Você está na página 1de 5

1.

Avaliação do Processo de Ensino e Aprendizagem


Avaliação escolar
A avaliação escolar apresenta características que demostram sua importância no processo de
ensino e aprendizagem.
Segundo Libânio (1990:195), é uma tarefa didáctica necessária e permanente do trabalho
docente, que deve acompanhar paulatinamente o processo de ensino e aprendizagem, e
através dela, resultados obtidos no decorrer da actividade conjunta entre professor e alunos
são comparados com os objectivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades, e
reorientar para as correcções necessárias. É uma reflexão sobre o nível de qualidade do
trabalho escolar de ambas partes.
Os dados qualitativos ou quantitativos colectados no decurso do processo de ensino são
interpretados em relação a um padrão de desempenho e expressos em juízos de valor, acerca
do aproveitamento pedagógico.
Os objectivos, Conteúdos e métodos devem estar ligados entre si, expressos no plano de
ensino a serem desenvolvidos no decorrer das aulas. Assim, estes explicitam conhecimentos,
habilidades e atitudes cuja compreensão, assimilação e aplicação por meio de métodos
adequados devem se manifestar em resultados obtidos nos exercícios, provas, conservação
didáctica, trabalho independente, entre outros (LIBANEO, 1994, p.200-201).

O Professor Cipriano Carlos Luckesi, citado por Libânio (1990:196), explica que a avaliação
é uma apreciação qualitativa sobre os dados relevantes do processo de ensino e
aprendizagem,
que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. Dados estes, referentes à várias
manifestações das situações didácticas nas quais o professor e os alunos estão empenhados
em
atingir os objectivos do ensino, numa apreciação qualitativa através da análise de provas,
exercícios, respostas e realização de tarefas, entre outras, que permitam uma tomada de
decisão sobre o que deve ser feito em seguida.
Ribeiro e Ribeiro (1990:65) afirmam que a avaliação define um plano de apreciação dos
objectivos de aprendizagem que se visam determinados processos e instrumentos que
permitam evidenciar os resultados reais obtidos. Tanto os que concordam com os objectivos
6
pretendidos como os que dele se afastam, no sentido de melhorar o processo de ensino e o
próprio plano inicialmente construído.
Deste modo, podemos definir cientificamente avaliação escolar, como o elemento chave que
norteia o Professor sobre a qualidade do seu ensino e a respectiva aprendizagem dos alunos.
1.2. Tarefas da avaliação
Nos diversos momentos do processo de ensino, são tarefas da avaliação: a verificação, a
qualificação e a apreciação qualitativa.
1.2.1. Verificação
Diz respeito à colecta de dados sobre o aproveitamento dos alunos, através de provas,
exercícios e tarefas ou meios auxiliares como observação de desempenho, entrevistas, entre
outras.
1.2.2. Qualificação
A qualificação é a comparação dos resultados alcançados em relação aos objectivos, e
conforme o caso, atribuição de notas ou conceitos.
1.2.3. Apreciação Qualitativa
É a avaliação propriamente dita dos resultados, os referindo a padrões do desempenho
esperados.
1.3. Funções da avaliação
A avaliação escolar cumpre pelo menos três funções: Pedagógico-didáctica, de diagnóstico e
controle.
1.3.1. Função Pedagógico-didáctica
Refere-se ao papel da avaliação no cumprimento dos objectivos gerais e específicos da
educação escolar. Ao se comprovar sistematicamente os resultados do processo de ensino, se
evidencia ou não o atendimento das suas finalidades sociais, de preparação dos alunos para
enfrentar as exigências da sociedade, de os inserir no processo global de transformação, e
propiciar meios culturais de participação activa nas diversas esferas da vida na comunidade.
Ao mesmo tempo, favorece uma atitude mais responsável do aluno em relação ao estudo,
assumindo como um dever social.
7
Cumprindo a sua função didáctica, a avaliação contribui para a assimilação, e fixação, pois, a
correcção dos erros cometidos possibilita o aprimoramento, a ampliação e o aprofundamento
de conhecimentos e habilidades, e desta forma, o desenvolvimento das capacidades
cognitivas.
1.3.1. Diagnóstico
Permite identificar progressos e dificuldades dos alunos, e a actuação do professor, que por
sua vez, determinam modificações do processo de ensino, para melhor cumprir as exigências
dos objectivos. Na prática escolar quotidiana, a função de diagnóstico é mais importante
porque é a que dá sentido pedagógico à função de controle.
A avaliação diagnóstica ocorre no início, durante e no final do desenvolvimento
das aulas ou unidades didácticas. No início, se verificam as condições prévias dos alunos, de
modo a os preparar para o estudo da nova matéria. Esta etapa inicial é de sondagem de
conhecimentos e experiências já disponíveis, bem como de provimento dos pré-requisitos
para a sequência da unidade didáctica. Durante o processo de assimilação e transmissão, é
feito o acompanhamento do progresso dos alunos, apreciando os resultados, corrigindo
falhas,
esclarecendo dúvidas, os estimulando a continuarem a trabalhar até que alcancem resultados
positivos. Ao mesmo tempo, essa avaliação fornece ao professor informações sobre como
está
conduzindo o seu trabalho: andamento da matéria, adequação de métodos e materiais,
comunicação com os alunos, adequabilidade da sua linguagem, entre outras.
Finalmente, é necessário avaliar os resultados da aprendizagem no final de uma unidade
didáctica em função do trimestre ou ano lectivo. A avaliação global de um determinado
período de trabalho também cumpre a função de realimentar o processo de ensino.
1.2.3. Controle
A função de controle se refere aos meios e à frequência das verificações e qualificação dos
resultados escolares, possibilitando o diagnóstico das situações didácticas. Há um controle
sistemático e contínuo que ocorre no processo de interacção professor-alunos no decorrer das
aulas, através de uma variedade de actividades, que permite o professor observar como os
educandos estão se conduzindo na assimilação desses conhecimentos e habilidades, e no
desenvolvimento das capacidades mentais. Nesse caso, não se deve quantificar os resultados.
O controle parcial e final se refere às verificações efetuadas durante o trimestre ou ano, caso a
escola exija o exame final.
8
Estas funções estabelecem uma relação de interdependência, não podendo ser consideradas
isoladamente. A função pedagógico-didáctica está referida aos próprios objectivos do
processo de ensino e directamente vinculada às duas funções. A função diagnóstica se torna
esvaziada se não estiver referida à pedagógico-didáctica, suprida de dados e alimentada pelo
acompanhamento do processo de ensino que ocorre na de controle. A função de Controle sem
a diagnóstica e o seu significado pedagógico-didáctico, fica restringida à simples tarefa de
atribuição de notas e classificação.
1.4. Tipos de avaliação
Existem várias formas de avaliar que se distinguem e determinam de acordo com as suas
funções e contexto, mas destacamos três, nomeadamente: a avaliação diagnóstica, formativa e
sumativa. Estes três tipos devem estar interligados e utilizados com frequência, de modo a
aferir os conhecimentos apreendidos, permitindo que o professor prossiga nos conteúdos,
tendo ciência das dificuldades que para trás ficaram.
De acordo com Ribeiro e Ribeiro (1990:66), a elaboração de instrumentos de avaliação
diagnóstica, formativa e sumativa, segue logo a formulação de objectivos com que
directamente se relaciona, permitindo assim, a aperfeiçoar antes de iniciar as operações
seguintes.
1.4.1. Avaliação diagnóstica
No que respeita a avaliação diagnóstica, o professor a deve por em prática antes da
introdução
dos conteúdos, pois, pretende aferir os conhecimentos prévios dos alunos acerca de
determinados conteúdos, servindo assim, de ponto de partida à introdução de novas matérias.
Permite ao professor, ter conhecimento das aprendizagens previamente realizadas pelos
alunos, facilitando a delimitação de estratégias a adoptar.
Ribeiro e Ribeiro (1990:68) definem avaliação diagnóstica como a última operação a se
realizar antes da execução das unidades de ensino planificadas, visando verificar o domínio
por parte dos alunos, de aptidões e conhecimentos indispensáveis à unidade de ensino a
encetar; pode ainda, averiguar se os educandos demostram ter atingido já os objectivos da
9
unidade de ensino proposta, permitindo ao professor, avançar para um ponto mais adiantado
do que previra.
Ao aplicar esse tipo de avaliação, o professor terá mais facilidade em saber se os alunos
possuem os pré-requisitos necessários à nova unidade e se adquiriram alguma aprendizagem
da mesma.
Ainda na página 68, Ribeiro e Ribeiro (1990) explicam que a avaliação formativa ocorre
durante a condução das actividades de ensino, no sentido de ir verificando o progresso da
aprendizagem do aluno e o cumprimento dos objectivos em segmento limitados do programa.
Este tipo de avaliação deve ser posto em prática de uma forma sistemática, acompanhando
todo o percurso formativo dos alunos.
1.4.2. Avaliação formativa
A avaliação formativa pretende determinar a posição do aluno ao longo de uma unidade de
ensino, no sentido de identificar dificuldades e lhes dar solução. Está muito ligada ao
processo
de feedback além do aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem.
Neste tipo de avaliação, os erros indicam faltas que ainda podem ser remediadas por
mudanças no processo de aprendizagem. De acordo com o desempenho e o número de alunos
com deficiência de aprendizagem, cabe ao professor, traçar estratégias de recuperação.
A avaliação formativa pode ser realizada em diversos momentos pelo professor: diariamente,
ao rever cadernos, o dever de casa, perguntas, participação; ocasionalmente, na realização de
provas ou instrumentos mais ou menos formais; e periodicamente, na utilização de testes no
fim das unidades, projectos e outros (Oliveira e Chadwick, 2007).
Deve levar o aluno a regular seu próprio processo de pensamento e aprendizagem, ao invés
de
apenas multiplicar feedbacks, como defende BALLESTER et al. (2003).
10
1.4.3. Avaliação Sumativa
A avaliação sumativa é feita depois de um longo período de aquisição de conhecimentos, e
funciona como uma avaliação final de conteúdos seleccionados como sendo mais relevantes.
Ribeiro e Ribeiro (1990:68), acrescentam que constitui uma espécie de balanço final sobre a
aquisição de aprendizagens, num segmento largo o programa, para o que selecciona aspectos
mais importantes e representativos da matéria sobre a qual incide essa avaliação. Ao contrário
das anteriores, a avaliação sumativa classifica os alunos de acordo com o seu desempenho.
Para BALLESTER et al. (2003), uma avaliação sumativa possui a função social de assegurar
que as características dos estudantes respondam a determinadas exigências feitas pelo
sistema.
Porém, tem ainda uma função formativa de descobrir se os alunos conseguiram atingir
comportamentos previstos pelos Professores, e como consequência, possuíram pré-requisitos
básicos e necessários para aprendizagens posteriores, ou até mesmo aspectos que deveriam
ser
modificados.
1.5. Como avaliar
A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume somente na realização e atribuição de
notas, pois esta tarefa apenas proporciona dados que devem ser submetidos à apreciação
qualitativa. Todavia, o professor deve obedecer os seguintes princípios:
 Estabelecer com clareza o que vai ser avaliado, analisando a inteligência e o
desenvolvimento sócio-emocional.
 Seleccionar técnicas adequadas para avaliar o que se pretende avaliar;
 Utilizar na avaliação uma variedade de técnicas;
 Ter consciência das possibilidades e limitações nos alunos.
 Ter consciência das condições ambientais, infra-estruturais e recursos que a escola
dispõe.
Para que o professor tenha melhores resultados, deve avaliar o aluno não só em provas
escritas mais também em provas como: orais, práticas, ou práticas-orais. É de salientar que os
testes escritos subdividem-se em verdadeiro e falso, de múltipla escolha, lacunas,
enumeração,
correspondência, ordenação, sinónimos e antónimos, entre outros.
11
1.6. Quando avaliar
A avaliação deve ser dinâmica, participativa e objectiva, embora uma das tarefas mais
difíceis
do professor, delas se obtém resultados encetados aos objectivos elencados na planificação.
Deste modo, deve ocorrer não somente ao final das etapas que fragmentam o processo, mas
durante a condução das práticas, dentro do período estabelecido na planificação. Daí que se
considera avaliação, como um processo educativo capaz de confirmar ou redimensionar a sua
programação às relações estabelecidas na dinâmica escolar.
1.7. A auto-avaliação do Professor
A auto-avaliação do desempenho docente constitui um processo intencional e planificado de
recolha e análise de informações sobre trabalho desenvolvido pelo professor no seu contexto
escolar. Sendo o professor a quem compete criar as condições pedagógicas promotoras da
qualidade da aprendizagem dos alunos, é por meio de avaliação do seu desempenho que se
torna possível verificar as competências profissionais para um ensino de qualidade.
O profissionalismo docente é julgado pela concepção de qualidade de ensino adoptado na
avaliação do seu trabalho (DE KETELE, 2010).
Associando o profissionalismo do professor ao seu desempenho docente, Morgado (2004),
concebe a qualidade de ensino como a capacidade dos professores darem respostas adequadas
à diversidades, necessidades e interesse dos diferentes alunos com quem trabalha, lhes
possibilitando condições necessárias ao sucesso escolar.
Para Régnier (2002), a auto-avaliação auxilia na obtenção de maior regulação e melhor
desenvolvimento cognitivo abrangendo a análise crítica do próprio trabalho; compreensão
dos
erros e dos sucessos; comparação de resultados alcançados com os esperados e selecção de
novas estratégias.
O professor deve efectuar a auto-avaliação, e esta deve fazer parte da sua planificação
pedagógica, de modo a ter um conjunto eficiente e sistemático de ferramentas metodológicas
p

Você também pode gostar