Você está na página 1de 14

Revista Portuguesa de Psicossomática

ISSN: 0874-4696
revista@sppsicossomatica.org
Sociedade Portuguesa de Psicossomática
Portugal

Albuquerque Barbas de, Pedro; Almeida Santos, Jorge


Memória para acontecimentos emocionais: Contributos da psicologia cognitiva experimental
Revista Portuguesa de Psicossomática, vol. 2, núm. 2, jul/dez, 2000, pp. 21-33
Sociedade Portuguesa de Psicossomática
Porto, Portugal

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=28720203

Como citar este artigo


Número completo
Sistema de Informação Científica
Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal
Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto
Revista
Portuguesa
21 Revista
de Memória para acontecimentos emocionais
Portuguesa
Psicossomática
de
Psicossomática

Memória para acontecimentos


emocionais: Contributos da
psicologia cognitiva experimental

Pedro Barbas de Albuquerque* e Jorge Almeida Santos*

Resumo Os primeiros contributos para o


Este artigo procura caracterizar a re- esclarecimento da relação entre
lação entre emoção e memória através do emoção e memória
enfoque da psicologia cognitiva experi-
mental. Assim, procuramos clarificar três É um facto que a nossa vida é po-
tipologias de investigação experimental voada de acontecimentos que pos-
que têm servido de base ao conhecimento suem valências emocionais muito for-
da influência da emoção na capacidade de tes. Estes acontecimentos são normal-
codificação, armazenamento e recupera- mente recordados por toda a vida, ou
ção da informação: (1) os estudos de me- em determinados momentos quando
mória dependente da emoção que ocorre um conjunto de circunstâncias como
quando um estado emocional presente um som, um cheiro, uma palavra ou
desperta recordações vividas sob o mes- um ambiente, nos fazem reavivar in-
mo tipo de humor; (2) os estudos de me- formações que até esse momento jul-
mória congruente que ocorrem quando, gávamos esquecidas. Parece assim
pelo facto de estarmos a viver uma deter- natural a relação que se estabelece
minada experiência emocional nos recor- entre uma experiência emocional e as
damos de informações congruentes com memórias que retemos dessa expe-
esse estado; (3) os estudos de memória riência. No entanto, é fundamental
para conteúdos fortemente emocionais que percebermos como se estabelece esta
põem a tónica no facto de determinados relação e em que circunstâncias ela
estímulos poderem ser mais facilmente parece ser favorecida.
recordados do que outros devido á sua Nos últimos anos, a investigação
intensidade e valência. no domínio da memória tornou cen-
tral a ideia de que uma vivência, por
mais simples que seja, pode influen-
ciar de múltiplas formas o nosso com-
portamento ou pensamento sem que
disso estejamos conscientes, ou seja,
sem que tenhamos que recordar o
*Professor Auxiliar. Departamento de
episódio em que tal acontecimento
Psicologia, Instituto de Educação e Psi-
cologia, Universidade do Minho terá ocorrido (Albuquerque, 1998).

Vol. 2, nº 2, Jul/Dez 2000


Pedro Barbas de Albuquerque e Jorge Almeida Santos 22

Este fenómeno é referenciado como sensações fisiológicas associadas. As-


sendo do domínio da memória implí- sim, cada emoção será única porque
cita e opõe-se, conceptual e empirica- possui um esquema próprio, singular
mente, aos fenómenos de recordação porque depende da vivência do su-
consciente da informação através da jeito que a experimentou e partilhável
recuperação dos episódios prévios de porque há dados com transcrição e
processamento – memória explícita. interpretação facilmente inteligíveis
O estudo da emoção e da memória por um vasto conjunto de pessoas
foi inicialmente conduzido por auto- (Albuquerque, 1998).
res como William James e Carl Lange, As emoções são uma forma
tendo-se situado o seu contributo no evolutiva de darmos sentido às nos-
desenvolvimento de métodos cientí- sas vidas. Esta ideia é compreensível
ficos que poderiam ajudar no escla- se pensarmos que as nossas vidas são
recimento daquela relação (Mandler, condicionadas e organizadas pelas
1984). Contudo, a dificuldade de de- nossas necessidades, motivações,
finição da emoção e os limites na ava- preocupações, mas também pelas
liação da sua presença em contextos nossas limitações, nomeadamente as
controlados provocaram o afastamen- emocionais (Oatley & Johnson-Laird,
to sistemático do seu estudo. 1987).
Procurando suprir as dificuldades Numa perspectiva motivacional,
metodológicas impostas, Mandler começamos por organizar-nos em
(1984) propôs que a emoção e a me- função da satisfação de necessidades
mória fossem estudadas seguindo biológicas e da criação de esquemas
paradigmas que poderiam ser adap- que o permitam da forma mais
tados de temáticas complexas como parcimoniosa, orientando-nos em se-
o raciocínio ou a resolução de proble- guida para as motivações socio-cog-
mas. Com esta abordagem, rapida- nitivas. A natureza dotou-nos assim
mente se caminhou no sentido da desta capacidade inquestionável de
definição de emoção em função dos detecção e interpretação de dados in-
processos que produzem a experiên- ternos e externos tendo em vista a
cia colectiva designada por experiên- adaptação à diversidade que é fonte
cia emocional. É assim suficiente, decisiva de evolução.
como defendem Macaulay, Ryan & Numa outra perspectiva, como a
Eich (1993), referir que cada emoção de Nico Frijda (1986), a emoção de-
é experienciada como um estado in- pende do contexto cognitivo que a
terno diferenciado, associado a um es- qualifica, ou seja, é a interpretação das
quema que lhe é único. Por esquema, alterações somato-sensoriais que de-
entende-se um conjunto de informa- termina se a emoção sentida é catalo-
ções interligadas com uma emoção e gada como alegria ou medo. As emo-
que envolvem o vocabulário, conhe- ções são um produto que resulta de
cimentos semânticos e conceptuais, um conjunto de constrangimentos de
memórias de experiências passadas e natureza ambiental e representacional

Revista Portuguesa de Psicossomática


Revista
Portuguesa
de
23 Psicossomática Memória para acontecimentos emocionais

interna. De acordo com esta perspec- do, mesmo que ele seja constituído
tiva, interessa clarificar o que os múl- por palavras com uma valência posi-
tiplos estudos têm apontado quanto tiva (e.g., Blaney, 1986; Bower, 1981,
à influência que a emoção tem na 1987; Eich, 1989). Há também outros
memória. estudos em que a música pode funci-
Nesta dupla perspectiva que foi onar como indutor de emoções e
apresentada, e tendo em conta esta facilitador de recordações de informa-
necessidade de redução do largo cam- ções processadas enquanto os sujei-
po de estudo das emoções para con- tos ouvem novamente as melodias
textos controlados, desenvolveram-se (Balch & Lewis, 1996; Balch, Myers,
fundamentalmente três tipologias de & Papotto, 1999). Este efeito pode ser
estudos: (1) os estudos de memória considerado no âmbito das influên-
dependente do estado emocional; (2) cias do contexto na memória, e neste
os estudos de memória congruente; caso particular, um contexto interno
(3) e os estudos de memória para de- (e.g., Bullington, 1990; Kuiken, 1989;
terminados estímulos emocionais. Lewis & Williams, 1989).
Este tipo de estudos tiveram pou-
ca expressão até ao trabalho clássico
Estudos de memória dependente de Bower, Monteiro & Gilligan (1978).
do estado emocional Nele, os participantes aprenderam
duas listas de palavras durante uma
Os estudos sobre memória depen- sessão em que foram induzidos por
dente do estado emocional centram- hipnose estados de alegria e tristeza.
-se nas consequências que uma vivên- Seguidamente, os participantes foram
cia emocional intensa tem na recor- convidados a evocar as listas apren-
dação de informação. Este fenómeno didas, tendo sido induzidos os mes-
é notório quando um episódio passa- mos estados emocionais. O resultado
do é mais facilmente recordado pela fundamental manifesta-se no maior
presença, no momento actual, de um grau de retenção das palavras que
estado emocional semelhante ao que foram aprendidas sob efeito de um
foi sentido no momento em que esse estado emocional que é concordante
episódio ocorreu. Esta memória do com o estado emocional presente no
episódio estende-se a todas as infor- momento da recuperação da informa-
mações processadas nesse momento ção.
e não apenas aquelas que são con- Estes resultados pareciam espan-
gruentes com o estado emocional de tosos pela possibilidade de demons-
então e de agora. Em contexto labo- tração em laboratório de um fenóme-
ratorial, quando os sujeitos aprendem no que era relatado por uma grande
listas de palavras num estado de tris- quantidade de pessoas e que foram
teza, a indução dessa emoção mo- não só encontrados em estudos com
mentos depois da aprendizagem faz crianças (e.g., Bartlett, Burleson, &
recordar melhor o material aprendi- Santrock, 1982), como também repro-

Vol. 2, nº 2, Jul/Dez 2000


Pedro Barbas de Albuquerque e Jorge Almeida Santos 24

duzidos em situações de indução (1977) introduziram a noção de trans-


emocional diversa (e.g., Mecklen- ferência apropriada de processamen-
brauker & Hager, 1984; Schare, to deram um passo importante na
Lisman, & Spear, 1984). Contudo, vie- explicação de fenómenos como os da
ram a ser questionados pelo próprio diferença de recuperação da informa-
Gordon Bower em 1989, num conjun- ção a partir do reconhecimento e da
to de seis estudos que replicaram o evocação, ou da explicação dos resul-
procedimento de 1982 (Bower & tados obtidos nos estudos sobre os
Mayer, 1989). Estes dados contraditó- efeitos de contexto na memória. A
rios são tanto mais curiosos se aten- noção de transferência apropriada de
dermos a que há um conjunto de processamento assenta no pressupos-
modelos e princípios que predizem to de que o desempenho mnésico é
de forma coerente os resultados dos facilitado na razão directa da
estudos de memória dependente do sobreposição das operações cogniti-
estado emocional. Entre eles encon- vas envolvidas no processamento e na
tram-se o modelo de rede semântica recuperação da informação (Morris,
de Bower (1981), a concepção de Bransford & Franks, 1977). Se esta
Baddeley (1982) sobre as associações noção for aplicada à compreensão do
contextuais entre estímulos, o princí- fenómeno da memória dependente
pio da codificação específica de da emoção, poderemos facilmente
Tulving (1983) e ainda o conceito de concluir que os efeitos são tanto mais
transferência apropriada de processa- marcantes na medida em que o esta-
mento de Morris, Bransford & Franks do emocional que influencia os pro-
(1977). Em todos estes casos a reins- cessos cognitivos no momento do
talação na fase de recuperação da in- processamento for similar ao estado
formação, do estado emocional que emocional que venha a influenciar as
esteve presente no momento da operações cognitivas no momento da
codificação da informação, é suscep- recuperação da informação. Contudo,
tível de influenciar positivamente a e ainda assim, é necessário prosseguir
recuperação da informação. Face a na avaliação e esclarecimento do que
este suporte teórico, a investigação se entende por processos de codifi-
procurou então centrar-se nas razões cação emocionalmente influenciáveis.
que poderão estar na base de algumas Bower & Mayer (1989) procuraram
inconsistências de resultados no es- explicar o fracasso da replicação do
tudo do fenómeno de memória de- estudo de Bower e colaboradores
pendente do estado. (1978) referindo que a contiguidade
Vários autores têm defendido que, temporal-espacial entre um estado
para que a emoção afecte a memória, emocional e a informação a processar
é necessário que haja alguma relevân- ou a recuperar não é suficiente para
cia ou conexão da emoção com a tare- criar associações fortes e mnesica-
fa que o sujeito tem que realizar. mente relevantes entre um contexto
Quando Morris e colaboradores e os estímulos. É fundamental que o

Revista Portuguesa de Psicossomática


Revista
Portuguesa
de
25 Psicossomática Memória para acontecimentos emocionais

sujeito perceba os acontecimentos/ através de uma fonte interna (através


/estímulos como causa do seu esta- da condição de geração) ou externa
do emocional, como acontece, por (através da condição de leitura). Du-
exemplo, em algumas situações de rante a fase de codificação, cada su-
depressão e em quase todas as situa- jeito gerou dezasseis alvos e leu ou-
ções de ansiedade e de fobia. tros dezasseis ao mesmo tempo que
Eich & Metcalfe (1989) propuse- eram induzidos estados de "alegria"
ram, então, que os acontecimentos ou de "tristeza" através da recordação
criados a partir de operações mentais de episódios agradáveis ou desagra-
internas como o raciocínio, a imagi- dáveis simultâneos a andamentos de
nação ou a interpretação, estão mais música clássica classificados como
fortemente relacionados com o esta- "alegres" ou "tristes". Dois dias depois,
do emocional dos sujeitos do que o os sujeitos foram convidados a reali-
processamento que é condicionado zar acidentalmente provas de evoca-
por fontes externas. Assim, tarefas ção livre e de reconhecimento, sendo
como a associação de palavras ou as nesta fase, induzidos os mesmos es-
avaliações interpessoais são mais su- tados emocionais através de um pro-
jeitas à influência do estado emocio- cedimento idêntico.
nal do que as provas de evocação Os resultados mostram que: (1) as
guiada ou de reconhecimento (e.g., palavras geradas são mais evocadas
Lewinsohn et al., 1980; Blaney, 1986). do que as palavras lidas, efeito este
Para testarem esta hipótese, Eich & que é conhecido desde os estudos de
Metcalfe (1989) realizaram um estu- Slamecka & Graf (1978); (2) há um
do que é hoje um marco importante efeito de memória dependente do es-
para o conhecimento da relação entre tado emocional na prova de evocação;
emoção e memória. No seu estudo, os (3) o efeito de memória dependente
sujeitos realizaram uma de duas ta- do estado emocional é maior para os
refas: uma tarefa de leitura na qual os estímulos gerados do que para os li-
sujeitos liam uma palavra-alvo (e.g., dos; (4) não há efeitos ao nível da pro-
vinho) que era associada à sua cate- va de reconhecimento, tal como ou-
goria semântica e a um outro exem- tros estudos já tinham mostrado (e.g.,
plar da mesma categoria semântica Bower, 1981).
relacionado com o primeiro (e.g., lí- Assim, estes resultados sugerem
quidos: água-vinho); ou uma tarefa de que os estímulos gerados através de
produção/geração na qual os sujeitos operações mentais internas (produ-
deviam produzir a primeira palavra ção/geração) são mais sensíveis ao
que lhes fosse sugerida pela apresen- estado emocional do que os estímu-
tação do estímulo (e.g., líquidos: los que provêm de fontes externas
água-v...). (leitura), o que tem como consequên-
Assim, os autores planearam o es- cia que o primeiro tipo de estímulos
tudo de tal forma que a memória para seja mais facilmente esquecido quan-
o mesmo item pudesse ser acedida do se dá a mudança de estado emocio-

Vol. 2, nº 2, Jul/Dez 2000


Pedro Barbas de Albuquerque e Jorge Almeida Santos 26

nal do processamento para a recupe- ticipantes foram convidados a ler


ração. uma história sobre dois sujeitos, um
Resumindo, o efeito de dependên- que era triste e outro que era alegre.
cia do estado emocional na memória Durante a leitura, metade dos parti-
é observável se ocorrerem na totali- cipantes foram, por sugestão hipnó-
dade um conjunto de quatro proce- tica, induzidos em emoções de triste-
dimentos diferenciados e que são os za e alegria. Mais tarde, já numa situ-
seguintes: (1) a indução das emoções ação neutra, os dois grupos foram
deve ser intensa e as emoções muito convidados a evocar livremente e in-
diferenciadas pelo sujeito induzido terpretar a história. Os resultados
para que ele se aperceba da valência mostram que os sujeitos que leram a
emocional em indução; (2) as formas história sob indução hipnótica de es-
de avaliação do grau de retenção não tado de tristeza, identificavam-se
poderão ser o reconhecimento e a evo- mais com o personagem triste, pen-
cação guiada pois estas são formas savam que a história era vagamente
menos sensíveis aos efeitos de memó- autobiográfica e lembravam-se de
ria dependente do estado emocional; mais detalhes relacionados com os
(3) a informação a recuperar deve ser, episódios vividos pela personagem
tanto quanto possível, autobiográfi- triste. O mesmo padrão de congruên-
ca ou autoreferente para maximizar cia de resultados foi obtido pelos par-
os efeitos de recuperação da informa- ticipantes nos quais foi induzida a
ção; (4) na impossibilidade de utili- emoção de alegria.
zação de informação autobiográfica, A ideia geral que se extrai deste
o material deve ser gerado pelos su- estudo é a de que as pessoas quando
jeitos por forma a criar uma relação se encontram num determinado esta-
de causa-efeito entre os estímulos do emocional dão mais atenção a es-
apresentados e o estado emocional tímulos, objectos ou acontecimentos
dos sujeitos (Bower, 1992). que sejam afectivamente congruentes
Pensamos, fruto da investigação com o seu estado emocional. A fun-
que temos realizado, que algumas ção principal desta direcção selectiva
das dificuldades sentidas nos estudos da atenção seria a de manter ou pre-
com emoções induzidas em contex- servar o estado emocional em que o
tos artificiais resultam da dificulda- sujeito se encontra.
de, ou impossibilidade metodológica, São inúmeros os estudos que têm
do cumprimento destes preceitos. mostrado a influência do contexto,
tanto interno como externo, em tare-
fas de memória explícita e implícita.
Estudos de memória congruente No que se refere ao contexto externo,
Graf & Ryan (1990) mostraram como
Os estudos de memória congruen- o reconhecimento e a identificação
te foram praticamente inexistentes até perceptiva de palavras era melhor
ao trabalho de Bower, Gilligan & para os estímulos que conservavam
Monteiro (1981). Neste estudo, os par- o mesmo tipo de letra do que para os
Revista Portuguesa de Psicossomática
Revista
Portuguesa
de
27 Psicossomática Memória para acontecimentos emocionais

estímulos que mudavam o tipo de le- Num outro estudo os sujeitos fo-
tra da fase de processamento para a ram induzidos em estados emocio-
de recuperação. Contudo, refira-se nais de alegria e tristeza através do
que este efeito só acontecia quando falso feedback do resultado de um tes-
se pedia aos sujeitos para atenderem te de personalidade. Alguns minutos
às características físicas dos estímu- depois pediram uma opinião aos su-
los, como o número de letras das pala- jeitos acerca de uma pessoa cujo com-
vras, o que era explicado pela transfe- portamento estava descrito num tex-
rência apropriada de processamento to. Os resultados vão também no sen-
(Morris et al., 1977). Este conceito foi tido esperado, ou seja os sujeitos ale-
então explorado para ilustrar e ajudar gres (por terem um feedback positivo
a compreender a memória con- no teste de personalidade) avaliam
gruente. mais positivamente a personalidade
Relembremos que o fenómeno ge- da pessoa descrita e posteriormente
ral de memória congruente só ocorre lembram-se mais das descrições po-
quando as operações cognitivas rea- sitivas presentes no texto (Forgas &
lizadas no momento do processamen- Bower, 1987).
to são igualmente activadas no mo- Ainda que possa parecer estranho
mento da recuperação da informação. que a reintegração tenha um papel
Será por isso necessário caracterizar central no desempenho das tarefas de
as operações cognitivas que estão en- evocação livre, teremos que ter em
volvidas nas tarefas de processamen- conta que Mandler (1980; 1988) refe-
to da informação. re que a elaboração e integração são
Num estudo de 1996, Bower & processos fundamentais do reconhe-
Kelley induziram nos participantes cimento, tarefa que é explícita. Ou
do seu estudo as emoções de tristeza seja, quando os sujeitos não têm dis-
ou alegria e posteriormente pediram- poníveis vias directas de recuperação
-lhes que analisassem fotografias e as baseiam-se na familiaridade ou facili-
avaliassem de acordo com os seus in- dade de processamento para fazerem
teresses. Metade dessas fotografias os seus reconhecimentos. Talvez seja
eram sobre cenas agradáveis e a ou- esta uma das razões das dissociações
tra metade sobre cenas desagradá- entre memória implícita e explícita,
veis. A variável dependente medida embora Macaulay, Ryan & Eich (1993)
foi o tempo que os sujeitos ocuparam não estejam de acordo. Para estes au-
a olhar para as fotografias, verifican- tores, a familiaridade e fluência de
do-se que os sujeitos tristes gastavam processamento facilitam a forma
mais tempo a olhar para as fotografi- como o contexto é recordado, o que
as desagradáveis e esta diferença, ao acontece em todo o tipo de tarefas de
nível da atenção e provavelmente do memória: para a memória explícita,
processamento, poderá ser responsá- um cheiro particular activa a recorda-
vel pelas diferenças notadas em rela- ção inesperada, mas consciente, de
ção à evocação da informação. um qualquer episódio vivido por

Vol. 2, nº 2, Jul/Dez 2000


Pedro Barbas de Albuquerque e Jorge Almeida Santos 28

uma qualquer pessoa; na memória afectiva à informação e desta última


implícita, a sobreposição de caracte- à memória.
rísticas contextuais permite a activa- Vários estudos têm mostrado que
ção, a partir do aumento da fluência a valência emocional da informação
de processamento de informações no pode influenciar a sua retenção e re-
momento de realização da tarefa. cuperação (e.g., Albuquerque, 1998).
Refira-se que entre os estudos de No estudo de Brewer (1988), os parti-
memória congruente há uma imen- cipantes registaram e avaliaram acon-
sidão de investigações que se debru- tecimentos quotidianos durante um
çaram sobre os sujeitos deprimidos, período de treze dias. A memória para
ansiosos e em fase maníaca (e.g., Levy os acontecimentos foi medida imedia-
& Mineka, 1998; Ruiz & Gonzalez, tamente a seguir ao período de reco-
1997; Suzuki, 1998; Watkin et al., 1996). lha, após 23 dias, ou 46 dias depois.
Não são contudo objecto deste artigo Brewer concluiu que o grau de reten-
dado pretendermos mostrar o contri- ção para os acontecimentos registados
buto da psicologia cognitiva experi- depende da intensidade da emoção
mental através de estados emocionais vivida durante esses acontecimentos,
induzidos e não através de quadros independentemente de serem agradá-
patológicos. veis ou não e da familiaridade ou não
dos acontecimentos. Com efeito, os
acontecimentos emotivos, compara-
Recuperação selectiva da infor- dos com os neutros são prioritários no
mação em função das suas carac- processamento perdurando mais na
terísticas emocionais memória operatória e tornando-se
assim mais acessíveis quando se pre-
A atenção que dispensamos à in- tende a sua recuperação (Bower,
formação não é resultado do acaso. O 1992). Há estudos que contraditam os
interesse e atenção depende em gran- resultados obtidos por Brewer, nome-
de parte do inesperado do aconteci- adamente o de Linton (1982).
mento e da activação emocional que Ellis e colaboradores (1971) tinham
esse acontecimento consegue desper- já mostrado que, numa experiência
tar. A relação que parece existir entre sobre o efeito da curva de posição
o interesse, a atenção dispensada, o serial em que foram apresentados dia-
tipo de processamento e, consequen- positivos de 154 objectos neutros, se
temente, o grau de retenção parece ser numa posição intermédia, em que o
tendencialmente linear. grau de recordação é baixo (20-30%),
A temática da influência das ex- se apresentar a fotografia de uma pes-
pectativas no processamento da infor- soa nua, a evocação deste estímulo é
mação é já clássica nos domínios da muito próxima dos 100%. Atenden-
aprendizagem (e.g., Kamin, 1969). do à conceptualização subjacente às
Para o tema da emoção e memória três zonas da curva de posição serial
importa sobretudo relacionar a in- – primazia, assímptota e recência –
fluência das expectativas na reacção poderemos pensar que esta informa-
Revista Portuguesa de Psicossomática
Revista
Portuguesa
de
29 Psicossomática Memória para acontecimentos emocionais

ção é altamente recordada porque é nutos ou 2 semanas. Comparando os


repetida até à sua evocação (Baddeley desempenhos dos dois grupos verifi-
& Hitch, 1974). ca-se que os participantes que viram
Parece assim que a atenção dis- os diapositivos emocionalmente in-
pensada à informação que, por sua tensos recordavam melhor as frases
vez depende da carga emocional dos temáticas dos diapositivos do que o
estímulos, é determinante para uma grupo de controlo. Contudo, a prova
boa recuperação. Christianson & de reconhecimento foi pior para os
Loftus (1987, 1991) fizeram notar que diapositivos emocionais do que para
a nossa recordação de um episódio os neutros independentemente do
particularmente emotivo depende intervalo de retenção. Os resultados
das características da emoção em que de uma entrevista telefónica acerca do
nos centramos. Nos seus estudos, os tema central dos diapositivos apre-
autores apresentaram diapositivos sentados, realizada 6 meses depois
neutros que mostravam a seguinte se- mostrou que 89% dos participantes
quência de acontecimentos: uma mãe que viram os diapositivos emocionais
a sair de casa com o seu filho de 7 o recordavam, enquanto que apenas
anos, a caminhar com ele para a esco- 52% dos participantes do grupo de
la, a passar pelo parque, pelo centro controlo se conseguiam lembrar do
da cidade, a deixar o filho na escola, tema dos diapositivos que tinham vis-
a apanhar um táxi, a fazer um telefo- to 6 meses antes.
nema e a voltar para casa. Para meta- Poder-se-á assim concluir que o
de dos sujeitos a sequência foi altera- processamento de estímulos emocio-
da a partir do momento em que a mãe nais permite uma boa retenção dessa
apanha um táxi sendo substituídos informação, mas este legado mnésico
pelos seguintes diapositivos: o filho é apenas aplicável ao tema central do
é atropelado, sangra abundantemen- episódio emocional ficando as infor-
te no chão, é transportado numa am- mações periféricas e os detalhes vi-
bulância ao hospital e a mãe entra suais ou narrativos num plano real-
no hospital. Estes últimos diapositi- mente secundário. Estes dados têm
vos aumentavam drasticamente a res- sido investigados no âmbito dos es-
posta galvânica da pele dos partici- tudos do testemunho ocular. Estes
pantes. Cada diapositivo foi apresen- dados são corroborados por outros
tado durante 3 segundos e a seguir o estudos realizados no âmbito da psi-
sujeito tinha 7 segundos para enunci- cologia do testemunho.
ar uma frase ou palavras descritivas
para cada diapositivo (e.g., o miúdo
foi atropelado). Seguiu-se uma prova Conclusão
de evocação das frases ou palavras
associadas aos diapositivos e outra de O interesse da psicologia cogniti-
reconhecimento dos diapositivos. va experimental pela relação entre a
Ambas as provas foram realizadas emoção e a memória não é recente. De
com intervalos de retenção de 20 mi- facto, desde os primórdios da psico-
Vol. 2, nº 2, Jul/Dez 2000
Pedro Barbas de Albuquerque e Jorge Almeida Santos 30

logia que, de uma forma com maior No domínio da consulta psicoló-


ou menor enfoque experimental, se gica tem sido realizada investigação
têm realizado estudos sobre um ou sobre a relação entre estados emocio-
outro tema procurando as suas pos- nais não induzidos (e.g., depressão,
síveis relações. ansiedade e mania) e memória. Nes-
Hoje o estudo desta temática pul- te domínio os resultados, são deve-
verizou-se por várias áreas. São co- ras contraditórios e esta contradição
nhecidos os estudos que relacionam resulta tanto da diversidade metodo-
os níveis de activação/excitação e a lógica, como da diversidade amostral
memória ou os estudos de quadros das pessoas a incluir naqueles dois
psicopatológicos e memória. Numa grupos clínicos que têm sido mais es-
outra dimensão, situam-se os estudos tudados. Podemos contudo afirmar
de testemunho ocular (e.g., Albuquer- que os resultados são enquadráveis,
que & Santos, 1999) ou sobre memó- em grande parte dos casos, nas
rias para acontecimentos inesperados tipologias de investigação que procu-
(e.g., flashbulb memories) que encerram ramos caracterizar.
uma carga emocional dificilmente Entendemos, assim, que no estu-
negligenciável quando pretendemos do da memória ou das actividades
estudar a recuperação da informação. que envolvam a recordação da infor-
Com tão grande diversidade de con- mação, o contexto externo (e.g., o lo-
textos, conceitos implícitos e popula- cal) e interno (e.g., as emoções) em
ções, levar a cabo uma tal empresa, a que o processamento da informação
do conhecimento da relação entre ocorreu é determinante para a quan-
emoção e memória, pode tornar-se tidade e qualidade das recordações,
penoso devido à contradição que não devendo por isso ser tido em conta.
raramente emerge nos resultados. Quer como facilitador ou indicador
Apesar das dificuldades, não po- de recordações mais dificilmente
demos deixar de sentir pelo proces- acessíveis, quer como viés das recor-
samento de estímulos emocionais dações que um indivíduo em deter-
uma forte inclinação teórica e experi- minado pode relatar.
mental. As emoções são, como é sabi-
do, organizadoras da nossa vida
cognitiva, logo influenciam os seus Abstract
processos mais básicos e seguramen- The aim of this paper is to present the
te também os complexos. Procura- relation between memory and emotion
mos, neste artigo, dar conta das prin- induced in experimental laboratories. The
cipais vias de investigação e de resul- review of research will follow three main
tados entre a emoção e a memória: (1) topics of research in this field: (1) mood
os estudos de memória congruente; state dependent memory - when a parti-
(2) os estudos de memória dependen- cular mood state enhances memories for
te do estado emocional; (3) os estu- episodes lived in the same emotional state;
dos sobre o efeito da valência da in- (2) mood congruent memory - when an
formação na sua recordação.
Revista Portuguesa de Psicossomática
Revista
Portuguesa
de
31 Psicossomática Memória para acontecimentos emocionais

emotional state contributes to retrieve can Psychologist 1981; 36: 129-149.


memories congruent with that emotion; • Bower GH. Commentary on mood and
(3) memory for particular emotional memory. Behaviour Research and Therapy
stimuli - that is, memories for stimuli that 1987; 25: 443-455.
• Bower GH. How might emotions affect
due to their valence or intensity are more
learning? In S. A. Christianson (Ed.), The
retrievable than others. handbook of emotion and memory: Research
and theory, (pp. 3-31). Hillsdale, NJ:
Lawrence Erlbaum Associates, 1992.
Bibliografia • Bower GH, Cohen PR. Emotional in-
fluences on memory and thinking: Data
• Albuquerque PB. Memória implícita e and theory. In S. Fiske & M. Clark (Eds.),
processamento: Do subliminar à formação Affect and cognition, (pp. 291-331).
de imagens. Braga: Instituto de Educação Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Asso-
e Psicologia da universidade do Minho ciates, 1982.
(Tese de Doutoramento), 1998. • Bower GH, Kelley J. Emotion and memo-
• Albuquerque PB, Santos J (no prelo). ry: New findings. Comunicação apresen-
Jura dizer a verdade? … Traições e tada no II International Congress on
fidelidades dos processos mnésicos. Memory. Padova: Itália, 1996.
Psicologia: Teoria, Investigação e Prática, • Bower GH, Mayer JD. In search of
4 (2). mood-dependent retrieval. Journal of
• Baddeley AD. Domains of recollec- Social Behavior and Personality 1989; 4:
tion. Psychological Review 1982; 89: 708- 121-156.
-729. • Bower GH, Gilligan SG, Monteiro KP.
• Baddeley AD, Hitch G. Working me- Selectivity of learning caused by affec-
mory. In GH Bower (Ed.), The psycho- tive states. Journal of Experimental Psy-
logy of learning and motivation: Advances chology: General 1981; 110: 451-473.
in research and theory, Vol.8. New York: • Bower GH, Monteiro KP, Gilligan SG.
Academic Press, 1974. Emotional mood as a context for lear-
• Balch W, Lewis B. Music dependent ning and recall. Journal of Verbal Lear-
memory: The roles of time change and ning and Verbal Behavior 1978; 17: 573-
mood meditation. Journal of Experimen- 585.
tal Psychology: Learning, Memory and • Brewer WF. Memory for randomly sam-
Cognition 1996; 22(6): 1354-1363. pled autobiographical events. In U.
• Balch W, Myers D, Papotto C. Dimen- Neisser & E. Winograd (Eds.), Remem-
sions of mood in mood dependent bering considered: Ecological and tradi-
memory. Journal of Experimental Psycho- tional approaches to the study of memory,
logy: Learning, Memory and Cognition (pp. 32-49). New York: Cambridge Uni-
1998; 25(1): 70-83. versity Press, 1988.
• Bartlett JC, Burleson G, Santrock JW. • Bullington JC. Mood congruent memo-
Emotional mood and memory in young ry: A replication of symmetrical effects
children. Journal of Experimental Child for both positive and negative moods.
Psychology 1982; 34: 59-76. Journal of Social Behavior and Personality
• Blaney PH. Affect and memory: A re- 1990; 5: 123-134.
view. Psychological Bulletin 1986; 99: 926- • Christianson SA, Loftus EF. Memory for
-946. traumatic events. Applied Cognitive Psy-
• Bower GH. Mood and memory. Ameri- chology 1987; 1: 225-239.

Vol. 2, nº 2, Jul/Dez 2000


Pedro Barbas de Albuquerque e Jorge Almeida Santos 32

• Christianson SA, Loftus EF. Remembe- with and without awareness in a de-
ring emotional events: The fate of de- pressed mood: Evidence of deficits in
tail information. Cognition and Emotion initiative. Journal of Experimental Psy-
1991; 5: 81-108. chology: General 1990; 119: 45-59.
• Eich E. Theoretical issues in state de- • Kamin L. Predictability, surprise, atten-
pendent memory. In H. Roediger & tion, and conditioning. In B.A.
F.I.M. Craik (Eds.), Varieties of memory Campbell, & RM. Church (Eds.), Pu-
and consciousness: Essays in honour of nishment. New York: Appleton-Cen-
Endel Tulving, (pp.331-354). Hillsdale, tury-Croft, 1969.
NJ: Lawrence Erlbaum Associates, • Kuiken D. Mood and memory: Theory,
1989. research and applications. Journal of So-
• Eich E, Metcalfe J. Mood dependent cial Behavior and Personality 1989; 4: 323-
memory for internal versus external -329.
events. Journal of Experimental Psycho- • Levy E, Mineka S. Anxiety and mood
logy: Learning, Memory, and Cognition congruent autobiographical memory: A
1989; 15: 443-455. conceptual failure to replicate. Cognition
• Eich E, Ryan L. Mood dependence in im- and Emotion 1998; 12(5): 625-634.
plicit memory. Comunicação apresentada • Lewinsohn PM, Mischel W, Chaplin W,
na reunião da Psychonomics, 1990. Barton R. Social competence and de-
• Ellis NR, Detterman DK, Runcie D, pression: The role of illusory self per-
McCarver RB, Craig EM. Amnesic ef- ceptions. Journal of Abnormal Psychology
fects in short-term memory. Journal of 1980; 89: 203-212.
Experimental Psychology 1971; 89: 357- • Lewis VE, Williams RN. Mood congru-
361. ent versus mood state dependent lear-
• Forgas JP, Bower GH. Mood effects on ning: Implications for a view of emo-
person perception. Journal of Personali- tions. Journal of Social Behavior and Per-
ty and Social Psychology 1987; 53: 53-60. sonality 1989; 4: 157-171.
• Frijda NH. Emotions. New York: Cam- • Macaulay D, Ryan L, Eich E. Mood de-
bridge University Press, 1986. pendence in implicit and explicit
• Graf P. Implicit and explicit remembering memory. In P. Graf & M.E. Masson
in same and different environments. (Eds.), Implicit memory: New directions in
Comunicação apresentada na reunião cognition, development and neuropsycho-
anual da Psychonomic Society, 1989. logy, (pp. 75-94). Hillsdale, NJ: Law-
• Graf P, Mandler G. Activation makes rence Erlbaum Associates, 1993.
words more accessible but not necessa- • Mandler G. Recognising: The judge-
rily more retrievable. Journal of Verbal ment of previous occurrence. Psycho-
Learning and Verbal Behavior 1984; 23: logical Review 1980; 87: 252-271.
553-568. • Mandler G. Mind and body. New York:
• Graf P, Ryan L. Transfer appropriate Norton, 1984.
processing for implicit and explicit • Mandler G. Memory: Conscious and
memory. Journal of Experimental Psycho- unconscious. In P.R. Solomon, G.R.
logy: Learning, Memory, and Cognition Goethals, C.M. Kelley, & B.R. Stephens
1990; 16: 978-992. (Eds.), Memory: Interdisciplinary ap-
• Graf P, Mandler G, Haden M. Simula- proaches, (pp.84-106). New York:
ting amnesic symptoms in normal sub- Springer. Verlag, 1988.
jects. Science 1982; 218: 1243-1244. • Mecklenbrauker S, Hager W. Effects of
• Hertel PT, Hardin TS. Remembering mood on memory: Experimental tests

Revista Portuguesa de Psicossomática


Revista
Portuguesa
de
33 Psicossomática Memória para acontecimentos emocionais

of mood state-dependent retrieval and • Smith SM, Heath FR, Vela E. Environ-
mood-congruity hypothesis. Psychologi- mental context-dependent homophone
cal Research 1984; 46: 355-375. spelling. American Journal of Psychology
• Morris CD, Bransford JD, Franks JJ. Le- 1990; 103: 229-242.
vels of processing versus transfer ap- • Suzuki A. The effects of music therapy
propriate processing. J Verbal Learning on mood and congruent memory of
and Verbal Behavior 1977; 16: 519-533. elderly adults with depressive symp-
• Oatley K, Johnson-Laird PN. Towards toms. Music Therapy Perspectives 1998;
a cognitive theory of emotions. Cogni- 16 (2): 75-80.
tion and Emotion 1987; 1: 29-50. • Tobias BA, Khilstrom JF. Effects of mood
• Roediger HL, Blaxton TA. Retrieval on implicit and explicit memory. Comuni-
modes produce dissociations in memo- cação apresentada na reunião anual da
ry for surface information. In D. Gorfein American Psychological Association,
& R. R. Hoffman (Eds.), Memory and cog- 1990.
nitive processes: The Ebbinghaus Centen- • Tobias BA, Wunderlich D, Kihlstrom JF.
nial Conference, (pp. 349-379). Hillsdale, Minimally cued implicit memory tests: Sen-
NJ: Lawrence Erlbaum Associates, sitivity and utility for detecting context ef-
1987a. fects. Comunicação apresentada na
• Ruiz J, Gonzalez P. Effects of level of reunião anual da Rocky Mountain Psy-
processing on implicit and explicit chological Association, 1990.
memory in depressed mood. Motivation • Tulving E. Elements of episodic memory.
and Emotion 1997; 21(2): 195-209. Oxford: Oxford University Press, 1983.
• Schare ML, Lisman SA, Spear NE. The • Watkins P, Vache K, Verney S, Matthews
effects of mood variation on state-de- A. Unconscious mood congruent me-
pendent retention. Cognitive Therapy and mory bias in depression. Journal of Ab-
Research, 1984; 8: 387-408. normal Psychology 1996; 105(1): 34-41.
• Slamecka NJ, Graf P. The generation ef- • Weingartner H, Miller H, Murphy DL.
fect: Delineation of a phenomenon. Jour- Mood-dependent retrieval of verbal
nal of Experimental Psychology: Human associations. Journal of Abnormal Psy-
Learning and Memory 1978; 4: 592-604. chology 1977; 86: 276-284.

Vol. 2, nº 2, Jul/Dez 2000

Você também pode gostar