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Educação

Inclusiva
Unidade 4
Tecnologias e Recursos para a Inclusão
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
NOME DO AUTOR
AUTORIA
Tuliane Fernandes Dutra
Olá. Meu nome é Tuliana Fernandes Dutra. Sou formada em
Pedagogia e Sistemas de Informação, com experiência técnico-
profissional na área de Análise de Sistemas e desenvolvimento de
material para Educação a Distância há mais de 15 anos. Sou apaixonada
pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que
estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!

Isabela Cristina Marins Braga


Doutora em Educação (UCB-DF), Mestre em Educação (UCB-DF),
especialista em Gestão Empresarial (Instituto de Ensino Superior Cenecista
de Unaí) e graduada em Administração (Instituto de Ensino Superior
Cenecista de Unaí). Professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia
de Unaí – FACTU, desde 2013, lecionando as disciplinas de Metodologia
do Trabalho Acadêmico, Pesquisa Aplicada, Hermenêutica, Teorias das
Organizações, Gestão de Pessoas 1 e 2, Comportamento Organizacional,
Gestão Estratégica, Negociação e Resolução de Conflitos, Administração
da Produção, Economia básica. Orientadora de Trabalhos Acadêmicos.
Examinadora de bancas de monografia. É revisora e consultora de
trabalhos acadêmicos. É pesquisadora do grupo de Pesquisa de Políticas
Federais de Educação – GPPFE da UCB-DF.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de apresentar um
de uma nova novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Tecnologia assistiva na educação inclusiva..................................... 10
Tecnologia assistiva.......................................................................................................10
Tecnologia Assistiva na Educação Inclusiva...............................................16
Salas de recursos multifuncionais.......................................................20
Atendimento Educacional Especializado...................................................... 21
Salas Multifuncionais....................................................................................................23
Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais.............................25
Avaliação tradicional versus a avaliação inclusiva........................30
Concepções de Avaliação....................................................................................... 30
Avaliação tradicional e Avaliação inclusiva................................................. 34
Deficiencias e transtornos objeto da educação inclusiva.......... 42
Tipos de deficiência.......................................................................................................................43
Educação Inclusiva 7

04
UNIDADE
8 Educação Inclusiva

INTRODUÇÃO
Olá estudante, bem-vindo(a) à última unidade da disciplina
Educação Inclusiva. Aqui será você conhecerá as tecnologias e os recursos
necessários para a inclusão. A unidade foi dividida em quatro capítulos,
assim, no primeiro capítulo dedicaremos ao estudo da tecnologia assistiva
na educação inclusiva. Em seguida, cuidaremos do estudo das salas de
recursos multifuncionais, compreendendo o Atendimento Educacional
Especializado (AEE) que é realizado nas salas de Recursos Multifuncionais.

Abrangendo outras temáticas, voltaremos nossos olhares para


a avaliação tradicional e a avaliação inclusiva, compreendendo a
diferenciação entre elas, para que assim, possamos estudar sobre a
deficiência e transtornos objeto da educação inclusiva.

Diante do conteúdo que será abordado nesta unidade, pode-


se afirmar que você irá navegar em direção à construção de novos
conhecimentos. Preparado para entrar nesse barco?
Educação Inclusiva 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 04. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Identificar as tecnologias assistivas necessárias ao processo


de inclusão, de acordo com o tipo de deficiência ou transtorno
vivenciado pelos atores da comunidade escolar.

2. Adaptar o ambiente escolar às necessidades da Educação


Inclusiva, identificando os tipos de salas de recursos multifuncionais
adequados.

3. Comparar o formato e a dinâmica do processo de avaliação


tradicional ao da avaliação inclusiva.

4. Identificar os tipos de deficiência e transtorno que configuram


a necessidade da implementação do processo de Educação
Inclusiva, tais como: Deficiência Auditiva; Deficiência Visual;
Transtornos de Déficit de Atenção; Autismo; Dislexia; Discalculia;
Hiperatividade etc.
10 Educação Inclusiva

Tecnologia assistiva na educação


inclusiva
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de identificar


as Tecnologias Assistivas que contribuem no processo de
ensino e aprendizagem dos estudantes com necessidades
educacionais especiais. Isto será fundamental para o
exercício de sua profissão, pois conhecer e saber como
utilizar essas tecnologias é necessário para ajudar os alunos.
Além disso, você vai reconhecer como essas tecnologias
servem de apoio para os estudantes com limitações físicas
ou cognitivas.

E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então


vamos lá. Avante!

Tecnologia assistiva
Para iniciar os estudos, vamos definir o que é tecnologia? De
acordo com Barreto e Barreto (2014), no senso comum, esta palavra é
associada a equipamentos ou dispositivos materiais para a execução de
atividades e tarefas, com a ideia de ferramentas ou produtos úteis. Mas, as
autoras afirmam que o sentido da palavra vai além disso, baseando-se no
dicionário que define a tecnologia como o “o conjunto de conhecimentos,
especialmente princípios científicos, que se aplicam a um determinado
ramo de atividade” (BARRETO; BARRETO, 2014, p. 84).

As tecnologias são os recursos desenvolvidos para favorecer e


simplificar as atividades cotidianas dos indivíduos, por exemplo, a máquina
de escrever, o relógio, o celular, os computadores, as canetas, entre
outros. Logo, tecnologias são recursos criados pelo homem para melhorar
e facilitar a rotina diária das pessoas, de acordo com a necessidade da
época.
Educação Inclusiva 11

ACESSE:

De forma a compreender o que vem a ser a tecnologia e


como ela pode influenciar na sua vida, assista ao vídeo “O
que é Tecnologia?”, acesse clicando aqui.

Figura 1 – Evolução da Tecnologia.

Fontes: Pixabay.

Agora que já ficou bem claro o conceito de Tecnologia, o que você


compreende pelo termo Tecnologia Assistiva (TA). Você já ouviu falar sobre
essa tecnologia? Tecnologia Assistiva é o termo utilizado para identificar
os recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar as
habilidades funcionais de pessoas com deficiência, promovendo uma vida
independente e a inclusão dessas pessoas (BERSCH; TONOLLI, 2006 apud
BARRETO; BARRETO, 2014). Diante desta definição, podemos afirmar que
a TA é um recurso criado para facilitar a vida das pessoas com deficiência.

Barreto e Barreto (2014) explicam que a TA deve ser compreendida


como um recurso que possibilita a ampliação de uma habilidade funcional
deficitária ou a realização da função desejada e que se encontra impedida
por causa da deficiência ou pelo envelhecimento.
12 Educação Inclusiva

Podemos então dizer que o objetivo maior da TA


é proporcionar à pessoa com deficiência maior
independência, qualidade de vida e inclusão social, por
meio da ampliação de sua comunicação, mobilidade,
controle de seu ambiente, habilidades de aprendizado
e trabalho. Dispor de recursos de acessibilidade, ou
especificamente a Tecnologia Assistiva, seria uma maneira
concreta de neutralizar as barreiras causadas pela
deficiência e inserir esse indivíduo nos ambientes ricos
para a aprendizagem e desenvolvimento proporcionados
pela cultura. (BARRETO; BARRETO; 2014, p. 86)

Nesse sentido, as autoras precitadas explicam que a criança com


necessidades educacionais especiais apresenta diversas limitações
e dificuldades para interagir com meio e com as pessoas à sua volta.
Isto complica ainda mais, segundo Barreto e Barreto (2014), quando ela
sofre preconceitos, ou seja, é subestimada em suas potencialidades e
capacidades, gerando tratamentos paternalistas e relações de dependência
e submissão. Logo, a criança com necessidades educacionais especiais
assume posturas de passividade diante da realidade na resolução dos
próprios problemas. Barreto e Barreto (2014) explicam que:
[...] as dificuldades de interação, agravadas quando
associadas a uma carência de estímulos, algo frequente,
principalmente em situações de limitações econômicas
e sociais mais acentuadas, tendem a gerar posturas de
passividade diante da realidade. Nesses casos, surge
a questão sobre como ocorrem o desenvolvimento
cognitivo e o aprendizado desses alunos, ou de que
forma o professor e o ambiente educacional podem
contribuir para isso, dadas as diferentes limitações
decorrentes de sua deficiência, tais como as limitações
de comunicação e linguagem, ou as limitações motoras
para o seu deslocamento e para a manipulação de objetos.
(BARRETO; BARRETO; 2014, p. 86)

SAIBA MAIS:

Complementando o estudo sobre a tecnologia assistiva,


em meio a todo esse contexto exposto, assista ao vídeo
“Tecnologias Assistivas” para ter uma visão mais ampla
desse elemento de estudo. Acesse clicando aqui.
Educação Inclusiva 13

Existe diversas TA que ampliam as possibilidades de autonomia dos


sujeitos com alguma limitação física ou cognitiva. Barreto e Barreto (2014)
classificam essas tecnologias em dois tipos: baixa tecnologia (low-tech)
e alta tecnologia (high-tech). Essa classificação refere-se a “caracterizar
apenas a maior ou menor sofisticação dos componentes com os quais
esses produtos são construídos e disponibilizados” (BARRETO, BARRETO,
2014, p. 87).

Neste sentido, as TA podem ser artefatos simples desenvolvidos


para a vida diária e prática do sujeito com limitações, como talheres
adaptados, bengala, suportes para utensílios domésticos, barras de apoio,
suporte para escrever, entre outros. .
Figura 2 – Artefatos Simples para vida diária.

Fontes: Pixabay.

Além disso, podem ser recursos mais sofisticados, que possibilitem


a independência, a qualidade de vida, a autonomia e a inclusão desses
sujeitos com deficiência. São considerados produtos TA sofisticados os
computadores com software específicos, as pranchas com produção de
voz, os tablets que proporcionam comunicação, os softwares como de
leitores de texto ou efeito lupa, entre outros.

Barreto e Barreto (2014) explicam que a presença dos recursos


computacionais no dia a dia das pessoas, proporcionou a criação de
recursos de TA relacionados à área de informática.
14 Educação Inclusiva

Na medida em que o computador e a internet passam a


fazer parte, cada vez mais, do dia a dia de todas as pessoas,
a permear todas as culturas (LÉVY, 1999) e a favorecer
a comunicação e a execução de diversas atividades,
os recursos de TA relacionados à área computacional
também apresentam avanços acelerados, abrindo novas
possibilidades às pessoas com deficiência, algumas das
quais seriam impensáveis ainda pouco tempo atrás, como
a capacidade de realizar tarefas complexas com mínimos
movimentos do corpo, por pessoas com paralisias graves,
até mesmo movimentar o próprio corpo ou controlar o
ambiente utilizando técnicas e dispositivos da tecnologia
de informática. E novos e surpreendentes avanços não
cessam de surgir nessa área, a cada dia. (BARRETO,
BARRETO, 2014, p. 87)

É importante destacar que de acordo com Barreto e Barreto (2014)


os recursos das tecnologias assistivas são classificados de acordo com
os objetivos funcionais a que se destinam. A ISSO 9999/2002 é aplicada
em vários países para a classificação internacional de recursos das
tecnologias assistivas.

VOCÊ SABIA?

O Sistema Nacional de Classificação dos Recursos e


Serviços de TA dos Estados Unidos, diferencia-se da ISO
ao apresentar, além da descrição ordenada dos recursos,
o conceito e a descrição de serviços de TA (BARRETO;
BARRETO, 2014).

Barreto e Barreto (2014) explicam que as TAs servem de apoio para


dar mais autonomia às pessoas que necessitam destes recursos. Os
autores fizeram uma lista das TAs e sua função:

Auxílios para a vida diária e vida prática

São recursos que ajudam no desempenho autônomo e


independente em atividades do dia a dia ou que facilitam o cuidado de
pessoas em situação de dependência de auxílio, tais como, alimentar-se,
tomar banho etc.
Educação Inclusiva 15

Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA):

Estes recursos são para as pessoas sem fala ou escrita funcional ou


em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em
falar e/ou escrever.

Sistema de controle de ambiente

As pessoas com limitações motoras podem ligar, desligar e ajustar


aparelhos eletrônicos como a luz, o som, a TV, entre outros, por meio de
um controle remoto.

Projetos arquitetônicos para acessibilidade

Projetos de urbanização e edificações que garantem acesso,


funcionalidade e mobilidade de todas as pessoas, independentemente
de sua condição física e sensorial.

Órteses e próteses

As próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes


do corpo e as órteses são colocadas junto a um segmento do corpo,
garantindo-lhe um melhor posicionamento, estabilidade e/ou função.

Adequação postural

Recursos que garantam posturas alinhadas, estáveis, confortáveis e


com boa distribuição do peso corporal.

Auxílios de mobilidade

São recursos utilizados na melhoria da mobilidade pessoal, exemplo


de bengalas, cadeira de rodas etc.

Auxílios para qualificação da habilidade visual e recursos que


ampliam a informação a pessoas com baixa visão ou cegas

Lentes, lupas manuais ou eletrônicas, softwares, celulares para


identificação de texto informativo etc.

Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo

Aparelhos para surdez, telefone com teclado-teletipo, sistemas de


alerta tátil-visual, celular com mensagens escritas etc.
16 Educação Inclusiva

Mobilidade em veículos

Acessórios que permitem a uma pessoa com deficiência física dirigir


um automóvel, facilitadores para embarque e desembarque etc.

Esporte e lazer

São os recursos que favorecem a prática de esporte e a participação


em atividades de lazer.

Tecnologia Assistiva na Educação


Inclusiva
De acordo com Barreto e Barreto (2014), os computadores,
tablets ou smartphones podem contribuir para a autonomia e o acesso
à informação das pessoas com deficiência, além de contribuir também
para o desenvolvimento cognitivo do estudante, facilitar o acesso aos
conteúdos e tornar a ação pedagógica dinâmica e interessante.

Os equipamentos digitais possuem diversos elementos, entre eles


podemos citar:

• Hardware – “é toda a parte física que constitui o computador, por


exemplo, a CPU, a memória e os dispositivos de entrada e saída”
(BARRETO, BARRETO, 2014, p. 99);

• Plataforma – “é o sistema operacional que o seu computador, seu


celular e seu tablet utilizam para funcionar” (BARRETO, BARRETO,
2014, p. 100);

• Software – “consiste em informações que podem ser lidas pelo


computador com a finalidade de executar uma tarefa” (BARRETO,
BARRETO, 2014, p. 100);

• Aplicativos Móveis – “são softwares desenvolvidos para rodar


em dispositivos móveis como tablets, smartphones ou telefones
celulares” (BARRETO, BARRETO, 2014, p. 100).

No que diz respeito ao uso da tecnologia pelas pessoas com


deficiência visual, é possível expor que diversos recursos tecnológicos
foram criados, tais como, softwares ampliadores de tela, que ampliam
Educação Inclusiva 17

as apresentações gráficas na tela do computador, melhorando a


compreensão de pessoas com baixa visão. Tem-se a impressora em braile,
que identifica os caracteres presentes no texto e imprime em linhas braile
no papel. Além disso, existem os sistemas NVDA4, Jaws5 e DOSVOX, que
possibilitam ao usuário com deficiência visual ou baixa visão operar no
sistema Windows e navegar na Internet por comando de voz (BARRETO,
BARRETO, 2014)..

SAIBA MAIS:

DOSVOX é um aplicativo que foi desenvolvido pelo


Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para facilitar o acesso de
deficientes visuais a microcomputadores. Para ter acesso
ao DOSVOX é necessário baixá-lo gratuitamente no site.
Acesse clicando aqui.

Para as pessoas com deficiência auditiva existe o aplicativo Talk


Tradutor para Libras. De acordo com Barreto e Barreto (2014), por meio
deste aplicativo é possível traduzir conteúdos para Libras, possibilitando
a comunicação entre surdos e ouvintes, além de expandir o uso de Libras
para um público mais amplo. Para utilizá-lo, o usuário deve baixar o
aplicativo no celular ou tablet. Em seguida, ele deve inserir palavras ou
pequenas frases de texto ou pelo dispositivo de reconhecimento de voz
do celular e visualizar automaticamente a tradução para Libras (BARRETO,
BARRETO, 2014).

Segundo Barreto e Barreto (2014) existem diversos recursos que


facilitam o uso do computador para as pessoas com deficiências motoras
de diferentes níveis, isto é, deficiência leve ou até total ausência de
movimentos de membros inferiores e superiores. Entre diversos recursos,
as autoras citam:

• Mouse Optima – “com esfera gigante de 6 cm de diâmetro que


possibilita o movimento preciso do cursor na tela” (BARRETO,
BARRETO, 2014, p. 103);

• Mouse tipo Orbitrack – Segundo Barreto e Barreto (2014):


18 Educação Inclusiva

permite o controle do computador apenas pelo toque do


dedo, sem necessidade de movimentos amplos da mão
e do pulso, é indicado para pessoas com deficiências
motoras, exigindo mínimo esforço e coordenação motora
para utilização do mouse. (BARRETO; BARRETO, 2014, p.
103)

• Câmera Mouse – suporte desenvolvido para indivíduos com


tetraplegia para proporcionar acessibilidade ao uso do computador.
“Fazendo uso de uma webcam convencional e de um suporte de
captura de movimentos, o software detecta os movimentos da
cabeça e os interpreta como movimentos e cliques no cursor do
mouse” (BARRETO, BARRETO, 2014, p. 103).

Barreto e Barreto (2014) apresentam o aplicativo Aramumo destinado


a os sujeitos com dislexia e outros distúrbios de leitura e aprendizagem.
Este aplicativo é semelhante às palavras cruzadas. Entretanto, ao invés de
letras avulsas o jogador deve utilizar sílabas para formar palavras.

Para as pessoas com dificuldade de fala, existe o Que-fala! um


aplicativo que possibilita a comunicação de pessoas com deficiências
que afetem a fala. Este aplicativo oferece várias ilustrações identificadas
por palavras escritas e em áudio. O usuário seleciona as figuras que
correspondem ao que ele deseja dizer e é possível formar pequenas
frases com este aplicativo. É uma ferramenta de comunicação alternativa
e possibilita que o aluno se comunique diretamente com qualquer pessoa,
sem a necessidade de intermediários (BARRETO, BARRETO, 2014, p. 105).

Estes aplicativos e softwares apresentados são ferramentas


desenvolvidas para facilitar a vida das pessoas com deficiência, que
podem ser utilizados na educação, possibilitando que os estudantes com
necessidade educacionais especiais participem com mais autonomia
das aulas, promovendo assim uma educação inclusiva. É importante
evidenciar que estes recursos promovem a inclusão social e educacional
dos sujeitos com deficiência visual, auditiva, distúrbios de fala etc. Mas,
é necessário lembrar que existem diversos outros recursos que também
possibilitam a inclusão social e educacional. Diante disso, não deixe de
pesquisar na Internet, outras tecnologias assistivas.
Educação Inclusiva 19

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você aprendeu que as
tecnologias são recursos criados pelo homem para facilitar
as atividades cotidianas das pessoas em uma determinada
época. Logo, novas tecnologias vão sendo criadas à medida
que novas necessidades vão surgindo. Uma demanda que
surgiu foi a inclusão social e educativa das pessoas com
deficiência. Diante deste contexto, surgem as Tecnologias
Assistivas (TA), que têm como objetivo ampliar as habilidades
funcionais de pessoas com deficiência, promovendo sua
autonomia, independência e inclusão. Portanto, as TA foram
criadas para facilitar a vida dos indivíduos com alguma
deficiência. Você também estudou que as tecnologias
assistivas são classificadas em dois tipos: baixa tecnologia
e alta tecnologia. Assim, existem tecnologias desenvolvidas
para facilitar a vida diária e outras para melhorar a qualidade
de vida e autonomia do sujeito com limitações. Para
finalizar, apresentamos algumas tecnologias utilizadas
pelas pessoas com deficiência auditiva, visual, dislexia,
entre outras. Mas, é importante evidenciar que você deve
sempre procurar conhecer outras TA, pois este capítulo é
apenas o ponto de partida.
20 Educação Inclusiva

Salas de recursos multifuncionais


OBJETIVO:

Neste capítulo você irá estudar as salas de recursos


multifuncionais adequados às necessidades educacionais
dos estudantes com deficiência. Essa sala deve ter diversos
recursos, como equipamentos e softwares que buscam
dar suporte às atividades educativas dos estudantes
com necessidades educacionais especiais. Ao final deste
capítulo você será capaz de identificar como essa sala
pode contribuir no processo de aprendizagem destes
estudantes.

Figura 3: Aprendizagem.

Fontes: Pixabay.
Educação Inclusiva 21

Atendimento Educacional Especializado


Antes de iniciar os estudos sobre as salas de recursos multifuncionais,
você já ouviu falar sobre o Atendimento Educacional Especializado
(AEE)? Este atendimento é um serviço de educação especial criado
na rede regular de ensino para organizar recursos pedagógicos e de
acessibilidade. (BRITO, 2016).

Brito (2016) explica que o AEE tem como principal objetivo eliminar
as barreiras existentes que dificultam a participação dos estudantes
com necessidades educacionais especiais, considerando sempre as
necessidades específicas deste público. “Dessa forma, o AEE faz a
complementação e/ou suplementação da formação do estudante que
possui necessidades educativas especiais, com vistas à autonomia e à
independência na escola e fora dela” (BRITO, 2016, p. 24).

As salas multifuncionais foram criadas com recursos tecnológicos


e pedagógicos para realizar este Atendimento Educacional Especializado.
Entretanto, Brito (2016) explica que essas salas demandam uma formação
continuada dos professores, devido ao imenso arsenal tecnológico
disponibilizado neste ambiente. Mas, na prática, os profissionais que atuam
nas salas multifuncionais não estão recebendo a capacitação necessária.
A principal consequência, de acordo com Borges (2014,
p. 5) é que os equipamentos dessas salas têm sido
subutilizados. Isso pode repercutir na baixa qualidade do
ensino para os estudantes com necessidades especiais,
que constituem o público para o qual todo esse recurso
se destina.

Esse fato torna-se um grande problema, já que os


estudantes acabam por não conseguir ampliar o seu
potencial estudantil, ao não receberem a orientação
adequada ou não conseguirem o acesso aos equipamentos
de que necessitam. (BRITO, 2016, p. 25)

Destaca-se aqui o Plano Nacional de Educação (PNE), cuja Meta 4 se


refere à educação especial inclusiva para a população de 4 a 17 anos com
deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades
ou superdotação. Observando o Gráfico 32, verifica-se que o percentual
de matrículas de alunos incluídos em classe comum vem aumentando
22 Educação Inclusiva

gradativamente ao longo dos anos. Em 2014, o percentual de alunos


incluídos era de 87,1%. Em 2018, esse percentual passou para 92,1%. Além
disso, considerando a mesma população de 4 a 17 anos, verifica-se que
o percentual de alunos que estão incluídos em classes comuns e que
têm acesso às turmas de atendimento educacional especializado (AEE)
também cresceu no período, passando de 37,1% em 2014 para 40,0% em
2018. (CENSO DA EDUCAÇÃO BÁSICA, 2018).
Gráfico 1 – Atendimento Educacional Especializado.

12,9% 11,6% 10,5% 9,1% 7,9%

50,0% 51,0% 50,2% 50,8% 52,1%

37,1% 37,4% 39,3% 37,1% 39,3%

2014 2015 2016 2017 2018


íncluido em classe comum com AEE
íncluido em classe comum sem AEE
classe especial

Percentual de matrículas de alunos de 4 a 17 anos de idade com deficiência, transtorno


global do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação que frequentam classes
comuns, com e sem atendimento educacional especializado (AEE) ou classes especiais
exclusivas – Brasil – 2018. Elaborado pela Deed/Inep com base nos dados do Censo da
Educação Básica

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO


TEIXEIRA. Resumo Técnico: Censo da Educação Básica 2018 [recurso eletrônico]. Brasília:
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2019. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_
tecnico_censo_educacao_basica_2018.pdf. Acesso em: 02 jan. 2021.

É importante destacar que este atendimento educacional


especializado está regulamento pela Lei 13.146, de 6 de julho de 2015,
conforme é descrito:
III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento
educacional especializado, assim como os demais serviços
e adaptações razoáveis, para atender às características dos
estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso
ao currículo em condições de igualdade, promovendo a
conquista e o exercício de sua autonomia;
Educação Inclusiva 23

VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração


de plano de atendimento educacional especializado, de
organização de recursos e serviços de acessibilidade e de
disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de
tecnologia assistiva;

X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos


programas de formação inicial e continuada de professores
e oferta de formação continuada para o atendimento
educacional especializado;

XI - formação e disponibilização de professores para o


atendimento educacional especializado, de tradutores e
intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais
de apoio. (BRASIL, 2015).

Salas Multifuncionais
O que são as salas multifuncionais? De acordo com a Portaria
Normativa nº 13, de 24 abril de 2007, a sala de recursos multifuncionais é um
espaço estruturado com equipamentos de informática, ajudas técnicas,
materiais pedagógicos e mobiliário adaptados para o atendimento às
necessidades educacionais especiais dos estudantes (BRASIL, 2007). Essa
Portaria dispõe sobre a criação do Programa de Implantação de Salas de
Recursos Multifuncionais de acordo com o que está descrito no Decreto
nº 5.296/2004, no art. 61:
Para os fins deste Decreto, consideram-se ajudas técnicas
os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia
adaptados ou especialmente projetados para melhorar a
funcionalidade da pessoa portadora de deficiência ou com
mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal,
total ou assistida. (BRASIL, 2004)

As salas de recursos deverão ser criadas e estruturadas nas redes


de ensino regular para atender os estudantes com limitações físicas ou
cognitivas, conforme estabelecido pela Lei n. 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, referente à Educação Especial:
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela de educação especial.
24 Educação Inclusiva

Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa


preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades ou superdotação na própria rede
pública regular de ensino, independentemente do apoio
às instituições previstas neste artigo. (BRASIL, 1996)

SAIBA MAIS:

Leia a Nota Técnica nº 42/2015/MEC/SECADI/DPEE


que orienta os Sistemas de Ensino em relação ao destino
dos materiais e equipamentos disponibilizados por
meio do Programa Implantação de Salas de Recursos
Multifuncionais. Acesse clicando aqui.

A sala de recursos foi criada para o desenvolvimento de atividades


pedagógicas, por isso ela deverá ter recursos que proporcionem o
aprendizado dos estudantes com necessidades educacionais especiais
e o desenvolvimento de habilidades desses estudantes. Essas salas
precisam ter um professor especializado e capacitado para o atendimento
dos estudantes que demandam um atendimento especializado, pois o
objetivo destas salas é ampliar as habilidades dos estudantes com
necessidades especiais para a sala comum.

É importante lembrar que as necessidades educacionais especiais


são variadas, pois a escola regular pode ter estudantes com deficiência
auditiva (que precisam saber o alfabeto em Libras para compreender
o intérprete na sala regular), estudantes com deficiência visual (estes
necessitam aprender o braile para conseguir ler), deficiência intelectual
(precisam complementar a aprendizagem por meio de jogos pedagógicos),
deficiência física (aprender a se locomover, por exemplo, com a cadeira
de rodas), paralisia (aprender a utilizar a prancheta com figuras, apontando
para dizer quando deseja ir ao banheiro ou beber água), entre outras
deficiências. O desenvolvimento dessas habilidades é importante, para
que o estudante com necessidades especiais se sinta incluído dentro da
sala de aula comum e do ambiente escolar.

Os professores da sala de aula comum e do atendimento


educacional especializado precisam elaborar juntos um planejamento
Educação Inclusiva 25

das necessidades educacionais do estudante. A comunicação entre


esses dois profissionais deverá ser constante, durante todo o período
que o estudante frequentar a sala de recursos multifuncionais. Assim,
durante todo o processo é função do professor da sala acompanhar e
observar se o estudante com necessidades especiais está apresentando
evolução dentro da sala de aula. Em caso negativo, ele deverá informar ao
professor do atendimento educacional especializado da sala de recursos
multifuncionais, para que seja elaborado um novo plano ou que o mesmo
seja modificado.

Uma outra função do professor da sala de aula comum é informar,


com antecedência, o professor da sala de recursos multifuncionais quais
os conteúdos que estão sendo estudados na sala de aula regular, para
que o docente do atendimento especializado educacional possa elaborar
um planejamento que ajudará o estudante com necessidades especiais
na absorção do conteúdo que está sendo estudado.

Implantação de Salas de Recursos


Multifuncionais
O Ministério da Educação elaborou o “Documento Orientador
do Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais”.
Este documento foi criado para orientar e informar os sistemas de ensino
quanto à organização e oferta do atendimento educacional especializado
aos estudantes com transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação e com deficiência matriculados no sistema de
ensino regular (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020).
A implantação das Salas de Recursos Multifuncionais
nas escolas comuns da rede pública de ensino atende a
necessidade histórica da educação brasileira de promover
as condições de acesso, participação e aprendizagem dos
estudantes público-alvo da educação especial no ensino
regular, possibilitando a oferta do atendimento educacional
especializado de forma complementar ou suplementar à
escolarização. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020, p. 3)

De acordo com Ministério da Educação (2020), a inclusão educacional


requer mudanças na concepção e nas práticas de gestão, tanto da sala de
26 Educação Inclusiva

aula quanto na formação de professores. Assim, para um desenvolvimento


inclusivo dos estudantes com necessidades educacionais especiais, as
salas de recursos multifuncionais precisam ser implantadas e organizadas
com recursos de apoio pedagógico para o atendimento educacional
específico ao público-alvo da educação especial matriculados na rede
de ensino regular.
Portanto, todos os estudantes público-alvo da educação
especial devem ser matriculados nas classes comuns,
em uma das etapas, níveis ou modalidade da educação
básica, sendo o atendimento educacional especializado
– AEE ofertado no turno oposto ao do ensino regular. As
salas de recursos multifuncionais cumprem o propósito
da organização de espaços, na própria escola comum,
dotados de equipamentos, recursos de acessibilidade
e materiais pedagógicos que auxiliam na promoção da
escolarização, eliminando barreiras que impedem a plena
participação dos estudantes público-alvo da educação
especial, com autonomia e independência, no ambiente
educacional e social. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020,
p. 3)
Educação Inclusiva 27

IMPORTANTE:

De acordo com o MEC (2020, p. 7) os estudantes público-alvo do


AEE são definidos da seguinte forma:

• Estudantes com deficiência - aqueles que têm impedimentos


de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,
podem ter obstruída sua participação plena e efetiva na
escola e na sociedade;

• Estudantes com transtornos globais do desenvolvimento


- aqueles que apresentam quadro de alterações no
desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas
relações sociais, na comunicação e/ou estereotipias motoras.
Fazem parte dessa definição estudantes com autismo
infantil, síndrome de Asperger, síndrome de Rett e transtorno
desintegrativo da infância;

• Estudantes com altas habilidades ou superdotação


- aqueles que apresentam potencial elevado e grande
envolvimento com as áreas do conhecimento humano,
isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança,
psicomotora, artes e criatividade.

A oferta do atendimento educacional especializado deve estar


regulamentada e prevista para a sua organização no Projeto Político
Pedagógico (PPP) da escola do ensino regular. Segundo Ministério da
Educação (2020) o PPP deve conter:
I - Sala de recursos multifuncionais: espaço físico,
mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de
acessibilidade e equipamentos específicos; II - Matrícula
no AEE de estudantes matriculados no ensino regular
da própria escola ou de outra escola; III - Cronograma
de atendimento aos estudantes; IV - Plano do AEE:
identificação das necessidades educacionais específicas
dos estudantes, definição dos recursos necessários e das
atividades a serem desenvolvidas; V - Professores para o
exercício do AEE. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020, p. 7)

Além disso, o Ministério da Educação (2020) determina que o PPP


da escola deve apresentar o planejamento, o acompanhamento e a
28 Educação Inclusiva

avaliação dos recursos e estratégias pedagógicas e de acessibilidade na


oferta do atendimento educacional especializado e aspectos quanto ao
seu funcionamento, tais como:
Carga horária para os estudantes do AEE, individual ou
em pequenos grupos, de acordo com as necessidades
educacionais específicas; Espaço físico com condições de
acessibilidade e materiais pedagógicos para as atividades
do AEE; Professores com formação para atuação nas
salas de recursos multifuncionais; Profissionais de apoio
às atividades da vida diária e para a acessibilidade
nas comunicações e informações, quando necessário.
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020, p. 8)

Quanto ao professor do atendimento educacional especializado,


o Ministério da Educação (2020) explica que a função deste docente é
realizar um atendimento de forma complementar ou suplementar à
escolarização, considerando sempre as habilidades e as necessidades
educacionais específicas desses estudantes. Assim, de acordo com o
Ministério da Educação, as atribuições deste professor devem contemplar:
Elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do
estudante; Definição do cronograma e das atividades do
atendimento do estudante; Organização de estratégias
pedagógicas e identificação e produção de recursos
acessíveis; Ensino e desenvolvimento das atividades
próprias do AEE, tais como: Libras, Braille, orientação
e mobilidade, Língua Portuguesa para alunos surdos;
informática acessível; Comunicação Alternativa e
Aumentativa - CAA, atividades de desenvolvimento
das habilidades mentais superiores e atividades de
enriquecimento curricular; [...] (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO,
2020, p. 8)

O atendimento educacional especializado é realizado dentro das


salas de recursos multifuncionais, pois estas estão equipadas com todos
os recursos necessários para atender os estudantes com necessidades
educacionais especiais, por isso o Ministério da Educação criou o Programa
Implantação de Sala de Recursos Multifuncionais que contempla:

• Critérios para a Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais;

• Adesão, Cadastro e Indicação das Escolas;


Educação Inclusiva 29

• Composição das Salas de Recursos Multifuncionais.

ACESSE:

Leia o “Documento Orientador Programa Implantação de


Salas de Recursos Multifuncionais”, criado pelo Ministério
da Educação. Acesse clicando aqui.

RESUMINDO:

Chegamos ao final do capítulo 2! Vamos a um breve resumo


de tudo que você estudou neste capítulo? Aqui falamos
das salas de recursos multifuncionais e explicamos que o
Atendimento Educacional Especializado (AEE) é realizado
nestas salas. Os AEE são recursos pedagógicos e de
acessibilidade oferecidos pela escola com o objetivo de
facilitar a participação dos estudantes com necessidades
educacionais especiais na sala de aula comum. Por isso,
são criadas as salas de recursos multifuncionais, contendo
recursos tecnológicos, materiais pedagógicos, ajudas
técnicas e mobiliário adaptado para os estudantes com as
necessidades educacionais especiais. Essas salas têm como
objetivo proporcionar aos estudantes com alguma limitação,
o desenvolvimento de habilidades e também o aprendizado.
Os professores que atuam nessas salas precisam ter
formação e ser capacitados para atender os estudantes com
necessidades educacionais especiais, pois a função deles
é realizar um atendimento complementar à escolarização,
visando sempre as habilidades e as necessidades desses
estudantes. Para finalizar foi apresentado o documento criado
pelo Ministério da Educação para implantação de Salas de
Recursos Multifuncionais. Este documento informa que o
AEE deve estar previsto e regulamentado no Projeto Político
Pedagógico da escola.
30 Educação Inclusiva

Avaliação tradicional versus a avaliação


inclusiva
OBJETIVO:

Neste capítulo você compreenderá o processo de avaliação


tradicional e avaliação inclusiva no processo pedagógico. É
função dos professores e da escola realizar as atividades
de diagnóstico de aprendizagem dos seus estudantes. Por
meio dessas atividades é que o docente acompanhará a
evolução dos estudantes na construção do conhecimento
e também poderá analisar as dificuldades, as habilidades
e os bloqueios que o estudante pode estar apresentando
durante o processo de aprendizagem.
Vamos lá?

Concepções de Avaliação
A experiência de vida do estudante fora do ambiente formal da
escola, contribui para sua formação escolar. Diante dessa situação, é
necessário considerar as principais variáveis que interferem no processo
de aprendizagem deste sujeito. Both (2008) explica que a avaliação
é abrangente e não deve ser focada somente na aprendizagem, mas
também no processo do ensino ofertado, no sistema de ensino e nas
competências e habilidades dos docentes.
[...] se avaliação permear todo o processo de ensino-
aprendizagem e se for entendida em todas as suas
dimensões – avaliação do aluno, do professor, da escola
-, possibilitará ajustes que contribuirão para que a tarefa
educativa seja corada de sucesso. (SARAIVA, 2005, apud
BOTH, 2008, p. 27)

Ainda, de acordo com Saraiva (2005) apud Both (2008) ao avaliar


a aprendizagem do estudante, simultaneamente está sendo avaliado
o ensino. Logo, se não existir a aprendizagem esperada, o ensino não
cumpriu com a sua finalidade que é a de fazer aprender.
[...] um sistema de ensino comprometido com o
desenvolvimento das competências e habilidades dos
Educação Inclusiva 31

alunos encontra na avaliação, não um instrumento para


aprovar ou reprovar e, sim, uma referência à análise de seus
propósitos, permitindo-lhes buscar caminhos para que os
alunos sejam bem-sucedidos na travessia da passarela da
aprendizagem. (SARAIVA, 2005, apud BOTH, 2008, p. 27)

Para Both (2008) o objetivo da avaliação deve ir além de identificar


quanto o estudante aprendeu ou aprofundar os conteúdos abordados.
Mas, ao invés disso, analisar quais foram os caminhos que o levaram a
esse conhecimento.

Entre os componentes avaliativos, atualmente, temos: a


competência, a capacidade, a habilidade e a convivência. Segundo Both
(2008) é possível utilizar esses componentes avaliativos tanto no meio
escolar como no extracurricular, para cumprir as exigências do processo
ensino-aprendizagem e da realidade social. O autor precitado explica a
função de cada um desses componentes avaliativos:
Competência – sugere domínio de conhecimentos.

Capacidade – requer saber o que fazer, como aplicar e


relacionar conhecimentos.

Habilidade – pressupõe saber relacionar e aplicar os


conhecimentos, bem como dar-lhes aplicabilidade de
forma criativa e criadora.

Convivência – implica sentir-se valorizado como pessoa


competente, capaz e hábil, fazendo refletir o bem-estar na
convivência social. (BOTH, 2008, p. 118, grifo nosso)

Figura 4 – Interação entre competência, capacidade e habilidade.

Competências Competente

Capacidade Capaz

Promoção e assimilação de
conhecimentos, aquisição de
Habilidade Hábil habilidades, tomadas de atitudes
e mudança comportamental.
Fonte: Both, 2008, p. 118.
32 Educação Inclusiva

De acordo com Both (2008, p. 119), respeitando os objetivos e as


características de cada etapa escolar, o papel da avaliação no contexto
do desempenho do estudante no processo de ensino-aprendizagem
assume a seguinte forma:

• Competência: que o estudante demonstra ter a competência em


promover, dominar e aprender conhecimentos;

• Capacidade: que o estudante demonstre ter a capacidade para


interpretar e relacionar conhecimentos;

• Habilidade: que o estudante demonstre ter habilidade criativa para


saber aplicar conhecimentos e dar-lhes aplicabilidade;

• Convivência: que o estudante saiba “ser-com-os-outros” a partir


dos conhecimentos que domina, interpreta, relaciona e aplica.
Que o estudante saiba valorizar o passado, comprometer-se com
o presente e vislumbrar o futuro, que saiba perceber melhor aquilo
que está procurando perceber, que o estudante procure sempre
conhecer a si mesmo, que saiba identificar, desenvolver e utilizar
suas potencialidades e que se disponha a avaliar, a auto avaliar-se
e a ser avaliado.

Existem algumas modalidades de avaliações aplicadas no ambiente


escolar e utilizadas pelos docentes no processo de ensino aprendizagem:
avaliação formativa e a somativa. Os professores podem optar por utilizar
apenas uma forma ou mais de uma forma de avaliação.

Segundo Freire (2016) a avaliação formativa pode ser contínua e


considera toda a produção dos estudantes em um determinado período,
o que facilita o processo de ensino-aprendizagem. O autor explica que
este formato de avaliação é baseado nos princípios construtivistas, pois
considera mais o modo como os estudantes se desenvolvem ao estudar
um determinado conteúdo do que propriamente o resultado que eles
obtiveram.
Segundo esse raciocínio, serão necessários instrumentos
específicos que possibilitem aos alunos demonstrar suas
aquisições ou dúvidas e, ao professor, avaliar seus alunos.
Antes de selecionar os tipos de instrumentos a serem
utilizados, é necessário conhecê-los, verificando, assim,
Educação Inclusiva 33

suas possibilidades de uso. A partir desse conhecimento,


é possível determinar se eles se adequam aos objetivos
da avaliação.

O intuito dessa avaliação é subsidiar a implementação


e a consecução de políticas públicas, ao mesmo tempo
em que oferece informações e recursos para que os
diversos profissionais da educação possam aprimorar
constantemente seu trabalho. Esse tipo de avaliação
é considerado um ponto de partida de elementos de
acompanhamento de um determinado programa ou
política educacional. (FREIRE, 2016, p. 20)

Já a avaliação somativa, de acordo com Freire (2016) considera


basicamente os resultados, isto é, essa modalidade de avaliação
apresenta números e conceitos objetivos que auxiliam a gestão da escola
e o governo na tomada de decisões, pois ela estabelece uma classificação
para análise do aprendizado obtido pelo estudante.

Mas afinal, qual é o sentido da avaliação? Freire (2016) explica


que hoje a avaliação é referente ao desempenho do estudante, nesta
perspectiva, o que se avalia é própria “qualidade de ensino” ou da
“educação”. Atualmente, existem as avaliações externas, promovidas pelo
governo, como Saresp, Enem, Enade, para avaliar o sistema educacional
ou uma instituição. Nessas avaliações, a avaliação do estudante é relegada
a um segundo plano (FREIRE, 2016).
O plano de ação da escola após o resultado do
desempenho em uma avaliação desse porte é que irá
significar e orientar o trabalho dos docentes. A equipe
gestora, juntamente com os docentes, pode analisar e
investigar o desempenho de sua escola, concentrando-
se nas habilidades e competências que os alunos não
dominam e discutindo com os docentes as possibilidades
de se construir o conhecimento com os alunos a partir de
suas dificuldades. (FREIRE, 2016, p. 22)

SAIBA MAIS:

Para saber mais sobre as normas complementares


necessárias para o cumprimento da Política Nacional de
Avaliação da Educação Básica, leia a Portaria nº 558, de 5
de maio de 2020. Acesse clicando aqui.
34 Educação Inclusiva

Avaliação tradicional e Avaliação inclusiva


Você viu que existem avaliações externas com foco no sistema
e também nas instituições de ensino. Agora vamos analisar a avaliação
interna, isto é, aquela que acontece dentro do ambiente escolar, adotadas
pelos professores para acompanhar a evolução do estudante.

Para iniciar, Lopes (2019, p. 2) faz alguns questionamentos que nos


fazem refletir sobre a avaliação da aprendizagem. Veja os questionamentos
propostos pelo autor:

• Como e quando avaliar?

• A avaliação somente tem avaliado o aluno?

• A avaliação tem fomentado mudanças nas práticas dos


professores?

• Os alunos são sujeitos ativos ou passivos no processo de avaliação?

• Qual a função da avaliação?

• A avaliação tem sido muito mais punitiva e autoritária do que


promotora de novas aprendizagens?

A partir desses questionamentos Lopes (2019) realizou uma pesquisa


bibliográfica para compreender o tipo de avaliação da aprendizagem que
beneficiará a heterogeneidade dos estudantes presentes no ambiente
escolar.

De acordo com Lopes (2019), a avaliação interna é considerada um


problema da educação básica brasileira, pois muitas vezes a sua proposta
não é a busca pela construção de novas aprendizagens e novos níveis de
desenvolvimento para todos os estudantes. Para Franco (1993, p. 25, apud
LOPES, 2019, p. 5), “[...] é evidente que o fracasso escolar, a evasão e a
repetência estão relacionadas com a utilização de modelos inadequados,
parciais e fragmentados de avaliação”.
Educação Inclusiva 35

Faz-se necessário engendrar e colocar em prática ações


educativas com tendências mais democráticas e que
levem os seres humanos a se desenvolverem em várias
direções, o que pressupõe ensinar uma significativa,
relevante e viva base de conhecimentos gerais a todos.
Para Lima (2002, p. 40), as escolas poderão, dentro de suas
limitações e possibilidades, participar da democratização
da democracia. Nesse sentido, acredita-se que os
educadores podem contribuir para a construção de uma
democracia de fato e não apenas como discurso abstrato
ou um tipo de democracia que serve apenas a uma
minoria. (LOPES, 2019, p. 5)

Diante desta perspectiva Lopes (2019) explica que uma avaliação


dialética e inclusiva é necessária, pois:
Com as heterogeneidades de alunos se impondo nas
salas de aulas regulares, as quais, muitas vezes, vêm
sendo negadas por práticas pedagógicas homogêneas e
descontextualizadas da realidade e da vida dos alunos, a
formação do professor deve prever momentos teóricos
e práticos contínuos acerca do ensino voltado para as
heterogeneidades social, biológica, cultural, econômica,
de níveis de aprendizagem e de desenvolvimento,
de interesses, de motivações dos alunos. Acredita-
se que quando a visão ou a concepção pedagógica é
transformada, torna-se mais viável alcançar mudanças
concretas nas práticas educativas. (LOPES, 2019, p. 6)

Entretanto, na prática, ainda está muito presente a avaliação


tradicional, já que a pedagogia tradicional é predominante em muitas
escolas. De acordo com Lopes (2019), a proposta dessa pedagogia é um
mesmo tipo de aula para todos os estudantes, Logo, compreende-se
que todos aprendem da mesma forma, consequentemente, tem-se um
único de modelo de avaliação para todos. Esta proposta de pedagogia
e avaliação nem sempre beneficiará todos os estudantes, devido às
heterogeneidades de alunos das salas de aula regulares.
36 Educação Inclusiva

Figura 5 – Pedagogia Tradicional.

Fonte: Pixabay.

No século XX, surge um novo pensamento pedagógico, a


pedagogia da existência. Lopes (2019) explica que na pedagogia da
existência o estudante passa a ter o papel central no processo de ensino
e aprendizagem. Diante deste contexto, o autor afirma “que uma das
características da pedagogia da existência, aproxima-se de uma das
características da avaliação dialética e inclusiva: a concepção de que
cada indivíduo é único e tem suas especificidades” (LOPES, 2019, p. 7).
Paulo Freire faz críticas à pedagogia tradicional que ele
chamou de pedagogia bancária, por ser conteudista,
com valorização da memorização, etc., defendendo uma
pedagogia ativa, centrada no interesse dos educandos,
na relação dialógica e na troca de conhecimentos entre
educador e educandos. Porém, uma diferença deve ser
observada em relação à pedagogia nova ou escola novista
e, essa diferença, situa-se no fato de que Paulo Freire
esforçou-se para colocar essa concepção pedagógica
(também conhecida como pedagogia libertadora) a
serviço dos interesses das camadas populares. (SAVIANI,
2009 apud LOPES, 2019)

Diante desta perspectiva de Paulo Freire, Lopes (2017) afirma que estar
a serviço dos oprimidos, daqueles que têm suas necessidades educativas
Educação Inclusiva 37

desconsideradas, negadas ou daqueles que são esquecidos nas salas de


aulas regulares por apresentarem dificuldades para acompanhar o ensino
homogêneo, faz toda a diferença enquanto concepção, visão de educação
e de avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem.
[...] na perspectiva da avaliação dialética e inclusiva os
conteúdos devem ser ensinados de forma significativa,
crítica e não alienadora. E como ponto de aproximação
da pedagogia da existência com a avaliação dialética e
inclusiva, a preocupação com o desenvolvimento singular
de cada ser humano, ou seja, a consideração de que
cada sujeito é único e que por isso é necessário pensar
em práticas educativas heterogêneas para atender as
heterogeneidades: biológica, cultural, social, econômica,
de nível de aprendizagem e de desenvolvimento, de
interesse, de motivação. (LOPES, 2019, p. 11)

REFLITA:

“Acredita-se que as reflexões sobre a prática educativa de avaliação


tradicional em confronto com a realidade de alunos cada vez mais
heterogêneos nas salas de aulas regulares e da concepção de
uma educação mais inclusiva (para todos tanto em relação ao
acesso às escolas quanto ao acesso aos saberes escolares), vêm
apontando para a necessidade de se concretizar novas práticas
de avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem. Nesse
sentido, as discussões e reflexões sobre a questão da avaliação da
aprendizagem que é melhor situada quando se trata de avaliação
dos processos de ensino e de aprendizagem (não se concebendo
avaliar apenas o processo de aprendizagem, pois é imprescindível
avaliar também o processo de ensino) colocam-se como relevantes
e necessárias para que novas formas de avaliação sejam propostas
e colocadas em prática na instituição escolar”. (LOPES, 2019, p. 12)

De acordo com Lopes (2019), para mudar o processo de avaliação


interna das escolas deve-se, primeiramente, alterar a forma de ensinar.
Dessa forma, o autor afirma que a avaliação dialética e inclusiva é possível
com uma prática pedagógica transformadora e contra-hegemônica “que
busca superar o autoritarismo pedagógico e visa à participação dos alunos
nos processos de ensino, de aprendizagem e de avaliação numa relação
dialógica e dialética” (LOPES, 2019, p. 13).
38 Educação Inclusiva

Quadro 2 – Avaliação tradicional versus Avaliação Dialética e inclusiva.

Avaliação tradicional Avaliação Dialética e Inclusiva


Não adequada à realidade das turmas Adequada à realidade das turmas
heterogêneas da escola. heterogêneas da escola.
Concepção dominante de educação e Todos os alunos têm oportunidades para
de sociedade (a ideologia burguesa). aprender e se desenvolver.
Considera que todos os alunos Comprometida com os alunos que:
aprendem da mesma forma. não sentem interesse por aulas que
É unilateral no sentido de que, na não consideram seus interesses. Têm
maioria das vezes, avalia somente o suas possibilidades e potencialidades
aluno e este, por sua vez, não pode desconsideradas. Apresentam
avaliar o ensino ministrado pelos dificuldades escolares porque os
professores. níveis de desenvolvimento (zona
Concebe o aluno como sujeito passivo de desenvolvimento real e zona de
que não participa do processo de sua desenvolvimento proximal ou próxima)
própria avaliação. que possuem em relação ao conteúdo
Não fomenta a autocrítica dos que está sendo ensinado nem sempre
professores sobre como se deu ou são ou não são conhecidos e/ou
não se deu o processo de ensino com considerados pelos professores.
vistas à superação ou minimização “Rejeitam” aquilo que os docentes vêm
dos problemas desse processo. tentando ensinar por meio de suas
Preocupa-se mais com a emissão práticas educativas homogêneas, sem
de notas do que com a real muito sucesso, haja vista que uma boa
aprendizagem e desenvolvimento dos parcela de alunos acumula, ano após ano,
alunos e nem sempre colabora para dificuldades escolares de toda ordem nas
o surgimento de novas ações e novas diferentes disciplinas curriculares.
práticas pedagógicas voltadas para o O professor e o aluno precisam ser
atendimento das heterogeneidades. sujeitos ativos no processo de avaliação.
Concepção de avaliação bancária O professor precisa agir como um
e autoritária que vai se preocupar mediador para que aconteçam
apenas com a verificação dos novas aprendizagens e novos níveis
conhecimentos que foram de desenvolvimento para todos os
depositados pelo professor em seus estudantes.
alunos, ignorando os processos, Requer compromisso com os processos
instrumentos e estratégias utilizadas de ensino e de aprendizagem
para assimilação ou rejeição desses (erros, acertos, revisões, reajustes,
conhecimentos. conhecimento e trabalho educativo por
A avaliação é apenas um ato de parte dos professores em relação às
cobrança e não uma atividade zonas de desenvolvimento real e proximal
cognoscitiva, na qual professor e dos alunos diante dos conteúdos que
estudante discutem e refazem o estão sendo ensinados em determinados
conhecimento. momentos etc.).

Fonte: Adaptado de LOPES (2019)..


Educação Inclusiva 39

De acordo com Lopes (2019), a avaliação dialética inclusiva critica


aquilo que não ocorre pela prática da avaliação tradicional de analisar a
realidade sobre a avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem.
Diante desta perspectiva, o autor afirma que a avaliação dialética e
inclusiva é mais adequada para a avaliação no contexto contemporâneo
da instituição escola neste século XXI.
Considera-se que avaliar na escola só faz sentido se o
objetivo maior for o de construir novas aprendizagens e
novos níveis de desenvolvimento junto aos alunos, caso
contrário a avaliação pode perder seu papel principal: o de
ser um processo eminentemente educativo. A avaliação
deve estar a serviço do ensino e da aprendizagem e não
apenas a serviço do burocrático (da emissão de notas),
devendo sempre ser mais um momento para que os
alunos aprendam e se desenvolvam. Sob essa perspectiva,
que é a perspectiva da avaliação dialética e inclusiva,
ensino, aprendizagem e avaliação devem ser entendidos
e praticados numa relação dialética, na qual cada um
desses três processos (que apesar de suas especificidades,
devem ser entendidos como indissociáveis), fomenta, (re)
alimenta e colabora um com o outro para que todos os
alunos possam aprender e se desenvolver nas diferentes
disciplinas do currículo. (LOPES, 2019, p. 17)

Para Lopes (2019) a avaliação dialética e inclusiva contribui para os


processos de democratização da democracia, uma vez que fomenta a
participação ativa do estudante nos processos avaliativos, já que ele tem
a possibilidade de avaliar o ensino e aprender a autoavaliar-se e também
considera os processos e os desenvolvimentos singulares e contínuos
dos estudantes.

É necessário destacar que na avaliação dialética e inclusiva o papel


do professor é ser provocador, mobilizador e mediador da aprendizagem
e não um examinador que utiliza a avaliação para controlar e ter poder
sobre os estudantes, cuja preocupação é com as notas do final de cada
etapa, sendo que estas nem sempre representam de fato se houve ou
não aprendizagem e ensino (LOPES, 2019).
40 Educação Inclusiva

SAIBA MAIS:

Para aprofundar o seu conhecimento sobre a avaliação


dialética e inclusiva e, avaliação tradicional, recomenda-se
a leitura do artigo “Avaliação Tradicional e Avaliação dialética
e inclusiva: contraposições” da autora Silmara Aparecida
Lopes. O artigo foi publicado na revista Multidisciplinar em
Educação, em 2019. Acesse clicando aqui.
Educação Inclusiva 41

RESUMINDO:

Nesta unidade fizemos uma comparação entre o processo


de avaliação tradicional e a avaliação inclusiva. Para iniciar os
estudos, foi apresentada a concepção de avaliação e que
o processo de avaliar deve ser focado na aprendizagem do
estudante no ensino ofertado, no sistema de ensino e nas
competências e habilidades dos professores. Além disso, você
aprendeu que o objetivo da avaliação não deve ser apenas
identificar quanto do conteúdo estudado o aluno aprendeu, mas
também, compreender e analisar os caminhos que permitiram
a ele a construção desse conhecimento. Portanto, diante
desta perspectiva, faz parte dos componentes avaliativos: a
competência, a capacidade, a habilidade e a convivência. Em
seguida, foram apresentadas duas modalidades de avaliação
utilizadas pelos docentes no ambiente escolar: a formativa que
é contínua e que considera toda a construção dos estudantes
durante um determinado período e a somativa que considera
os resultados finais, isto é, notas e conceitos.
Para encerrar essa unidade, explicamos as diferenças entre os
modelos de avaliação interna (tradicional e inclusiva), isto é, que
acontece dentro do ambiente escolar. A avaliação tradicional
considera que existe apenas uma forma de avaliar todos os
estudantes, pois esse modelo está vinculado à concepção da
pedagogia tradicional, que considera que todos os estudantes
aprendem da mesma forma. Foi a partir da pedagogia da
existência, uma prática pedagógica transformadora e contra-
hegemônica, que passou a considerar que cada sujeito é único.
A partir daí, surge a avaliação dialética e inclusiva, em que os
estudantes e os docentes são sujeitos ativos no processo de
avaliação e, ainda, este modelo de avaliação se compromete
com aprendizagem de todos os estudantes, mesmo aqueles
que possuem qualquer dificuldade de aprendizagem ou
aqueles que não têm interesse pelas aulas.
42 Educação Inclusiva

Deficiencias e transtornos objeto da


educação inclusiva
OBJETIVO:

Neste capítulo você irá conhecer alguns tipos de deficiência


muito presentes no ensino regular. O objetivo é identificar
esses tipos de deficiência e reconhecer as necessidades
educacionais especiais dos sujeitos que possuem a
deficiência. Para iniciar, vamos definir o que é deficiência.

A Organização Mundial de Saúde define deficiência como


o nome dado a toda perda ou anormalidade de uma
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica
e, por este conceito, deficiente é todo aquele que tem
um ou mais problemas de funcionamento ou falta de
parte anatômica, acarretando com isto dificuldades de
locomoção, percepção, pensamento ou relação social.
(CAMPBELL, 2009, p. 93)

Segundo Campbell (2009) as deficiências podem ser congênitas,


hereditárias ou adquiridas por doenças, acidentes ou em decorrência
do processo de envelhecimento, com a perda progressiva de alguma
habilidade. Vamos conhecer algumas deficiências?
Figura 6: Deficiências.

Fontes: Pixabay.
Educação Inclusiva 43

Tipos de deficiência
Deficiência física

Esta deficiência está relacionada com a mobilidade do indivíduo,


coordenação motora geral ou da fala. De acordo com Campbell (2009),
esta deficiência pode ser em decorrência de lesões neurológicas,
neuromusculares e ortopédicas, ou também, pode ser devido à má
formação congênita ou adquiridas por meio de acidentes, uso de
medicamentos ou doenças durante a gestação, tais como, hanseníase ou
poliomielite.
É considerada pessoa portadora de deficiência física
aquela que apresenta alteração completa ou parcial
de um ou mais segmentos do corpo, acarretando o
comprometimento da função física, apresentando-
se sob forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia,
monoparesia, tetraplegia, [...]. (CAMPBELL, 2009, p. 95)

SAIBA MAIS:

Leia o artigo Inclusão escolar de alunos com deficiência


física: conquistas e desafios das autoras Flávia Natália
Ramos da Silva e Maria Neli Volpini, publicado em 2014.
O presente artigo explica a necessidade de a escola ter
uma estrutura adequada para atender os estudantes com
deficiência física. Acesse clicando aqui.

Deficiência Auditiva

A deficiência auditiva pode ser categorizada pelo grau de perda:


leve, moderada, severa e profunda. De acordo com Campbell (2009) a
surdez representa a incapacidade parcial ou total de audição. Dessa forma,
o deficiente auditivo é classificado como surdo, “quando sua audição não
é funcional na vida comum. Hipoacústico é aquele cuja audição, ainda
que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva” (CAMPBELL,
2009, p. 96).

Vamos rever um pouco da história das pessoas com esta deficiência


(FERNANDES, 2012)?
44 Educação Inclusiva

As primeiras iniciativas na educação de Surdos, já no século XVI, com


ênfase aos famosos personagens (obviamente não surdos) que a
empreenderam.

A fundação das instituições especializadas pioneiras no contexto


europeu e, posteriormente, no brasileiro entre 1850 e 1950.

Os avanços médicos e tecnológicos que permitiram conhecer a


anatomia e a fisiologia da audição, assim como buscar a cura e o
tratamento dos déficits auditivos, destacando-se nesse ponto as
fonoterapias, os aparelhos auditivos e o imolante coclear.

O embate metodológico entre correntes gestualistas e oralistas na


comunicação e na educação de Surdos, com predomínio da filosofia
oralista, cujo principal objetivo é a reabilitação da audição e da fala
como pressuposto para integração social das pessoas surdas.

Durante um bom tempo as pessoas surdas foram vítimas de uma


concepção equivocada que vinculava a surdez à falta de inteligência
(FERNANDES, 2012). Elas eram marginalizadas pois acreditava-se que,
como elas não podiam falar, não conseguiriam desenvolver a linguagem.
Logo, as pessoas surdas eram consideradas incapazes de pensar,
portanto, não tinham a capacidade de aprender.
Audição é um fator-chave na manutenção de trocas
intelectuais, mas possivelmente ainda mais importante. A
audição dá o sentimento de participação e segurança, e
muitos surdos demonstram uma grande agressividade por
querer se comunicar e não poder ou por não compreender
o que os outros lhe dizem. (CAMPBELL, 2009, p. 97)

Diante deste contexto, é importante evidenciar que a criança surda


precisa do apoio e aceitação dos pais para desenvolver a aprendizagem
e a integração social. Campbell (2009) explica que os pais deverão
promover um ambiente favorável, isto é, necessário ter compreensão e
Educação Inclusiva 45

paciência para repetir incansavelmente as mesmas informações para que


a comunicação seja feita de maneira espontânea. Assim, de acordo com
a autora, ao chegar à fase da escolarização, a criança já estará apta à
inclusão e necessitará cada vez menos dos pais, pois será acompanhada
pelo professor e terá contato com os colegas surdos e ouvintes.

É importante lembrar da Lei 13.146 (Lei Brasileira de Inclusão da


pessoa com Deficiência):
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar,
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e
avaliar:

IV – oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira


língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como
segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em
escolas inclusivas;

XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de


uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar
habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua
autonomia e participação;

§ 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da


Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo,
deve-se observar o seguinte:

I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na


educação básica devem, no mínimo, possuir ensino médio
completo e certificado de proficiência na Libras;

II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando


direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos
cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir
nível superior, com habilitação, prioritariamente, em
Tradução e Interpretação em Libras. (BRASIL, 2015)
46 Educação Inclusiva

IMPORTANTE:

Surdo-mudo: apague essa ideia!


Embora muito usada, as expressões surdo-mudo ou
mudinho, são pejorativas e exemplificam uma visão
preconceituosa sobre as pessoas surdas. Os surdos não
são mudos, apenas não falam porque não ouvem, mas
têm o aparelho fonoarticulatório em plenas condições
de funcionamento para produção vocal, se for o caso.
Há serviços de reabilitação oral, desenvolvidos por
fonoaudiólogos, que têm como objetivo o desenvolvimento
da oralidade, caso as pessoas surdas optem por aprender
essa modalidade de comunicação (FERNANDES, 2012).

Deficiência Visual

As causas da deficiência visual são diversas, inclusive, podem


acontecer antes do nascimento, durante o parto ou durante o crescimento
do indivíduo. A criança com deficiência visual precisa do apoio da família
para se desenvolver e se tornar independente na fase adulta. Entretanto,
ela também precisará de especialistas, médicos e de todas as pessoas
que participam da sua criação. Segundo Mosqueira (2012), o professor
precisa compreender as causas da deficiência e também conhecer
como foi o desenvolvimento dos primeiros anos de vida do aluno, para
que ele possa elaborar os planos que contribuirão para a inclusão e a
aprendizagem desta criança.

Mas, o que é deficiência visual? Campbell (2009, p. 111) define a


deficiência visual com “a redução ou perda total da capacidade de ver
com o melhor olho e após a melhor correção óptica possível”. Existem
vários graus de acuidade visual, tais como:
- a cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos
de 01 no melhor olho após correção, ou um campo visual
não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor
olho, mesmo com o uso de lentes de correção;

- visão reduzida: acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no


melhor olho, após correção máxima. (CAMPBELL, 2009, p.
111)
Educação Inclusiva 47

De acordo com Campbell (2009), como a cegueira representa a perda


total ou o resíduo mínimo da visão, a pessoa precisará utilizar o método
Braille para leitura e escrita. Além disso, a escola deverá fornecer recursos
didáticos e equipamentos especiais para a educação dos estudantes com
deficiência visual total. No caso dos estudantes com deficiência visual
reduzida, o estudante terá condição de ler impressos, desde que tenha
acesso a recursos didáticos adaptados ou utilize equipamentos especiais
que permitam a leitura dos mesmos.

SAIBA MAIS:

Leia o artigo Acessibilidade e inclusão de uma aluna


com deficiência visual na escola e na educação física das
autoras Jane Márcia Mazzarino, Atos Falkencach e Simone
Rissi. Este artigo apresenta uma pesquisa de investigação
sobre como as escolas e as aulas de educação física são
acessíveis e possibilitam a inclusão de uma aluna com
deficiência. Acesse o texto clicando aqui.

Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

De acordo com Associação Brasileira do Déficit de Atenção - ABDA


(2020), TDAH é uma alteração neurológica de causa genética, que surge
na infância e acompanha o sujeito durante toda a vida. Os sintomas são:
desatenção, inquietude e impulsividade. O sintoma de hiperatividade-
impulsividade está relacionado com a dificuldade na escola e também
no relacionamento com os colegas, professores, outras crianças e até
mesmo com a família.
As crianças são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da
lua” e geralmente “estabanadas” e com “bicho carpinteiro”
ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por
muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas
de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas
todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH
podem apresentar mais problemas de comportamento,
como por exemplo, dificuldades com regras e limites.
(ABDA, 2020, online)

Lima (2009) explica que as crianças hiperativas necessitam aprender


a lidar com as regras, a estrutura e os limites da escola. Entretanto, o
48 Educação Inclusiva

seu temperamento não se ajusta muito bem com as expectativas da


escola. Por isso, que de acordo com a autora, os estudantes com TDAH
necessitam de uma atenção maior do professor em relação aos outros
estudantes.
Isso atrapalha no desenvolvimento escolar das crianças
com TDAH, pois para compreender bem a matéria e fazer
uma boa prova, uma criança precisa não apenas exibir
aptidões que estão sendo avaliadas, mas também possuir
a capacidade de ouvir e seguir instruções, prestar atenção
e persistir até que a prova seja completada. A criança deve
ser capaz de parar para pensar qual seria, entre várias as
opções, a melhor resposta possível, portanto, as notas
obtidas nas provas de inteligência muitas vezes refletem
mais a sua hiperatividade que seu potencial intelectual,
portanto as crianças hiperativas também exibem uma
variação normal de aptidões intelectuais, a maioria está
dentro dos limites médios e algumas, ficam abaixo da
média em suas aptidões intelectuais. (LIMA, 2009, p. 18)

SAIBA MAIS:

Assista aos vídeos a seguir para ampliar o seu conhecimento.


Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade:
acesse clicando aqui.
TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade:
acesse clicando aqui.

Autismo

De acordo com Campbell (2009), o autismo é uma deficiência


no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave durante toda
a vida do sujeito. O autor explica que os primeiros sintomas aparecem
tipicamente aos três anos. Entre esses sintomas podem ser mencionados
o comprometimento na interação social, na comunicação e na imaginação.
Esse distúrbio ainda surpreende pela diversidade de
características que pode apresentar e pelo fato de, na
maioria das vezes, a criança autista ter uma aparência
totalmente normal. Mesmo depois de transcorridos
mais de 60 anos desde que foi descrito pela psiquiatria
austríaca Leo Kanner, o autismo ainda não tem suas causas
inteiramente esclarecidas. (CAMPBELL, 2009, p. 119)
Educação Inclusiva 49

As pessoas com autismo seguem um padrão de atividade e


interesses rígidos, repetitivos e comportamento bizarro. Segundo
Campbell (2009) isso dificulta o relacionamento entre as mesmas e seu
ambiente, pois as diferenças, principalmente as incomuns, inesperadas
e bizarras atraem a atenção das pessoas, o que provoca a curiosidade, o
temor e a desconfiança.
Pessoas com esse distúrbio se comportam como se
as outras pessoas não existissem, rejeitam o contato
físico, olha através das outras pessoas como se elas não
existissem e não reagem a alguém que fale com eles ou
os chame pelo nome. Não demonstram suas emoções,
exceto se estiverem bravos ou agitados. Alguns indivíduos
permanecem indiferentes ao que ocorre ao seu redor,
outros são do tipo esquisito, excêntrico, que se aproxima e
interage com as pessoas de forma inadequada, tocando-
as, interrompendo-as e agindo de forma dissonante do
contexto. Alguns se tornam extremamente passivos, mas
amigáveis se a interação é iniciada por outra pessoa.
(CAMPBELL, 2009, p. 122)

Segundo Campbell (2009), referente às dificuldades de


aprendizagem dos estudantes com este distúrbio temos: as dificuldades
organizacionais, distração, dificuldade em sequenciar, falta de habilidade
em generalizar e padrões irregulares de pontos fortes e fracos. Segundo
Campbell (2009, p.121): “embora nenhum destes se aplique à população
inteira dos alunos com autismo, estes problemas de aprendizagem são
vistos em um grau significativo em uma porcentagem grande destes
alunos.”
O desenvolvimento de hábitos sistemáticos e rotinas de
trabalho tem sido uma estratégia eficaz para minimizar
estas dificuldades organizacionais, pois alunos os
alunos autistas não param de trabalhar para planejar
onde começar e como prosseguir. As dificuldades
organizacionais são minimizadas também com as listas
de verificação, as programações visuais e as instruções
visuais, mostrando concretamente aos alunos autistas o
que foi completado, o que precisa ser terminado e como
prosseguir. (CAMPBELL, 2009, p. 124)
50 Educação Inclusiva

ACESSE:

Para saber mais sobre o autismo e a educação, ampliando


o seu conhecimento sobre essa temática, sugerimos que
você assista ao vídeo Autismo e Educação - Conexão
Futura - Canal Futura. Acesse clicando aqui.

Dislexia e Discalculia

O que é dislexia? De acordo com Wjansztejn (2005) apud Carvalho e


outros autores (2010) a dislexia é um distúrbio neurológico, possivelmente
de origem congênita e hereditária, que leva a uma dificuldade específica
de leitura escrita.
Acomete crianças com inteligência normal, sem déficits
sensoriais e que tenham suposta instrução escolar
adequada, mas não é explicada por falta de oportunidade
de aprendizado ou distúrbios emocionais. Ou seja, uma
criança, para ser considerada disléxica não pode ter
nenhum distúrbio sensorial, como por exemplo, perda de
audição, e nem apresentar problemas de ordem psíquico-
emocional. Inicialmente, a dislexia foi identificada pelo
estudioso Morgan, em 1986. Desde então, surgiram várias
teorias e definições que propuseram explicar a dislexia.
(CARVALHO, et al, 2010, p. 67)

De acordo com Carvalho e outros autores (2010), vários


pesquisadores tanto da área de saúde como da educação concordam
que a dislexia é um reflexo do componente específico do sistema de
linguagem, que é o responsável pelo processamento dos sons e da
fala. Assim, os autores precitados explicam que a criança lê as palavras,
entretanto, não processam as letras e não conseguem atribuir significado
às letras.
E, por isso, a dislexia não é uma dificuldade que passa
despercebida em sala de aula. Como fruto desta
dificuldade, o indivíduo disléxico pode apresentar algum
problema emocional. Este distúrbio apresenta um quadro
observável em crianças, que em determinado estágio de
seu desenvolvimento, apresentam alguma inabilidade
em determinada função. Estas inabilidades podem se
apresentar num grau leve, porém são suficientes para
Educação Inclusiva 51

diferenciar determinada criança de um grupo. (CARVALHO,


et al, 2010, p. 67)

Segundo Carvalho e outros autores (2010) muitos dos indivíduos


com dislexia também têm discalculia. Garcia (1998) apud Carvalho e
outros autores (2010, p. 69) classifica a discalculia em:

• Discalculia verbal - dificuldade para nomear as quantidades


matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações;

• Discalculia practognóstica - dificuldade para enumerar, comparar


e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente;

• Discalculia léxica - dificuldades na leitura de símbolos


matemáticos;

• Discalculia gráfica - dificuldades na escrita de símbolos


matemáticos;

• Discalculia ideognóstica – dificuldades em fazer operações


mentais e na compreensão de conceitos matemáticos;

• Discalculia operacional - dificuldades na execução de operações


e cálculos numéricos.
A criança que apresente discalculia, frequentemente,
é capaz de realizar cálculos mentalmente, mas possui
extrema dificuldade de representar esse cálculo
concretamente, escrevendo-o no papel. Essa dificuldade é
proveniente do déficit na organização espacial, e também
pela dificuldade de seguir sequências. Uma conta, por
exemplo, segue uma sequência de números e símbolos
que o aluno com discalculia facilmente perde, confundindo
o processo para o resultado final. (CARVALHO, et al., 2010,
p. 69)

ACESSE:

Para conhecer mais sobre essa deficiência, recomendamos


a leitura do artigo Problemas na educação matemática do
ensino fundamental por fatores de dislexia e discalculia
dos autores Ana Maria Pessoa de Carvalho, Idalci Reis e
Marina Campos Nori. Acesse o artigo clicando aqui.
52 Educação Inclusiva

RESUMINDO:

Chegamos ao final da disciplina Educação Inclusiva!


Durante a caminhada na construção do conhecimento
você aprendeu muitas coisas que serão fundamentais para
sua atuação no sistema educacional do Brasil. Neste último
capítulo apresentamos a definição da deficiência de acordo
com Organização Mundial de Saúde:
“[...]deficiente é todo aquele que tem um ou mais problemas
de funcionamento ou falta de parte anatômica, acarretando
com isto dificuldades de locomoção, percepção,
pensamento ou relação social” (CAMPBELL, 2009, p. 93).
Além disso, você teve a oportunidade de conhecer um
pouco sobre as deficiências mais comuns no ensino regular:
a deficiência física que está relacionada com a mobilidade
da pessoa, a deficiência auditiva que é a incapacidade
parcial ou total de audição, a deficiência visual que é a
redução ou perda total da capacidade de ver, o TDAH que
consiste de uma alteração neurológica, o autismo que é
uma deficiência no desenvolvimento que se manifesta de
maneira grave durante toda a vida do sujeito, a dislexia que
é um distúrbio neurológico e a discalculia que consiste da
extrema dificuldade do indivíduo de representar o cálculo
concretamente, escrevendo-o no papel. É importante
lembrar que o conhecimento não deve parar aqui, busque
sempre conhecer e aprender mais sobre as deficiências.
Educação Inclusiva 53

REFERÊNCIAS
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é TDAH. Disponível em: https://tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e-tdah/.
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ensinando que se avalia, é avaliando que se ensina. 2. ed. Ver. e ampl.
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