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O Que É A Memória, Na Visão Da


Psicologia?
Será que Aristóteles, René Descartes, William James, Hume e Bertrand Russell
tem algo a nos ensinar sobre a memória? Como será que esse termo era
definido nos tempos antigos? Será que a memória, como ensinada hoje, é a
mesma dos primórdios da filosofia? E a psicologia, como atua acerca
da memória das pessoas?
Esse artigo é um tanto quanto esclarecedor não apenas para quem gosta
da psicologia, mas também para quem tem o interesse em notar como o termo
“memória” foi sendo estudo com o passar dos anos. Mente, Memória,
Consciência, Recordação, Esquecimento… O que os antigos estudiosos diziam
sobre isso? E como eles foram importantes para chegar ao pensamento
moderno, que usamos hoje em dia?
Leia este artigo e entenda essa breve história!

A Definição da Memória nos Dias Atuais


A memória é um dos processos cognitivos existentes que tem sustentação na
aquisição e na evocação de conhecimentos adquiridos, assim como das
experiências, das informações e de outros elementos. Logo, a memória torna-se
uma condição de sobrevivência. Mesmo porque ela cria o “eu”, ou seja,
a identidade pessoal, onde nos torna possível adaptarmos ao meio em que
vivemos atuando em harmonia com outros seres vivos.
Dentro da Psicologia existe o que os especialistas chamam Processos
Psicológicos Básicos, que nada mais são caracterizadas pelas Funções
Mentais, como a sensação, a percepção, a memória, o pensamento, linguagem,
motivação, aprendizagem e outros. Tudo isso está ligado intrinsecamente com
os processos adquiridos pela pessoa, principalmente de vivência e experiência.
Logo, a Psicologia seleciona algumas dessas funções dos processos
psicológicos básicos. São eles:
 A CODIFICAÇÂO, que envolve o processo de entrada e registro da
informação e a capacidade de mantê-la ativa para o
armazenamento,
 O ARMAZENAMENTO, que envolve a manutenção da informação
codificada pelo tempo necessário para que seja recuperada e
utilizada quando for evocada,
 A EVOCAÇÃO, também chamada de Reprodução, que se
caracteriza pela recuperação da informação registrada e
armazenada, para que possa ser usada por outros processos
cognitivos como pensamento, linguagem, etc.
Posterior à isso, é preciso entender que a memória é classificada como de Curto
Prazo, Longo Prazo, Autobiográfica, Episódica e Sensorial. Essa definição é
bastante focada na psicologia, já que outras áreas as separam apenas como de
curto e longo prazo.

Assim, dá para entender que a Amnésia é a perda ou dificuldade de


armazenamento ou recuperação das informações e, por isso, tem que ser
tratada como lesão ou trauma.
Processos Psicológicos Básicos
Já os Processos Psicológicos Básicos, como citado no início do texto também
recebem divisões, e são classificados da seguinte forma:

Emoção: É um estado mental subjetivo que está associado aos sentimentos,


comportamentos e pensamentos. Logo, desempenha papel central no ser
humano já que podem alterar a atenção e o nível de comportamento em
diferentes situações. É considerado, no linguajar menos culto, como um
depósito de influências aprendidas e inatas.
Pensamento: É a capacidade de compreender e formar os conceitos. Faz a
ligação dos conceitos por meio de elementos de outras funções mentais e cria
novas representações, ou seja, novos pensamentos. O pensamento, por sua vez,
possibilita uma associação de dados que está interligando com a solução de
problemas e a tomada de decisões, por exemplo.
Linguagem: É a capacidade de receber, interprestar e emitir informações. Ela
apenas reflete a capacidade do pensamento, logo, se uma pessoa tiver um
transtorno de pensamento, a sua linguagem será prejudicada. Ela se desenvolve
junto com os processos cognitivos.
Sensação: A sensação é a resposta sensorial ou objetiva à um estímulo do meio.
Assim, ela detecta sons, objetos, odores, entre outros, de modo que a função
pode ser classificada conforme a natureza objetiva.
Percepção: É a capacidade de captar estímulos do meio para o processamento
da informação. Os órgãos dos sentidos é que fazem essa captação, ou seja, o
processamento cerebral vai depender da visão, do tato, entre outros.
Justamente por isso é considerada uma características subjetiva.
Assim, sobre esses 5 tópicos acima é possível notar que a memória não retrata
uma realidade perfeita, de maneira inquestionável, isso porque as lembranças
estão totalmente influenciadas pelas emoções e pela experiência, mas isto faz
com que uma reconstrução da informação possa ser recebida no decorrer do
tempo.

Ainda acerca desse tema, podemos fazer uma breve definição sobre
o Esquecimento, que nada mais é do que a incapacidade de recuperarmos os
dados. Ou seja, ele é um aliado da memória, pois, só o esquecimento tem um
caráter seletivo e adaptativo, mesmo porque ele seleciona aquilo que nos é útil
e elimina o que está em desuso.

O Estudo da Memória com o passar do


tempo
Na história, a memória é estudada há muito tempo. Santo Agostinho, por
exemplo, chegou à igualar a mente à memória, dizendo que o funcionamento
psicológico depende, diretamente, da memória. Logo, a aquisição de hábitos e
a compreensão de significados são uma continuidade da capacitação da
memória. Isso ele disse no século IV.
Hoje, podemos notar que a teoria de Agostinho faz uma ligação, ainda que
remota, entre os conceitos da psicologia da memória de Aristóteles e os
modelos contemporâneos da ciência cognitiva, nos quais a memória está
distribuída.
Faremos agora, então, uma breve explanação sobre a história do estudo da
memória com o decorrer do tempo. Vamos começar com o filosofo Aristóteles,
passar por Bertrand Russell e chegar à modernidade, acompanhe e entenda
todo o processo!

Aristóteles
Para a maioria dos filósofos, a memória, a imaginação e a percepção eram
modalidades distintas de conhecimento do mundo. Isso acontecia pela análise
da relação entre a vivacidade de imagens, os sentimentos e os julgamentos da
realidade. É em Aristóteles que se encontra a 1ª reflexão psicológica
sistemática sobre a experiência da memória, no escrito Tratado Sobre a Alma.
Conforme a teoria, a memoria é contrastada com a recordação, sendo que a
recordação é uma prerrogativa dos humanos. Portanto, há a distinção entre a
capacidade de lembrar:

1. A memória (mime): uma função da faculdade primária de senso-


percepção, que constitui a representação após um lapso de tempo
percebido, e
2. A recordação (anamnhseos): consiste na interação dos objetos da
memória e é um estado especial da consciência.
Nessa formulação, toda memória está implicada em um tempo decorrido, ou
seja, só quem tem e percebe o tempo, é capaz de lembrar-se de fatos e
acontecimentos e informações.

Hume
No Tratado da Natureza Humana, Hume também se dedicou a estudar
a memória, distinguindo-a das fantasias. Para ela, a principal característica que
separavam ambas não eram as ideias simples e nem mesmo a forma como elas
estavam associadas. Na verdade, a imaginação podia representar todos os
objetos que a memória, porém essa vivacidade seria representada como um
sentimento quanto à ideias.
Para ele, as imagens determinam um evento ou objeto e se ele será dito como
passado ou não. Esse sentimento constitui um 1º ato de julgamento sobre a
realidade. Logo, distinguir lembranças de imaginações só é possível quando as
primeiras citadas são mais fortes e vividas.

William James
No seu célebre Princípios de Psicologia, James considerou a memória através
da distinção da memória primária e secundária.
1. Sendo que a primária diz respeito à percepção dos objetos em um
passado intuitivo, logo, a imagem que caracteriza mais os sentidos
trazem a recordação do objeto.
2. A memória secundária, ou a memória propriamente dita, implica na
consciência do passado e na experiência de recorda, estando ciente da
reativação de uma experiência que já passou.
René Descartes
Na obra Meditações Metafísicas, Descartes fala sobre a sua total descrença na
memória, já que ela tem como principal fonte de subsídios os sentidos. Para ele,
os sentidos não são bons porque foram responsáveis em transferir a ele o que
tido como verdadeiro e seguro e isso o enganou em determinado momento.
Assim, René conclui que esses sentidos o enganaram e, por isso, não são
confiáveis.

“Tudo que recebe, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro,


aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos: ora, experimentei algumas vezes que
esses sentidos eram enganosos e é de prudência nunca se fiar inteiramente em
quem já nos enganou uma vez”.

George Berkeley
Outra concepção é vista por George, que vai, inclusive, na direção oposta de
Descartes. Para Berkeley, os sentidos atuam como coparticipantes na formação
da Memória e, assim, são úteis ao conhecimento humano, conforme dito na
obra Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano.
“É evidente a quem tome para examinar os objetos do conhecimento humano,
que eles também podem ser ideias atualmente impressa através dos sentidos,
ou também semelhante às percebidas por atender as paixões e as operações do
espírito ou finalmente as ideias formadas por ajuda da memória e imaginação,
também compondo, dividindo ou simplesmente representando aqueles
originalmente percebidas de modo supracitado”.
Para Berkeley, então, tudo o que é objeto de conhecimento humano é
percebido e esta percepção é realizada pelos sentidos (olfato, tato, paladar,
audição, visão). Um pensamento totalmente avesso ao de Descartes.

Bertrand Russell
A Análise da Mente é uma obra clássica de Russell, onde ele ressalta
a influência da memória no processo de conhecer o mundo, considerando que
toda forma de conhecimento pressupõe alguma modalidade de memória.
Para ele, se o conhecimento pode ser atingido de coisas que estão além da
nossa própria experiência profissional, o que para ele só ocorre pelo fato de que
podemos relembrar e agrupar vários fragmentos de nossas experiências
pessoais.

Ele cita também o “monismo materialista”, uma teoria que diz que toda
realidade é física e que os fenômenos mentais são rearranjos da matéria física.
Por fim, Russel diz que não existem objetos irreais de conhecimento, tanto a
imaginação, como uma relação de familiaridade, pode ser tão real como
sensação. Já á sensação é familiar com o objeto e o objeto da sensação é
simultaneamente presente no assunto.

Assim, memória é uma relação em que o sujeito lembra-se de um


conhecimento passada com um objeto especifico, enquanto que
simultaneidade é a sucessão de estabelecer relações temporais entre um objeto
e outro.
Com isso, memória coincide com a recordação de eventos passados, sendo que
essa capacidade gera a formação da imagem do evento e uma crença de que a
imagem se refere. Logo, as imagens fazem parte da memória verdadeira e são
diferentes daquelas da imaginação, justamente porque são acompanhadas de
sentimento.
Reprodução: Google

Bônus: Conheça Maurice Halbwachs


Talvez fosse muito injusto se não falássemos um pouco sobre o Maurice. Ele foi
um sociólogo que se destacou pelos trabalhos sobre a memória coletiva. Para
ele, por mais que tenhamos percepção dos eventos já vividos, nossas
lembranças permanecem coletivas e podem ser evocadas por outros.
Conforme o autor, jamais estamos sós, mesmo quando os outros não estão
presentes fisicamente, pois carregamos o pensamento.

“Para confirmar ou recordar uma lembrança, não são necessários testemunhos


no sentido literal da palavra, ou seja, indivíduos presente sob uma forma
material e sensível”.

Segundo Maurice, ao lado de uma memória coletiva podemos identificar outra


aparentemente individual, que está enraizada em diferentes contextos que a
simultaneidade ou a contingencia aproxima por um instante. “A rememoração
pessoal está situada na encruzilhada das redes de solidariedade múltiplas em
que estamos envolvidos”.
Logo, a memória coletiva engloba todas as memórias individuais, mas não se
confunde com elas, já que evolui conforme as suas próprias leis.
“Para você evocar o seu próprio passado, em geral, a pessoa precisa recorrer às
lembranças de outras, e se transportar a pontos de referencia que existem fora
de si, determinados pela sociedade. Mais do que isso, o funcionamento
da memória individual não é possível sem esses instrumentos que são as
palavras e as ideias, que o individuo não inventou, mas toma emprestado do
seu ambiente”.
Acha que a discussão acaba por aí?

Estudo Revela Nova Teoria Sobre a


Formação da Memória
No início de abril, um estudo feito por pesquisadores do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT) e publicado na revista Science mostrou novos indícios
sobre a rota da memória. Eles rastrearam, pela primeira vez, as recordações
desde o registro até serem recordadas. Os resultados mostraram que as
lembranças são registradas em várias partes do cérebro ao mesmo tempo.
O que desmistificou as teorias mais aceitas sobre o tema.

“O trabalho abre portas para a compreensão da memória e de outros sistemas


cognitivos, como os motores e sensoriais e suas funções, ampliando nossos
conhecimentos sobre os mistérios do cérebro”, disse o neuropsicólogo Paulo
Jannuzzi Cunha, pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP).
Ainda conforme o estudo, as recordações são acessadas pelo hipocampo para
só depois serem resgatadas em outros locais. A pesquisa torna-se importante
porque pode abrir caminho para o tratamento de doenças mentais, como
o Alzheimer, além de condições de dependência química e de estresse pós-
traumático.

10 Dicas Comprovadas para Melhorar a


Memória
Bem, depois desse aulão sobre história, psicologia e memória, não há dúvidas
de que a memória ainda é um campo aberto para novas pesquisas. Porém, o
que é concreto é que ela pode ser melhorada. Logo, traz grandes benefícios.
Independente dos motivos que você queira ter uma memória um pouco mais
potente existe algumas dicas que são comprovadas, se não cientificamente, ao
menos na prática, onde pessoas que aplicam afirmam que elas geram
resultados.

Separamos as 10 mais indicadas. Confira:

1 – Saia do modo “Multitarefa” – A atenção é um dos principais componentes


da memória, assim, para que a informação possa sair da memória de curto
prazo e ir para a de longo prazo, é necessário concentrar a atenção na
informação. Quando você for estudar ou memorizar algo, é importante, então,
estar em um lugar sem distrações e que permite essa concentração. Logo, o
estímulo se destaca e a memorização é facilitada.
2 – Organize o seu Tempo – Já está comprovado que alunos que estudam
regularmente aprende mais do que aqueles que estudam tudo de uma única
vez. Bom, nem precisa falar mais nada, não é? Não deixe tudo para a última
hora, faça de forma gradual e progressiva. Estudar aos poucos é importante pra
que o seu cérebro tenha tempo de codificar a informação e armazená-la na
memória de longo prazo.
3 – Torne tudo mais fácil – Os pesquisadores têm demonstrado que a
informação se organiza na memória em grupos, ou seja, organizar os materiais
de estudo e agrupar conceitos semelhantes é uma ótima forma de tornar o
estudo mais fácil. Fazer resumos e tomar notas durante a leitura também
auxiliam no processo de memorização.
4 – Estude com Humor – As técnicas mnemônicas são utilizadas para lembrar
de informação, não é decorar é memorizar. Elas funcionam como atalhos que te
permitem associar algo concreto ao que queremos lembrar. São várias as
técnicas que podem ser utilizadas e lembre-se que nosso cérebro tem mais
facilidade por aquilo que é diferente, curioso ou engraçado.
Conheça Algumas Técnicas Mnemônicas para otimizar o
seu estudo!
5 – Adicione Informações aos Poucos – Para recordar uma informação é
preciso codificar o que está estudando na memória de longo prazo. Sabendo
disso, é preciso aprofundar no conceito progressivamente. Leia a definição,
depois estuda a palavra e entre em detalhes. Repita o processo sempre que
possível.
6 – Adicione Significados – Quando você se depara com o estudo de uma
material novo e desconhecido, pense em como pode relacionar ele com aquilo
que você já sabe. Estabelecer relação é um ponto crucial para quem quer
memorizar informações. A relação entre as novas ideias e o que já está na
memória é meio caminho andado no processo de memorização.
7 – Visualize Conceitos – A visualização faz parte das melhores técnicas da
memorização. O importante é prestar a atenção às imagens, como fotos,
diagramas e gráficos. Cores também ajudam e muito, além dos símbolos. Isso
tudo faz parte do mapeamento da mente. Então, aposte nos desenhos, que isso
facilita a sua lembrança.
8 – Leia em Voz Alta – Também está na comprovação de pesquisas! Ler em voz
alta melhora significativamente o processo de memorização. Além disso, ensinar
outros colegas também é uma ótima forma de memorizar conteúdo.
9 – Comece pelo que é Fácil – A ordem da informação tem papel importante
no processo de memorização e uma técnica interessante é reestruturar a
informação, começando sempre por aquilo que é mais fácil de ser memorizado,
o que vai otimizar o seu tempo.
10 – Mude a Rotina de Estudos – Quebrar a rotina, vez ou outra, faz um bem
danado. Aumente a eficácia dos esforços porque isso ajuda a melhorar a
recuperação de informações. Alterne o local de estudos 1 vez na semana, mude
os horários ou algo que vai te trazer uma mudança. Mas sempre fique atento
para voltar a rotina, se você se tornar um ambulante, isso pode te fazer pecar
pelo excesso.

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