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Universidade Pedagógica
Faculdade de Ciências de Linguagem Comunicação e Artes
Maputo. Junho de 2023
Laice Fernando Laice
Universidade Pedagógica
1 Introdução
O processo ensino-aprendizagem é um substantivo para um complexo sistema de interacções
comportamentais entre professores e alunos. Mais do que “ensino” e “aprendizagem”, como se
fossem processos independentes da acção humana, existem processos comportamentais que
recebem o nome de “ensinar” e de “aprender”. Processos constituídos por comportamentos
complexos e difíceis de perceber. Principalmente por serem constituídos por múltiplos
componentes interagindo entre si. Os próprios comportamentos são passíveis de percepção e de
definição científica a partir da identificação dos seus componentes e das interacções que
estabelecem entre si, os quais constituem os fenómenos que recebem os nomes de “ensinar” e de
“aprender”. A interdependência dos dois conceitos é fundamental para entender o que acontece
sob esses nomes. Sua percepção e entendimento constituem algo crucial para o desenvolvimento
de qualquer trabalho de aprendizagem, de educação ou de ensino.
2 Conceitos
Segundo Libâneo (1994, p. 90) “a relação entre ensino e aprendizagem não é mecânica, não é
uma simples transmissão do professor que ensina para um aluno que aprende.” Ele mesmo
concluiu que é algo bem diferente disso “é uma relação recíproca na qual se destacam o papel
dirigente do professor e a actividade dos alunos.”
Dessa forma podemos perceber que “O ensino visa estimular, dirigir, incentivar, impulsionar o
processo de aprendizagem dos alunos.” Ensinar envolve toda uma estrutura que tem por
finalidade alcançar a aprendizagem do aluno através de conteúdo. A relação de ensino e
aprendizagem não deve ter como base a memorização, por outro lado os alunos também não
devem ser deixados de lado sozinhos procurando uma forma de aprender o assunto, o professor
nesse caso sendo apenas um facilitador (Libâneo, 1994).
Segundo Libâneo (1994, p. 91) “O processo de ensino, ao contrário, deve estabelecer exigências
e expectativas que os alunos possam cumprir e, com isso, mobilizem suas energias. Tem, pois o
papel de impulsionar a aprendizagem e, muitas vezes, a precede.” Para que os alunos possuam
um ponto de vista que fuja do empírico e do senso comum é preciso conteúdos com caráter
científico e sistemático, dentre os diversos pontos que o autor cita, vale destacar que o aluno
precisa ter assimilado o conteúdo anterior antes que um novo seja transmitido. E o professor anos
após anos necessita de um aprimoramento e actualização da matéria que lecciona (Libâneo,
1994).
Podemos dizer que, talvez, uma das qualidades mais importantes do professor seja a de saber
lançar pontes (ligações) entre as tarefas escolares e as condições prévias dos alunos para
enfrentá-las, pois é daí que surgem as forças impulsoras da aprendizagem (Libâneo, 1994, p. 95).
2.2 Aprendizagem
Aprender é o processo de assimilação de qualquer forma de conhecimento, desde o mais simples
onde a criança aprende a manipular os brinquedos, aprende a fazer contas, lidar com as coisas,
nadar, andar de bicicleta etc., até processos mais complexos onde uma pessoa aprende a escolher
uma profissão, lidar com as outras.
Dessa forma as pessoas estão sempre aprendendo (Libâneo, 1994). Para que se possa haver
aprendizagem é necessário que haja todo um processo de assimilação onde o aluno com a
orientação do professor passa a compreender, reflectir e aplicar os conhecimentos que foram
obtidos, assim à aprendizagem é observada com a colocação em prática por parte do aluno dos
conhecimentos que foram transmitidos durante uma aula ou actividade.
Para que se possa haver a aprendizagem é preciso um processo de assimilação activa que para ser
efectivo necessita de actividades práticas em várias modalidades e exercícios, nos quais se pode
verificar a consolidação e aplicação prática de conhecimentos e habilidades (Libâneo, 1994). É
de conhecimento, entretanto, que tal prática não anula as outras, mas que o processo de
assimilação activo é composto de diversos componentes como os objectivos, conteúdos, métodos
e formas organizativas.
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Outro factor de suma importância é a motivação que pode acontecer de duas formas distintas,
intrínseca e extrínseca, ela é um factor muito importante para que aconteça a aprendizagem. A
motivação é intrínseca quando se trata de objectivos internos, como a satisfação de necessidades
orgânicas ou sociais, a curiosidade, a aspiração pelo conhecimento; é extrínseca, quando a acção
da criança é estimulada de fora, como as exigências da escola, a expectativa de benefícios sociais
que o estudo pode trazer, a estimulação da família, do professor ou dos demais colegas.
(Libâneo, 1994, p. 88)
Para que a aprendizagem seja efectivada é preciso que o professor organize o conteúdo de uma
maneira a atender as necessidades do aluno para que o aluno descubra suas possibilidades.
Aprender de forma alguma pode ser comparado ou relacionado com a decoração de conteúdos
que em nada acrescenta nos pensamentos e habilidades do estudante. A aprendizagem é algo que
modifica o pensamento, não se trata de uma estagnação onde os conteúdos em nada influenciam
na forma do individuo agir.
Para que se possa haver a aprendizagem o aluno necessita ser estimulado com conteúdos de seu
alcance, textos que tratem de sua realidade. Somente quando o aluno demonstra através de
acções alguma forma de mudança crítica podemos dizer que realmente existiu a aprendizagem.
3 Características do PEA
O processo de ensino-aprendizagem é uma actividade particular que se distingue pelas suas
características próprias. Assim, dentre outras características, podemos dizer que o PEA apresenta
as seguintes características:
Carácter social
O trabalho docente é influenciado por vários aspesctos sociais, pois o PEA surgiu com o
desenvolvimento/aumento constante do património sócio-cultural e técnico-científico da
sociedade. É a sociedade que o organiza, determinando os objectivos, motivos, conteúdos, meios
e métodos do PEA. É a sociedade que o organiza, determinando os objectivos, motivos,
conteúdos, meios e métodos do PEA.
Assim sendo torna-se importante reflectir sobre o sentido da actividade docente, quer dizer:
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Diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, a ideia de educação não é
a mesma e, consequentemente, os propósitos de educação e do PEA também não são os mesmos,
havendo, inclusive, possibilidade de adaptações no interior da mesma nação em função das
características dos alunos (sobretudo no que diz respeito ao nível de progresso e dificuldades de
aprendizagem), do contexto social e regional onde se localiza a escola, etc.
O PEA é um processo contextualizado cuja finalidade é conseguir a partir do nível de partida dos
alunos, chegar à uma verdadeira aprendizagem destes com o apoio do trabalho didáctico do
professor.
Carácter educativo
Assim, é impossível, no verdadeiro sentido, educar sem instruir e vice-versa, daí que, como se
reflecte na figura abaixo, a educação e a instrução estão intrinsecamente unidos e se relacionam
dialecticamente no PEA, apesar de que o alcance dos objectivos da educação é resultado mais
que o ensino, é resultado de todo o conjunto de influências que actuam sobre o aluno/educando.
A instrução tem como enfoque principal o objectivo de desenvolver nos alunos o saber e o saber
fazer, enquanto quando falamos da educação se tem em vista o desenvolvimento do saber ser e
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estar. Mas como vemos na figura, ao realizarmos a educação, ao mesmo tempo se instrui (quem
poderia ser bem educado diante de pessoas idosas se não pudesse lembrar, enunciar, as regras
principais de comportamento que se espera desse indivíduo diante dessa situação?); o mesmo
vemos que ao instruir (ex.: para condução de uma viatura) o indivíduo deve ser educado para o
respeito das normas (neste caso, de trânsito rodoviário), sem as quais a condução automobilística
se transformaria num autêntico problema para a circulação e bem-estar das pessoas.
Uma determinada pessoa que se distingue na sociedade pelas suas qualidades e traços.
Para Fernández (1998), as reflexões sobre o estado actual do processo ensino-aprendizagem nos
permite identificar um movimento de ideias de diferentes correntes teóricas sobre a profundidade
do binómio ensino e aprendizagem.
Entre os factores que estão provocando esse movimento podemos apontar as contribuições da
Psicologia actual em relação à aprendizagem, que nos leva a repensar nossa prática educativa,
buscando uma conceptualização do processo ensino-aprendizagem.
Quando falamos do carácter sistemático e planificado do PEA isto significa que este processo:
Tem objectivos
Tem programas com conteúdos estruturados
Decorre num ano lectivo estruturado (com horários e outras actividades planificadas)
Os alunos estão distribuídos por classes na base de um critério especificado (ex: critério
idade, talento no caso de sistemas de ensino diferenciado, etc).
As actividades a realizar na sala de aula são previstas com antecedência, em função das
características dos alunos e do professor, da mateira a ensinar, dos objectivos, dos
meios/condições materiais e humanos existentes, etc.
PEA é regido por leis que se exprimem em regularidades, primeiro, assumimos que a lei
expressa as relações gerais, necessárias, essenciais, reiteradas e relativamente constantes do
mundo real. Assim, nas ciências pedagógicas existem as chamadas relações didácticas legítimas
(que são reiteradas, essenciais, estáveis e internas).
4 Conclusão
Findo o presente trabalho concluímos que, O processo de ensino-aprendizagem é uma actividade
específica que se distingue pelas suas características próprias. Assim, de entre outras
características, destacam-se as seguintes: carácter social, pois visa formação visando a
socialização e integração de cada membro da jovem geração. carácter educativo, visto que há
relação indissociável e/ou dialéctica entre instrução e educação. Carácter instrucional, porque
visa o desenvolvimento de habilidades, capacidades e experiências práticas, isto é, o saber fazer.
O desenvolvimento da personalidade. Carácter dialéctico, pois é um processo dinâmico onde
ocorrem contradições como forças motrizes para o desenvolvimento do aluno e do professor,
pelas contradições entre querer e poder, nível actual e realização das tarefas de ensino-
aprendizagem. Carácter sistemático e planificado, pois há uma organização científica das
actividades. E por fim é regido por leis que se exprimem em regularidades.
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5 Bibliografia
Fernández. F. A (1998). Didática y optimización del processo de enseñanza-aprendizaje. IN:
Instituto Pedagógico Latinoamericano y Caribeño – La Havana – Cuba,