Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
● Fatos
● Habilidades motoras
Funciona dessa maneira como uma fonte de conhecimento (reinterpretação de eventos
passados), e também de justificação para o conhecimento.
Aristóteles
A memória, assim como a imaginação, são para Aristóteles indissociáveis de uma
capacidade de gerar imagens ou o que ele chamaria de Phantasmata.
Essa capacidade (Phantasmata) gera as imagens mentais (phatasma), que se assemelham às
imagens da percepção, que são utilizadas pela imaginação e também armazenadas na
memória.
“Memory, even the memory of objects of thought, is not without an image. So memory will
belong to thought in virtue of an incidental association, but in its own right to the primary
perceptive part. And this is why some other animals too have memory, and not only men and
those animals that have judgment or intelligence. But if memory were one of the thinking
parts, not many of the other animals would have it” (Aristotle ~350BCE/2004, 450 a)
Imagens mentais e percepção
O efeito Perky - Pessoas podem confundir percepção com imaginação dadas as condições
favoráveis. Isso demonstra que de fato as imagens mentais têm grau de similitude grande com
as imagens da percepção.
“We find that, under suitable experimental conditions, a distinctly supraliminal visual
perception may be mistaken for and incorporated into an image of imagination, without the
least suspicion on the observer's part that any external stimulus is present to the eye. The
perception may be of such definite- ness that instructed and competent observers, in presence
of it, have declared our results 'incredible' and have pronounced the stimulus 'ridiculously
real.' Yet there was not one uninstructed observer who discovered the deception for himself. It
follows that the image of imagination must have much in common with the perception of
everyday life.” (Perky 1910, 450)
Afantasia
“Visual imagery is, for most of us, a conspicuous ingredient of everyday experience,
playing a prominent role in memory, daydreaming and creativity. Galton, who pioneered
the quantitative study of visual imagery with his famous ‘breakfast-table survey’, reported
a wide variation in its subjective vividness (Galton, 1880). Indeed, some participants
described ‘no power of visualising’. This phenomenon has received little attention since,
though Faw reported that 2.1–2.7% of 2,500 participants ‘claim no visual imagination’
(Faw, 2009).” (Zeman; Dewar; Sala, 2015)
Diferentes taxonomias de memória
Diferentes taxonomias de memória levam em consideração diferentes aspectos da
memória:
● Extensão de armazenamento
● Tipo de conteúdo (Teorias de conteúdo de primeira ordem)
● Tipo de consciência (Teorias fenomenológicas)
● Tipo de informação autobiográfica
Memória de longo e curto prazo
Diferentemente do senso comum, também podemos diferenciar memória de curto prazo e
memória de longo prazo (ATKINSON; SHIFFRIN, 1968; WAUGH; NORMAN, 1965).
Essa é uma diferenciação que não figura, tão frequentemente, na literatura mais recente
sobre a memória, mas que guiou e impactou diversos estudos dentro do campo psicológico
(MICHAELIAN; SUTTON, 2017a).
Memória de longo e curto prazo
É uma taxonomia que tem como elemento central a extensão temporal do armazenamento
da memória.
A memória de curto prazo está relacionada ao armazenamento de conteúdos que perduram
por poucos segundos ou minutos na consciência do indivíduo.
A memória de longo prazo está relacionada ao armazenamento de conteúdos que podem
perdurar por toda vida do indivíduo.
Caso do Paciente HM
H.M. sofreu durante toda a sua infância e adolescência de um caso grave de convulsões
incapacitantes que não podiam ser controladas apenas por medicação anticonvulsionante.
Uma solução para o problema de H.M. foi proposto e realizado por William Beecher
Scoville, que consistia na remoção das áreas cerebrais relacionadas às suas convulsões,
que estavam localizadas principalmente em seus lobos temporais mediais.
Brenda Milner
Origem inglesa, nascida em 1918 (104 anos)
Professora de neurocirurgia na Universidade McGill, assim
como professora de psicologia no Montreal Neurological
Institute.
Milner acompanhou o caso de HM até seu falecimento.
Foi responsável pela descoberta dos múltiplos sistemas de
memória (factuais, eventos, e motores).
Caso do Paciente HM
Após a remoção dos lobos temporais de H.M., apesar do sucesso em conter seu caso de
epilepsia, sintomas relacionados às suas capacidades de memória foram notados e
devidamente relatados (MILNER; CORKIN; TEUBER, 1968; SCOVILLE; MILNER,
1957). H.M. desenvolveu um caso grave de amnésia anterógrada para eventos e fatos,
bem como um caso de amnésia retrógrada.
Amnésia anterógrada - Incapacidade de formar novas memórias
Amnésia anterógrada - Incapacidade de se lembrar de eventos armazenadas anteriormente
ao evento causador da amnésia.
Caso do paciente HM
Os estudos sobre memória de H.M. deram aos pesquisadores razões para suspeitar que a
memória para eventos e a memória para fatos poderiam ser armazenadas de forma
diferente no cérebro, uma vez que H.M. poderia, até certo ponto, aprender novas
informações factuais e motoras, embora completamente incapaz de adquirir novas
memórias.
Memória declarativa e não declarativa
Memórias também podem ser distinguidas entre aquelas que temos acesso consciente
daquelas que não temos acesso consciente (Squire, 2009)
Memórias não declarativas: São geralmente memórias que o conteúdo não pode ser
verbalizado pelo indivíduo. Ex: Lembrar-se como andar de bicicleta, ler um livro, tocar
um instrumento).
Memórias declarativas: São memórias que o conteúdo pode ser verbalizado pelo
indivíduo. Ex: Lembrar-se do seu aniversário de 10 anos, lembrar-se que “2+2=4”, etc.
Memória declarativa e memória não declarativa
“Primeiro, a memória é uma função cerebral distinta, separável de outras habilidades
cognitivas. Segundo, dado que H.M. se saia tão bem quanto outros da sua idade na
retenção de um número ou uma imagem visual por um curto período, o lobo médio-
temporal não é necessário para memória imediata. Terceiro, as estruturas danificadas em
H.M. não são os repositórios últimos da memória, porque ele reteve suas memórias
remotas de infância.” (Squire, 2009, p. 12711, minha tradução)
Endel Tulving
De origem Estônia, porém naturalizado canadense.
Professor Emérito da Universidade de Toronto.
Seus trabalhos se voltaram para os estudos sobre a
natureza da memória e são de grande influência para o
pensamento contemporâneo, tanto psicológico quanto
filosófico sobre a memória.
Memória episódica, semântica e procedural
A classificação de memórias mais utilizada contemporaneamente foi proposta pelo
psicólogo Endel Tulving em 1972.
Nela Tulving pretende fazer uma distinção entre por um lado a memória de eventos e por
outro a memória de conhecimentos.
Memória procedural - Memórias para habilidades motoras.
Memória semântica - Memórias para fatos abstratos sobre o mundo.
Memória episódica - Memórias para eventos (Informação WWW (what-where-when))
Antecedentes
Para guiar seu propósito de clarificação, Tulving parte do conceito de memória semântica,
que já havia sido proposto anteriormente por M. Ross Quillian em 1966 em seu livro
“Semantic Memory”.