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março de 2008
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Multiculturalismo e
multiculturalidade: recorrências
discursivas na educação musical
Multiculturalism and multiculturality: discursive recurrences in Musical Education
Resumo. A discussão feita neste texto traz algumas contribuições do campo dos Estudos Culturais
contemporâneos feitas às questões sobre cultura e identidade. Sem a pretensão de aprofundar
esses complexos conceitos do referido campo, o objetivo é propor uma alternativa às abordagens
do multiculturalismo, que têm desempenhado papel quase que hegemônico como base para os
estudos em educação musical. Primeiramente, apresento a abordagem do multiculturalismo como
forma administração do convívio entre as comunidades de sociedades multiculturais. Em seguida,
apresento os conceitos de cultura e identidades híbridas para, ao final, problematizar as recorrências
discursivas presentes na educação musical sobre a valorização de todas as práticas musicais.
Abstract. The discussion brought about in this text makes some contributions of the field of
contemporary Cultural Studies to issues related to culture and society. With no intention of deeply
exploring those complex concepts, this text proposes an alternative to approaches of multiculturalism
that have performed an almost-hegemonic role as a basis for studies in Music Education. Firstly, I
presented the approach of multiculturalism as a form of living management in communities from
multicultural societies. After that, I presented the concepts of culture and hybrid identities and, finally,
I problematized the discursive recurrences that are present in Musical Education about valuing all the
musical practices.
O tema da multiculturalidade é bastante pre- sumiu, mas, a partir dessa problematização, discu-
sente em educação musical. Ele tem sido aborda- tir alternativas para questões próprias da educação
do, majoritariamente, através dos aportes teóricos musical, na medida em que ela se insere no movi-
de alguma modalidade de multiculturalismo. Algu- mento geral da cultura contemporânea.
mas delas vêm ao encontro das propostas pedagó-
gicas mais democráticas e participativas, como as De fato, os educadores musicais sentem-se,
de inspiração freireana e a deweyana, o que lhes dá por exemplo, seduzidos pela proposta multicultu-
mais força de penetração nos meios acadêmicos ralista de valorização de todas as manifestações
atuais. Não é intenção, aqui, retomar qualquer tipo- musicais humanas, em detrimento de repertórios
logia das várias formas que o multiculturalismo1 as- etnocêntricos e ideologicamente comprometidos com
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McLaren (1997) fala de pelo menos quatro espécies de multiculturalismo: conservador, liberal de direita, liberal de esquerda e
crítico. Hall (2003) acrescenta à lista o multiculturalismo comercial, o pluralista e o corporativo.
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LAZZARIN, Luís Fernando. Multiculturalismo e multiculturalidade: recorrências discursivas na educação musical. Revista da
ABEM, Porto Alegre, V. 19, 121-128, mar. 2008.
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tenciais que lhe são peculiares são, muitas vezes, ma de um conceito universalizante, a complexa di-
retiradas de cena. O olhar objetificador que a peda- nâmica da realidade. Rorty (1988) atribui o nome de
gogia assume, ao apropriar-se do modelo científico “paradigma da mente como espelho” a esse modelo
para legitimar seu saber, “deixa escapar a experiên- epistemológico, que está na base da concepção de
cia formativa. Esse modo de fazer ciência deixa de ciência, que pretende apreender o imediatismo da
considerar a pluralidade de concepções pedagógi- experiência para, em seguida, representar o que foi
cas, pois aprisiona a educação, trazendo dificulda- apreendido em termos formais e universalizá-lo, atra-
des para o diálogo” (Hermann, 2002, p. 38). O pro- vés de conceitos, para os próximos conteúdos a
fessor, colocado no centro dos processos de ensino apreender. Essa epistemologia pressupõe o contro-
e de aprendizagem nas escolas, inclusive pelas prin- le e a dominação do sujeito sobre o objeto de estu-
cipais teorias pedagógicas, muitas vezes vê-se pres- do, cristalizando todo o movimento de suas relações
sionado e isolado, em um esforço cada vez mais e fixando-o como uma única verdade.
personificado e centralizado em sua figura.
Ao invés, os estudos contemporâneos afir-
O multiculturalismo participa desse movimen- mam que a própria realidade é constituída na lingua-
to, pois muitas vezes celebra a instituição escolar gem. Significa dizer que nada é derivado de um ca-
como local da transformação social, ao mesmo tempo ráter natural ou fixo, mas que tudo é produzido pela
em que esconde os conflitos envolvidos nesse pro- prática social da linguagem. A representação passa
cesso. Muito atenta aos apelos do “politicamente a ter outro sentido, não mais um a priori mental e
correto”, a instituição escolar tende a encobrir, de idealizado, no qual haja uma correspondência ne-
maneira eufemística, sob as mais diversas denomi- cessária e direta entre as palavras e as coisas, mas
nações, a diferença. Assim, os termos para nomear efetivamente construído na prática social exercida
a diferença se sucedem e são censurados ou permi- na linguagem. A essa prática lingüística, que produz
tidos conforme sua aparente correção. Entretanto, é e acumula conhecimento sobre algo, se atribui o
preciso que mudem não apenas a nomenclatura, mas nome de discurso. Ao invés do que possa significar
as representações acerca da diferença. Na próxima para o senso comum, discurso não é simplesmente
seção, discuto como os Estudos Culturais contem- uma fala ou um pronunciamento, mas uma prática
porâneos tratam as questões sobre identidade e di- de linguagem que constitui subjetividades. Somos
ferenças culturais. constituídos por uma série de discursos, como o
médico, o jurídico, o econômico, o artístico, e, no
Cultura e identidades culturais que diz respeito ao foco deste texto, o do
multiculturalismo, todos implicados em relações de
Inicialmente, é importante salientar que cultu-
poder/saber. Por sua vez, poder e saber se relacio-
ra é um termo complexo e polissêmico. Pode signi-
nam mutuamente, no sentido de que todo ponto de
ficar, por exemplo, o cabedal da produção intelectu-
exercício de poder é, também, um lugar de forma-
al e artística herdada por uma sociedade. Ou o con-
ção de saber. O poder “não pesa apenas como uma
junto das “formas de viver” de um grupo, pessoa ou
força que diz não, mas que de fato permeia, produz
sociedade. Pode representar, também, a distinção
coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discur-
entre valores de pessoas de diferentes níveis soci-
so” (Foucault, 2005, p. 8). O poder não é um objeto
ais, como “alta” e “baixa” cultura”, ou “cultura de mas-
que se possui nem um lugar que se ocupa, mas
sa” e “cultura erudita”.
disputa em que se ganha ou se perde.
A abordagem que o campo dos Estudos Cul-
Nossas atitudes e posicionamentos revelam
turais contemporâneos, salientada por Hall (1997a),
o quanto somos determinados por uma multiplicidade
faz sobre a multiculturalidade pressupõe um enten-
de verdades. Portanto, se no “paradigma da mente
dimento específico sobre a constituição de nossas
como espelho”, a linguagem tinha um caráter de ins-
verdades, isto é, a forma como damos sentido às
trumento de atribuição de significado a coisas já
coisas. O meio privilegiado que temos para fazer isso
existentes, para os Estudos Culturais contemporâ-
é a linguagem. Ela manipula um sistema de repre-
neos, a linguagem é a própria instituidora dos senti-
sentações, ou seja, utiliza signos e símbolos para
dos da realidade. Nessa interminável disputa, as ver-
representar conceitos, idéias ou sentimentos. Es-
dades ficam relativizadas, implicadas em um jogo
ses símbolos podem ser sons, escritos, notas mu-
entre as relações de poder e de saber. Essa postura
sicais, imagens eletrônicas, palavras.
implica um questionamento quanto à possibilidade
Contudo, os Estudos Culturais contemporâ- de formação, através da instituição escolar, do futu-
neos apontam como sua preocupação fundamental ro cidadão consciente e autônomo, capaz de decidir
a impossibilidade de que as representações men- livremente sobre seu destino e buscar por si só sua
tais sejam capazes de apreender e fixar, sob a for- felicidade.
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A tranqüilidade aparente esconde uma ânsia car) pode tornar-se um enorme sucesso de vendas
pela teoria definitiva, pela resposta pronta a seus da indústria fonográfica, caso seja descoberto esse
problemas imediatos. É angustiante ao extremo a nicho de mercado. Por sua vez, o interesse por este
insegurança gerada pela não fixação, pela provisorie- ou aquele gênero ou prática musical pode ser produ-
dade e precariedade (no sentido existencial) da edu- zido por uma bem feita campanha de marketing.
cação. Nascida no ideal iluminista da classificação Essa é uma boa metáfora para a dificuldade con-
e da organização científica e responsável por sua temporânea de se perceber em que ponto as coisas
transmissão, a instituição escolar sente-se muito começam ou terminam.
desconfortável quando não organiza e classifica. Não
estou dizendo que isso não seja necessário, bom Outro exemplo ocorre com a atenção atual
ou ruim. Para o bem ou para o mal, certamente é para as práticas musicais das periferias, notada-
produtivo, no sentido de que produz efeitos e conse- mente o rap e funk. Ao mesmo tempo instrumentos
qüências e, afinal, foi nesses termos que se consti- de afirmação identitária de jovens da periferia, gêne-
tuiu nossa forma de viver. ros comerciais de sucesso celebrados pela mídia,
incorporadas e compartilhadas pela classe média,
No que diz respeito à educação musical, a essas duas práticas musicais encarnam essa hibridi-
concepção de fluidez e hibridismo culturais pode ser zação. Em alguns momentos, de acordo com o jogo
pensada em relação às abordagens que o multicultu- de interesses, o rap e o funk podem ser todas, cada
ralismo influencia e que, embora possuam algumas uma, ou outras características mais. A recorrência
variações de estilo, podem ser resumidas na seguinte discursiva, problematizada aqui, corre o risco de não
recorrência discursiva: “Deve-se respeitar e valorizar perceber esses movimentos capilarizados e dinâmi-
todas as práticas musicais”. Implícita a essa afirma- cos que as culturas realizam. Ao contrário, a distân-
ção está a idéia de que música é uma atividade hu- cia estabelecida pela dualidade “nós” versus “os ou-
mana intencional, comunitariamente produzida, tros” marca um olhar turístico e exotizador, pois não
inserida em uma cultura específica (Elliott, 1995) e, penetra nas relações de poder que se estabelecem.
portanto, merecedora de respeito e valorização. Tra- Assim, seria mais produtivo para a educação musi-
ta-se de uma verdade aceita quase sem contesta- cal se ela exercitasse outro tipo de problematização,
ção, a começar pela pretensa correção política que por exemplo: por que algumas práticas musicais são
incorpora. Não se trata de contestar a verdade im- mais valorizadas do que outras? Quais são as con-
posta por esta recorrência discursiva, mas de averi- dições de possibilidade em que se estabelece o
guar as condições de possibilidade em que ela foi binômio popular versus erudito? Quais as represen-
constituída. Afirmar, simplesmente, que toda a práti- tações associadas à cultura erudita, à cultura popu-
ca musical deve ser valorizada, é incorrer em um lar e à cultura de massa, e em que medida essas
dogmatismo ingênuo e arriscado, que creio não deva representações afetam as preferências dos ouvintes?
existir em nenhuma área. É preciso atentar para o
fato de que há muitas coisas atreladas a essa pos- A arte contemporânea lida com sentidos que
sibilidade de valorização ou não de práticas musi- não mais cabem na definição tradicional das belas-
cais de diferentes contextos. artes. A valorização da experiência cotidiana, com
seus conflitos e desencontros, retira da arte a aura
Geralmente a recorrência discursiva citada se de sacralidade que lhe deu o discurso romântico.
refere a uma pretensa distinção entre a cultura eru- Para esse, a criação artística é um processo que
dita, a cultura popular e a cultura de massa. Entre- tem fontes tão insondáveis e misteriosas quanto a
tanto, essa distinção acaba por tornar-se dificultada inspiração divina, a intuição cega e os estados de
pelo entrelaçamento cada vez mais profundo entre ânimo imprevisíveis (Hauser, 2003). Entram em jogo
cultura, mercado e mídia. Esse entrelaçamento cons- alguns valores romântico-burgueses, como a figura
titui-se na medida em que a cultura surge como re- do talento genial, único capaz de dar expressão per-
curso e pode, como tal, ser negociada. Yúdice (2004) feita ao sentimento individual e coletivo e sobre o
afirma que a cultura passou a ser administrada por qual se constitui o gosto. Mesmo a arte moderna,
gerenciadores profissionais, que a encaram como tão provocativa e inquietante, deve suas atitudes à
esfera privilegiada de investimento e catalisadora do herança do espírito romântico. Derivam desse dis-
desenvolvimento humano. O turismo cultural, cujas curso romântico a parcimônia e o cuidado com que
atrações podem ser tanto o artesanato, a a palavras “artista” e “obra de arte” são usadas.
gastronomia, quanto as danças e festividades típi-
cas de certa região, é bom exemplo de como se A aproximação entre arte e cotidiano, a de-
pode promover o desenvolvimento econômico atra- mocratização do acesso e a valorização das práti-
vés da cultura. Não é à toa, também, que o “resgate” cas artísticas dos diferentes contextos são aspec-
da música de raiz (seja lá o que isso queira signifi- tos do processo de desmistificação que a experiên-
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cia estética vem sofrendo, no sentido do transborda- (1998), na continuidade da crítica pragmatista, o iso-
mento de seus limites de experiência contemplativa lamento da ética social e política somente se justifi-
e intelectualizada. Esse transbordamento ocorre no cou quando a arte tinha que se libertar de tutelas
cinema, na televisão, na Internet, na propaganda, nos ideológicas e religiosas, às quais servia como ins-
quadrinhos, no grafite e em tantas outras formas de trumento. Todavia, a separação entre práxis da vida
produção e recepção artística. Ou seja, uma outra e a arte não é, nos dias de hoje, nem proveitosa,
possibilidade de fazer e receber arte surge, mais de nem crível.
acordo com “a proposta levantada pela barbárie da
rua” (Lara, 1996, f. 63), uma arte mais mundana, mais Particularmente, chama a atenção o fato de
próxima das pessoas e de suas vidas. que a experimentação em música é menos aceita
do que em artes visuais. Talvez pelo fato de que nos-
Entretanto, esse movimento de ruptura com o sa cultura seja mais eminentemente visual do que
tradicional e o estabelecido não costuma ser refleti- sonora, a música contemporânea seja muito menos
do na educação musical. Ela conserva um anacro- conhecida e experimentada pelos ouvintes. Mesmo
nismo que ajuda ainda mais a sua rejeição, seja pelas na disciplina de educação musical a preocupação
políticas públicas, seja pelos projetos políticos pe- maior é a reprodução de repertórios consagrados,
dagógicos das instituições de ensino básico ou su- ficando as outras dimensões da experiência musi-
perior, ou pela noção que grande parte dos professo- cal (composição, arranjo, improvisação coletiva ou
res tem sobre essas disciplinas. Tal abordagem já individual) em último plano. A novidade e o inusitado,
encontra um suporte antecipado na expressão “arte muitas vezes, parecem soar como caricaturas so-
de museu”, proposta pelo pensamento pragmatista noras, e as pessoas têm muito pouca paciência para
de Dewey (1980). Essa expressão é usada pejorati- suportar qualquer som ou ruído que soe diferente,
vamente, e há que se considerar que não se refere por exemplo, de uma cadência perfeita ou uma tona-
literalmente às obras de arte que estão nos museus. lidade definida. É interessante notar, inclusive, que a
Ao invés, através dessa metáfora o autor critica a música associada a algum tipo de comportamento
separação que a noção de experiência estética, transgressor ou contestador (como o rock ou o punk),
surgida no século XVIII, impõe entre a arte e a vida conserve as estruturas estabelecidas da música to-
cotidiana. Esse distanciamento é imposto entre as nal, e não a as de alguma vanguarda musical con-
pessoas “comuns” e o círculo de apreciadores, pes- temporânea.
soas com qualidades intelectuais e sensibilidade
requintada, únicas capazes de compreender e fruir a As fronteiras discursivas entre arte da rua, arte
profundidade da experiência estética. O museu, nes- de museu, cultura popular, cultura erudita, cultura
se sentido, torna-se uma catedral, em cujos acervos de massa existem, mas seus limites são, como os
se sacraliza a verdadeira arte e se consagram os de outros territórios pertencentes à cultura, flexíveis
valores da alta cultura. A crítica vai além: não aceita e transitórios. Ou seja, o que pertence a um territó-
que apenas as belas-artes (principalmente a pintu- rio ou a outro é demarcado pela fluidez da lingua-
ra, a escultura, a poesia, a dança, a música) esta- gem. Elas estão no jogo permanente de interesses
beleçam-se de forma hegemônica e institucionalizada que se estabelece entre os diversos discursos que
como verdades artísticas únicas. nos atravessam. Ao insistir em reiterar essa divisão,
a educação musical contradiz discursivamente seu
Não se deve tomar a expressão “arte de mu- compromisso de valorização de todas as manifesta-
seu” a não ser no sentido metafórico, visto que no ções, sejam elas populares ou eruditas. Não estou
sentido literal, a arte que está no museu pode ter dizendo que não existam limites entre o popular e o
características totalmente opostas. A metáfora se erudito. Eles existem, mas devem ser subsumidos
aplica ao discurso da arte de museu preservado e como muito móveis e flexíveis. Por isso, a recorrência
reproduzido ainda fortemente pela educação musi- discursiva da valorização de todas as práticas musi-
cal. Como aponta Goehr (1992), a sala de concerto cais converte-se em mais um travestismo lingüístico
desempenha o papel musical equivalente do museu: que precisa ser problematizado. A educação musi-
um determinado lugar, especificamente destinado à cal deve ficar atenta a esse cenário em que a produ-
contemplação estética da obra de arte musical, que ção e a recepção da arte contemporânea possuem
pressupõe a audiência silenciosa e atenta à a fluidez e a transitoriedade da cultura. Nossa expe-
performance musical. A atitude contemplativa do riência com as imagens e com a música desfaz os
freqüentador que ouve a execução do concerto é limites anteriormente definidos dos territórios do eru-
análoga à do visitante do museu que se detém dian- dito e do popular, da produção de massa e da cultu-
te do quadro ou da escultura. Ao assumir o discurso ra refinada, da arte da rua e da arte de museu, em
da arte de museu, a educação musical torna-se ana- um constante trânsito negociado, produzido na lin-
crônica no sentido de que, como adverte Shusterman guagem, das identidades culturais.
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