Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
INCLUSIVA
Joseuda Borges
Castro Lopes
Alunos com necessidades
especiais: deficiências
múltiplas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A educação especial inclusiva, materializada no Brasil por meio do Decreto
nº. 6.571/2008 (já revogado, substituído pelo Decreto nº. 7.611/2011), é
ainda um desafio para as escolas e os professores, pois as necessidades
especiais de cada aluno revelam que são requeridos tipos de ajuda e
abordagem pedagógica diferentes dos usuais. Elas devem, ainda, estar
previstas e respaldadas no projeto pedagógico, tornando-o dinâmico e
flexível (BRASIL, 2008).
Neste capítulo, você estudará duas necessidades distintas que ilustram
as especificidades — o transtorno do espectro autista (TEA) e as deficiên-
cias múltiplas; como a escola pode ajudar na identificação do autismo em
crianças não diagnosticadas; e verá que o TEA e as deficiências múltiplas
requerem uma adaptação da prática em sala de aula.
2 Alunos com necessidades especiais: deficiências múltiplas
https://goo.gl/JgZ3qn
Alunos com necessidades especiais: deficiências múltiplas 3
autismo;
síndrome de Rett;
transtorno ou síndrome de Asperger;
transtorno desintegrativo da infância;
TGD sem outra especificação.
No site da Associação Brasileira de Autismo (ABRA), você pode ver a cartilha voltada
à prática da educação inclusiva infantil para crianças com autismo, disponível no link
a seguir.
https://goo.gl/isX1oV
https://goo.gl/HWpSS5
Deficiências múltiplas
A deficiência múltipla ocorre quando há duas ou mais deficiências associa-
das, as quais podem ser de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de
comportamento social. Até o momento, não existem estudos que indiquem
quais são as mais recorrentes, e ela tem causas diversas, como pré-natais,
má-formação congênita ou infecções virais, por exemplo, rubéola ou doenças
sexualmente transmissíveis.
As necessidades educacionais devem considerar o grau de comprometi-
mento causado pelas deficiências, o nível de desenvolvimento do aluno, as
possibilidades funcionais, de comunicação e a interação social. Os indivíduos
com possibilidades de adaptação ao meio poderão ser educados em classe
comum adaptada e com uma suplementação curricular; outros necessitarão
de processos especiais de ensino com apoio intenso e contínuo, bem como
currículo alternativo.
De forma geral, além de adaptações educacionais e avaliativas, existe a
necessidade de adaptação física para acesso e outras mais específicas. Se-
gundo Godói (2006, p. 34), essas adaptações de acesso ao currículo são de
responsabilidade da escola e envolvem:
https://goo.gl/gcgA6M
Alunos com necessidades especiais: deficiências múltiplas 7
Segundo McInnes e Treffy (1991 apud NASCIMENTO; MAIA, 2006, p. 11), “[...] a
criança surdocega não é uma criança surda que não pode ver e nem um cego
que não pode ouvir. Não se trata de simples somatória de surdez e cegueira, nem
é só um problema de comunicação e percepção, ainda que englobe todos esses
fatores e alguns mais”.
O filme O Milagre de Anne Sullivan conta como Anne Sullivan conseguiu educar
Helen Keller, uma menina surda e muda que se tornou uma célebre escritora, filósofa
e conferencista, desenvolvendo um extenso trabalho em favor das pessoas com
deficiência. A biografia de Keller pode ser conferida no livro A História da Minha Vida.
Autismo
A escola recebe uma criança com dificuldades em se relacionar, seguir regras
sociais e se adaptar ao novo ambiente. Esse comportamento é logo confundido
com falta de educação e limite. E por falta de conhecimento, alguns profis-
sionais da educação não sabem reconhecer e identificar as características
de um autista, principalmente os de alto funcionamento, com grau baixo de
comprometimento (SANTOS, 2008, p. 9).
Histórico
Autismo é o nome dado a um transtorno descrito pela primeira vez pelo
psiquiatra Eugen Bleuler (1911), em um artigo intitulado “Demência precoce
e o grupo das esquizofrenias”. Bleuler observou que um grupo de pacien-
tes possuía um comportamento muito introvertido, impedindo-os de ter um
relacionamento social. Ele descreve um quadro radical em que se entendia
existir uma ausência da personalidade própria desses indivíduos (ALMEIDA;
ALBUQUERQUE, 2017).
8 Alunos com necessidades especiais: deficiências múltiplas
Traços autistas
Os sintomas do autismo podem começar em qualquer momento da infância,
principalmente antes dos três anos, e variam de intensidade de criança para
criança, que apresentam tanto traços discretos como severos. Não há exames
específicos, como os de imagens, para o diagnóstico, o qual é feito a partir
da observação clínica do médico e de relatos dos pais, da escola e de quem
convive com elas. Portanto, os quadros discretos são mais difíceis de serem
identificados. Algumas pessoas, por exemplo, foram identificadas como au-
tistas somente na fase adulta, porque diagnosticaram seus filhos com um
transtorno severo.
Leia a reportagem da BBC News para conhecer sete britânicas que descobriram ser
do espectro autista quando já estavam na fase adulta, disponível no link a seguir.
https://goo.gl/6TwLHf
Quanto mais rápido for feito o diagnóstico, melhor, pois, de acordo com
Almeida e Albuquerque (2017, documento on-line), “[...] a intervenção precoce
Alunos com necessidades especiais: deficiências múltiplas 9
https://goo.gl/A2K638
Práticas educacionais
Segundo Aranha (2003), a inclusão dos estudantes com necessidades especiais
implica na reestruturação dos sistemas de ensino a partir da qualificação
(capacitação) dos professores e na reorganização do espaço escolar para asse-
gurar aos alunos as condições de acesso e a permanência nas classes comuns.
Portanto, faz-se necessário:
[...] a escola para todos requer uma dinamicidade curricular que permita
ajustar o fazer pedagógico as necessidades dos alunos. Ver as necessidades
especiais dos alunos atendidas no âmbito da escola regular requer que os sis-
temas educacionais modifiquem, não apenas as suas atitudes e expectativas
em relação a esses alunos, mas, também, que se organizem para constituir
uma real escola para todos, que dá conta dessas especificidades.
necessita que lhe sejam ensinadas coisas que a criança normal aprende
sozinha, por isso, o programa deve incluir esse tipo de ensino;
tem perfil de desenvolvimento irregular, que deve ser respeitado;
pode apresentar problemas de comportamento graves e difíceis de
compreender.
[...] o autismo funciona como se fosse uma cultura diferente, já que afeta no
indivíduo a forma como ele come, como se veste, ocupa seus momentos de
lazer, se comunica, etc. O papel do professor de pessoas com autismo equi-
vale ao de um intérprete, fazendo a conexão entre duas culturas diferentes
(MELLO, 2004, p. 29).
Deficiências múltiplas
Segundo Godói (2006), não há necessidade de um currículo especial para as
crianças com múltiplas deficiências, pois as adaptações são realizadas por
meio de objetivos, conteúdos, atividades, metodologias de ensino e avaliação
do aluno, bem como dos elementos organizativos da escola e da sala de aula
refletindo o desenvolvimento dessas crianças e sua faixa etária.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA,
1997. 174 p.
SMITH, D. D. Introdução à educação especial: ensinar em tempos de inclusão. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2008. 480 p.
Leituras recomendadas
ALMEIDA, M. F. O. Deficiência Múltipla. Portal Educação, [s.l.], 2017. Disponível em:
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/deficiencia-multi-
pla/57024>. Acesso em: 5 nov. 2018.
APLICATIVOS para pessoas com autismo. Inspirados pelo Autismo, Florianópolis, 25 maio
2015. Disponível em: <https://www.inspiradospeloautismo.com.br/aplicativos-para-
-pessoas-com-autismo/>. Acesso em: 5 nov. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Decreto Nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe
sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras provi-
dências. Casa Civil – Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7611.htm#art11>. Acesso em: 5 nov. 2018.
CONHEÇA o histórico da legislação sobre inclusão. Todos pela Educação, [s.l.], 29 jan.
2018. Disponível em: <https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/conheca-o-
-historico-da-legislacao-sobre-inclusao/>. Acesso em: 5 nov. 2018.
GONÇALVES, P. P. O autismo e a aprendizagem escolar. Só Pedagogia, Porto Alegre, 12
nov. 2013. Disponível em: <http://www.pedagogia.com.br/artigos/autismo/>. Acesso
em: 5 nov. 2018.
KELLER, H. A história da minha vida: com sua correspondência de 1887-1901 e um
relato suplementar sobre sua educação, incluindo trechos das narrativas e cartas
da professora, Anne Mansfield, por John Albert Macy. Rio de Janeiro: José Olympio,
2008. 455 p.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CUL-
TURA. Declaração de Salamanca: sobre princípios, políticas e práticas na área das
necessidades educativas especiais. Salamanca: UNESCO, jun. 1994. 17 p. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>. Acesso em: 5
nov. 2018.
RAMOS, R. Inclusão na prática: estratégias eficazes para a educação inclusiva. 3. ed.
São Paulo: Summus, 2010. 128 p.
ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. S. Transtornos da aprendizagem: abordagem
neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006. 477 p.
SÓ descobri que tinha autismo depois de adulta. BBC Brasil, [s.l.], 1 abr 2018. Dis-
ponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-43549847>. Acesso em: 5
nov. 2018.