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Consciência, memória, instinto,

razão e emoção
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Consciência
As teorias da consciência estão presentes, principalmente, na Filosofia ao considerar que a
consciência é a faculdade humana para decidir ações e se responsabilizar pelas
consequências dos atos. Experimentos sobre a percepção levaram os teóricos ao
questionamento acerca da relação de causa e efeito entre o estímulo e a resposta —
porque entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo, encontra-se o
processo de percepção. Sendo que, o que o indivíduo percebe e como percebe são dados
importantes para a compreensão do comportamento humano. Por exemplo, quando
prestamos atenção ao estado mental em que nos encontramos, estamos
introspectivamente conscientes de tal estado. Isso é diferente da maneira como os
estados mentais são conscientes quando nós não estamos intencionalmente focados
neles. Podemos dizer então que introspecção é a consciência atenta, deliberadamente
focada em nossos estados mentais.

Dentro dos estudos em neurociências, essa teoria aponta que a atividade motora nem
sempre está ligada à consciência, por não estar necessariamente na dependência dos
centros cerebrais superiores. Um exemplo disso são os reflexos, nos quais um estímulo
chega à medula espinhal antes de chegar aos centros cerebrais superiores. Os receptores
proprioceptores fornecem informações sobre a posição e os movimentos das partes do
corpo, sendo que essas informações têm dois alvos principais: o cerebelo e o córtex
cerebral. O cerebelo usa essas informações para suas funções de coordenação motora,
enquanto a informação enviada ao córtex é a base da consciência sobre as partes do
corpo (por exemplo, a posição de nossos pés), chamada de cinestesia (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2002; PURVES, 2010).

Memória
Uma das mais intrigantes e mais complexas funções do encéfalo é a capacidade de
armazenar informação proveniente de experiências passadas e evocar grande parte dessa
informação intencionalmente. Memória é o nome dado ao mecanismo de codificação,
armazenamento e evocação dessa informação, assim como, igualmente fascinante (e
importante) é a capacidade natural que temos de esquecer informações.

A amnésia pode ser definida como sendo a incapacidade de aprender novas informações
ou de evocar informações que já tenham sido adquiridas. A importância da memória na
vida diária tornou a compreensão desses diversos fenômenos um dos maiores desafios
das modernas neurociências.

Os seres humanos possuem dois sistemas diferentes de armazenamento de informação: a


memória declarativa e a memória não declarativa. A primeira representa o
armazenamento (e a evocação) do material que está disponível para a consciência e pode,
em princípio, ser expresso mediante a linguagem (por isso, é “declarativa”). Como
exemplos de memória declarativa podemos citar a capacidade de se recordar de um
número de telefone. Já a memória não declarativa (também chamada de memória de
procedimentos), não está disponível à percepção consciente, envolvendo habilidades e
associações que são, em geral, adquiridas e evocadas em um nível inconsciente. Como

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exemplos de memória não declarativa podemos citar: a ação de discar o telefone.

Além dos tipos de memória, esta também pode ser categorizada de acordo com o tempo
durante o qual é efetiva, sendo dividida em 3 (três) categorias:

1. Memória imediata: capacidade rotineira de manter na consciência, durante


frações de segundo, experiências em andamento.
2. Memória de trabalho: capacidade de manter e manipular informações na
consciência durante segundos a minutos, enquanto ela é utilizada para atingir um
determinado objetivo comportamental.
3. Memória de longa duração: retenção de informação de forma mais permanente,
durante dias, semanas ou mesmo durante toda a vida (LENT, 2010; PURVES, 2010).

Razão
O estudo da razão tem sido de grande interesse nas pesquisas sobre o comportamento
humano, principalmente na ciência, pois os afetos têm sido vistos como deformadores do
conhecimento objetivo. O termo pode ser conceituado como sendo “o conjunto de
atividades mentais que envolvem a conexão de ideias racionais que se sobrepõem às
emoções”. A psicologia postulava que a principal característica humana era a razão, visto
que ela permitia ao homem se sobrepor aos instintos, que seriam a base da
irracionalidade. Ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como essência
humana, Sócrates abre um caminho que seria muito explorado pela Psicologia.

A racionalização aponta que o indivíduo constrói uma argumentação intelectualmente


convincente e aceitável, que justifica os estados “deformados” da consciência, isto é, uma
defesa que justifica as outras. Portanto, na racionalização, o ser humano, devido ao ego,
coloca a razão a serviço do irracional e utiliza para isto o material fornecido pela cultura,
ou mesmo pelo saber científico. Como exemplos podemos citar as justificativas
ideológicas para os impulsos destrutivos que eclodem na guerra, no preconceito e na
defesa da pena de morte. A Psicanálise de Freud recupera para a Psicologia a importância
da afetividade e postula o inconsciente como objeto de estudo, quebrando a tradição da
Psicologia como ciência da consciência e da razão.

No campo da neuroanatomia, observações clínicas sugerem que a amígdala e o córtex


pré-frontal estão envolvidos não apenas no processamento das emoções, mas também
participam do complexo processamento neural responsável por aquilo que consideramos
pensamento racional (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002; PURVES, 2010).

Emoção
Podemos definir uma emoção como sendo uma reação imediata que é provocada por
algum estímulo emocional, que pode ser um sentimento ou um acontecimento. As
emoções são características essenciais da experiência humana, podendo ser variadas e
distintas, como felicidade, surpresa, raiva, medo e tristeza, sendo que todas elas têm
algumas características em comum: todas as emoções são expressas tanto por meio de
mudanças viscerais motoras como por meio de respostas motoras somáticas

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estereotipadas, em especial movimentos dos músculos faciais. Os centros neurais de alta
ordem que coordenam as respostas emocionais têm sido agrupados sob a denominação
de sistema límbico, que apresentam um papel fundamental no processamento das
emoções. Evidências indicam que uma fonte de emoção é a estimulação sensorial
proveniente de músculos e órgãos internos, por exemplo, a antecipação de um encontro
romântico pode levar à ativação neurovegetativa e a fortes emoções.

A experiência da emoção – mesmo em um nível subconsciente – tem uma influência


poderosa sobre outras funções encefálicas complexas, incluindo as faculdades neurais
responsáveis pela tomada racional de decisões e os julgamentos interpessoais que guiam
os comportamentos sociais. Estudos mostram que parece possível que a produção,
consciente ou inconsciente, de imagens mentais, desencadeie estados emocionais que
envolvem tanto uma alteração real da função motora somática e visceral quanto a
ativação de representações neurais (LENT, 2010; PURVES, 2010).

Instinto
É um ponto conhecido o de que os animais são dotados de capacidades inatas chamadas
instintos. Instinto se refere a um impulso interior comportamental, no qual um animal,
inconscientemente, comete atos para sua sobrevivência.

Os instintos seriam, então, a base da irracionalidade. Por exemplo, a libido, segundo


Freud, seria “a energia dos instintos sexuais e só deles". Algo intrínseco dos animais,
estando ligado à preservação da espécie. Contudo, ao se ultrapassar o limite do aceitável,
entra-se em um estado de pulsão – o impulso do inconsciente. Hume denomina este
instinto como sendo um costume ou hábito, visto que para ele, a natureza humana é
dotada de disposições e instintos, todos de utilidade para a sobrevivência do ser humano
e o hábito seria um instinto que se desenvolveu uma vez que as formas de vida, capazes
de prever cada vez melhor as regularidades causais, tendem a ser cada vez mais estáveis
em sua relação com as outras formas e com o ambiente em geral (MATOS, 2007).

Charles Darwin, por sua vez, aponta que a capacidade humana de linguagem e de
conhecimento é o que distinguiria a espécie humana de outros animais, partindo do
fundamento de que homens e animais compartilham uma série de instintos naturais, além
da capacidade de aprender e, por isso, é possível modificar seu comportamento a partir
da experiência adquirida (MATOS, 2007).

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Referências
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo
de psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva, 2002.

LENT, Robert. Cem Bilhões de Neurônios Conceitos Fundamentais de


Neurociências. 2ª Edição, Editora Atheneu, 2010.

MATOS, José Claudio Morelli. Instinto e razão na natureza humana, segundo Hume e
Darwin. Scientiæ Studia, São Paulo, v. 3, n. 5, p. 263-286, dez. 2007.

PURVES, D et al. Neurociências. 4ª Edição, Porto Alegre: Editora Artmed, 2010.

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