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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL

INSTITUTO DE PSICOLOGIA

Bianca de Albuquerque Lima


Mônica Victória dos Santos Farias

FICHAMENTO: PERCEPÇÃO

MACEIÓ - AL
2023
Bianca de Albuquerque Lima
Mônica Victória dos Santos Farias

FICHAMENTO: PERCEPÇÃO

Trabalho de apresentação solicitado pela disciplina de


Processos Psicológicos Básicos 1 do curso de graduação
em Psicologia da Universidade Federal de Alagoas,
como requisito parcial de nota.

Docente: Ma. Luciana Carla Lopes de Andrade

MACEIÓ - AL
2023
OLIVEIRA, Andréa O.; MOURAO-JUNIOR, Carlos Alberto. Estudo teórico sobre
percepção na filosofia e nas neurociências. Neuropsicologia Latinoamericana, Calle , v.
5, n. 2, p. 41-53, 2013 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2075-
94792013000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos
em 24 mar. 2023. http://dx.doi.org/10.5579/rnl.2012.0083.

O artigo foi escrito por Andréa O. Oliveira e Carlos Alberto Mourão-Júnior, tendo
como principal objetivo analisar o conceito de percepção no âmbito filosófico e
neurocientífico.
Duas grandes idealizações em relação a percepção e sensação já existiam no campo
da filosofia: o empirismo e o racionalismo.
No século XX, as mudanças ocasionadas pela fenomenologia e pela teoria da gestalt
alteraram essas duas concepções por meio desse novo conhecimento científico.
O conhecimento sensível pode ser determinado como conhecimento empírico ou
experiência sensível, suas principais formações são dadas por meio da sensação ou percepção.
A prática sensível é compreendida como uma reação do corpo imediata a determinado
estímulo externo, entretanto não é possível diferenciar se esse estímulo é externo ou um
sentimento interno.
Por meio da sensação podemos tocar, sentir, ouvir, ou até mesmo acessar camadas
íntimas da nossa mente através do contato direto com as coisas sensíveis, tal como a dor e o
prazer.
A percepção é definida como uma síntese de variadas sensações que ocorrem ao
mesmo tempo no formato da percepção, dessa maneira não podemos defini-la como uma só
coisa, mas sim um aglomerado de sensações complexas ou elementares.
No racionalismo, eles tem como principal meio de conhecimento a razão, desse modo
a mente humana seria o único caminho para chegar a uma verdade concreta, a qual não
poderia ser colocada em dúvida.
Para o teórico racionalista René Descartes, o espírito possui três tipos de ideais: as
idéias adventícias, a qual se resultam das sensações, percepções e lembranças. As ideias
fictícias, que são construídas na nossa imaginação e as ideias inatas, aquelas totalmente
baseadas na racionalidade.
O racionalismo, a percepção e a sensação são dependentes do sujeito e o objeto
externo seria apenas o meio para que a sensação ou a percepção atuem.
A passagem da sensação para percepção é um ato efetivado pela consciência do ser,
o qual organiza os seus sentidos às sensações.
Os empiristas, defendem a teoria que nossas ideias são construídas a partir da
experiência, elas que geram o nosso intelecto.
O filósofo empirista George Berkeley, acreditava que a percepção é o único meio
correto, pois tudo que conhecemos é derivado de como essa percepção se dá internamente em
cada indivíduo.
Para Berkeley, um determinado objeto físico é resultado do ajuntamento de sensações
experimentais, o mundo é baseado na experiência individual.
Por tanto, para o empirismo, a percepção e a sensação dependem das coisas externas,
resultado de alguma experiência do indivíduo com o exterior.
O conhecimento é obtido pela soma e associação das sensações na percepção e tal
soma e associação depende da frequência , da repetição e da sucessão dos estímulos externos
e de nossos hábitos (Luijpen, 1973).
O filósofo e historiador David Hume, conhecido por ser um empirista radical defende
que existe uma diferença entre as percepções do espírito, por exemplo, quando uma pessoa
sente a dor do calor excessivo e posteriormente relembra essa sensação que estava em sua
memória.
Hume declara que todas as ideias e percepções mais fracas são resultados de
impressões ou percepções vivas, diante disso um cego não pode ter conhecimento das cores
e nem o surdo dos sons.
Os Empiristas, definiam a sensação como um resultado de causa e efeito, onde as
coisas seriam a causa e o nosso corpo o aparelho sensorial de receptores isolados. Por esse
motivo, a percepção é considerada o meio que organiza as partes das sensações em uma
síntese.
A Fenomenologia e Gestalt, mostraram que não existe diferença entre a percepção e
a sensação, pois não existem sensações parciais, ou seja, elas são separadas por cada
qualidade e depois o espírito organizaria esse conjunto em uma só percepção.
A sensação e a percepção de alguma coisa acontece quando percebemos sua cor, seu
cheiro, suas partes e não algo que possui qualidades isoladas que enviam estímulos para
nossos órgãos dos sentidos, como os empiristas acreditavam.
A percepção se organiza em um campo perceptivo, instantaneamente. Essa interação
não é causada por determinado objeto sobre o indivíduo, ela acontece quando ocorre uma
relação entre elas e o sujeito e entre o sujeito e elas.
Já para a neurociência, a percepção é a capacidade, nos seres humanos, de associar
informações sensoriais à memória e à cognição, formando assim os conceitos acerca do
mundo e sobre nós mesmos, orientando nosso comportamento (Lent, 2010). Desse modo,
compreende-se que a percepção é dependente dos sentidos, mas traz a esses uma experiência
mental particular.
Um dos pontos que diferencia a percepção das sensações é a constância perceptual, a
capacidade de compreender e dar um significado aos estímulos sensoriais, ou seja, num
exemplo das operações sensoriais visuais, o mesmo objeto pode ser entregue a retina de
diferentes formas (pela posição do sujeito, pela iluminação do ambiente, pelo contato do
objeto com outros sujeitos) e o que faz com que o sujeito possa identificar como o mesmo é
essa constância.
Por estar estritamente ligada aos sentidos, a percepção pode se caracterizar como
visual, auditiva, somestésica etc. Esse processo psicológico básico é compreendido em
etapas, sendo a primeira analítica, na qual as informações perceptivas chegam fragmentadas
nessas categorizações sensoriais. Todavia, os indivíduos percebem o mundo como totalidades
integradas, o que levou os neurocientistas a crer que na fase de natureza sintética, capaz de
somar as partes e propriedades em percepções globais e unificadas (Kelso, 1995).
O estudo científico da percepção pelos neurologistas se deu a partir da agnosia,
patologias causadas por lesões do córtex cerebral, denominado córtex associativo. Conforme
a região lesada, os danos poderiam ser visuais, auditivos ou somestésicos, sendo menos
comuns as lesões de caráter olfatório e gustativo. Dentre as agnosias pode-se destacar a
Propagnosia – incapacidade de reconhecer faces, Amusia – incapacidade de reconhecer sons
musicais, Assomatognosia ou Síndrome da indiferença – o sujeito não reconhece as partes do
seu próprio corpo. Entretanto, Kandel et al. (2000) relata que essas lesões causadas em uma
área não compromete toda faculdade, posto que ela poderá retornar ao passar do tempo, a
partir das partes do cérebro não lesadas, que se reorganizam para desempenhar a função
perdida.
Para Mishkin et al. (1983), a percepção visual é dividida em duas vias corticais
paralelas. A primeira é a via ventral, que ao responder à pergunta “o que?”, faz a identificação,
o reconhecimento perceptivo visual os objetos. Já a segunda, é a via dorsal, que responde à
pergunta “onde?”, permitindo determinar a posição do objeto em questão, além de relaciona-
los entre si e com o observador que os percebe (Baddeley, 2007). Assim, compreende-se que
o sujeito não só deve reconhecer o que vê, mas também deve saber sua localização para que
a resposta perceptiva seja apropriada.
A percepção não é apenas responsável por explicar distinções preliminares entre
classes de objetos, mas a capacidade de reconhecer objetos específicos, ou seja, o sujeito não
só identifica a diferença entre cães e gatos, como também reconhecem as semelhanças
existentes entre as várias espécies de cães. Tais teorias da neurociência tendem a comparar o
sistema nervoso como um computador, posto que são centradas no objeto e atribuem a ele
eixos invariantes ou associações de bordas que, armazenadas na memória, poderiam ser
reconhecidas posteriormente (Burgess, 2011).
Assim, cada etapa consecutiva codifica combinações mais complexas (Gazzaniga et
al, 2006) através de neurônios altamente específicos, chamados de unidade gnóstica, na qual
as células podem sinalizar a presença de um estímulo conhecido que tenha sido encontrado
no passado, tais como um objeto, lugar ou animal. Cunhada como “célula-avó”, as células
gnósticas se tornam excitadas apenas quando, por exemplo, a avó de alguém aparece (objetos
que foram absorvidos outrora e estão armazenados na memória).
Outrossim, a filosofia da mente consiste em reflexões acerca de estados mentais, que
em sua totalidade constitui o que denominamos mente. Esses estados mentais podem ser
classificados como sensações, percepções, estados quase perceptuais, emoções, cognições e
estados conotativos. Nenhum fenômeno mental é mais central do que a consciência para uma
adequada compreensão da mente , ou seja, a consciência é “ a experiência integrada que a
mente tem da realidade externa e interna” (Costa, 2005). Assim, os conceitos de consciência
e mente se relacionam ao passo que todos os seres que possuem mente devem ser ao menos
capazes de consciência. Para o funcionalismo, a mente não se define pelo que é, mas pelo que
faz.
Por fim, a percepção é uma função cortical de fundamental importância para o
desenvolvimento adaptativo, porém de difícil conceituação. Muitas teorias são criadas para
explicar a percepção, entretanto, a dificuldade está em articulá-las com a neurociência.

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