relacionar competências e habilidades?
4.4 Currículo organizado por competência.
4.5 Por que trabalhar por competências e habilidades na escola?
V. QUESTÕES.
5.1 Níveis das questões.
5.2 Critérios para elaboração de questões.
5.3 Etapas de elaboração de uma questão.
5.4 Questões contextualizadas.
5.5 Objetivos e conteúdos escolares.
VI. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO.
6.1 Instrumentos de avaliação informal.
6.2 Instrumentos de avaliação formal.
6.3 Algumas considerações sobre correções dos instrumentos avaliativos.
VII. ANÁLISE E PRÁTICA DE RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO
INFANTIL.
7.1 Legislação.
7.2 O que é avaliação na Educação Infantil.
7.3 Objetivos da avaliação na Educação Infantil.
7.4 Importância e focos da avaliação na Educação Infantil.
7.5 Instrumentos de avaliação adequados à educação infantil.
7.6 A linguagem nos relatórios.
7.7 Dicas para a escrita dos relatórios.
VIII. SENTIDO ÉTICO DA AVALIAÇÃO.
REFERÊNCIAS.
1
“O valor da avaliação não está no instrumento em si, mas no uso que se faça dele”
Juan Manuel Álvarez Méndez.
APRESENTAÇÃO.
O presente trabalho visa à investigação, compreensão, análise e reflexão crítica da
prática avaliativa docente. Sabemos que o tema é bastante complexo, pois o docente é uma
das peças fundamentais no processo de avaliação da aprendizagem. Percorremos em busca
das explicações sobre o processo avaliativo fazendo indagações sobre a prática avaliativa dos
docentes, suas reflexões e que sujeitos pretendem formar.
A nota sempre gera expectativas que incomodam muitas vezes a relação aluno –
aluno, professor- professor, professor e aluno. É perante estas observações que surgiu a
necessidade de desenvolver o estudo sobre a avaliação da aprendizagem.
Com as observações que realizamos pretendemos contribuir para a educação, o
processo avaliativo e principalmente para a reflexão dos professores sobre suas práticas no
que diz respeito à avaliação da aprendizagem.
Buscamos indagar outras questões relacionadas ao tema: a) como os professores
utilizam os conhecimentos produzidos pelos alunos no desenvolvimento de sua prática
avaliativa? b) que decisões e análises reflexivas são tomadas pelos docentes ao avaliar o
aluno? c) quais as perspectivas reflexivas dos professores na avaliação da aprendizagem
diante das notas? d) como os docentes veem a avaliação da aprendizagem no processo
avaliativo? e) que tipos de instrumentos são utilizados pelos professores para avaliar os
alunos?
Esperamos com este estudo ajudar o professor a entender a prática quanto ao processo
de avaliar a aprendizagem, pois percebemos que os segmentos avaliativos necessitam de
fidedignidade e que as técnicas de aprendizagem vão além de uma mera nota a qual se
transforma sempre em termos quantitativos esquecendo-se da qualidade que se deve ter
perante o ensino. Assim, esperamos que o estudo traga resultados positivos e contribua para a
ampliação dos conhecimentos aos professores no âmbito educacional.
2
I. INTRODUÇÃO.
A avaliação necessária é aquela que consegue analisar como o aluno é capaz de
movimentar-se num campo de estudos e estimulá-lo, por meio de uma reflexão sobre o que
ele realizou, a encontrar os caminhos do seu próprio desenvolvimento.
O que vai ser considerado na avaliação deveria depender do projeto pedagógico da
instituição. No entanto, depende, fundamentalmente, da concepção que o professor tem de
educação. É o professor que estabelece os padrões e, de modo geral, não é questionado por
ninguém em relação a esses padrões. Daí a necessidade de o professor ter muita clareza em
relação à função da avaliação. Esta não serve mais para, simplesmente, quantificar a
aprendizagem do educando e, com isso, moldá-lo segundo o padrão social já existente, mas
para, por meio de uma interação entre o avaliador e avaliando, repensar a situação e, em uma
avaliação participativa, despertar a consciência crítica dentro de um compromisso com a
práxis dialética de um projeto de transformação.
O papel da instituição não deve ser entendido como um somatório de interesses
individuais ou corporativos, mas como a dimensão política concreta da atuação integrada de
todos os componentes da comunidade escolar. Isso pressupõe capacidade profissional em
nível técnico-científico, não como saber acabado, mas sob o controle da consciência
profissional e da vontade política dos sujeitos envolvidos que vão produzir o desenvolvimento
por meio da prática e da reflexão.
Se o professor realizar a avaliação sob a forma de acompanhamento da construção do
conhecimento do aluno, ele terá de desenvolver a ação pedagógica de modo diferente, pois
deverá propor atividades alternativas diversificadas sempre que constatar que alguma etapa
não foi vencida por um ou outro aluno. Assim, as alterações no processo de avaliação poderão
conduzir a uma transformação no processo de ensino.
Parece claro que a questão ―quando avaliar?‖ está intimamente ligada à concepção
que o professor tem de educação e, consequentemente, à função que ele atribui à avaliação. Se
ele avalia para dar uma nota, não é necessário ―perder tempo‖ durante o processo, avaliando
as atividades realizadas. Isso poderá ser feito uma única vez, antes do período de entregar as
notas. Entretanto, aquele professor que avalia para auxiliar o aluno a se autoavaliar e a
identificar suas dificuldades sente necessidade de fazê-lo constantemente, não só para
verificar se pode prosseguir ou não, mas também avaliar a si mesmo.
O objetivo principal da avaliação é ajudar o aluno a se autoavaliar, a perceber suas
falhas e seus pontos fortes e, por meio de uma reflexão conjunta, aprender a se autoconhecer,
a buscar novos caminhos para a sua realização. Os momentos avaliativos deveriam ser
convertidos em momentos de aprendizagem de estímulo para a busca de novos
conhecimentos, em momentos de satisfação mútua entre professor e aluno.
O uso de provas para avaliar o processo de ensino e aprendizagem é importante, desde
que sejam usadas também com o objetivo de identificar as possibilidades e as dificuldades dos
alunos. A construção da prova deve estar fundamentada nos princípios técnicos de construção
de itens. Os itens devem estar adequados aos objetivos que o professor pretende avaliar, ao
grupo e à situação em que devem ser utilizados.
A questão não é eliminar o teste, que é mais um dos instrumentos importantes para o
professor, mas elaborá-lo com uma função bem determinada e conforme as normas técnicas
para que sejam válidos e atinjam o objetivo de auxiliar o professor a identificar as
dificuldades e/ou possibilidades dos alunos.
Outro fator muito importante é a discussão com o aluno sobre o resultado deste teste. O
trabalho da testagem não termina com a correção e a devolução dos testes. O aspecto mais
significativo,tanto para o aluno como para o professor, são as discussões sobre os resultados
obtidos. O professor deve analisar cada questão, o que está errado ou certo, por qual razão,
qual a resposta mais correta, quais as alternativas de solução. A partir da análise desses
3
resultados, devem ser encontradas alternativas de solução para as dificuldades evidenciadas
pelos alunos.
4
II. CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO.
O termo avaliar tem sua origem no latim, provindo da composição a-valere que quer
dizer ―dar valor a....‖, porém o conceito ―avaliação‖ é formulado a partir da determinação da
conduta de atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação‖. O que nos
leva refletir a ação da avaliação da aprendizagem perante a prática docente.
―A prática da avaliação da aprendizagem em seu sentido pleno só será possível na
medida em que se estiver efetivamente interessado na aprendizagem do educando‖
(LUCKESI, 2008), ou seja, em ambas as partes têm que haver o compromisso do ensinar e do
aprender, pois é na aprendizagem que repousa a competência do professor de analisar cada
ação do aluno verificando suas habilidades e é por meio destas que procuram os significados
da avaliação da aprendizagem.
Para Raphael (2002), a questão da avaliação é tão antiga quanto a racionalidade
humana. É inerente ao ato de pensar de julgar, que supõe a referência de um valor. A ilusão de
que a avaliação pode se executar com critérios de objetividade e neutralidade, durante muito
tempo, foi elevada à condição de mito na educação. Hoje, a identificação do ato de avaliar
com o juízo de valor deixa claro, pelo menos aos estudiosos do assunto, que toda avaliação
tem por referência um padrão, que representa o valor vigente, dependente da questão cultural
e, portanto, variável no tempo e no espaço.
Na citação acima, a autora faz toda uma análise na objetividade preocupando-se com
os estudos pedagógicos e avaliativos afirmando que avaliação da aprendizagem exige um
padrão de questões que representam valor vigente baseadas em problemas culturais e que
essas questões visam romper paradigmas dando novos sentidos ao processo avaliativo por
meio denovas concepções.
Para Antunes (2008)―A avaliação da aprendizagem não constitui matéria pronta,
discussão finalizada, teoria aceita‖. Para ele o processo avaliativo vai bem mais além. O
professor precisa analisar de todas as formas o cotidiano levando em conta suas reflexões das
ações planejadas. Ressalta ainda o autor (2008).
Necessita, antes de tudo, ser planejada por etapas pelo professor, no
cotidiano e em cada aula, para cada grupo de alunos. A aprendizagem deve
ser refletidae escrita, para avaliação serve apenas como moldepara cada
percursogerando assim reflexões que direcionam nossas percepções.
Assim, a avaliação toma diversos sentidos,partindo de um olhar aguçado seguido de
compreensão, análise e reflexão, fazendo com que o professor perceba diantedo indivíduo que
está sendo observado a verdadeira ação de se chegar a um posicionamento indo além da sua
objetividade, pois o processo avaliativo também depende da subjetividade de cada sujeito. De
acordo com Hoffmann (2005)
Se, de fato considerarmos que os entendimentos dos sujeitos se dão a partir
de suas histórias de vida, como compreender essas muitas histórias vividas
pelos professores em sua diversidade sociocultural, de formação e
experiências? Qual o tempo suficiente para a troca de ideias e de impressões
entre os participantes desses grupos que possibilite a aproximação entre eles
e a descoberta de suas contradições? Qual a postura que se assume diante de
suas ideias rígidas: de compreensão, indignação ou de omissão?
Como avaliar? Para que avaliar? Quem avaliar? Essas indagações devem levar os
docentes à compreensão da avaliação da aprendizagem refletida na prática diante de novos
paradigmas para confirmar seus avanços.
De acordo com Sant’Ana (2005):
A avaliação só será eficiente e eficaz se ocorrer de forma interativa entre
professor e aluno, ambos caminhando na mesma direção, em busca dos
mesmos objetivos [...]. O aluno não será um indivíduo passivo; e o professor
a autoridade que decide o que o aluno precisa e deve saber.
5
Perante essa discussão não podemos pensar mais sobre avaliação da aprendizagem
como algo isolado que depende somente do professor ou somente do aluno. O docente deve
perceber e dominar a sua prática avaliativa sempre observando e controlando a aprendizagem
do educando, pois o aluno também tem que está informado do que está sendo
avaliadogarantindo assim, uma relação interativa.
Na atualidade a escola se encontra em um grande processo de transformação, que
exige uma nova concepção para se avaliar diante dos novos paradigmas. Esta avaliação da
aprendizagem demanda do professoruma interpretação que requer uma análise antes de
notificar o aluno com qualquer nota, medida ou conceito. Para Hoffmann (2005)
Mediante a problemáticasobre o resultado das notas dos educandos seja mais
complexa do que imaginamos chegar a uma compreensão por nota ou
conceitos, significa passar por uma análisebem mais ampla em termos de
representação. Pela própria complexidade da tarefa avaliativa o uso dos
conceitos evita cicatrizes da precisão e a injustiça decorrente do uso abusivo
das notas
Podemos, então, concluir que avaliação é um processo durante o qual se reúne, processa e
apresenta a informação útil à solução do problema identificado, com a finalidade de tomar
decisões para tal solução. O objetivo é propiciar informações que permitam introduzir
mudanças para melhorar a atividade ou tarefa que estamos realizando. A avaliação não se
limita a aplicação de provas. É um processo cujos resultados nos permitem:
comparar os resultados com os objetivos formulados;
analisar as causas de não se ter alcançado a aprendizagem;
apresentar alternativas de solução.
6
julgamento, por sua vez, deve levar a um diagnóstico sobre os problemas apontados pelo
resultado e a uma ação corretiva. Para que isso 'ocorra, os instrumentos devem ser muito bem
elaborados, de forma que professores e alunos possam compreender os problemas de
desempenho a partir das respostas dadas no teste.
Da mesma forma que não jogarnos um termômetro fora porque ele indica que um
paciente tem 42 graus de febre, não devemos jogar fora os testes, provas e outros
instrumentos de medida, só porque, muitas vezes, eles dão resultados que não nos agradam.
Também nada resolve confundir os termos ou usar a palavra "avaliação" porque a palavra
"teste" tem conotações desagradáveis para certas pessoas. Assim como não há nada de errado
com o termômetro, mesmo quando indica que um paciente está com febre alta, não há nada
de errado, em princípio, com provas bem elaboradas, mesmo quando muitos alunos
fracassam. Se há algo de errado com o aluno ou .com o ensino, é isso que precisa ser
melhorado. Não há por que brigar com o.termômetro.
Ao falar de avaliação, é preciso estabelecer dois critérios para usar a avaliação com
maior eficiência. Deve-se assim, estabelecer prioridades para avaliar. Numa escola, os
aspectos mais importantes são os aspectos cognitivos e os aspectos formativos. Portanto, a
avaliação deve enfatizar esses aspectos. Dentro deles, deve procurar avaliar a aquisição de
competências de nível mais elevado e a formação de hábitos e atitudes mais relevantes para
a escola e para a vida.
Já que a avaliação tem que ser sempre muito limitada, é importante saber escolher o
que avaliar, quando avaliar e quem avaliar. É importante saber, sobretudo, como usar a
informação obtida numa avaliação, para que tenha efeitos gerais para todos os alunos da
classe. A avaliação deve servir para informar alunos, pais e professores sobre os progressos
realizados e êxitos alcançados.
7
Evitar obstrução Recuperar o
Identificar falhas Redigir o aluno
trabalho no fluxo escolar
1
O efeito halo é a possibilidade de que a avaliação de um item, produto ou indivíduo possa, sob um
algum viés, interferir no julgamento sobre outros importantes fatores, contaminando o resultado geral.
8
Embora a medida rigorosa seja talvez impossível, é possível a obtenção de resultados
bastante satisfatórios do ponto de vista estatístico.
São úteis para que os alunos possam situar-se em relação à matéria e aos alunos.
Constituem uma forma de controle do trabalho dos professores;
Representam uma forma privilegiada de fornecimento de retroalimentação para o
professor e para o aluno.
9
são totalmente conhecidos pelo próprio professor os elabora, os alunos tidos como ―bons‖ têm
muito mais chance de aprovação do que os tidos como ―fracos‖ ou ―maus‖.
Avaliação X Nota
É impossível acabar com o aspecto comparativo de um processo de avaliação,
problema central não é a nota, mas sim nossa postura avaliativa. ―Para que alguém
decida para onde caminhar, é preciso saber onde se encontra.‖
Não confundir nota com avaliação e nem aceitar nota como sinônimo de avaliação.
O Professor deve apoiar o aluno com informações que possam esclarecê-lo, encorajá-
lo quanto a possíveis sucessos e insucessos.
Avaliação Contínua
A AVALIAÇÃO CONTÍNUA implica ACOMPANHAMENTO DA AÇÃO
PLANEJADA
Para que possa haver, quando necessário, uma REDIREÇÃO NO TRABALHO a fim de
que os OBJETIVOS EDUCACIONAIS sejam efetivamente atingidos.
10
Desse modo,
.
Fonte: Avaliação. Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Secretaria de Educação. 1991.
11
Vamo-nos deter agora em alguns dos aspectos desses tipos de avaliação.
MOMENTO USO
Antes do início do ano Triagem/enturmação
No primeiro dia de aula Identificar conhecimentos e características
do aluno para:
Reenturmar/ nivelar conhecimentos dos
alunos/ decidir sobre recuperação paralela/
alterar programa do curso.
Durante as primeiras semanas Para observar e conhecer outras
características relevantes do aluno
No início de cada unidade Para saber se os alunos possuem os pré-
requisitos, provocar interesse pelo terna e
identificar o que já sabem sobre o assunto.
12
o professor deve determinar seu pré-requisito. Isso também é importante na hora de estruturar
um currículo de forma que o conhecimento seja gradual
2.5.2 Avaliação formativa: corrigir rumos.
A avaliação formativa pode referir-se tanto à aprendizagem do aluno quanto à
avaliação de outros objetivos educacionais mais amplos como atitudes ou formação de
caráter, ou a programas ou materiais de ensino. Concentraremos a discussão na avaliação da
aprendizagem do aluno. Os princípios de avaliação são os mesmos, o que muda são os
instrumentos.
A avaliação formativa é realizada pelo professor:
Diariamente: ao rever os cadernos, o dever de casa, fazer e receber perguntas, observar
o desempenho dos alunos nas diversas atividades da classe.
Ocasionalmente: por meio de provas e outros instrumentos mais ou menos formais,
para aferir a aprendizagem e outros desempenhos dos alunos.
Periodicamente: utilizando testes/provas ao fim de cada subunidade, unidade, projeto,
bimestre ou semestre.
Conforme a própria expressão — avaliação formativa —, o propósito deste tipo de
avaliação é formar: fazer o que for preciso para que o aluno atinja os resultados previstos, ou
mesmo para modificar os objetivos, dependendo dos resultados, ou seja, a avaliação formativa
serve para corrigir rumos, rever, melhorar, reformar, adequar o ensino, de forma que o aluno
atinja os objetivos de aprendizagem. Nesse sentido, ela não avalia apenas o aluno, mas usa o
desempenho do aluno para avaliar a adequação e eficácia do ensino. O princípio que comanda
esse tipo de avaliação é: se o aluno não aprendeu, é porque o ensino não foi adequado.
Nesse sentido, a avaliação formativa tem um papel de diagnóstico. A diferença é que o
diagnóstico contido numa avaliação formativa se concentra num aspecto específico: o
domínio dos objetivos estabelecidos para uma determinada porção ou unidade do curso e,
normalmente, a ênfase se dão nos aspectos de conteúdo e de desenvolvimento cognitivo (e de
metacognição) durante esse período.
Portanto, esse tipo de avaliação não deve servir para:
punir o aluno (nunca);
dar nota (pura e simplesmente);
estabelecer comparações ou julgamentos relativos, embora saber como um aluno está
em relação ao restamte daturma seja um importante dado de diagnóstico para o
professor decidir como ajudar esse aluno.
O diagnóstico não deve servir para comparar, no sentido de dizer ao aluno que ele
está pior, melhor ouganhou zero, mas para informar ao professor sobre o que ele deve fazer
para que esse aluno tenha sucesso.
A avaliação formativa normalmente se concentra em:
Aferir o domínio e o progresso do aluno num determinado conjunto de objetivos ou
conteúdos do curso.
Aferir o progresso do aluno em relação a algumas estratégias cognitivas e de
metacognição estabelecidas para o período.
Outros objetivos (comportamentos, atitudes, hábitos, livros lidos, etc.) estabelecidos
para o período.
O tipo de avaliação depende da periodicidade com que é utilizada. A avaliação
formativa pode ser feita de maneira contínua e informal, no dia a dia da sala de áula, e pode
também ser feita em oportunidades regulares, incluindo o uso de instrumentos mais formais
como sabatinas, testes, provas, apresentação de relatórios de trabalhos, competições, jogos,
etc.Qualquer que seja o instrumento, formal ou informal, o objetivo da avaliação formativa é
assegurar que:
13
os alunos estão atingindo os resultados pretendidos. É importante avaliar tanto os
conteúdos aprendidos, os processos inferidos, quanto outras características, sobretudo
cognitivas e metacognitivas, inclusive hábitos e ritmo de 'estudo;
o professor e o aluno possam identificar corretamente os tipos e causas dos erros e
problemas apresentados pelo aluno.
A avaliação formativa tem um único propósito: ajudar o aluno a melhorar o seu
desempenho.
Na sala de aula, as decisões que cabem ao professor tomar em face de uma avaliação
formativaquase sempre giram em torno das seguintes opções, dependendo do tipo de erro, da
quantidade dealunos que apresentam deficiências e das condições de trabalho, tempo e
materiais de que dispõe:
dar mais atividades, exercícios de reforço para serem feitos na classe ou em casa;
dar mais explicações, explicando de forma diferente, naclasse;
programar atividades paralelas de reforço;
programar atividades de reforço ao fim da subunidade ou unidade;
rever os objetivos individuais dos alunos, ajustando-os para mais ou para menos.
2. Uma intervenção oportuna. A intervenção deve ser tão rápida quanto possível.A
avaliação formativa diária, eventual ou sistemática, ao fim de cada mês, unidade ou bimestre
deve levar o professor a implementar ações corretivas. A correção deve ser feita pelo próprio
professor, com aulas de revisão, aprofundamento de alguns tópicos, atenção individualizada a
alguns alunos ou dever de casa diferenciado.Em alguns casos, no entanto, e sobretudo ao final
de períodos mais definidos, como o fim de uma unidade, mês ou bimestre, a avaliação
formativa deve levar a programas de recuperação que deem uma oportunidade para acertar o
passo dos alunos que não lograram os resultados pretendidos. Essa avaliação normalmente é
realizada entre o fim de uma etapa e o início da próxima.
14
logo quanto possível — preferencialmente ao final de cada dia ou de cada microuilidade do
currículo. Se o aluno sente que acompanha a turma, adquire confiança. Se a recuperação
tarda, o aluno pode acumular lacunas maiores na sua compreensão do currículo.
6. Avaliação de resultados. A recuperação não pode ser tratada como um ritual — tantas
horas ou tais atividades, nem pode ser vista como uma punição, que é "paga" com tantas
horas de exercício. Ao fim de qualquer processo de recuperação, de curta ou média duração,
o aluno deve ser novamente avaliado e comprovar que é capaz de superar a dificuldade e
atingir os objetivos desejados.
15
objetivo pode ser o de comparar o aluno consigo mesmo, com os colegas da turma e/ou com
os objetivos estabelecidos para a turma.
Em algumas escolas, tanto as provas quanto as decisões decorrentes dos resultados —
a avaliação propriamente dita— são centralizadas e elaboradas pelo conjunto de professores
do curso ou disciplina. Nesses casos, a avaliação também serve para avaliar o desempenho de
uma turma em relação a outras.
Alémde informar alunos e professores, os resultados dessas avaliações normalmente
são enviados para os pais ou responsáveis pelos alunos para que eles possam acompanhar o
seu desempenho e seus progressos.
O desempenho dos alunos também revela o desempenho do professor e a adequação
do curso. Ambos devem ser avaliados e devem ser tomadas medidas para aprimorá-los.
Como veremos a seguir, a avaliação somativa também deve se constituir numa avaliação do
professor e do curso.
A avaliação somativa verifica os mesmos tipos de desempenho que uma avaliação
formativa. Por isso, umaavaliação somativa costuma usar resultados parciais de avaliações
formativas feitas durante o ano.
O que sepretende é avaliar:
o nível de conhecimento adquirido pelo aluno, em relação a um determinado
programa de ensino epadrão esperado de desempenho;
os progressos realizados pelo aluno no período letivo;
se o aluno tem condições de passar para o próximo curso.
Uma avaliação somativa deve sempre avaliar resultados globais e mais amplos. Isso
significa, por exemplo, que uma avaliação somativa bem feita deve incorporar os principais
objetivos curriculares do ano letivo, tanto do ponto de vista cognitivo como metacognitivo,
afetivo e de desenvolvimento de outras habilidades e atitudes.
Outra característica da avaliação somativa é que interessa, de modo especial, avaliar se
a compreensão, a transferência de aprendizagem e os objetivos cognitivos de nível superior
foram alcançados. Deve examinar, de modo particular, a capacidade de o aluno integrar esses
conhecimentos, e não apenas acumulá-los de forma estanque. Essa avaliação, portanto, requer
instrumentos que são diferentes dos utilizados ao fim de cada etapa ou unidade.
Portanto, não basta somar resultados de avaliações intermediárias, porque
normalmente eles não oferecem evidência de que o aluno é capaz de compreender, relacionar
e aplicar os conhecimentos adquiridos num determinado período letivo. Além disso, induzir o
aluno a rever toda a disciplina ajuda a estruturar melhor os conhecimentos adquiridos e,
portanto, facilita sua posterior utilização e transferência.
Os resultados de uma avaliação somativa também devem servir para avaliar o
desempenho do professor e adequação do currículo ao nível dos alunos da escola. Numa
escola eficaz, o professor deve conseguir que todos os seus alunos alcancem, pelo menos, o
nível mínimo de desempenho estabelecido pela escola para aquela série ou turma, durante o
ano letivo. Mesmo que o ensino seja dividido em ciclos de maior duração, o aluno deve
demonstrar progressos mensuráveis, no período de cada ano letivo. Se isso não é alcançado,
será necessário rever estratégias, métodos e materiais até que se consigam os resultados
esperados. O professor também deve ser avaliado quanto à sua capacidade de lidar com a
diversidade dos alunos — os mais lentos, os médios, os mais talentosos, de forma a fomentar
sua autossuperação. Resultados que, consistentemente, demonstram mau desempenho devem
levar a escola a rever a atividade do professor.
Existem três formas mais usuais de avaliação somativa:
uma prova ou trabalho final;
uma avaliação baseada nos resultados cumulativos obtidos ao longo do ano letivo;
uma mistura das duas formas acima.
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Numa avaliação somativa cujo resultado afeta o destino do aluno (promoção,
reprovação etc.), normalmente se consideram não apenas os resultados de provas, mas outros
conjuntos de evidências que denotam esforço, progresso e desempenho do aluno. Esses dados
são importantes e devem ser levados em consideração, mesmo quando não possam ou devam
ser traduzidos em notas ou conceitos. O que interessa é saber se o aluno dominou
satisfatoriamente os objetivos do programa e se possui condições de enfrentar a etapa
seguinte.
Frequentemente, a única preocupação de alunos, professores e escolas é com a nota
final. Embora essa não seja a questão mais importante, não pode e não deve ser ignorada por
várias razões, sobretudo de ordem prática. As notas e conceitos são informações condensadas
e dizem relativamente pouco sobre o que o aluno aprendeu. Entretanto, 'num bom sistema de
avaliação, elas são uma forma eficaz, simples e prática de comunicar. Isso não impede que
notas e conceitos sejam acompanhados de outras explicações e comentários.Além disso,
notas e conceitos são uma forma deexplicitar critérios. Isso pode contribuir para diminuir um
pouco a subjetividade dos critérios e dar mais segurança a alunos, professores e pais.
A avaliação somativa mais usual nas escolas leva, em geral, a decisões do tipo:
aprovar/recuperar/ não aprovar.
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avaliação: as regras do trabalho pedagógico ficarão explícitas para todos os
envolvidos.
E o ―problema‖ da cola. Saída? Não sabemos. Mas encontramos uma contribuição que
particularmente nos fez pensar sobre o tema. Compartilhamos aqui: Se você tem medo
ou desconfia de que os alunos possam copiar durante a elaboração das respostas, há aí
um dado revelador de que a pergunta não vale a pena ser respondida. Se podem copiar
tão facilmente, é porque a pergunta não desafiava o pensamento original e pessoal,
nem precisava colocar à prova a própria inteligência. Menos ainda se se trata de uma
inteligência crítica, que tem a capacidade e a habilidade de questionar o valor do
conteúdo da pergunta que deve responder e o valor formativo da resposta que deve
elaborar, ou simplesmente recordar, reproduzir ou copiar .
Explicitar os objetivos que se pretendem que os alunos atinjam por meio do
instrumento avaliativo que será aplicado, por exemplo: se é um Seminário, ao
organizar o texto explicativo com os passos a serem percorridos, deixar claro os
objetivos para os alunos, com os critérios avaliativos para que cada estudante saiba
quais os aspectos que serão considerados em sua produção acadêmica. Se é uma prova
descritiva, apresentar também os objetivos deixando preferencialmente um espaço
para registrar os comentários e as intervenções do professor frente à análise da
correção da prova, como no exemplo abaixo:
18
III. AVALIAÇÃO REFERENCIADA A NORMA E A CRITÉRIO.
Quanto à comparação, a avaliação pode ser referenciada a norma ou a critério.
Vejamos as diferenças.
2
http://www.desenhodidatico.com.br/avaliacao-referenciada-a-norma-e-a-criterio/. Acesso 15 dez. 2018.
19
questões de um teste (nota 9), essa avaliação está referenciada a um critério pré-estabelecido,
relacionado ao domínio de conhecimentos abrangido pelo teste, e não à posição relativa do
aluno no grupo. Neste caso, o significado da nota obtida pelo aluno vai derivar do grau de
discrepância entre essa nota e o critério estabelecido, e independe das notas obtidas pelos
demais alunos da turma. O aluno que obtiver grau 9 ou superior será considerado ―aprovado‖,
―bem-sucedido‖ etc., enquanto o que obtiver grau abaixo de 9 será considerado ―não
aprovado‖, ―insuficiente‖ etc.
Não por acaso essa abordagem se originou do movimento pela proposição de objetivos
comportamentais e mensuráveis para as atividades formais de ensino, uma vez que esses
critérios devem ser estabelecidos nos objetivos, ainda na fase de planejamento.
Nesse modelo não é esperada uma grande variabilidade de resultados nos testes
aplicados. Se o ensino foi bem planejado, desenvolvido e ministrado, então o esperado é uma
alta concentração de resultados na parte superior da curva, ou seja, o intervalo de notas de 8 a
10. Isto significa que, se o ensino for bom, então todas as questões de um teste deverão ser
―fáceis‖, desde já inviabilizando o conceito de ―dificuldade prévia do item‖
Por que notas de 8 a 10? Por que não é razoável esperar desempenho perfeito dos alunos (nota
10) em todas as provas. Por outro lado, a nota 7 é contraproducente (afinal, para que ensinar
100% de um dado conteúdo se basta ao aluno aprender apenas 70% dele?). Assim, o mínimo
a ser proposto como critério de aprovação deveria ser 80%, sendo que o ideal seria uma
proposição de 90% de acertos.
Parece ser uma abordagem simples e fácil de implementar. Então por que ainda não é
utilizada pela grande maioria de instituições de ensino do nosso país? Porque não basta
apenas mudar o modelo de avaliação educacional. Não adianta tentar mudar para a avaliação
referenciada a critério se a cultura subjacente ao processo de ensino é toda ela orientada para
o modelo de distribuição normal. Enquanto professores e demais educadores acreditarem que
a variação no grau de aprendizagem dos alunos é um fato ―normal‖ e esperado, as tentativas
de implantar modelos de ensino e avaliação referenciados a critério não vão prosperar.
20
instrucional predeterminado (critério) e, assim, os seus escores refletem a sua maior ou menor
competência, independentemente do referencial formado pelo grupo a que pertencem.
No caso das medidas referenciadas a normas, a situaçãoem que ao empregadas
apresenta uma certa seletividade (Popham e Husek, 1969), impondo-se, portanto, uma
comparação entre as posições relativas dos diferentes sujeitos.
Quando, ao contrário, se deseja estabelecer determinada competência de um
indivíduo, as medidas referenciadas a critério são as mais indicadas. A diferença fundamental
entre as duas variedades de medidas está no tipo de informação que esses instrumentos
proporcionam ao avaliador, a fim de que tome decisões. Suponhamos, para exemplificar, que
após uma sequência instrucional foi aplicado um teste. Os resultados podem ser interpretados
como referenciados a normas ou a critérios.
Se o conjunto dos estudantes for considerado um grupo normativo, aqueles que se
situam acima de um desvio padrão da média receberiam conceito A. Aos demais seriam
atribuídos outros conceitos conforme as suas posições, em termos de desvios padrão e em
relação à média do grupo. A interpretação dos resultados, no presente caso, está sendo feita
com referência a uma norma, pois o desempenho de cada indivíduo foi comparado aos dos
outros elementos do grupo.
Se fosse estabelecido que apenas os estudantes que responderam corretamente a 90%
dos itens do instrumento prosseguiriam na sequência instrucional, o enfoque seria de medidas
referenciadas a critério. O padrão de desempenho mínimo aceitável é o critério, e o fato de o
estudante ter ou não conseguido alcançá-lo permitirá ao professor orientar o processo
instrucional e, portanto, a aprendizagem do aluno.
Ainda que não existam diferenças formais entre os itens utilizados nos dois
instrumentos de medida ora discutidos, os comportamentos dos construtores de testes variam
nas duas situações. Os testes referenciados a norma são construídos visando à coleta de
informações sobre diferenças entre indivíduos; assim, procuram obter o máximo de
discriminação. Os construtores de testes, portanto, esperam que os escores apresentem a
maior variabilidade possível. O conceito de variabilidade dos indivíduos é, assim,
pressuposto básico nessas medidas, o que está coerente com o seu principal objetivo: -
discriminar para estabelecer a posição relativa de cada indivíduo no seu grupo.
A abordagem é diferente nos testes referenciados a critério: - os itens devem
representar comportamentos definidos pelo critério. A facilidade ou dificuldade do item não é
requisito básico para o seu julgamento, o que importa realmente é o fato de traduzir situações
relevantes, que possibilitem demonstrar a aquisição dos comportamentos definidos pelos
objetivos instrucionais (Popham e Husek, 1969).
Um item respondido por todos ou quase todos os sujeitos seria considerado muito
fácil, e eliminado dos testes referenciados a normas; entretanto, no contexto dos testes
referenciados a critério, o item seria incorporado ao instrumento, desde que adequado a
verificar a concretização dos objetivos terminais, independentemente de todos o responderem
corretamente, pois não existe a preocupação de promover a variabilidade dos indivíduos, pelo
menos nos termos propostos pela teoria clássica dos testes, mas avaliar o que cada aluno já
aprendeu, o que ele já alcançou em termos do conhecimento verificado.
21
IV. A AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS E HABILIDADES.
Uma preocupação relevante hoje na educação é como ensinar e como avaliar
considerando as competências e habilidades. Essa questão está sendo cada vez mais discutida
em um esforço para que o processo de aprendizagem seja menos conteudista e mais focado no
desenvolvimento e preparação dos alunos para os desafios do mundo atual.
Nesse sentido, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) consiste um exemplo da
relevância de se pensar em um processo pedagógico baseado em competências e habilidades.
Isso porque o Exame tem como orientadora uma Matriz de Referência com descritores das
competências e habilidades.
Normalmente, as discussões, as orientações e os estudos sobre os dois termos são
pautados pela preocupação de suprir dificuldades e conhecimentos relacionados a essa Matriz.
Isso é extremamente relevante, mas é necessário pensar em competências e habilidades para
além dessa única orientação.
22
determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade. 3. Oposição, conflito,
luta.
Vamo-nos ater à segunda, que é pertinente à educação. Note que ―competência‖ é uma
qualidade de apreciar e resolver um problema, envolvendo a sua capacidade, habilidade,
aptidão e idoneidade. Indivíduos competentes, dentro das mais variadas atividades
profissionais, tendem a ser bem-sucedidos.
Na sociedade atual, as competências são essenciais para que o indivíduo tenha sucesso
em sua vida social e na carreira. A forma de conduzir suas relações, responsabilidades e
profissão são determinadas por sua capacidade de a cada dia conviver e resolver as situações
cotidianas, cujos resultados são totalmente dependentes da forma com que os seus problemas
são solucionados. O mercado de trabalho necessita de pessoas capazes de:
tomar decisões;
liderar;
resolver conflitos;
utilizar conhecimentos adquiridos ao longo do processo acadêmico.
O professor Vasco Moretto (2008) destaca um ponto fundamental em relação à
Competência: "Competência não se alcança, desenvolve-se. Competência é fazer bem o que
nos propomos a fazer".
De maneira resumida, podemos dizer que as competências no contexto educacional
dizem respeito à capacidade do aluno de mobilizar recursos visando a abordar e resolver uma
situação complexa. É o aluno saber saber ou saber conhecer. Competência é uma capacidade
de lançar mão dos mais variados recursos de forma criativa e inovadora, no momento e do
modo necessário. A competência implica uma mobilização dos conhecimentos e esquemas
que se possui para desenvolver respostas inéditas, criativas, eficazes para problemas novos.
Vejamos um exemplo: quando uma pessoa começa a aprender a dirigir, parece-lhe
quase impossível controlar tudo ao mesmo tempo: o acelerador, a direção, o câmbio e a
embreagem, o carro da frente, a guia, os espelhos. Depois de algum tempo, tudo isso lhe sai
tão naturalmente que ainda é capaz de falar com o passageiro ao lado, tomar conta do filho no
banco traseiro e, infringindo as regras de trânsito, comer um sanduíche. Adquiriu esquemas
que lhe permitiram, de certo modo, "automatizar" as suas atividades. Por outro lado, as
situações que se lhe apresentam no trânsito nunca são iguais. A cada momento terá que
enfrentar situações novas e algumas delas podem ser extremamente complexas. Atuar
adequadamente em algumas delas pode ser a diferença entre morrer ou continuar vivo.
Pensemos agora na nossa realidade como professores. O que torna um professor
competente?
Ter conhecimentos teóricos sobre a disciplina que leciona? Sem dúvida, mas não é
suficiente. Saber, diante de uma pergunta inesperada de um aluno, buscar nesses
conhecimentos aqueles que possam fornecer-lhe uma resposta adequada? Também. Conseguir
na sala de aula um clima agradável, respeitoso, descontraído, amigável, de estudo sério?
Conseguir isso em um dia no qual, por qualquer motivo, houve uma briga entre os alunos?
Esse professor manifestaria uma enorme competência no relacionamento humano.
Vasco Moretto (2008) destaca os componentes que caracterizam o professor
competente no avaliar:
Sabe que a prova é um momento privilegiado de estudo e não de um acerto de contas
– o professor precisa, então, conhecer os diferentes instrumentos para avaliar e da melhor
maneira utilizá-los.
Elabora bem as questões da prova – elaborar bem as questões é saber contextualizar de
acordo com os objetivos estabelecidos; é perguntar de forma clara e precisa; questionar
apenas os conteúdos relevantes e não pôr ―pegadinhas‖ para derrubar o aluno.
23
Administra valores culturais ligados à avaliação – o professor precisa ter mais recursos
para abordar uma situação complexa. Durante anos, foram construídos vários mitos sobre a
avaliação, especialmente sobre o conceito de prova:
só se estuda se houver prova;
só se estuda para a prova;
só se estuda se cair na prova;
Utiliza linguagem clara e precisa para o comando das questões – a linguagem é um dos
recursos fundamentais como indicador de competência do professor.
Cria ambiente favorável ao controle das emoções – todo professor sabe que o momento
da avaliação é aquele em que as emoções dos alunos entram em ebulição.
A confusão feita entre as definições de competência e desempenho acaba gerando
problemas no processo de ensino e aprendizagem.
O desempenho pode ser definido como um indicador da competência, ou seja,
serve para orientar professores e gestores se os alunos estão desenvolvendo as competências.
Entretanto, é importante ter em mente que desempenho fraco não é, necessariamente,
sinônimo de falta de competência. Nesse caso, o desempenho fraco pode ser motivado por
diferentes fatores como, por exemplo, o cansaço físico e mental do aluno no momento da
avaliação e a quantidade de horas que dormiu ou deixou de dormir no dia anterior à avaliação.
Assim, para avaliar se os alunos estão desenvolvendo de fato as competências, é
importante avaliar periodicamente seu desempenho e realizar as intervenções
pedagógicas sempre que necessário.
24
4.3 Como relacionar competências e habilidades?
Uma explicação para mostrar a relação prática entre competências e habilidades pode
ser feita a partir da leitura de um gráfico. O leitor deve ter capacidade de observar as
informações contidas neste, que serão associadas a conhecimentos desenvolvidos ao longo do
aprendizado, para que consiga ter uma compreensão que será utilizada para solução de uma
situação problema. Note que há conteúdos e habilidades envolvidos, ―informação e
conhecimento‖, para resolver o que foi proposto com competência.
Exemplo3: para ser um/a exímio/a artilheiro/a de futebol, há que se ter habilidades tais como:
trabalho em grupo, disciplina, comportamento esportivo, noções espaciais, noções sobre o
tempo da bola, condicionamento físico, técnicas de drible, passe, colocação em campo,
técnica de chute. Portanto, a competência de fazer gols implica a aquisição de múltiplas
habilidades.
25
A abordagem por competências não rejeita as disciplinas e nem as renuncia, mas
acentua a sua implantação. Alguns temem que desenvolver competências na escola levaria a
renunciar às disciplinas de ensino e apostar tudo em competências transversais e em uma
formação pluri, inter ou transdisciplinar. Este temor é infundado: a questão é saber qual
concepção das disciplinas escolares adotar. Em toda hipótese, as competências mobilizam
conhecimentos, dos quais grande parte é e continuará sendo de ordem disciplinar.
Fica evidente, a partir dessa afirmação, que o desenvolvimento de competências não é
incompatível com a tradicional organização disciplinar. A competência é encarada como
elemento capaz de tornar a aprendizagem mais significativa, possibilitando uma
(re)significação dos conteúdos curriculares que garanta a instrumentalização dos alunos
quanto às suas práticas sociais.
https://www.somospar.com.br/competencias-e-habilidades/
26
prática os conteúdos que aprendeu, compreendendo os processos mentais que o guiaram para
uma ou outra solução.
Por causa disso, um aluno que realiza a prova pode, mesmo sem ter coberto o
conteúdo apresentado em aula, acertar a questão: a ideia é justamente que ele utilize as
competências que possui – como análise, argumentação, discriminação – para trabalhar com
quaisquer que sejam os dados oferecidos.
As questões do Enem, por exemplo, são elaboradas segundo a Teoria de Resposta ao
Item. Isso significa que cada item orienta o educador quanto ao qual foi o raciocínio do aluno
ao resolver a questão. As alternativas testam várias possibilidades e não, como se poderia
imaginar, são acrescentadas aleatoriamente. Por exemplo, uma questão de Matemática e suas
Tecnologias não vai simplesmente apresentar uma conta a ser resolvida, mas uma situação-
problema: dessa forma, o aluno que apenas decorou os passos mecanicamente, mas não
desenvolveu as competências necessárias, não chegará à resposta correta – mas chegará a uma
alternativa que vai indicar essa dificuldade ao seu professor, que poderá avaliar habilidades e
encontrar as intervenções mais adequadas.
Teoria Clássica dos Testes (TCT) vs.Teoria de Resposta ao Item (TRI): Qual aplicar?
Depende da sua necessidade. Dados os objetivos e características de uma avaliação,
uma teoria pode ser mais adequada do que a outra. Ambas as teorias podem, à sua maneira,
ser ferramentas importantes para o desenvolvimento pedagógico dos alunos e para a estratégia
de gestão de escolas e redes.
27
unidade básica de análise e ao desenvolver a ideia de uma escala de referência, com todos os
benefícios que essas características proporcionam. Por outro lado, essa teoria exige
pressupostos mais rigorosos para ser utilizada, o que não a torna possível em qualquer
contexto.
COMPETÊNCI
AS
MATRIZ DE
REFERÊNCIA
HABILIDADE
S
ITENS
PROFICIÊNCIA
3
Acessar as matrizes: http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb/matrizes-e-escalas. Acesso 20 dez.2018.
28
Revendo:
Competências: Uma competência é determinada pela capacidade de mobilizar uma
série de recursos cognitivos (conhecimentos de conteúdos, princípios elementares,
processos etc.) em situações ou contextos diversos. Ele é formada por um conjunto de
habilidades.
Matriz de Referência: A Matriz descreve o objeto da avaliação. Ela é o referencial
das competências e habilidades que se espera que os estudantes desenvolvam nas
diversas áreas do conhecimento e etapas de ensino.
Habilidades: Cada habilidade está ligada ao princípio da ação, ao saber fazer alguma
coisa.
Itens: Cada item é uma questão calibrada estatisticamente que avalia uma habilidade.
Proficiência: A proficiência é uma síntese numérica do domínio apresentado pelo
estudante em relação a determinada competência.
4
file:///F:/Instrumentos%20de%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20-%20INEP.html. Acesso 20 dez. 2018.
29
O passageiro vai iniciar a viagem
(A) à noite.
(B) à tarde.
(C) de madrugada.
(D) pela manhã.
30
Ciça, In: Folha de São Paulo, 7 jul. 1985, Suplemento Mulher.
31
V. QUESTÕES.
Do latim quaestiōne-, «interrogatório; questão; investigação, a questão é um ponto a
ser discutido ou examinado.
Neste capítulo, vamos falar sobre níveis das questões de acordo com a Taxionomia de
Bloom e sobre objetivos e conteúdos escolares.
32
compreensão pela informação, sendo contextualizada
capaz de reproduzi-la por ideias e (representativa
palavras próprias. do cotidiano)
III APLICAÇÃO Refere-se à habilidade para fazer e Científica (base
usar abstrações em situações em conceitual,
situações particulares e concretas. princípios) e
contextualizada
(representativa
do cotidiano)
IV ANÁLISE R Refere-se à habilidade de estruturar Científica (base
informação, separando as partes das conceitual,
matérias de aprendizagem e princípios) e
estabelecer relações, explicando-as, contextualizada
entre as partes constituintes; (representativa
do cotidiano)
V SÍNTESE Trata-se da habilidade para combinar Científica (base
elementos e partes de modo a fazer conceitual,
um todo. O aluno deve exprimir as princípios) e
suas próprias ideias, experiências ou contextualizada
pontos de vista. Não há apenas uma (representativa
resposta correta. Qualquer resposta do cotidiano)
que englobe a expressão própria e
criativa do aluno vai ao encontro do
objetivo de síntese. Deve-se recolher
e relacionar informação de várias
fontes e formar um produto novo.
33
CONHECIMENTO COMPREEN APLICA ANÁLISE SÍNTESE AVALIA
SÃO ÇÃO ÇÃO
Apontar Descrever Aplicar Analisar Armar Ajuizar
Arrolar Discutir Demonstrar Calcular Articular Apreciar
Definir Esclarecer Dramatizar Classificar Compor Avaliar
Enunciar Explicar Empregar Comparar Constituir Eliminar
Inscrever Expressar Ilustrar Contrastar Coordenar Escolher
Marcar Identificar Interpretar Criticar Criar Estimar
Nomear Localizar Inventariar Debater Dirigir Julgar
Recordar Narrar Manipular Diferenciar Reunir Ordenar
Registrar Reafirmar Praticar Distinguir Formular Preferir
Relatar Traduzir Traçar Examinar Organizar Selecionar
Repetir Transcrever Usar Provar Planejar Taxar
Sublinhar Investigar Prestar Validar
Experimentar Propor Valorizar
Esquematizar
Fonte: https://www.biblioteconomiadigital.com.br/2012/08/a-taxonomia-de-bloom-verbos-e-
os.html. Acesso 15 dez. 2018.
34
Comparar / Confrontar: examinar simultaneamente a fim de conhecer as semelhantes,
diferenças ou relações. Pode-se apresentar, no enunciado da questão, termo de comparação,
isto é, o aspecto sob o qual a comparação deverá ser feita.
Comprovar: provar, novamente, uma proposição ou juntar as provas de sua verdade.
Conceituar / Definir: dizer em que consiste. Expor com palavras claras e precisas o
sentido exato e autorizado de um termo ou de um assunto.
Confirmar: afirmar, com outras palavras, o que já foi dito; ratificar, corroborar.
Contestar: negar a exatidão de proposições, testes, opiniões, argumentos, etc.
Contradizer: opor-se; alegar o contrário provando a nova tese com contra-argumentos.
Contrapor: pôr contra, opor, apresentar em oposição, reconhecendo e indicando as
características próprias de cada um dos elementos contrapostos.
Criticar: julgar com critério, com discernimento, analisando o lado positivo e o negativo.
Deduzir / Inferir: gerar uma informação nova a partir de uma informação anterior, em um
determinado contexto, ou seja, raciocinar a partir da análise de dados fornecidos.
Demonstrar: apontar, por meio de evidências, a verdade de um fato, de um ponto de vista,
de uma posição.
Denominar: nomear.
Descrever: apresentar características particulares, distintivas, possibilitando uma
visualização daquilo que está sendo escrito. A descrição é um processo de construção de uma
imagem em que o observador mostrará sua percepção, sua impressão, enfim, seu ponto de
vista do objetivo escrito, podendo ou não - dependendo da proposta – estar direcionada a um
determinado texto. Descrever é ―pintar com palavras‖.
Determinar: indicar com exatidão, precisar, especificando características próprias;
resolver operações matemáticas.
Diferenciar: dar a cada um seu correspondente e legítimo valor; assinar por alguma
diferença. Ex: Esse é um detalhe importante para diferenciar uma célula vegetal de uma célula
animal".
Discutir: analisar uma questão, um problema, um assunto pelo exame das razões e provas
controversas.
Dissertar: discorrer sobre um assunto, ordenando as ideias, justificando-as e relacionando-
as com o fim de persuadir (convencer) o leitor ou interlocutor. Em uma argumentação, não é
suficiente expor um ponto de vista; é imprescindível apresentar razões e evidências que o
comprove e o sustente a fim de persuadir o eleitor ou interlocutor.
Distinguir: é o mesmo que diferençar, discriminar, dividir, separar. Ex: Faz-se
necessário distinguir o bem do mal.
Enumerar: listar fatos, dados, evidências, características, argumentos, especificando um a
um.
Esclarecer: elucidar, tornar claro, compreensível o sentido de uma afirmação, um
pensamento, uma ideia, um fato.
Explicar: dar a conhecer ou expor fatos, fenômenos resultados de experiências, pontos de
vista, interpretações, afirmações, argumentos, textos, etc., com clareza, fornecendo razões
para as opiniões emitidas. Explicar implica, necessariamente, manter fidelidade ao tema
central, buscando a clareza de exposição numa sequência lógica de raciocínio. Devem-se
utilizar as próprias palavras para mostrar o que compreendeu do texto. Por isso, devem-se
evite cópias e pensar bem na estrutura do que se vai escrever antes de começar, sem frases
desconexas (sem sentido).
Explicitar: tornar explícito, declarado, preciso o sentido do que se quer dar a conhecer.
Retirar a ambiguidade, o duplo sentido.
Extrapolar: ir além dos dados fornecidos para determinar outras possíveis implicações e
consequências, a partir de um determinado contexto, dado pelo enunciado.
35
Generalizar: estender um conceito a todos os casos em que se pode ser aplicado.
Identificar: reconhecer e apontar os elementos fundamentais ou as principais
características de um objeto, situações, acontecimentos, fenômenos, épocas, pensamentos
argumentações, etc. Expor de maneira sucinta. Deve-se voltar ao texto, localizar o que se pede
e apontar que reconheceu o que foi pedido. Poder-se-á, então, explicar com suas próprias
palavras ou transcrever.
Ilustrar: explicar usando figura, foto, diagrama, gráfico, um exemplo concreto.
Interpretar: expor, com clareza e objetividade, o sentido que tem para nós, dentro de um
determinado contexto, fatos, resultados de experiências, dados de gráficos, tabelas, figuras,
desenhos, mapas, palavras, afirmações, etc. a fim de mostrar uma compreensão de assunto.
Investigar: conhecer melhor uma área especifica por meio da análise, da comparação e da
conceituação.
Julgar: decidir como juiz; formar juízo crítico; avaliar de acordo com determinados
padrões e critérios para concluir sobre o valor do assunto proposto.
Justificar: explicar acontecimentos, resultados de experiências, fenômenos, opiniões,
interpretações, decisões, etc., apresentando suas origens e seu desenvolvimento com a
finalidade de comprovar a veracidade ou exatidão das proposições. Em outras palavras,
justificar é provar, fundamentar, dar razões convincentes buscando comprovar a veracidade de
um fato, de uma opinião. A justificativa difere da explicação, pois implica a análise e defesa
de possíveis aspectos contraditórios. Deve-se voltar ao texto e buscar argumentos que provem
a explicação inicial, ou seja, neste enunciado, a resposta deve basear-se nos elementos do
texto que comprovem o porquê de a explicação estar correta.
Narrar: contar a evolução cronológica de um fato ou de uma sucessão de fatos reais ou
imaginários.
Parafrasear: transformar em palavras próprias as palavras do texto sem comentários
marginais, sem nada a acrescentar, sem nada a omitir do que seja essencial.
Questionar: discutir um assunto, perguntar-se pelos seus aspectos controvertidos.
Relacionar: estabelecer relação, confrontar. No enunciado da questão, deve-se dar o
aspecto sob o qual objetivos, fatos, fenômenos, acontecimentos, ideias, textos, etc. deverão ser
relacionados ou confrontados.
Relatar: contar, de forma breve, acontecimentos reais ou fictícios.
Resumir: distinguir as ideias centrais de um texto das secundárias, ―enxugando-o‖,
obtendo assim a síntese que corresponde à compreensão do que foi lido.
Traduzir: reproduzir uma comunicação em outra língua mudando-se apenas a forma de
comunicação e não o conteúdo, que deve manter fidelidade ao texto original.
Transcrever: copiar o que se pede tal como está no texto original. (Abrir e fechar aspas
antes do ponto final). 5
5
www.teresavalse.com.br/Arquivos/downloadAction.do?&actionType=download. Acesso 15 dez.
2018.
https://portuguesvillare.webnode.com.br/news/verbos-de-comando/Acesso 15 dez. 2018.
36
Níveis III e IV (aplicar e analisar) - Médio
Níveis V e VI (sintetizar e avaliar) - Difícil
Não nos vamos atentar, aqui, para esse grau de dificuldade. Consideramos que, se os
objetivos de um processo de ensino indicam que os alunos precisam aprender a analisar,
sintetizar e/ou avaliar alguma coisa (níveis mais altos da Taxonomia de Bloom), então essas
competências precisam ser bem ensinadas a fim de que os alunos possam ir bem nas provas e
demonstrar que o ensino foi bem-sucedido. Desse modo, mesmo nesses níveis da taxonomia,
as questões deveriam ser ―fáceis‖ para os alunos.
O que a taxonomia de Bloom faz é organizar, segundo critérios pré-definidos, o grau
de complexidade dos conteúdos cognitivos a serem aprendidos. Isso não tem ligação direta
com o grau de dificuldade das questões de avaliação. O fato de uma questão ser classificada
como de Nível I (Recordação) não a torna metodologicamente mais fácil que uma questão de
Nível 4 (Análise). Você diz ―se uma questão fácil (de acordo com a taxonomia) apresentar um
alto índice de dificuldade (baixo índice de acertos na avaliação)‖. Nãoexiste esse conceito de
―questão fácil de acordo com a taxonomia‖.
O grau de dificuldade da questão deve depender do planejamento do ensino, dos
métodos de ensino, dos materiais utilizados, da atuação do professor etc. Não pode ser
determinadoA PRIORIpor nenhum método ou taxonomia.Só faz sentido calcular o grau de
dificuldade dos itens após a aplicação da prova.
Em atividades e avaliações, as questões exigem certas habilidades do domínio
cognitivo (competência cognitiva: modalidades estruturais da inteligência, isto é, operações
que o sujeito realiza para estabelecer relações com e entre os objetos, situações, fenômenos e
pessoas), necessárias para respondê-la corretamente. É comum que grande parte da
dificuldade ao interpretar textos esteja relacionada com a compreensão do que se pede nos
enunciados das questões.
37
A ideia básica aqui é: o professor deve ir ajustando o processo e as condutas cada vez
que seus―óculos conceituais‖ – por meio dos quais observa a realidade, visualizarem sua
necessáriaintervenção.
Assim sendo, as questões devem ser os veículos por meio dos quais estas adequações
sematerializem.
A seguir serão apresentadas suas principais características:
Objetividade: delimitar-se ao que é pretendido para não fugir do foco.
Relevância: incluir conhecimentos que sejam essenciais à formação do aluno.
Fidedignidade e Validade: dizem respeito ao rigor, a precisão e a finalidade do que se avalia.
Utilidade: algo é útil quando é capaz de satisfazer a necessidade para a qual foi criado. Nesse
caso aquestão deve contemplar esse requisito.
Pertinência e Oportunidade: referem-se à adequação com os objetivos propostos e
àscircunstâncias de sua aplicação.
Interdisciplinaridade: tem a ver com integração de áreas de conhecimento numa proposição
ousolução de problemas.
Contextualização: está relacionada ao contexto e ao cotidiano.
Toda avaliação deve estar baseada em uma Matriz de Referência, que servirá de apoio
e direção parao que deve ser exigido do aluno. Isto é, o currículo do curso como um todo e os
componentescurriculares de cada série/semestre devem ter um conjunto de competências e
habilidadesesperadas dos alunos.
Nesse sentido, o plano de ensino será um valioso instrumento de trabalho do docente
ao prever osdescritores desejáveis em cada unidade do conteúdo, de modo a facilitar todas as
escolhas dodocente sobre o quê, como e para que perguntar ao aluno.
Projeto pedagógico.
Unidade de ensino.
Conteúdo programático.
38
c) analisar a operação mental que envolve a resposta;
d) definir a situação problema a ser trabalhada no item, considerando os diferentes níveis de
habilidades ou conhecimentos;
39
vivenciadas pelos alunos e pela escola, que podem ser utilizados para dar vida e significado
ao conhecimento.
O termo contextualização significa a ação de contextualizar, de constituir articulações
entre o objeto em estudo e o contexto considerado. Desse modo, a contextualização não é uma
constituição por si só, mas dependente do sujeito que contextualiza e da concepção de
contexto que ele considera.
A contextualização pode ser avaliada como necessária para o processo de ensino.
Atualmente, crê-se que os estudantes devam desenvolver a capacidade de estabelecer
conexões entre os conhecimentos adquiridos na escola e sua utilidade, empregando os
conhecimentos construídos no âmbito escolar para saber lidar, da melhor forma possível, com
essas situações.
Nesse sentido, a contextualização não deve ter como referências as mesmas
concepções limitadas de contexto, tampouco desconsiderar ou descartar a importância da
técnica e da compreensão no processo de ensino matemático, mas devem-se superar esses
aspectos hoje disseminados.
Segundo Lopes (2002) ―contexto restringe-se ao espaço de resolução de problemas por
intermédio da mobilização de competências‖. Desse modo, a aprendizagem de forma
contextualizada objetiva a aquisição de conhecimento do estudante por meio da mobilização
de competências para encontrar a solução de problemas, transferindo essa capacidade para
solução de problemas em contextos sociais.
Elaboração das questões contextualizadas. (ver capítulo 6 item 5 para as questões de múltipla
escolha)
Principal causa de morte entre idosos, as quedas podem diminuir com exercíciosfísicos.
40
que 1,5 milhão de crianças morra a cada ano, sobretudo empaíses em desenvolvimento, em
decorrência de doenças diarreicas.No Brasil, as doenças de transmissão feco-oral,
especialmente as diarreias,representam, em média, mais de 80% das doenças relacionadas ao
saneamentoambiental inadequado (IBGE, 2012).Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br.
Acesso em: 26 jul. 2013 (adaptado)..
Com base nas informações e nos dados apresentados, redija um texto dissertativo acerca
daabrangência, no Brasil, dos serviços de saneamento básico e seus impactos na saúde
Comando dapopulação. Em seu texto, mencione as políticas públicas já implementadas e
apresente uma propostapara a solução do problema apresentado no texto acima. (valor: 10
pontos)
Fonte: Adaptado de:
http://www.kennedy.br/arquivos_up/documentos/346b7cf4994455bfd50ea07aa38eda86.pdf.
Acesso 03 maio 2019.
Observe o gráfico a seguir. Ele representa o número de africanos que foi trazido para o Brasil
em diferentes épocas. Em seguida, responda às questões.
De acordo com o gráfico, em qual século foi trazido o maior número de africanos para o
Brasil?
Fonte: Adaptado de:
http://www.kennedy.br/arquivos_up/documentos/346b7cf4994455bfd50ea07aa38eda86.pdf.
Acesso 03 maio 2019.
O vulcão é uma montanha que foi empurrada para fora da terra. Mas porque isso acontece?
No interior do planeta, existem placas (chamadas placas litosféricas). O movimento destas
placas mandou para fora essas montanhas.O aumento da quantidade de lava (rocha líquida)
pressiona o magma para fora da crosta terrestre.Quando esta pressão se torna muito alta, o
magma é expulso para fora.O Brasil tem um título inédito nesta área. É o país com o vulcão
mais antigo do mundo formado pelo sistema de caldeiras vulcânicas e está localizado na
41
Amazônia, entre os rios Tapajós e Jamanxin. Sabe quantos anos tem esse vulcão? 1,9 bilhão
de anos!!!
Responda às questões:
1) É correto afirmar que os vulcões se localizam nas áreas de encontro de duas placas
litosféricas?Justifique sua resposta:
2) Comente alguns dos efeitos destruidores que os vulcões podem provocar.
Fonte: Adaptado de:
http://www.kennedy.br/arquivos_up/documentos/346b7cf4994455bfd50ea07aa38eda86.pdf.
Acesso 03 maio 2019.
Uma revista lançou a seguinte pergunta em um editorial: ―Você pagaria um ladrão para
invadir sua casa?‖. As pessoas mais espertas diriam provavelmente que não, mas companhias
inteligentes de tecnologia estão, cada vez mais, dizendo que sim. Empresas Texto-Base com a
Google oferecem recompensas para hackers que consigam encontrar maneiras de entrar em
seus softwares. Essas companhias frequentemente pagam milhares de dólares pela descoberta
de apenas um bug – o suficiente para que a caça a bugs possa fornecer uma renda
significativa. As empresas envolvidas dizem que os programas de recompensa tornam seus
produtos mais seguros. ―Nós recebemos mais relatos de bugs, o que significa que temos mais
correções, o que significa uma melhor experiência para nossos usuários‖,afirmou o gerente de
programas de segurança de uma empresa. Mas os programas não estão livres de controvérsias.
Algumas empresas acreditam que as recompensas devem apenas ser usadas para pegar
cibercriminosos, não para encorajar as pessoas a encontraras falhas. E também há a questão
de double-dipping – a possibilidade de um hacker receber um prêmio por ter achado a
vulnerabilidade e, então, vender a informação sobre o mesmo bug para compradores
maliciosos.Disponível em: http://pcworld.uol.com.br. Acesso em: 30 jul. 2013 (adaptado)
42
3. Múltiplos Itens. - Apresenta uma situação, estudo de caso,situação-problema ou problema
e, em seguida,afirmações pertinentes ao contexto apresentado. O estudante deverá julgar cada
uma das afirmações para, em seguida, escolher uma alternativa em uma ―chave de respostas‖.
Comando Com base nas informações da tabela apresentada, avalie as afirmações a seguir:
I. O setor com o melhor desempenho em termos percentuais foi o da Administração Pública,
com a geração de 7 490 postos de trabalho entre 2010 e 2011.
Alternativas II. De uma forma geral, comparando-se os dados de gênero, as mulheres vêm
ocupandomais postos de trabalho na Administração Pública e perdendo postos na Construção
civil.
III. Entre 2010 e 2011, o aumento na distribuição dos postos de trabalho entre homens e
mulheres foi mais equilibrado que o ocorrido entre 2009 e 2010.
IV. O setor com o pior desempenho total entre 2010 e 2011 foi o da Agropecuária,extração
vegetal, caça e pesca, que apresentou aumento de somente 7 postos de trabalho.
V. Entre 2009 e 2010, a diminuição dos postos de trabalho, na construção civil, foi um reflexo
da crise enfrentada pelo setor, neste mesmo ano.
É correto apenas o que se afirma em
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.
Fonte: Adaptado de:
http://www.kennedy.br/arquivos_up/documentos/346b7cf4994455bfd50ea07aa38eda86.pdf.
Acesso 03 maio 2019.
43
4. Asserção-Razão- Apresenta como núcleo básico duas afirmações, interligadas pela palavra
―porque‖. As duas afirmações podem ou não estabelecer relação de causalidade entre si. O
estudante deve ser capaz de julgar as duas afirmações para Exemplo de Questão Asserção-
Razão identificar se são corretas ou incorretas. Ambas as asserções podem ser corretas, uma
delas incorreta ou as duas incorretas. Posteriormente, no caso de as duas afirmações serem
corretas, o estudante deve ser capaz de identificar se há relação de causalidade entre elas.
44
Estrutura da Questão de Múltipla Escolha (ver capítulo 6, item 5).
Situação-problema/texto-base/Contextualização.
Constitui-se da situação problemática que é a motivação da questão– podem ser
utilizados textos, figuras, tabelas, gráficos, etc. semprere ferenciados ABNT).
Não poderá ser utilizado livro didático como fonte.
A referência bibliográfica utilizada deve ser fidedigna. Entende-se por fonte fidedigna,
o texto-base que seja recuperável em pesquisa pela Internet ou em material impresso
de ampla divulgação. Em ambos os casos, o texto-base deverá estar conforme a
redação no original e não poderá ser tradução livre.
Em caso de adaptação, esta não deve alterar o sentido global na fonte primária– dê
preferência a situações-problema que exijam reflexão e tomada de decisão.
Deve-se evitar a exigência de informações simplesmente decoradas,como fórmulas,
datas, termos, nomes, enfim, detalhes que não avaliam a habilidade, mas privilegiam a
memorização.
Enunciado.
Apresente o enunciado com todas as informações técnicas necessárias à realização do
item.
Não deve apresentar informações adicionais ou complementares ao texto-base.
Inclui-se uma instrução clara e objetiva da tarefa a ser realizada pelo aluno.
Pode ser expresso como pergunta ou frase a ser completada pela alternativa correta.
Redija o enunciado sempre na forma afirmativa
Utilize, preferencialmente, termos impessoais: ―calcula-se‖, ―considera-se‖,
―argumenta-se‖.
Alternativas.
Não utilize: Nenhuma das Respostas Anteriores ou Todas as Anteriores.
As alternativas não devem ser longas e repetitivas.
As alternativas não devem empregar elementos que levem à resposta correta por
exclusão.
Não se deve tornar uma alternativa falsa pela inclusão da palavra NÃO.
As opções erradas – distratores- devem ser plausíveis e fazer parte do contexto do
item.
45
Dentro de três sacola idênticas foram colocados
objetos de pesos a, b e c. Com isso, o peso da Sacola 1
ficou menor que o peso da Sacola 2, que por sua vez
ficou menor que o peso da Sacola 3. Qual das
desigualdades abaixo é verdadeira?
A) a<b<c
B) a<c<b
C) b<a<c
D) b<c<a
E)c<a<b
Na questão acima é elucidada uma problemática em que não agrega componentes para
auxiliar na compreensão da questão como se fosse contextualizada, inclusive indicando letras
para denominar objetos dentro das sacolas.
Fonte: periodicos.ufes.br/kirikere/article/download/17672/13607
Exemplo 2.
Um estudante sabe que um avião decola sob um ângulo de 30º em relação ao solo. Ele
percebe que o avião está a 500 metros do solo, determine a distância do avião ao seu ponto de
decolagem.
A situação consiste em um contexto impossível porque se admite que o estudante é
consciente do valor do ângulo em relação ao solo pseudocontextualização para uma
modelagem em trigonometria no triângulo retângulo.
Fonte: periodicos.ufes.br/kirikere/article/download/17672/13607
O que são "conteúdos escolares"? É tudo aquilo que nossa sociedade acredita que
precisamos aprender para desenvolver nossas possibilidades. Normalmente, essa seleção é
conhecida no universo escolar pelo nome de currículo.
De modo geral, podemos dizer que há quatro conteúdos escolares principais: a
aprendizagem de fatos, acontecimentos, eventos; a formação de conceitos sobre a realidade
física e social e o estabelecimento de relações entre esses conceitos, que permitam criar
princípios amplos; a utilização de caminhos para se chegar a um determinado fim, que
chamamos de métodos e procedimentos; a construção de valores, atitudes e normas de
conduta.
46
Precisamos, enfim, ensinar os alunos a raciocinar com base em conhecimentos sólidos
e valores sociais e democráticos.
6
A famosa ―decoreba‖ consiste em um processo mecânico de fixação de um determinado elemento ou
sequência de elementos por meio de de muita repetição, sem que aquilo seja de fato analisado e
compreendido pelo cérebro. É um método mais ―intuitivo‖ para algumas pessoas, mas que não
costuma ser muito eficiente para armazenar grandes volumes de informação e que não tem grande
durabilidade. Em poucos dias ou semanas você já esqueceu tudo que decorou em determinado
momento.
A memorização, por outro lado, é um processo consciente. Para desenvolvê-la, é preciso que a sua
leitura seja a mais eficiente possível, ou seja, que você compreenda e absorva o máximo de conteúdo
por meio de dela. Esse caminho é mais demorado, visto que requer muito mais foco e dedicação, mas
os resultados tendem a ser muito mais eficientes e duradouros do que uma mera decoreba.
47
VI. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO.
Instrumentos de avaliação são recursos utilizados para coleta e análise de dados no
processo ensino-aprendizagem visando a promover a aprendizagem dos alunos. Mais que o
instrumento, importa o tipo de conhecimento que se põe à prova, o tipo de perguntas que se
formula, o tipo de qualidade (mental ou prática) que se exige e as respostas que se espera
obter conforme o conteúdo das perguntas ou problemas que são formulados.
Entre as perguntas mais frequentes que os professores fazem a respeito de avaliação se
destacam:
A avaliação deve ser contínua? O que significa avaliação contínua?
O professor deve dar prova?
O que medem as provas?
A avaliação deve ser individual ou pode ser coletiva?
Os testes devem ser feitos com consulta?
Os itens de prova devem ser objetivos ou subjetivos?
Como deve ser feita a avaliação?
Como atribuir notas?
Vamos responder a essas perguntas ao longo deste capítulo.
48
6.1.2Vocabulário.
No início da aula em que será lido um texto, o professor pode escrever no quadro
algumas palavras novas que serão usadas na aula, pedir aos alunos que respondam ao que
sabem ou olhem no dicionário. O professor estará avaliando o conhecimento de vocabulário,
capacidade de consultar o dicionário ou de aprender o significado de palavras no contexto.
Todo aluno deve ser ―alfabetizado‖ em todas as disciplinas, pois elas possuem vocabulário
específico de cada campo do conhecimento. O professor não deve partir do princípio de que o
aluno já sabe o significado de determinada palavra, a não ser que ela já tenha aparecido
anteriormente e seu significado verificado.
6.1.3Objetivos e pré-requisitos.
Ao apresentar os objetivos e assegurar, com perguntas, que os alunos dominam os pré-
requisitos para cadaaula, o professor estará fazendo avaliação formativa, o que o ajudará a
definir por onde começar sua nova aula.
6.1.5Reforço e metacognição.
Perguntas e respostas desempenham um importante papel de reforço e de
desenvolvimento de estratégias de metacognição.Primeiro, servem de modelo. O hábito de
perguntar e a forma de perguntar do professor são percebidos pelos alunos. Eles aprendem o
que é importante e o que não o é. Se o professor só faz perguntas triviais de informação, o
aluno vai perceber isso. Se o professor faz perguntas que levam a pensar, o aluno vai aprender
a pensar.
Segundo, têm um valor vicário. Vicário é o substituto, o que faz o papel do outro. Um
aluno aprende por meio da pergunta do professor e da resposta do colega. O professor não
precisa perguntar tudo a todos os alunos. Uma das formas de aumentar esse valor "vicário" é
fazer uma pergunta primeiro, dar tempo para todos pensarem e depois dirigir a pergunta a
algum aluno. Nesse sentido, tanto as perguntas que o professor faz, "de verdade", quanto as
perguntas a que ele mesmo responde têm um valor pedagógico e, portanto, formativo.
49
Terceiro, as perguntas têm valor de reforço. Na maioria das vezes, as perguntas do
professor devem ser respondidas por todos ou por alguns colegas. Isso serve para que os
alunos compreendam que todos podem aprender. Perguntas a que ninguém sabe responder
também podem ser úteis — desde que o professor saliente esse aspecto de "desafio" e, mais
tarde, permita que os alunos reformulem e completem suas respostas tentativas ou provisórias.
6.1.6Leitura.
Ensinar a ler com proficiência 'e compreensão é um dos objetivos mais importantes de
qualquer escola. Avaliar a competência individual de leitura dos alunos é essencial para
"formar" essa competência. Isso é muito mais importante nos primeiros anos de escolaridade,
mas, em anos posteriores, essa avaliação deve ser feita e, se necessário, providências devem
ser acionadas para que o aluno adquira um ritmo de leitura com compreensão, compatível
com o nível da turma.
Nos anos do fundamental I, cabe à avaliação formativa estabelecer metas de
velocidade de leitura que os alunos deverão obter, a cada período letivo. A avaliação do ritmo
deve estar associada ao nível de complexidade dos textos e a sua compreensão. Pelo ritmo e
pela capacidade de compreensão de leitura, o professor poderá obter informações importantes
para calibrar suas aulas posteriores. O ato de ler é obrigação de todo professor, não só do de
português.
50
critérios podem ser permanentes ou feitos sob medida para cada tarefa. Dessa forma, os
alunos vão aprendendo a avaliar os outros e também a se autoavaliar, inclusive em aspectos
referentes a comportamentos, atitudes e processos.
6.1.8Resumos e revisões.
Ao fim de cada etapa da aula e ao fim da aula, revisões devem ser feitas pelo
professor. Essas revisões ajudam o professor a aquilatar o nível de compreensão dos alunos.
Podem ser feitas de forma verbal ou não verbal, usando esquemas, gráficos ou outras formas.
Podem implicar a aplicação do conhecimento.
Também nesta oportunidade, é importante o professor aquilatar como diferentes
alunos (mais rápidos, médios, mais lentos, etc.) captaram os objetivos da aula. A avaliação
formativa que claramente não funciona é perguntar para os alunos, no último segundo da aula:
"todo mundo entendeu?", mas é importante fazer perguntas objetivas quanto ao conteúdo. ―O
que foi aprendido sobre....?‖, ―O que podemos deduzir do que foi dito sobre...?‖.
51
É importante que o professor só cobre o conteúdo que foi finalizado em termos de apreensão.
Isto é, o conteúdo já apresentado (a partir do concreto, o conhecimento novo é apresentado),
assimilado (o aluno é capaz de comparar o novo com o velho, distinguindo semelhanças e
diferenças), generalizado (além das experiências concretas, o aluno é capaz de abstrair
chegando a conceitos gerais) e aplicado (por meio de exercícios, o aluno evidencia o que
aprendeu).
Normalmente, a maioria dos alunos se interessa, na melhor das hipóteses, por saber a
nota da prova. Esse é um comportamento aprendido —já que normalmente a "avaliação"
escolar se confunde com a prova, e a única informação que é dada aos alunos e seus pais é a
nota. Obviamente, isso pode e deve ser modificado.
O mais importante é dar ao aluno uma retroalimentação a respeito do que ele fez— seja
um trabalho, uma prova, uma apresentação. Quanto mais detalhado, positivo, e construtivo
melhor a retroalimentação Por vezes, isso pode exigir que o professor aponte o erro, mas não
52
basta. É preciso detectar as causas do erro e as estratégias que o aluno deve fazer para superar
as limitações ou dificuldades. Portanto, o resultado mais importante da prova deve ser a
qualidade da retroalimentação — e não o número de questões certas ou a nota. A
retroalimentação pode ser dada individualmente, por escrito, ou coletivamente, por meio de
comentários pessoais ou gerais a respeito dos aspectos mais comuns (acertos e erros) que o
professor encontrou.
Em todos esses casos, a avaliação deve fornecer ao professor indicações claras a
respeito do nível de desempenho dos alunos e suas principais lacunas, e fornecer aos
alunos indicações precisas sobre suas lacunas e sobre as formas como podem superá-las.
Uma dessas formas é planejar e ministrar aulas de recuperação a partir dos problemas
encontrados nas avaliações. Uma vez detectados os maiores problemas da turma, ou de
alunos específicos, a avaliação pode ser usada como estratégia para ensinar aquilo que
eles não aprenderam anteriormente.
1. Prova oral.
As provas orais podem ser utilizadas para avaliar inúmeros itens, como: profundidade
e extensão dos conhecimentos, atitudes e habilidades de se expressar oralmente.
Possibilidades e limites.
Permite avaliar a capacidade reflexiva e crítica dos alunos
É importante no ensino de línguas (pronúncia e fluência)
Fornece amostra reduzida do cabedal de conhecimentos do aluno
Exclui-se o fator sorte ou adivinhação
As perguntas devem ser elaboradas cuidadosamente, considerando-se o grau de
dificuldade em relação ao conteúdo que se constitui em objeto de avaliação
Recomenda-se:
A gravação durante a realização da prova, ou a presença de um monitor;
Manter diálogo vivo com o aluno (não peça para que ele disserte sobre um tema vago
e genérico).
Procurar formular a todos os alunos perguntas referentes a todas as unidades
relevantes do conteúdo
Registrar o valor das respostas simbolicamente, isto é, por convenções.
Evitar as perguntas de caráter puramente informativo. Formular questões que exijam
reflexão (comparação, crítica, análise, síntese e conclusões).
2. Seminários.
O seminário é um método de estudo. O objetivo último de um seminário é levar todos
os participantes a uma reflexão aprofundada de determinado problema a partir de textos e em
equipe. Sendo assim, todos os participantes têm de ter contato com o texto básico e saber
substituir o colega encarregado de determinado tópico. Todos devem saber a mensagem
central do texto. Igualmente, todos devem estar preparados para julgamento e crítica do texto,
53
além de estar preparados para fazer perguntas sobre o texto para os ouvintes (instigando o
raciocínio dos participantes).–
Objetivos do seminário: investigar um problema; um ou mais temas sob diferentes
perspectivas visando a aprofundar a compreensão; analisar criticamente o tema ou ideias dos
autores estudados (não é reprodução); propor alternativas para resolver as questões
levantadas; instaurar o diálogo crítico, estimulando a produção do conhecimento de forma
cooperativa
Equívocos mais comuns em Seminários: substituição do monólogo do professor
pelo do aluno; extrema divisão do trabalho ―em partes‖; ausência de interação; deter-se em
superficialidades (algo não problematizante)
Papel do Professor: explicitar objetivos; sugerir temas; assessorar os alunos;
recomendar bibliografia mínima e complementar; discutir critérios avaliativos; orientar alunos
na busca de fontes de consulta; explicitar os critérios de avaliação; formular questões;
preparar o calendário; prever (com a turma) a organização da sala para as datas do Seminário
Papel dos alunos: investigar o (s) tema(s), estudando com profundidade; desenvolver
pesquisas; planejar questões críticas, visando discutir; argumentar; contra-argumentar;
encaminhar conclusões; participar da avaliação cooperativa da apresentação dos colegas da
turma durante todo o Seminário; providenciar os materiais necessários e meios de
comunicação necessários (textos e materiais prévios para a turma com antecedência:
relatórios, artigos, monografia, pôsteres, folders, etc); definir papéis para o momento da
apresentação; dinamizar a apresentação (o trabalho também deve ser apresentado por escrito:
relatório ou síntese com cópias).
Atribuição das ―notas‖: Uma das questões mais polêmicas na avaliação dos
Seminários é a atribuição das ―notas‖, tendo em vista que o trabalho geralmente é em grupo.
Muitos professores optam em valorizar a atuação de cada aluno individualmente,
considerando também o envolvimento cooperativo no grupo. Há a possibilidade didática de se
organizarem os critérios avaliativos do Seminário com a turma (por exemplo: no Seminário
serão considerados a produção do artigo, a apresentação do trabalho em sala no dia marcado,
a pesquisa de campo, a ficha de autoavaliação, e assim os valores são atribuídos para cada
aspecto). O professor avalia todos esses aspectos e atribui uma nota única (por exemplo, nota
9,0). Multiplica-se a nota 9,0 pelo número de alunos presentes na equipe (se a equipe era
composta por 6 alunos, a nota será 54). O professor entrega então a sua análise dos critérios
observados para o grupo dividir a nota (54) entre si, ou seja, os próprios alunos irão discutir,
proceder uma autoavaliação e buscar o senso de fidedignidade (tão difícil) objetivando
atribuir, obviamente, a maior nota para o colega que, de fato, assim mereça.
Vantagens do seminário: Uma vantagem do Seminário em relação aos demais
instrumentos é que o professor pode avaliar o aluno em conjunto com os demais alunos, de
uma forma didática, realizando a avaliação durante a aula, sem perder tempo com os registros
individuais. Porém, o cuidado a ser tomado é no sentido de ―não desvirtuar a prática do
Seminário pelo espontaneísmo que às vezes é praticado pelo professor, ao não interferir nas
apresentações. ―Ele deve intervir, assim como o ambiente instituído em aula deve ser
favorável à intervenção dos demais alunos‖ (Wachowicz, 2006).
Possibilidades do seminário: O seminário traz a possibilidade de que o aluno realize
transformações de ordem conceitual (coleta, seleção, organização, relação e registro de
informações), bem como tenha transformações de ordem procedimental (fazendo leituras,
pesquisa, expressando-se oralmente) favorece ainda as transformações de ordem atitudinal (
desenvolvimento do sentido de cooperação e autoconfiança).
54
3. Apresentação de trabalhos.
A apresentação de trabalhos pode ser vista, por exemplo nas feiras
multidisciplinares.Ao avaliar esse tipo de atividade, o professor deve levar em conta pelo
menos três aspectos: o comportamento do aluno perante uma plateia (ainda que composta de
colegas), a forma como ele introduz o tema (quanto mais clara e concisa, melhor) e sua
capacidade de desenvolvê-lo (a exposição deve seguir uma progressão lógica, com ideias bem
organizadas).
Critérios de avaliação.
1. Os alunos demonstraram estar preparados adequadamente para a apresentação?
2. Os tópicos da apresentação foram bem organizados?
3. O material empregado foi adequado?
4. A apresentação oral foi clara?
5. Os alunos fizeram bom uso dos recursos computacionais e audio-visuais
disponíveis (se for o caso)?
6. Os alunos fizeram bom uso do tempo alocado à apresentação?
7. Na seção de perguntas e respostas, os alunos apresentaram seus argumentos de
forma clara e racional?
8. Os alunos demonstraram ter domínio sobre o tema?
Nos três instrumentos de avaliação acima descritos, é importante levar em conta o seguinte:
Embora a modalidade usada seja a falada, recomenda-se que o apresentador evite
certos usos da linguagem oral, tais como os marcadores conversacionais né?, tá?,
ahn..., pois, devido ao fato de os gêneros pertencerem a uma atividade mais formal,
tem-se a predominância da norma padrão da língua, havendo, assim, certa
proximidade com a escrita.
Os alunos devem falar em pé, com o esquema nas mãos, olhando para o público como
um todo, devendo permanecer sempre de frente para a plateia, mesmo quando usar o
quadro ou qualquer outro recurso didático. A fala dos alunos deve ser modulada, ou
seja, alta, clara, bem articulada e com entonação variada para que a explicação não
fique monótona. Se consultar o roteiro, os alunos devem fazê-lo sem baixar
excessivamente a cabeça para que a voz não se volte para o chão, prejudicando, assim,
a audiência. Os alunos devem se mostrar seguros do tema estudado.
A seguir apresentamos uma sugestão de critérios a serem considerados quando houver uma
apresentação oral.
4 3 2 1
Contato visual. O aluno está O aluno está O aluno olha O aluno não
olhando para o olhando para para está olhando
público quase o cima a maior o público para o público
tempo todo. O parte da durante uma na maior parte
aluno faz apresentação. O parte do tempo. do tempo.
contato visual contato visual Quando está
direto com a direto com as olhando para
maioria das pessoas do cima, existe
pessoas do público é pouco contato
público em esporádico. visual direto
algum momento com as pessoas
durante a do público.
55
apresentação.
Voz. Cada palavra Uma pequena Várias partes da Várias partes da
dita pode ser parte da apresentação apresentação
escutada e apresentação não são claras não são claras
entendida pode não ser ou inaudíveis ou são
claramente, sem clara ou é para algumas inaudíveis para
dificuldade por inaudível para pessoas do a maioria do
cada pessoa do algumas pessoas público, OU público. O
público. O do público, OU uma parte não é aluno
aluno usa norma o público tem clara ou frequentemente
culta, com que se esforçar inaudível para a usa linguagem
vocabulário para ouvir ou maioria do não padronizada
correto para a entender. O público. O e termos
área do assunto aluno usa norma aluno incorretamente.
e usa linguagem culta, com ocasionalmente
apropriada para vocabulário usa linguagem
o público. correto para a não padronizada
área do assunto. e alguns termos
incorretamente.
Preparação. A preparação é A preparação é A preparação A preparação
evidente. O evidente. A pode não ser não é evidente.
aluno faz maioria das evidente. A apresentação
transições transições entre Existem atrasos parece ser
suaves entre partes da ou pausas desorganizada.
partes da apresentação é desnecessárias Pausas
apresentação. suave. Pode durante a desnecessárias
Não há atrasos ocorrer uma ou apresentação ou ou atrasos
quando consulta duas pequenas quando consulta estranhos
o folheto. pausas durante a o folheto. podem ocorrer
apresentação ou quando consulta
quando consulta o folheto.
o folheto.
Envolvimento O aluno envolve O aluno às O aluno faz O aluno não
do público. o público de vezes envolve o algumas envolve o
maneira natural público tentativas de público.
por meio de naturalmente envolver o
contato visual, durante a público. As
habilidades de apresentação tentativas são
questionamento por meio de forçadas e não
e ao fazer uma contato visual e parecem
apresentação habilidades de naturais.
animada em questionamento.
todo momento.
Conhecimento O aluno O aluno O aluno O aluno
do assunto. demonstra demonstra demonstra demonstra
completo conhecimento algum pouco ou
conhecimento adequado, conhecimento e nenhum
sobre o assunto responde a é capaz de conhecimento.
como um maioria das responder a
56
especialista que perguntas e algumas
pode responder dirige o público perguntas.
a perguntas com a uma fonte.
segurança e cita
ou dirige o
público a uma
fonte específica.
Prática. A apresentação A apresentação A apresentação A apresentação
foi bem foi ensaiada em não parece ter não foi ensaiada
ensaiada com sua maior parte sido ensaiada e e não faz
olhares com alguns a maioria das nenhuma
ocasionais a olhares frases é lida de tentativa de
fichas ou demorados a fichas ou transmitir
anotações, mas fichas ou anotações. qualidade.
sem perder o anotações.
contato com o
público.
Equilíbrio. O aluno lida O aluno lida O aluno é O aluno é
com com problemas perturbado por dominado por
Problemas inesperados e problemas problemas
inesperados segue adiante. inesperados e inesperados.
com humor, tem dificuldade
graça e de retomar o
persistência, assunto.
sem perder o
enfoque.
Adaptado de
https://www.intel.com.br/content/dam/www/program/education/lar/br/pt/documents/unit-
plans/physics/physics-feedback.pdf. Acesso 19 abr. 2019.
57
Infelizmente, a formação acadêmica e profissional no Brasil não nos propicia ao
aprendizado de como falar em público. Sentir medo ou timidez não são problemas, pois são
fenômenos comuns. O que devemos fazer é aprender a lidar com eles e praticar bastante para
desenvolvermos essa habilidade, pois oratória não é dom! Um dos papéis da escola é preparar
o aluno para agir neste mundo com desenvoltura. É preciso ensiná-los a usar a linguagem para
perguntar, raciocinar, negociar as ideias e construir decisões por consenso.
As crianças com mais confiança em si mesmas e que costumam falar mais tempo têm
a oportunidade de escutar outros pontos de vista. Os mais lacônicos e tímidos, que
normalmente ficam calados e em um segundo plano, sentem que sua contribuição é
valorizada, que sua voz vale tanto como a dos outros. Perguntas feitas aos demais colegas são
premiadas pelo docente e, em longo prazo, isso leva a um melhor entendimento da postura
dos outros, a uma maior empatia.
58
Entretanto fazemos aqui uma diferença entre elas. Consideramos ―exame‖ qualquer
tipo de prova ou teste. Chamaremos ―prova‖ ao exame dado ao fim de um mês ou de um
bimestre ou ano letivo (avaliação somativa) e ―teste‖ ao exame feito ao fim de uma unidade
ou conteúdo (avaliação formativa). Ao fim de cada unidade ou conteúdo o professor deve
fazer uma avaliação para saber o que foi aprendido e o que precisa ser revisto antes de passar
para o conteúdo seguinte.
Para esta finalidade, o conteúdo a ser cobrado também se diferencia. Esta autora
estabelece, primeiramente, diferença entre ―conteúdos imediatos‖ e ―conteúdos mediatos‖.
Aqueles são conteúdos de aplicação prática imediata; estes são conteúdos cujo conhecimento
levará ao desdobramento em outros conhecimentos, que podem ou não ser de aplicação
prática.
É de se estabelecer que há conteúdos que pertencem a uma ciência pura e não
aplicada. Tais conteúdos são importantes, pois permitem o desenvolvimento de relações
lógicas no cérebro. Se houver conteúdos mediatos e imediatos, sugere-se que os conteúdos
imediatos sejam cobrados nos testes, que devem ser aplicados ao fim de cada conteúdo e que
conteúdos imediatos (aqueles com menor acerto nos testes) e mediatos sejam cobrados na
prova a ser dada no fim do mês ou do bimestre. Sugere-se que ao fim de cada conteúdo seja
aplicado um teste de verificação para que eventuais dúvidas possam ser detectadas antes que o
próximo conteúdo seja iniciado.
ELABORAÇÃO DA PROVA/TESTE.
Algumas precauções a serem tomadas:
1 – Planejar a prova com antecedência.
2 – Determinar os objetivos e conteúdos a serem examinados.
3 – Utilizar uma variedade de técnicas.
4 – Definir o nível geral e distribuir as questões segundo esta dificuldade.
5 – Preparar questões com sobra.
6 – Certificar-se de que as questões são independentes umas das outras.*
7 – Escrever instruções claras, evitando dúvidas.
8– Saber que a avaliação diagnóstica e a formativa são um meio e não um fim.
* Isto quer dizer que uma questão não deve depender da resposta da anterior ou anteriores.
Assim também, se a questão tiver subquestões a, b, c, estas devem ser independentes. Não
fazer com que a questão ―b‖, por exemplo, dependa da resposta da questão ―a‖ para ser
solucionada. Se o aluno errar a questão ―a‖, as outras também estarão erradas.
PLANEJAMENTO DA PROVA/TESTE.
1 – Estabelecer a finalidade da prova:
- Sondagem
- Avaliação bimestral
- Exame final
- Avaliação de unidade
2 – Preparação de esquema básico:
- Objetivos a avaliar
- Distribuição proporcional dos assuntos
- Tempo disponível
- Total de questões
3 – Escolha dos tipos de questões:
- Adequação aos objetivos a verificar
- Adequação ao tempo disponível
59
- Adequação ao nível de dificuldade
4 – Elaboração e montagem da prova:
- Conforme as técnicas de montagem para cada tipo de quesito
5 – Organização da valoração.
OBS:
1. É importante que o professor estabeleça os objetivos gerais e os específicos da prova. A
partir deles, haverá a seleção dos conteúdos e das questões a serem aplicadas. O professor
deve refletir se a questão escolhido atinge os objetivos estabelecidos (ver capítulo 3).
2. A prova deve ser exequível em seu tempo de aplicação. Se o aluno tiver uma hora para
fazer a prova, a prova deve ser exequível em 1 hora. Além disso, o professor deve levar em
conta que se ele tem 2 horas de aulas, ele pode levar 15 minutos para fazer a chamada,
distribuir as provas e dar outros recados, se for necessário. Por isso, o aluno terá 1h45 para
fazer a prova.
Após o cabeçalho padrão de cada unidade de ensino, o professor deve dar as orientações e
estabelecer os objetivos:
Orientações.
Esta prova pretende avaliar o domínio do conteúdo em seus aspectos relevantes. São questões
descritivas a que você responderá na folha em anexo. Você terá 1h45 para terminá-la. Boa
prova.
* O professor não deve desejar ―boa sorte‖, pois o aluno não deve depender da sorte para se
dar bem na prova, mas do domínio do conteúdo.
Objetivos.
- Diferenciar tipos de sujeito expressos.
- Fazer a concordância entre verbo e sujeito.
Valor da prova: 10,0 Sua nota: ....................................
OBS: O professor deve desestimular o aluno a mandar recados na prova. A prova é um
documento e, como tal, não permite tais observações.
1. Provas discursivas.
As questões ou itens discursivos, também conhecidos como, dissertativos, abertos,
descritivos, tipo ensaio ou de resposta livre, avaliam clareza, coerência, coesão, estratégias
argumentativas, utilização de vocabulário adequado e correção gramatical do texto.
Uma das modalidades de prova discursiva é a dissertação. O professor apresenta um
tema e este deve ser desenvolvido pelos alunos. É muito adequada para avaliar
o raciocínio lógico dos alunos;
a capacidade de análise e de síntese;
a organização de ideias;
a clareza de expressão.
60
Os itens discursivos servem para que o estudante possa:
explicar e solucionar problemas apresentados;
aplicar o que aprendeu em situações novas;
fazer comparações ou classificações de dados e informações;
estabelecer relações entre fatos e princípios (causa e efeito);
analisar a propriedade das afirmações;
assumir posição favorável ou contrária a alguma conduta e sua devidaargumentação;
demonstrar capacidade de síntese;
formular conclusões a partir de elementos fornecidos;
demonstrar capacidade de organizar, por escrito, as ideias trabalhadasde modo
coerente e lógico.
Possibilidades.
Permitem a reflexão do aluno.
Excluem adivinhação e o fator.
Proporciona a oportunidade de julgamento mais criterioso visto que o professor pode
comparar as respostas e tem tempo para determinar melhor o valor de cada questão.
Úteis para diagnosticar interpretações incorretas, conceitos não entendidos.
Oferecem aos alunos oportunidade de selecionar aspectos mais importantes e
organizar o conhecimento sobre o assunto.
Técnicas de elaboração.
Formular questões amplas e relevantes procurando os aspectos significativos do que o
aluno deve saber para aprová-lo e não questões de valor puramente acadêmico para
reprová-lo.
Redigir as questões de forma clara e precisa.
Prever o tempo de forma adequada evitando prorrogações, o que prejudicaria o bom
estudante.
Elaborar todas as instruções por escrito de forma clara. Caso não seja possível,
proporcionar todas as explicações antes de iniciar a prova para evitar dispersar a
atenção ou tumultuar o ambiente com interrupções perfeitamente evitáveis.
Organizar um padrão de correção, contendo para cada questão os elementos essenciais
e respectivos valores parciais.
61
Corrigir questão por questão e não prova por prova, o que facilita a correção porque
em pouco tempo memorizamos cada questão, seus itens e valores, evitando que pela
continuidade uma excelente resposta nos torne benevolente para uma fraca resposta ou
uma péssima resposta nos predisponha negativamente para a resposta seguinte.
Evitar o uso de palavras, expressões, textos, fórmulas, figuras e tabelas que não
tenham função.
2. PROVAS OBJETIVAS.
É o instrumento de medida composto de questões tão precisamente específicas, que
cada qual só admite uma resposta previamente definida, o que lhe assegura a impessoalidade
de julgamento e perfeito acordo entre examinadores diferentes. De início devemos distinguir a
prova padronizada da não padronizada. A primeira é elaborada por técnicos em teste e
medidas escolares e antes de ser aplicada ao grupo a que se destina, é experimentada em
grupo de controle. A segunda é organizada pelo próprio professor para ser aplicada a seus
alunos.
A aplicação deste tipo de avaliação tem sido objetivo de várias críticas. Alega-se que
mede apenas a capacidade de memorização, que inibe a criatividade dos alunos, que os
desestimula a escrever.
É fato que a utilização de provas objetivas se tornou mais intensa ao longo dos anos.
Também não há como negar que estas provas têm sido elaboradas com tão pouca competência
que seus efeitos se tornam negativos. Porém, culpar as provas objetivas por esse estado é um
exagero. Prova é uma estratégia de avaliação, não de ensino; é um instrumento de diagnóstico,
não de tratamento.
Pontos Positivos:
Fornece uma ampla amostra do conhecimento, visto ser formada por numerosas questões.
Permite um julgamento rápido e objetivo porque cada item só admite uma resposta.
Pode medir tanto o raciocínio quanto a memória.
Permite a solução de grande quantidade de itens em pouco tempo, o que facilita ao
professor avaliar uma amostragem relativamente grande dos assuntos.
São aplicáveis a qualquer área do conhecimento.
É de elaboração difícil e demorada, exigindo conhecimento técnico e certo treino para que
as perguntas sejam mesmo objetivas e não se constituam em verdadeiras charadas,
exigindo que o aluno adivinhe a intenção do examinador.
PARA REFLETIR sobre este tipo de prova: segundo Méndez (2002): se basta uma folha
perfurada para comprovar acertos/erros, verdadeiro/falso nas respostas dos alunos, e que
62
automaticamente você interpreta como evidência de aprendizagem ou de ignorância, é bom
sintoma que faz com que se pense que aquele exercício de avaliação não está a serviço da
aprendizagem, embora costume facilitar muito a tarefa de quem deve corrigir.
2.1 Classificação.
De seleção:
– Questões de múltipla escolha:
resposta certa (ou única);
afirmação incompleta;
melhor resposta;
resposta múltipla (combinada);
– Questões alternativas:
certo ou errado;
falso verdadeiro.
– Questões de acasalamento:
combinação;
associação;
comparação;
classificação;
De preenchimento
resposta curta;
complemento;
lacuna.
Outros tipos:
cancelamento ou eliminação;
ordenação ou seriação.
63
considerados certos ou errados. No caso do conceito ser considerado errado,
utilizando a linha abaixo, substitua a(s) palavra(s) pela(s) palavra(s) que julgue
tornar o conceito certo.
Falso e verdadeiro - Cada sentença incompleta abaixo está seguida de vários
conceitos. Cada um deles completará essa sentença. Coloque um V nos parênteses à
esquerda, quando a sentença formada for de sentido verdadeiro. Coloque um F quando
o sentido for falso. Deixe em branco quando não souber.
Combinação associação, comparação, classificação e termo correspondente -
Existem abaixo vários conceitos em colunas. Coloque nos parênteses da coluna à
esquerda o (s) número(s) que julgar que corresponder ao conceito da coluna da direita.
Dê um traço se não houver correspondência.
o Escrevam nos parênteses à esquerda dos conceitos abaixo, os números que
indicam com as partes especificadas da figura. Dê um traço se não houver
correspondência.
Resposta Curta - Responda às questões abaixo
Complemento e lacunas -Complete com o(s) conceito(s) abaixo as frases abaixo.
o Escrevam, nos espaços em branco, as palavras que completam a frase.
Ordenação ou seriação - Ordene cronologicamente, as operações que se seguem,
colocando nos parênteses à esquerda o número da ordem correspondente.
Cancelamento ou eliminação - Faça um círculo na palavra que não é...
o Assinale com um X a frase que não corresponde ao solicitado.
2.3 Valoração.
O objetivo de uma prova é avaliar o conhecimento. Nos quesitos objetivos, cada
conhecimento é considerado por meio de uma determinada ação dos alunos, conforme o tipo
de questão. Nos quesitos de resposta aberta, a valoração deverá levar em conta a quantidade
de conhecimentos englobados no trabalho proposto. É extremamente importante
observar o equilíbrio entre a valoração atribuída e a quantidade de conhecimentos.
Coerentemente, nos quesitos objetivos e nos de resposta aberta.
64
Quesitos de respostas de transposição imediata: número de linhas x 1,5 minutos.
Quesitos de elaboração mais complexa: 2 minutos para cada linha.
Quesitos envolvendo cálculos: atribui-se normalmente o dobro do tempo utilizado.
Quesito do tipo análise e interpretação: dobra-se o tempo gasto normalmente com
a leitura e o dobro para a resolução de cada questão.
65
Colocar quatro opções, no mínimo, para evitar uma grande incidência de acertos
por acaso.
Cuidar para que as opções certas não apareçam sempre na mesma posição ou em
certa sequência.
Ter cuidado para que apenas uma opção seja a certa ou melhor que as demais.
Todas devem parecer plausíveis.
3. Modalidades de provas.
Tanto as provas objetivas, quanto as discursivas e as mistas (com questões objetivas e
discursivas) podem ser realizadas individualmente ou em duplas ou em grupos, com ou sem
consulta ao material.
Possibilidades e limites.
A prova com consulta ajuda o aluno a resolver um caso, a escolher as fontes
adequadas para delas retirar informações que lhe faltem. Comentários escritos,
resenhas, sínteses, relatórios de grupos oferecem novas oportunidades de aprender.
As questões propostas devem ser elaboradas cuidadosamente para que não haja
simples transcrição do material de consulta para a prova.
Ao permitir o uso do material de consulta, evita-se a exclusiva memorização dos
temas/conteúdos.
Permite a seleção de questões que priorizem a reflexão, a elaboração de conceitos,
a interpretação do tema estudado.
Na prova de consulta, o preparo prévio dos alunos, o estudo do conteúdo é
necessário.
Os alunos deverão ser orientados sobre os materiais que poderão ser utilizados
para consulta.
A consulta é um procedimento, o que não quer dizer que seu uso garanta nota
integral a todos os alunos.
Deve ser clara quanto à atribuição de notas.
É necessário que tenha conteúdo significativo.
O tempo de prova deve ser condizente com as questões propostas, considerando a
pesquisa, a consulta feita no decorrer de sua realização.
Sua correção deve considerar outras respostas, diferentes daquelas inicialmente
concebidas.
66
Com relação à prova com consulta, (LUCKESI, 2008), esclarece que ao se optar pelo
uso desse instrumento avaliativo, podemos dar um passo importante no processo avaliativo,
entendendo que: [...] não há prejuízos com a permissão de se consultar a prova. Nenhum mal
acarreta aos envolvidos. Basta seguir alguns critérios mínimos, que fazem parte de qualquer
avaliação coerentemente adequada ao processo pedagógico como um todo.
Provas mistas.
A prova consta de duas partes: uma, para ser realizada no primeiro tempo,
individualmente; a outra para ser realizada em grupo no segundo tempo. A parte individual,
do primeiro tempo, destina-se a verificar as habilidades de pensamento de cada aluno. A parte
grupal, do segundo tempo, destina-se à aplicação ou à perspectiva mais complexa do
conhecimento, sendo discutida e construída coletivamente.
Produções coletivas:
Exigem definição de temas para estudo e delimitação de papéis para cada
componente do grupo de trabalho;
Podem favorecer o trabalho de cópia, reprodução se não houver orientação prévia;
Podem caracterizar o trabalho de somente alguns integrantes do grupo;
É preciso construir uma ficha de autoavaliação para que cada componente explicite
suas contribuições; suas formas de participação no grupo;
67
DATA DA AVALIAÇÃO:
INTEGRANTES DO GRUPO DE TRABALHO:
ASPECTOS AVALIADOS
1.Contribuição ao trabalho do grupo
2. Participação ativa nas discussões
3. Respeito às ideias dos colegas
4. Participação na seleção de material e elaboração do painel
5. Realização da coleta de dados na escola e a pesquisa bibliográfica
6. Exposição clara e objetiva do tema, explicitando os tópicos solicitados
7.Capacidade de criticar com objetividade
8. Capacidade de receber críticas
9. Conceito geral
Legenda dos conceitos:
O- ÓTIMO, B- BOM, MB – MUITO BOM, R – REGULAR, I – INSUFICIENTE.
4.2 Portfólios.
A avaliação por portfólios possibilita maior individualização do trabalho pedagógico.
O portfólio é a coleção de trabalhos e atividades produzidos pelos alunos, adequadamente
organizada, que revela, com o passar do tempo, os diversos aspectos do crescimento e
desenvolvimento de cada um em particular‖.
Permite aos professores considerarem o trabalho de forma processual, superando a
visão pontual das provas e testes, integrando-o no contexto do ensino como uma
atividade complexa baseada em elementos de aprendizagem significativa e relacional.
Uma vantagem do portfólio em relação aos demais instrumentos avaliativos é a
perspectiva da autoavaliação dos estudantes. ―O desenvolvimento dessa capacidade
requer que os autoavaliados saibam por que e para que fazer isso. Eles precisam
perceber que a autoavaliação auxilia a reorganização do trabalho pedagógico.
Favorece o registro das produções dos alunos, as impressões destes sobre as dinâmicas
do grupo, aspectos relevantes da aula.
Favorece a oportunidade de reflexão sobre o progresso do aluno em relação ao seu
próprio processo de aprendizagem, ao mesmo tempo que possibilita a introdução de
mudanças necessárias e contínuas na condução do processo ensino-aprendizagem.
68
Diário reflexivo do processo ensino-aprendizagem (mensagens / recados dos colegas
/do professor);
Glossário e outros.
4.4 Observação.
A observação é uma estratégia privilegiada para a avaliação do desempenho dos
alunos. Entretanto, para que possa ser útil, precisa ser realizada de forma sistemática e
objetiva. Precisa haver uma lista de verificação. Não pode ser feito de modo aleatório em que
o professor chega e diz: ―vim aqui para observar‖, ou ―vou observar o que vocês estão
fazendo‖. É preciso, também, que o professor esteja treinado para observar.
Elabore uma ficha organizada com que se quer observar a partir dos objetivos
selecionados. Isso vai auxiliar na interpretação dos dados.
Faça anotações no momento em que ocorre o fato. Evite generalizações e julgamento
subjetivo. Considere apenas os dados fundamentais no processo de aprendizagem;
4.5 Pesquisa.
A palavra ―pesquisa‖ tem origem no latim com o verbo perquirir, que significava
procurar; buscar com cuidado; procurar em toda parte; informar-se; inquirir; perguntar;
indagar bem; aprofundar na busca.
Para Richardson (1999), pesquisa é um processo de construção do conhecimento que
tem por objetivo gerar novos conhecimentos ou refutá-los, constituindo-se num processo de
aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza, quanto da sociedade, na qual esta se
desenvolve.
Pádua (1996) define-a deste modo:
Tomada num sentido amplo, pesquisa é toda atividade voltada para a
solução de problemas; como atividade de busca, indagação,
investigação, inquirição da realidade, é a atividade que vai nos
permitir, no âmbito da ciência, elaborar um conhecimento, ou um
69
conjunto de conhecimentos, que nos auxilie na compreensão desta
realidade e nos oriente em nossas ações.
Na maioria das vezes, no momento em que o alunose depara com trabalhos de pesquisa
escolar, se vê frente a uma situação conflituosa e, por falta de orientação, sem saber como
fazer e onde encontrar materiais sobre o tema solicitado, simplesmente deixa de fazer ou
apresenta cópias fiéis de partes de obras ou recorte e cola trechos de textos da Internet, apenas
para receber ―nota‖, sem consciência do crime do plágio cometido e, muitas vezes nem lê o
que entrega ao professor.Se falar de trabalho em equipe, piora aindamais, pois geralmente um
copia, outro digita, outro faz a organização, ou simplesmente umfaz e põe o nome dos outros
e assim por diante.
É preciso avaliar até que ponto as atividades de pesquisa escolar, do modo como são
encaminhadas e elaboradas atualmente nas unidades de ensino, contribuem para o processo
formativo dos educandos. A escola tem autonomiana elaboração do Projeto Político
Pedagógico, para definir o que é realmente importante noprocesso de ensino e aprendizagem,
sendo assim poderá traçar metas e definir regras para quea pesquisa desenvolvida em sala de
aula se torne mais uma aliada na tão discutida redução dofracasso escolar.
O professor, além de transmitir conteúdos,tem o papel de ensinar a aprender,
orientando e criando possibilidades para que o aluno chegue às verdadeiras fontes do
conhecimento por meio de um olhar crítico. Essa forma dedesenvolver pesquisa em sala de
aula precisa ser repensada e discutida.
A pesquisa é importante já nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Esta deve ser
encaminhada de forma organizada, precedida de um projeto quepode ser bem simples, mas
que não dispensa a ajuda do professor no sentido de mostrar aosalunos como se faz o trabalho,
ou seja, mostrar o caminho a ser seguido.
Por si só, a atividade de pesquisa não tem função nenhuma. Para que esta atinjaseus
objetivos, ou seja, se torne produtiva na escola, é necessário que o aluno analiseproduções já
disponíveis sobre o tema e depois elabore suas conclusões pessoais. Dessa formao educando
será capaz de argumentar, criticar, avaliar as diversas situações do conhecimento.
Os temas devem ser relevantes e pertinentes aos conteúdosdesenvolvidos no programa
escolar garantindo ao aluno o conhecimento.
É fundamental que os passos da pesquisa sejam bem explicados e a escolha do tema
bem discutido com os alunos.
A questão, então, não é a pesquisa em si, mas o que e como pesquisar. Pesquisas
como: A revolução francesa, por exemplo, vão levar o aluno a copiar e colar. Entretanto, se a
pesquisa abranger aspectos comparativos, justificativas, o aluno deverá consultar o material e
parafraseá-lo, o que consiste em um dos objetivos da pesquisa.
5. Elaboração do item.
Um item é a unidade básica de um instrumento de coleta de dados, que pode ser uma
prova, um questionário ou outro. Nos testes educacionais e nas avaliações nacionais e
internacionais de larga escala, ―item‖ pode ser considerado sinônimo de ―questão‖, termo
mais popular e utilizado com frequência nas escolas. No Saeb, os itens medem
conhecimentos, competências e habilidades do aluno, relacionados a um conteúdo
determinado. Existem dois tipos básicos de itens: os itens de resposta livre, em que o aluno
elabora uma resposta, e os itens de resposta orientada, também chamados de itens objetivos
ou itens de múltipla escolha, que permitem ao estudante escolher uma resposta dentre um
conjunto de alternativas oferecidas.
O item de múltipla escolha é composto de um enunciado que, necessariamente, propõe
um problema ou consiste de uma situação-problema, e alternativas de respostas ao que é
70
proposto resolver, sendo que apenas uma delas é a resposta correta e as demais são incorretas,
mas plausíveis.
Tanto um como outro podem incluir no enunciado uma situação-estímulo (gráfico, tabela,
figura, etc.), como parte do problema, a partir da qual o aluno organiza as ideias, dados ou
informações para resolvê-lo. O enunciado, nos dois casos, pode ser apresentado em forma de
pergunta ou uma frase incompleta.
71
forma de abordar o assunto. Procure enfocar aspectos relevantes do conteúdo e que sejam
relacionados ao cotidiano dos alunos.
3.Decidir qual o tipo de item de múltipla escolha será utilizado, levando em consideração
tanto o grau de complexidade do conteúdo quanto a natureza da operação mental
correspondentes ao descritor que está sendo trabalhado.
4. Definir a situação-problema a ser trabalhada no item e elaborar o texto-base,
considerando a realidade cotidiana do público-alvo.
5. Elaborar o enunciado, atentando para fornecer todas as informações necessárias para que
o aluno responda ao item. A estrutura do enunciado de um item pode ser de dois tipos:
a. O enunciado do item pode solicitar que o aluno, após a leitura do texto-base, resolva a
situação-problema proposta para, em seguida, identificar a alternativa que contém a resposta
certa.
b. O item pode solicitar ao aluno que analise cada alternativa, individualmente, de acordo com
o enunciado (que pressupõe a leitura do texto-base), para identificar a correta.
6. Elaborar as alternativas.
7. Revisar o item algum tempo após tê-lo escrito, para certificar-se de que ele está realmente
de acordo com a habilidade escolhida, de que há apenas uma única resposta correta e de que o
item seja independente, ou seja, a resposta dele não deve ser determinante para a resposta de
outro item nem dependente da resposta de outro item.
8. Elaborar o gabarito comentado do item. Citar a resposta correta e comentar a questão de
modo a justificar por que a alternativa selecionada é a correta e por que as demais alternativas
estão erradas.
72
significativos, interessantes e atrativos aos alunos, utilizando situações autênticas para
aumentar o grau de realidade no que está sendo avaliado. Apesar de itens de prova
nunca serem ―realmente‖ autênticos, o material utilizado no item deve ter alguma
relação com a vida do aluno fora da escola. Isto pode ser alcançado pela utilização de
material de jornais atuais, revistas, atlas ou outros que possam interessar aos alunos.
Elaborar itens contextualizados, sempre que a sua abordagem assim o exigir. Os
elementos utilizados para a contextualização (contexto) devem ser entendidos como
parte integrante da questão. Portanto, devem ser pertinentes e necessários e devem
compor ou dar sentido ao enunciado, com vistas à melhor compreensão do problema a
ser resolvido, e, em certos casos, para a sua resolução.
A contextualização de um problema, em itens de prova, funciona para concretizar o
que se propõe resolver, ou seja, para dar significado real ao problema proposto. Além
disso, a inserção do problema em um contexto deve ser válida e relevante, caso
contrário pode comprometer a qualidade do item porque prejudica os bons alunos, que
tentam entender o sentido das informações no problema e a sua relação com o que se
pede para resolvê-lo.
73
necessários à resolução do problema proposto. Os elementos meramente ilustrativos
ou que sejam desnecessários para a resolução da situação-problema podem resultar em
baixos índices de acerto do item.
Termos impessoais devem predominar na redação dos enunciados. Exemplos:
considere-se, calcula-se, argumenta-se etc.
Não se aconselha empregar termos negativos, como EXCETO, INCORRETO, NÃO,
ERRADO, FALSO. Deve-se preferir a formulação de itens positivos.
Devem-se evitar termos generalizantes, como SEMPRE, NUNCA, TODO,
TOTALMENTE, ABSOLUTAMENTE, COMPLETAMENTE, SOMENTE etc.
O item deve testar a habilidade desenvolvida pelo aluno e não a sua capacidade de
memorização.
Certifique-se de que o item está realmente de acordo com o descritor.
Redigir o enunciado de maneira clara e objetiva. A compreensão do enunciado deve
ser independente da leitura de todas as alternativas. Enunciados claros permitem a
antecipação da natureza das alternativas, embora essa condição, pela estrutura do item,
nem sempre ocorra no formato do tipo B.
Não confundir enunciado com instrução (comando) para responder ao item. Isso pode
ocorrer quando, em vez de apresentar um problema a ser resolvido, o elabaluno do
item usa a expressão ―assinale a alternativa correta‖ seguida de alternativas que, em
geral, tratam de uma diversidade de temas ou tópicos de conteúdo, o que é inaceitável
tecnicamente. O item nesse formato transforma-se simplesmente em vários itens de
―verdadeiro‖ ou ―falso‖, uma vez que o aluno julga independentemente as alternativas.
Não utilizar expressões como: ―Assinale a alternativa correta", "Qual das
alternativas...", "A alternativa que indica..." e outras equivalentes.
Evitar que o item teste a capacidade de memorização em vez do conhecimento do
aluno. Recomenda-se dar a definição ou a fórmula, dependendo da questão.
Evitar expressões duplamente negativas.
Não elaborar itens que contenham ―pegadinhas‖. O item não deve ser malicioso ou
enganoso, induzindo o aluno ao erro. A utilização deste tipo de item pode provocar
uma atitude negativa em relação à avaliação, assim como denotar falta de respeito ou
confiança para com o aluno. Cabe ressaltar que um item pode se transformar em uma
―pegadinha‖ mesmo que esta não tenha sido a intenção do elabaluno. Isto acontece
quando o item aborda conteúdos triviais ou detalhes irrelevantes, ou quando o
problema proposto oferece múltiplas possibilidades de resposta.
Levar em consideração o tempo de leitura exigido do aluno. Quanto maior o tempo de
leitura, menor a quantidade de itens que poderão ser respondidos pelo aluno. Isso
poderá afetar diretamente a confiabilidade e por sua vez a validade da prova, sabendo
que existe uma relação direta entre número de itens e a confiabilidade da prova. No
caso de itens associados a texto, tabela, etc. deve-se ter um cuidado especial com
relação ao seu tamanho, volume de informações e também com o número de itens
associados a ele. Não seria muito aproveitável incluir um texto de 30 linhas para que o
aluno o utilize para responder a somente dois itens.
Usar linguagem apropriada ao aluno do ano a que se destina. Não se pode perder de
vista o ano para a qual o item está sendo escrito para evitar que a utilização de
vocabulário desconhecido ao aluno influencie o seu desempenho.
Usar linguagem clara e direta. Para que o item atinja seu objetivo, é muito importante
que o aluno compreenda imediatamente o objetivo da questão proposta.
Redigir o enunciado e as alternativas de modo que sejam gramaticalmente
consistentes, sem dicas verbais. É importante também evitar fornecer pistas que
74
permitam ao aluno deduzir, a partir da leitura das alternativas, qual é a resposta
correta. Neste sentido, não se deve utilizar palavras ou expressões repetidas nas
alternativas: em vez disso, é recomendável incluir tais palavras e expressões no
próprio enunciado. Itens com erros gramaticais, de pontuação ou abreviação podem
distrair o aluno e ter efeitos negativos sobre a concentração e o rendimento deste.
Enfocar apenas um problema ou uma situação a ser analisada. O item não deve avaliar
vários tópicos ou conter muitos passos para a identificação da resposta correta. Cada
item deve propor apenas uma única questão. O uso de itens muito complexos cria um
problema de multidimensionalidade, que pode afetar o desempenho do aluno.
Propor problemas e soluções que sejam factíveis e admissíveis.
Elaborar itens independentes entre si, ou seja, a resposta de um item não deve
depender da resposta de um item anterior.
75
na frase, pelo uso do prefixo in, ou por outros artifícios similares para tornar as
respostas incorretas.
A adoção, entre os distratores, de respostas parciais (por exemplo: obtidas em uma
etapa da resolução ou que contemplam parte da resposta completa) penaliza
examinandos que sabem resolver o problema ou são capazes de desenvolver a análise
da situação proposta. Além disso, nem sempre significam respostas absolutamente
erradas.
Não propor alternativas mutuamente excludentes. Esta é uma forma de assegurar que
haja apenas uma alternativa que responda adequadamente à questão proposta ao aluno.
Isso significa que o item não pode conter duas alternativas que tenham o mesmo
significado ou que levem direta ou indiretamente a um mesmo resultado.
Não utilizar alternativas como ―todas as anteriores‖ ou ―nenhuma das anteriores‖. Em
geral, recorrem a este tipo de alternativa aqueles que não dominam técnicas de
construção de itens de múltipla escolha ou que têm dificuldade em completar o item
com alternativas plausíveis.
Exemplo1 :
Texto-base
O texto a seguir foi retirado de uma bula de remédio
Conservar o produto em temperatura ambiente entre 15 e 30°C, protegido da umidade. O
prazo de validade do produto é de 36 meses a partir da data de fabricação impressa na
embalagem. Não utilize medicamento com o prazo de validade vencido.
Enunciado.
A partir da leitura do texto, pode-se concluir que:
Alternativas.
a) o produto pode ser guardado em locais úmidos. DISTRATOR
b) o produto deve ser utilizado em até 36 meses, a partir do dia da compra. DISTRATOR
c) é preciso conferir a data de fabricação do produto impressa na embalagem.
GABARITO.
d) o produto pode ser deixado perto do fogão da cozinha. DISTRATOR
e) a temperatura ideal para conservar o produto é menos de 15°C ou mais de 30°C.
DISTRATOR
Exemplo 2.
Texto-base
Observe a charge a seguir.
76
Alternativas.
a) A paisagem não pode ser alterada pela ação humana. DISTRATOR
b) O excesso de poluição atualmente é resultado da ação de tribos indígenas que exploraram a
natureza. DISTRATOR
c) Desde a chegada dos portugueses até hoje, os índios enriqueceram e o meio ambiente se
manteve limpo e saudável. DISTRATOR
d) Antes dos portugueses, os índios eram livres e o meio ambiente, despoluído. Hoje, as
cidades são poluídas e índios vivem à beira da marginalização. GABARITO
e) A transformação no espaço geográfico e na paisagem é resultado somente de fenômenos
físicos da natureza. DISTRATOR
77
VII. ANÁLISE E PRÁTICA DE RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃONA EDUCAÇÃO
INFANTIL.
Acompanhar a criança em seu desenvolvimento exige um olhar teórico-reflexivo sobre
seu contexto sociocultural e manifestações decorrentes do caráter evolutivo do seu
pensamento. Por isso, o relatório de avaliação se faz essencial para a sistematização deste
processo de desenvolvimento. Para que seja um instrumento eficiente e eficaz, faz-se
necessário medidas para sua elaboração.
7.1 Legislação.
Na educação infantil, a avaliação acontece a partir do desenvolvimento das crianças,
ou seja, avalia-se seu grau de aprendizagem. Torna-se necessário o acompanhamento do
professor para que a criança tenha um bom desenvolvimento intelectual sem utilizar-se dessa
avaliação para aprovar ou reprovar as crianças de 0 a 5 anos de idade. Em relação ao modo
como se deve ocorrer a avaliação na educação infantil, são apontadas pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais o seguinte (BRASIL, 2009):
Art. 10. As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para
acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do
desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou
classificação, garantindo:
I - a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações
das crianças no cotidiano;
II - utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças
(relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.).
78
De acordo com Hoffmann (2002), a avaliação deve ser mediadora, em que ―mediação
significa um estado de alerta permanente do professor que acompanha e estuda a história da
criança em seu processo de desenvolvimento‖.
A avaliação não deve ser encarada apenas como um julgamento, pois isso seria uma
forma de classificar e estigmatizar as crianças, não levando em conta os acontecimentos que
acompanham todo o cotidiano em questão, em que todos são avaliados.
Assim, ela passa a ser uma ação crítica e transformadora, em que o professor
acompanha o seu grupo, investigando, observando e refletindo sobre a criança, sobre o grupo,
sobre a sua prática pedagógica, sobre a instituição.
A avaliação mediadora destina-se a conhecer não apenas para compreender, mas
também para promover ações em benefícios dos educandos. O professor tem a
responsabilidade de, por meio de uma prática reflexiva,
identificar a maneira adequada de proporcionar a aprendizagem levando em conta
seus conhecimentos anteriores;
possuir uma postura reflexiva e uma formação continuada para saber avaliar o
aluno;
avaliar a si mesmo;
avaliar a avaliação que deverá ser permanente.
79
A avaliação da educação infantil retoma um fenômeno sociocultural. A educação nos
primeiros cinco anos de vida em estabelecimentos próprios, com intencionalidade
educacional, configurada num projeto político-pedagógico ou numa proposta pedagógica,
visando a responder se e quanto ele atende à sua finalidade, a seus objetivos e às diretrizes
que definem sua identidade. Essa questão implica perguntar-se sobre quem o realiza, o espaço
em que ele se realiza e suas relações com o meio sociocultural.
Enquanto a primeira avaliação aceita uma dada educação e procura saber seus efeitos
sobre as crianças, a segunda interroga a oferta que é feita às crianças, confrontando-a
com parâmetros e indicadores de qualidade. Esta é feita por um conjunto de profissionais
do sistema de ensino (gestores, diretores, orientadores pedagógicos e outros especialistas,
professores), pelos pais, dirigentes de organizações da comunidade etc.
80
sejam úteis para poder tomar decisões, para propor-lhes um ensino cada vez mais ajustado às
suas necessidades.
Assim, devemos recolher aquela informação que seja pertinente a um determinado
momento e que permita interpretar e entender o que acontece de modo que sirva para regular
a intervenção e para compreender melhor as crianças e suas necessidades.
O primeiro passo para a coleta de informação é a observação.
Com a observação, o educador tem a oportunidade de conhecer cada um, as reações,
os hábitos alimentares, as brincadeiras preferidas e vários outros detalhes. Por isso, ela é uma
grande aliada na avaliação das crianças e colabora para que se compreenda a forma como se
expressam mesmo antes de falar convencionalmente.
Características fundamentais na observação.
A primeira, o foco, pressupõe que se tenha um objeto de análise, que pode ser a
criança, o grupo, uma situação ou uma atividade.
A segunda, o objetivo, indica que é importante que ela aconteça para que se conheça
melhor algum aspecto da aprendizagem.
A terceira, a continuidade, se explica pelo fato de que o desenvolvimento infantil não
se esgota ou não está limitado a um episódio pontual.
São elas que asseguram que este instrumento não vai ser utilizado apenas para que o
professor preencha formulários com sim e não, e que gere subsídios para repensar a ação
educativa.
Não é possível observar somente o que sabem ou o que não sabem fazer em um determinado
momento, mas sobretudo por que não sabem fazer e com que ajuda conseguem fazê-lo; que
tipo de ajuda precisam para participar e aprender nas atividades cotidianas de aula.
Obviamente, a memória não é suficiente para guardar tantas informações. Por isso,
temos de lançar mão dos registros.
81
trabalho realizado com a turma e por que se constitui em um ponto de referência para o
planejamento e a avaliação do trabalho.
A criança precisa ser avaliada em muitos aspectos: social, emocional, motor e
cognitivo. A avaliação deve ser diária e em todas as atividades realizadas, inclusive nas
brincadeiras e jogos.
Avaliar mal é um grande risco. Ao dizer que uma criança não se comporta como deveria,
pode-se deixar de ver os avanços que ela já alcançou. Ao pensar, por exemplo, que ela está
adquirindo a habilidade de se equilibrar apenas se for bem em um teste realizado com cordas,
pode-se ignorar o fato de que ela consegue subir e descer do trepa-trepa sem nenhum
problema. Além disso, instrumentos classificatórios favorecem que o professor direcione seus
esforços buscando que a turma seja treinada para obter sucesso em uma ação específica, o que
é um grave problema.
Vejamos a diferença:
―Durante uma roda de conversa em que discutíamos sobre a gestação de Sofia, Rafaela
preferiu não se posicionar diante do grupo, mesmo sendo incentivada a expor seus
conhecimentos. Consideramos esta recusa normal para crianças desta idade e a continuidade
deste trabalho fará Rafaela adquirir mais confiança com o passar do tempo. No entanto,
durante as brincadeiras livres no parque, observamos que se comunica com seus amigos,
fazendo-se entender e expondo suas vontades. Outro dia, ---------, disse ― Andrea, vamos
brincar de casinha no tanque?!‖
82
2. Cada afirmação sobre a criança deve corresponder a uma descrição do trabalho do
professor diante da constatação.
Exemplo 1 - ―Demonstrou estar bem adaptada à rotina escolar‖.
Essa frase solta não significa nada para quem lê e muito menos possibilita um trabalho efetivo
do professor.
O conceito de ―bem adaptada‖ é subjetivo, assim como quase todos os adjetivos que aparecem
nos relatórios.
Poderíamos perguntar, por exemplo: Estar bem adaptada, na concepção desse profissional, é
aquela criança que obedece? Cada criança reage de forma diferente às exigências sociais e
esta sua característica, tão peculiar, é que deverá constar em seu relatório.
Vamos imaginar que o professor queira manter a frase genérica:
―Rafaela demonstrou estar bem adaptada à rotina escolar.‖
Deverá descrever o trabalho que foi desenvolvido para que isso fosse garantido. Veja:
Rafaela demonstrou estar bem adaptada à rotina escolar. Construímos, diariamente, uma
lista com o grupo com a previsão de várias atividades. Rafaela participa da sua elaboração
e, sempre que possível, lembra ao grupo qual será o próximo momento.
Quando rotulamos uma criança como sendo: alegre, delicada, carinhosa, tímida, prestativa,
triste, estamos cometendo um grande equívoco. Primeiro, porque definimos rótulos para
crianças em desenvolvimento e, em segundo, porque falamos sobre características que não
interferem na capacidade cognitiva de uma criança; essas sim, devem ser um dos focos dos
relatórios individuais.
Exemplo - ―Rafaela é carinhosa e dedicada‖.
Assim como em outros registros, cabem inúmeros questionamentos. Carinhosa com quem?
Quando? Por quê? Como? O que esta característica conta sobre a Rafaela? Para um leitor
pode significar que ela não seja agressiva (outro adjetivo que não esclarece quem é a criança);
para outros, pode sinalizar que Rafaela possa ter atitudes manipuladoras em relação ao
professor e seus colegas (o que não nos leva a lugar nenhum). Adjetivos genéricos não deixam
claras as observações sobre a criança.
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Exemplo: Rafaela se empenha/ dedica para finalizar suas atividades e geralmente as realiza
atendendo às solicitações das professoras, utilizando sua criatividade e concentração para
produzi-las. ( estou dizendo que ela é dedicada?).
Podemos perguntar, então: Por que ser carinhosa é uma característica importante para as
crianças na educação infantil? Em que esta característica auxilia a construção do
conhecimento?
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VIII.SENTIDO ÉTICO DA AVALIAÇÃO.
De todas as aprendizagens sobre avaliação, há uma de grande relevância para a prática
pedagógicapor tratar-se da constituição da identidade do professor e do aluno. Trata-se do
desafio de ser ético– obviamente não só na avaliação da aprendizagem, mas como esse
processo se dá na relaçãopedagógica com o outro e é parte integrante do processo de
formação, não se pode excluí-lo docontexto.
Vygotsky (1988) afirmou que "na ausência do outro, o homem não se constrói
homem" eque "a relação do ser humano com o meio é sempre uma relação ativa e
transformadora".
É, portanto, do encontro com o outro que o conhecimento se constrói numa dimensão
ética desdea aquisição, à distribuição e o uso que se faz dele.
Essa premissa nos ajuda compreender que só é possível a existência da ética no
continuum do viver à medida do autoconhecimento do sujeito, na relação com os outros e com
o mundo. Isto é, aspessoas se tornam éticas a partir dos processos formativos disponibilizados
nos mais diversificadosambientes.
Especificamente no contexto educacional, a avaliação contribuiu significativamente
para oautoconhecimento, já que possibilita a reflexão por meio da constatação do que foi
possívelaprender, o como aprender e para que aprender.
A ética, portanto, está inserida num contexto, numa dada situação, em que a
subjetividade dos quenela convivem está permeada de intencionalidade.
Avaliar é, nessa perspectiva, agir por motivos (lógicos e ilógicos) que incidem sobre
as consequências decorridas desse modo de intervir.Ao agirmos, interferimos no modo de ser
do outro. Quando avaliamos interferimos na condição deaprendizagem do aluno, mexemos
com sua autoestima, com o seu modo de perceber o mundo e oconhecimento.
Leia a seguir, a experiência de Freire (1996)
O professor trouxera de casa os nossos trabalhos escolares e, chamando-
nosum a um, devolvia-os com o seu ajuizamento. Em certo momento
mechama e, olhando ou reolhando o meu texto, sem dizer palavra, balança
acabeça numa demonstração de respeito e de consideração. O gesto
doprofessor valeu mais do que a própria nota dez que atribuiu à
minharedação. O gesto do professor trazia uma confiança ainda
obviamentedesconfiada de que era possível trabalhar e produzir. De que era
possível,confiar em mim, mas que seria tão errado confiar além dos limites
quantoerrado estava sendo não confiar. A melhor prova da importância
daquelegesto é que dele falo como se tivesse sido testemunhado hoje. E faz,
naverdade, muito tempo que ele ocorreu. Este saber, o da importância desses
gestos que se multiplicam diariamentenas tramas do espaço escolar, é algo
sobre que teríamos de refletirseriamente.
O professor tem diante de si um conteúdo que não ésó conhecimento, mas o poder da
influência do que ele é como pessoa de ação e intervenção.Portanto, o ato de ensinar e o ato
de avaliar compreendem os dois lados de uma só moeda: aeducação.
Torna-se, pois, necessário perguntar o que é um professor e o que representa o ensino
e aavaliação. Perrenoud (1999) afirma que o ensino é uma profissão relacional.
As profissões relacionaiscomplexas, além de competências, mobilizam
fundamentalmente a pessoa que intervém; é oprincipal instrumento de
trabalho. É com seu espírito, mas também os sentimentos, o corpo,
asentranhas, as palavras e os gestos que tenta dar sentido aos conhecimentos
e influenciá-los.
Embora o conhecimento seja um dos requisitos fundamentais para um bom
desempenho profissional,ele torna-se bastante secundário na medida em que alguém é capaz
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de acreditar na dignidadehumana e reconhecer a responsabilidade que lhe compete como
educador e como pessoa.
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