Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BIOLOGIA
*
Docente do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás,
Regional Catalão.
1
Objetivos da disciplina
Geral
Discutir os fundamentos teóricos da análise e o desenvolvimento de recursos
didáticos com vistas à formação metodológica, a fim de que o professor tenha
capacidade de elaborar um planejamento que leve o ensino de biologia a formar
cidadãos críticos.
Específicos:
• Compreender a importância da relação entre ciência, tecnologia e
ambiente na sociedade atual;
• estabelecer a importância da educação científica para a educação
básica;
• reconhecer as transformações necessárias ao ensino de biologia;
• compreender os fundamentos teóricos para a utilização dos recursos
pedagógicos e metodológicos para o ensino de biologia;
• elaborar um planejamento de disciplina que contemple a formação de
um cidadão crítico;
• relacionar conteúdos específicos de biologia às diferentes metodologias
e aos recursos didáticos;
• elaborar diferentes recursos didáticos para facilitar o ensino e a
aprendizagem;
• propor avaliações que contemplem as concepções e os objetivos
propostos pelo professor.
Metodologia de estudo
Nesta disciplina serão utilizadas como estratégias educacionais contínuas a
leitura de artigos complementares, elaboração de textos, os resumos, as resenhas, os
planos de disciplina e de aula. Serão também realizadas discussões por meio dos
fóruns virtuais e análise de questões de exames no ensino médio.
Avaliação
A avaliação deste capítulo será realizada em dois momentos: ao longo do
curso e presencialmente. A primeira será o resultado de um processo que envolverá a
participação de cada aluno nas atividades propostas; a segunda será presencial, a ser
realizada no final do módulo e na data indicada pelo calendário da disciplina.
2
UNIDADE I – OS CAMINHOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA: ENSINAR PARA
QUEM?
3
professor das Ciências precisa ter o domínio das teorias científicas e de suas ligações
com as tecnologias, mas não é bastante para um desempenho docente efetivo. A
atuação profissional desses professores, seja de EC ou de EB, necessita de um
conjunto de saberes e práticas que não se resuma a um domínio adequado de
procedimentos, conceitos, modelos e teorias científicas (DELIZOICOV, ANGOTTI e
PERNAMBUCO, 2002).
Independentemente do domínio de conteúdo e procedimentos, os professores
sempre se deparam com a pergunta dos alunos: “Professor, para que serve isso que
estamos estudando?”. Refletindo sobre isso os professores devem se fazer outra
pergunta: “Quais são os saberes que o indivíduo deve possuir para lhe conferir uma
educação básica em relação ao EC/EB e para que possa exercer sua cidadania?”.
A educação científica, como objetivo social prioritário, começou a ser discutida
no final dos anos 1950. A partir da década de 1970, começou a ocorrer a
democratização do acesso à educação fundamental pública, mas foi nas duas últimas
décadas do século XX que a expressão “alfabetização científica” foi utilizada por
pesquisadores responsáveis pelos currículos e por professores de ciências. Em 1999,
durante a Conferência Mundial sobre a Ciência para o século XXI, em Budapeste, foi
declarada a necessidade de favorecer e divulgar a alfabetização científica em todas as
culturas e em todos os setores da sociedade, com o objetivo de melhorar a
participação dos cidadãos na tomada de decisões relacionadas à aplicação dos novos
conhecimentos. Para isso, os estudantes deveriam aprender a resolver problemas
concretos e a satisfazer as necessidades da sociedade, utilizando suas competências
e conhecimentos científicos e tecnológicos (CACHAPUZ et al., 2005).
Como a ciência para todos está presente nas discussões dos educadores, um
ponto crucial dessas discussões seria pensar um currículo básico para todos os
estudantes. De acordo com Marco (2000 apud CACHAPUZ et al. 2005), diferentes
propostas surgiram, mas todas tiveram três elementos comuns para o currículo
científico básico:
4
4- Multidimensional – quando os estudantes aplicam o conhecimento e as
habilidades adquiridas, relacionando-os com conhecimentos de outras áreas,
para resolver problemas reais (KRASILCHIK, 2008, p.12).
5
com processos e resultados ainda pouco acessíveis à maioria das pessoas
escolarizadas, sendo um processo de produção que precisa ser apropriado
e entendido. Assim, a concepção de ciência e tecnologia aponta para um
conjunto de teorias e práticas culturais.
6
do que as atuais. Essas perspectivas implicam em mudanças estruturais e de atitudes
dos envolvidos nessa formação.
7
Um dos maiores acidentes com o isótopo Césio-137 teve início no dia 13 de
setembro de 1987, em Goiânia, Goiás. O desastre fez centenas de vítimas, todas
contaminadas através de radiações emitidas por uma única cápsula que continha césio-
137. O instinto curioso de dois catadores de lixo e a falta de informação foram fatores que
deram espaço ao ocorrido. Ao vasculharem as antigas instalações do Instituto Goiano de
Radioterapia (também conhecido como Santa Casa de Misericórdia), no centro de Goiânia,
tais homens se depararam com um aparelho de radioterapia abandonado. Então tiveram a
infeliz ideia de remover a máquina com a ajuda de um carrinho de mão e levaram o
equipamento até a casa de um deles. O maior interesse dos catadores era o lucro que
seria obtido com a venda das partes de metal e chumbo do aparelho para ferros-velhos da
cidade. Leigos no assunto, não tinham a menor noção do que era aquela máquina e o que
continha realmente em seu interior. Após retirarem as peças de seus interesses, o que
levou cerca de cinco dias, venderam o que restou ao proprietário de um ferro-velho.
[...] As remediações não foram suficientes para evitar que alguns pacientes
viessem a óbito. Entre as vítimas fatais estava a menina Leide das Neves, seu pai Ivo,
Devair e sua esposa Maria Gabriela, e dois funcionários do ferro-velho. Posteriormente,
mais pessoas morreram vítimas da contaminação com o material radioativo, entre eles,
funcionários que realizaram a limpeza local.
O trabalho de descontaminação dos locais atingidos não foi fácil. A retirada de todo
o material contaminado com o césio-137 rendeu cerca de 6.000 toneladas de lixo (roupas,
utensílios, materiais de construção etc.). Tal lixo radioativo encontra-se confinado em 1.200
caixas, 2.900 tambores e 14 containers (revestidos de concreto e aço) em um depósito
construído na cidade de Abadia de Goiás, onde deve ficar por aproximadamente 180 anos
[...].
[...] Atualmente as vítimas reclamam da omissão do governo para a assistência da
qual necessitam, tanto médica como de medicamentos. Fundaram a Associação de
Vítimas contaminadas do Césio-137 e lutam contra o preconceito ainda existente.
http://www.brasilescola.com/quimica/acidente-cesio137.htm
8
UNIDADE II – CONCEPÇÕES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Teorias da aprendizagem
9
aprendizagem é atividade pessoal do aluno e, por isso, os métodos não podem ser
uniformes.
Construtivismo – trata-se de uma linha de pesquisa derivada dos
cognitivistas, que consideram que o conhecimento é edificado pela própria pessoa, no
qual os resultados da aprendizagem dependem dos objetivos, das motivações e dos
conhecimentos que o aluno traz consigo, além do ensino ministrado.
LEITURA COMPLEMENTAR
10
levem à execução dos objetivos propostos devem ser selecionados. Segundo
Krasilchik (2008), o próximo passo é a escolha das modalidades didáticas, às quais
podem ser agrupadas para:
• a transmissão de informações e atividades de grandes grupos (sala de aula
total) – aula expositiva, demonstrações;
• a realização de investigações – aulas práticas, projetos;
• a análise de causas e implicações do desenvolvimento da biologia –
simulações, trabalho dirigido;
• as atividades para pequenos grupos – seminários, trabalhos individuais,
projetos.
11
transporte (disponibilidade de verba e riscos), à autorização dos responsáveis e
disponibilidade de calendário.
12
pedagógicos podem ser potentes aliados na superação desses obstáculos se
escolhidos de forma adequada, não sendo o livro didático o único material para auxiliar
professor e aluno. Inúmeros são os recursos que podem ser utilizados em qualquer
que seja a modalidade didática, que pode ser desde a confecção de um texto de apoio
até uma peça de teatro e recursos tecnológicos.
Um dos recursos mais influentes na compreensão de mundo das pessoas são
os meios de comunicação de massa. Eles estão disponíveis para todas as
preferências individuais: jornais, livros, revistas, estações de rádio, canais de televisão,
filmes e toda a mídia digital. Essa comunicação muitas vezes não está disponível no
ensino formal e, a partir de uma notícia ou qualquer assunto relacionado à biologia,
pode ser feita uma discussão em classe sobre as ideias dos alunos, tornando a
aprendizagem mais expressiva.
As oficinas pedagógicas também trazem uma abertura de espaços de
aprendizado que buscam o diálogo entre os participantes, onde cada um contribui com
sua experiência, sendo o professor o dirigente e, também, o aprendiz. Elas podem
estabelecer uma independência das ações educacionais em relação aos modelos que
priorizam mais uma área do saber do que outra (MARTINS, FREITAS e
FELDKERCHER, 2009).
Em biologia, o estudo de conceitos que envolvem situações que dizem respeito
à saúde dos alunos, aos seus hábitos de lazer, às suas experiências de trabalho ou à
sua explicação sobre fenômenos da natureza torna-os mais motivados para
aprendizagens de caráter científico, ampliando sua visão de mundo e colaborando
para a modificação de hábitos capazes de melhorar sua qualidade de vida.
(DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2002). Diante disso, além da exposição
oral, esses temas devem contar com situações diversificadas e interessantes, como:
atividade extraclasse, atividades práticas, jogos, leitura e escrita, projetos de trabalho,
propostas interdisciplinares, confecção de modelos didáticos, teatro, música, entre
outras.
Nas exposições orais para o ensino de biologia, é fundamental o uso de
imagens, como slides (data show) e filmes (educativo-didático ou não), visto que o
aluno pode ter a noção daquilo que não está presente no seu cotidiano. Também os
modelos didáticos (células, vírus, DNA, órgãos do corpo humano, impressões de
plantas, pegadas etc.), sejam eles industrializados ou fabricados artesanalmente, são
materiais que são de extremo auxílio durante as aulas expositivas. Além disso, esses
modelos podem ser potentes “instrutores” quando o próprio aluno os confecciona
(utilizando biscuit, argila, gesso e outros tipos de materiais), pois exige a
caracterização de detalhes que podem passar despercebidos na visualização de
imagens ou esquemas.
A presença de atividades envolvendo leitura e escrita (síntese ou resenha de
livros, artigos de jornais e revistas) contribui para o rompimento do ciclo cópia e
memorização, favorecendo a compreensão do objeto de estudo. Essas atividades
podem e devem ser planejadas de forma interdisciplinar (aulas de redação, geografia,
matemática etc.).
LEITURA COMPLEMENTAR
13
Recursos pedagógicos para o século XXI
14
e aprendizagem. É um instrumento educacional que possibilita o desenvolvimento de
atividades simultâneas e não simultâneas. Materiais didáticos, links, vídeos,
questionários e vários outros textos podem ser postados nesse software,
possibilitando que o professor personalize seu material de acordo com as
necessidades da turma, do conteúdo e da escola (FARIA e GIRAFFA, 2012).
Essas tecnologias, outras não citadas e futuras inovações exigem um repensar
do processo educativo, pois se apresentam como instrumentos estimuladores da
prática pedagógica, favorecendo a possibilidade de professores e alunos se ver como
sujeitos do processo histórico. O grande entrave é a disponibilização desses recursos
a todas as escolas, professores e estudantes do ensino público e gratuito.
15
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tão importante quanto saber ser (conhecer) e saber fazer é saber avaliar. A
avaliação tem como objetivo principal recolher informações sobre o resultado do
trabalho do professor em relação à aprendizagem do aluno. Ao decidir os objetivos, a
metodologia e os recursos que serão utilizados para o desenvolvimento de
determinado assunto, o professor deve atrelar a forma de avaliação ao seu propósito.
É importante que o professor elabore avaliações que estimem a capacidade de pensar
lógica e criticamente do aluno, e não apenas a capacidade de memorizar informações.
Diante disso, verificamos a grande importância e os cuidados que devem ser
atribuídos ao planejamento da disciplina: conteúdos, objetivos, metodologia e recursos
pedagógicos e avaliação. O sucesso ou fracasso do ensino de biologia depende de
todos esses itens, os quais devem ser criteriosamente planejados.
16
Atualmente, já se pode ver o início dessa transformação quando se observa as
questões de avaliação do ENEM – versão 2014. São propostas questões que utilizam
fatos relacionados à CTSA (noticiário, reportagens, estudo de casos, novidades
científico-tecnológicas etc.), referentes aos conteúdos de biologia, sem exigir do
candidato a memorização de regras e conceitos. O que se exige desses candidatos é
o conhecimento básico para que sejam cidadãos capazes de tomar decisões em
benefício próprio e em prol da sociedade. Mesmo que seja para atender aos objetivos
desse exame, as escolas e os professores estão sendo pressionados e levados a uma
reconfiguração em seu planejamento.
Finalizando, não foi objetivo deste capítulo proporcionar produtos ou receitas
prontas, mas indicar os rumos e as possibilidades para que o ensino de biologia
possua um caráter transformador e mostrar que o ensino de biologia deve ter o
propósito de formar cidadãos críticos e atuantes diante dos avanços da ciência e
tecnologia na sociedade atual.
17
REFERÊNCIAS
MOTA, R. Olhando para o futuro: visões da educação brasileira para os próximos dez
anos. Revista Tecnologia Educacional, v. 30, p. 26-38, 2010.
18
LISTA DE SIGLAS
CD-ROM – Compact disc read only memory (disco compacto somente para leitura).
CTSA – Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente.
EB – Ensino de Biologia.
EC – Ensino de Ciências.
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio.
LDB – Lei de Diretrizes e Bases.
MEC – Ministério da Educação e Cultura.
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais.
PNLD – Plano Nacional do Livro Didático.
19
20