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Flavio Roberto de Carvalho Santos

Pós-doutor em Ciências Fisiológicas – Ciências Cognitivas / UFES


Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente / UNICAMP
Mestre em Sexologia Clínica / UGF
Aprofundamento em Sexolualité et Energie de Vie en Psychothérapie / SFU-Paris
Especialista em Neurociências Aplicada a Aprendizagem / IPUB-UFRJ
Psicólogo (Abordagem reichiana) / UGF
Percepção e Memória

 Objetivos
 Possibilitar o conhecimento das principais teorias e
fenômenos sensoriais e perceptivos e com a sua importância
no conhecimento da Psicologia;
 Possibilitar o estudo experimental da percepção, para
entender e criticar os principais conceitos da Psicologia da
Gestalt e seus princípios da organização perceptiva;
 Capacitar para o emprego do conhecimento dos processos de
memória no entendimento da conduta humana.
Percepção e Memória

Unidade I: Percepção

 1.1 – A percepção: conceitos apresentados pelas


diversas escolas psicológicas: estruturalismo, gestalt e
“New look in Perception”

 1.2 – Diferença entre sensação e percepção

 1.3 – A psicofísica: método dos limites, dos estímulos


constantes; diferença mínima perceptível: Lei de Weber e
Fechner.
Percepção e Memória

Unidade II: Percepção

 2.1 – Tipos de percepção: cor, brilho, forma, espaço,


tempo subjetivo, movimento, causalidade e de pessoas

 2.2 – Constâncias perceptivas. Ilusões

 2.3 – Desenvolvimento da percepção, efeitos da


motivação, aprendizagem e cultura sobre a percepção
Percepção e Memória

Unidade III: Memória
 3.1 – Memória: conceito e histórico. Ebbinghaus e suas listas
de consoantes

 3.2 – Tipos de memória (curto e longo prazo, implícita e


explícita, autobiográfica e semântica) e modelo de
processamento da informação.

 3.3 – Fatores que interferem na memória: material estocado,


familiaridade, significado, emoções, motivação e atitudes.
Memória, interferência, esquecimento, distorções e
reminiscências.
Percepção e Memória

Unidade IV: Resolução de Problemas

4.1 – Etapas do processo de resolução de


problema

4.2 – Tomada de decisão


Bibliografia

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ATKINSON, R. L. Introdução à psicologia de Hilgard. Porto Alegre: Artmed, 2002.
IZQUIERDO, I. Memória. Porto Alegre: Artmed, 2002.
MATLIN, M. W. Psicologia Cognitiva. LTC, 2004.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ALENCAR, E. M. L. S. Psicologia: introdução aos princípios básicos do
comportamento. 8 ed. Petrópolis: Vozes, 1988.
GAZZANIGA, M.S.; HEATHERTON, T. F. Ciência psicológica: mente, cérebro e
comportamento. Porto Alegre, Artmed, 2005.
FOER. J. A Arte e a Ciência de Memorizar Tudo: memórias de um campeão de
memória. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2011.
PERGHER S. G. K.; STEIN, L. M. Compreendendo o esquecimento: teorias clássicas e
seus fundamentos experimentais. Psicologia USP. 2003, São Paulo, v.14, n.1, pp. 129-
155. ISSN 0103-6564. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
65642003000100008&script=sci_arttext
ADES, C. Múltipla memória. Psicol. USP [online]. 1993, vol.4, n.1-2, pp. 9-24. ISSN
1678-5177. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicousp/v4n1-
2/a02v4n12.pdf
Dia Conteúdo - (terça-feira)

Jul 31 Apresentação do programa da disciplina, objetivos, bibliografia, avaliação, método e inserção da disciplina no curso. Introdução e
explanação ao tema, Unidade I: Percepção - 1.1 – A percepção: conceitos apresentados pelas diversas escolas psicológicas:
estruturalismo, gestalt e “New look in Perception”
Atividade Estruturada: Filme “mera coincidência” de 1997. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=cg0puYxJp2A
Ago 07 Unidade I: Percepção - 1.2 – Diferença entre sensação e percepção. 1.3 – A psicofísica: método dos limites, dos estímulos
constantes; diferença mínima perceptível: Lei de Weber e Fechnner.


Atividade Estruturada: Texto “Estudo teórico sobre percepção na filosofia e nas neurociências” de Andrea Olimpio de Oliveira e
Carlos Alberto Mourão Junior. On line. Disponivel em:
http://neuropsicolatina.org/index.php/Neuropsicologia_Latinoamericana/article/view/83/97
14 Continuação...

21 Unidade II: Percepção - 2.1 – Tipos de percepção: cor, brilho, forma, espaço, tempo subjetivo, movimento, causalidade e de
pessoas. 2.2 – Constâncias perceptivas. Ilusões
Atividade Estruturada: Texto “Estudo teórico sobre percepção na filosofia e nas neurociências” de Andrea Olimpio de Oliveira e
Carlos Alberto Mourão Junior. On line. Disponivel em:
http://neuropsicolatina.org/index.php/Neuropsicologia_Latinoamericana/article/view/83/97
28 2.3 – Desenvolvimento da percepção, efeitos da motivação, aprendizagem e cultura sobre a percepção
Atividade Estruturada: Texto “Estudo teórico sobre percepção na filosofia e nas neurociências” de Andrea Olimpio de Oliveira e
Carlos Alberto Mourão Junior. On line. Disponivel em:
http://neuropsicolatina.org/index.php/Neuropsicologia_Latinoamericana/article/view/83/97
Set 04 Semana da Psicologia
11 A1
18 Entrega e revisão de prova. Unidade III: Memória - 3.1 – Memória: conceito e histórico. Ebbinghaus e suas listas de consoantes
Atividade Estruturada: Texto: A memória. On line. Disponivel em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-
67252004000100023&script=sci_arttext
25 Continuação: Unidade III: Memória - 3.1 – Memória: conceito e histórico. Ebbinghaus e suas listas de consoantes
Atividade Estruturada: Texto: A memória. On line. Disponivel em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-
67252004000100023&script=sci_arttext
Out 02 3.2 – Tipos de memória (curto e longo prazo, implícita e explícita, autobiográfica e semântica) e modelo de processamento da
informação.
Atividade Estruturada: Texto: Um panorama sobre o desenvolvimento da memória de trabalho e seus prejuízos no aprendizado
escolar. Disponivel em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212010000200004
Dia Conteúdo
09 (continuação) 3.2 – Tipos de memória (curto e longo prazo, implícita e explícita, autobiográfica e semântica) e
modelo de processamento da informação.

16 3.3 – Fatores que interferem na memória: material estocado, familiaridade, significado, emoções, motivação e
atitudes. Memória, interferência, esquecimento, distorções e reminiscências.


Atividade Estruturada: Video disponível no youtube: Em busca da memória, a descoberta de uma nova ciência –
Erick Kandell
23 Continuação: 3.3 – Fatores que interferem na memória: material estocado, familiaridade, significado, emoções,
motivação e atitudes. Memória, interferência, esquecimento, distorções e reminiscências.
Atividade Estruturada: Video disponível no youtube: Em busca da memória, a descoberta de uma nova ciência –
Erick Kandell

30 Unidade IV: Resolução de Problemas - 4.1 – Etapas do processo de resolução de problema


4.2 – Tomada de decisão
Atividade Estruturada: Livro Psicologia Cognitiva. “Solução de problemas e criatividade” cap 11 p. 365

Nov 06 Continuação...

13 Revisão de conteúdo

20 Feriado consciência negra

27 A2

Dez 04 A3
Percepção e Memória

Unidade I: Percepção

1.1 – A percepção: conceitos apresentados


pelas diversas escolas psicológicas:

Estruturalismo
Gestalt
“New lock in Perception”
Percepção e Memória
 Subjetividade
  Sensação
 Percepção
 Pensamento
 Consciência  Linguagem
 Atenção
EGO
 Mente  Memória
 Motivação
 Emoção
 Cérebro
 Aprendizagem
 Cognição
Percepção e Memória

ESTRUTURALISMO

Edward Bradford Titchener


(1867/1927)

Inglês, aluno de W. Wundt por 2


anos, alterou os seus dados.

Autocrático, dogmático, vaidoso.


Percepção e Memória

Enquanto Wundt valorizava a consciência, a


organização/síntese dos PM pela percepção
sendo não mecânico, Titchner aceita o empirismo
associacionista e mecânico para abordar a
estrutura da mente/consciência.
Percepção e Memória

Descobrir a natureza da experiência da consciência em


partes separadas, sua estrutura. Mudou o método
introspectivo.
Criou o Estruturalismo, primeira escola americana de
pensamento no campo da psicologia.
Percepção e Memória

 Ressalta que o objeto de estudo da
psicologia é a consciência.

 A experiência consciente não deve confundir


o PM com o S ou com o objeto observado.

 O objeto da observação não deve ser


descrito com a linguagem cotidiana, mas sim
em termos do conteúdo consciente da
experiência.
Percepção e Memória

 Consciência é a soma das experiências em
um dado momento de tempo, e a mente é a
soma das experiências acumuladas ao longo
da vida.
 Mente e consciência são realidades
semelhantes, mas, enquanto a consciência
envolve PM que ocorrem no momento, a
mente envolve o acúmulo total desses
processos.
Percepção e Memória

 Sua psicologia é pura ciência individualista,
não se preocupa com cura/tratamento de
mentes enfermas ou sociedades
problemáticas.

 Seu propósito é descobrir fatos ou a


estrutura da mente, se opondo como
diferente da psicologia animal e da infância.
Percepção e Memória

O método de Estudo – Introspecção
 Todas as ciências dependem da observação
da experiência consciente.
 Introspecção experimental sistemática
(Kulpe) – relatos detalhados, qualitativos e
subjetivos das atividades mentais do sujeito
durante o ato da introspecção.
 Se opõe ao método wundtiano dos
equipamentos e medidas objetivas.
Percepção e Memória

 Sensações e imagens formam a estrutura da
consciência.
 A importância eram as partes, e não o todo
na visão de Wundt.
 A noção de mecanismo e pensamento
mecanicista de Titchner é forte no
estruturalismo.
 Sujeito – máquina (visão galileniana e
newtoniana)
Percepção e Memória

 Os sujeitos “maquinas” engoliam tubos até o
estômago (durante o dia) onde se colocava
água morna ou gelada para descrever
sensações, acarretava em vômitos.

 Registro de sensações no ato sexual, urinar


e evacuar dos alunos. O laboratório fica
exposto como imoral.
Percepção e Memória

Os elementos da consciência

 As finalidades da psicologia:

1 – reduzir os processos conscientes aos seus


componentes mais simples ou básicos;
2 – determinar as leis mediante as quais esses
elementos se associam e
3 – conectar esses elementos às suas
condições fisiológicas.
Percepção e Memória

Elementos de consciência:

1 – sensações

2 – imagens

3 – estados afetivos
Percepção e Memória

Propôs 3 estados elementares de consciência:

1 – sensações: os elementos básicos da


percepção dos objetos físicos do ambiente

2 – imagens: elemento de ideias, lembranças

Há: qualidade, intensidade, duração e nitidez


Percepção e Memória

3 – estados afetivos: afeto ou sentimento,
elementos da emoção, estado presente em
experiências como amor, ódio ou tristeza

Há: qualidade, intensidade e duração

 Dificuldade em lidar teoricamente com a


questão do afeto, que para Wundt, era o
prazer-desprazer
Percepção e Memória

Processo mental, consciência e mente
A mudança é o fato mais marcante do mundo da
experiência humana.
Consciência é a soma total da experiência humana.
A experiência humana é o aspecto mental.
Consciência significa a percepção pela mente dos
seus próprios processos... é o conhecimento
imediato que a mente tem de suas sensações e
pensamentos.
Percepção e Memória

O método da psicologia
 Observação, neste caso, a introspecção, olhar para
dentro...
Percepção e Memória

Gestalt – (plural Gestalten) termo sem tradução do
alemão para o português. Significa: figura, forma,
feição, aparência, porte; estatura, conformação; vulto, e
pode acrescentar estrutura e configuração.
Percepção e Memória

Gestalt
Baseados nos estudos psicofísicos que relacionados a
forma e sua percepção, construíram a base de uma teoria
eminentemente psicológica.
Marx Wertheimer (1880/1943)

 Wolfgang Kohler (1887/1967)

Kurt Koffka (1886/1941)


Percepção e Memória

 Iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do
movimento.
 Compreender os processos psicológicos envolvidos na
ilusão de ótica, quando o estimulo físico é percebido pelo
sujeito como uma forma diferente da que ele tem na
realidade.
Percepção e Memória

 A percepção é o ponto de partida e o centro
desta teoria.
 Experimentos com percepção fez questionar o
principio do Behaviorismo (relação de causa e
efeito entre o estimulo e a resposta).
 Para a Gestalt, entre o S e a R há o processo
de percepção.
 O que o sujeito percebe e como percebe são
dado s importantes para a compreensão do
comportamento humano.
Percepção e Memória

 Behaviorismo e Gestalt chamam a atenção
sobre seu objeto na psicologia: o
comportamento.
 A Gestalt considera que o comportamento
deriva de aspectos mais globais, levando em
consideração as condições que alteram a
percepção do estimulo. A parte está sempre
relacionada ao todo. (Teoria do isomorfismo –
unidade no universo)
Percepção e Memória

 Parte de um objeto é visto com tendência a
restauração do equilíbrio da forma,
garantindo o entendimento do que é
percebido.
Percepção e Memória

Princípios Gestaltistas da Organização Perceptiva
Apresentados por Wertheimer em 1923
Os objetos são percebidos da mesma maneira como se
percebe o movimento aparente, ou seja, como totalidades
unificadas, e não como aglomeração de sensações
individuais.
Os princípios são essencialmente leis ou regras de como
se organiza o mundo perceptivo.
Uma premissa básica de principio é que a organização
perceptiva ocorre instantaneamente sempre ao receber
um estimulo de diferente forma ou padrão.
Percepção e Memória

 Parte do campo perceptivo se combinam,
unindo-se para formar estruturas que são
distintas do fundo.

 A organização perceptiva é espontânea e


inevitável sempre ao perceber o mundo ao
redor.
Percepção e Memória

O cérebro é um sistema dinâmico em que todos os
elementos que estejam ativos em um dado momento
interagem entre si; elementos semelhantes ou
próximos uns dos outros tendem a se combinar e,
elementos distanciados ou diferentes não tendem a
se combinar.
Percepção e Memória

Proximidade / Continuidade / Semelhança
Complementação / Simplicidade / Figura – fundo

 A Gestalt encontra nos fenômenos perceptivos as


condições para a compreensão do comportamento
humano. A maneira como se percebe um
determinado estimulo irá desencadear o
comportamento.
 Alguns comportamento guardam relações estreitas
com os S físicos, e outras, são completamente
diferentes do esperado por “se entender” o
ambiente de forma diferente da realidade.
Percepção e Memória

Percepção e Memória

 Os elementos percebidos devem ter um


equilíbrio, simetria, estabilidade e
simplicidade, caso contrario, não há boa
forma.
Percepção e Memória

 A busca da boa forma permite a relação


figura-fundo.
Percepção e Memória

 O comportamento é determinado pela percepção do
estimulo e estará submetido a Lei da Boa-Forma.
 O conjunto de S determinantes do comportamento é
denominado meio ou meio ambiental.

Meio geográfico Meio comportamental


físico interação sujeito e meio
condição da percepção
Percepção e Memória

Percepção e Memória

Percepção e Memória

Percepção e Memória

New Look perception
 Na década de quarenta, surge um novo movimento,
conhecido como New Look in Perception,
representado principalmente por Jerome Bruner e Leo
Postman.
(Jerome Bruner – 1915 -)

(Leo Postman -1918 / 2004)


Percepção e Memória

 Coloca-se a questão das influências motivacionais,
emocionais e sociais no processo perceptivo.

 A percepção é vista como -- construída a partir de -- e


não dada por informações fornecidas pelo meio ambiente
através dos sentidos.

 Assim, para o movimento New Look, perceber é um


processo essencial ao equilíbrio adaptativo do
sujeito, sendo um mecanismo regulatório e um modo de
organizar a realidade pessoal, categorizando-a
progressivamente.
Percepção e Memória

 A teoria da forma surge na Alemanha no século XX como uma reação à
Psicologia do séc. XIX. Por toda a parte sentia-se a necessidade de novos
princípios. A reconhecida insuficiência da teoria dos elementos fazia reclamar
uma Psicologia dos conjuntos, das estruturas e das formas. Os termos forma,
estrutura e organização pertencem ao campo da Biologia e também ao da
Psicologia.

 A Teoria da Gestalt entende a percepção como a organização de dados


sensoriais em unidades que formam um todo ou um objeto. Embora haja uma
forte tendência de organizar a informação em séries, os elementos podem ser
agrupados também segundo a proximidade ou similaridade (Hurlburt, 1980).

 Além do Gestaltismo, surgiram mais tarde, outras teorias que se preocupavam


com a questão da percepção e cognição, como por exemplo: New Look in
Perception, a Neuropsicologia, o Estruturalismo piagetiano e a Teoria da
Informação.
Percepção e Memória

 “A preocupação dos gestaltistas foi sempre em detectar a essência da
percepção. Eles fizeram as práticas da redução; eles procederam
exemplarmente porque quando Wertheimer estudou a percepção, não
estava preocupado com as influências emocionais, influências
derivadas da personalidade, nada disso. Eles deixaram tudo isso de
lado. E a crítica de que eles fizeram uma Psicologia sem sujeito, feita
pela New Look in Perception, por Postman e por todos que integraram
esse movimento, foram injustas. Portanto, não é verdade que eles
fizeram uma Psicologia sem sujeito. Eles deram muita importância ao
fator "setting", ao fator atitude do sujeito. Agora, o que eles deixaram
de lado foi o seguinte: não interessa estudar a influência dos fatores
emocionais - sem dúvida eles existem - mas essa influência não é
substantiva; ela é puramente adjetiva. Se eu quero saber o que é a
percepção; a mim interessa pegar a percepção no estado de pureza
total e, nesse estado, posso deixar de lado as influências emocionais,
influências históricas, etc.”
 Entrevista: Antonio Gomes Penna em Estud. psicol. (Natal) vol. 2 no. 1 Natal jan / jun 1997. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-
294X1997000100007
Percepção e Memória

Unidade I: Percepção

1.2 – Diferença entre sensação e percepção


Percepção e Memória

 Sentir e perceber são um processo único, que é o da
recepção e interpretação de informações.

 Sensação: simples consciência dos componentes


sensoriais e das dimensões da realidade (mecanismo de
recepção de informação).

 Percepção: supõe as sensações acompanhadas dos


significados que é atribuído como resultado da
experiência anterior (mecanismo de interpretação de
informações).
Percepção e Memória

Percepção é o processo de recepção, seleção,
aquisição, transformação e organização das
informações fornecidas por meio dos sentidos. (Barber
e Legge, 1976)

Percepção é a função mental que realiza a


captura e a decodificação da informação sobre as
mudanças de estados do organismo e do meio
circundante. (Gomes, 2005)
Percepção e Memória

Sensação é o fenômeno que o mundo externo
produz e que atua sobre os órgãos dos sentidos e reflete
no cérebro, isto é, o cérebro se conecta com o mundo
circundante por meio dos receptores/sensores.

 As sensações tem origens diferentes dos estímulos:


 Interoceptivas
 Proprioceptivas e
 Exteroceptivas
Percepção e Memória

SENSAÇÕES
 Interoceptivas: biológico – fome, desconforto, tensão, calma,
sexo, sede.

 Proprioceptivas: corpo – equilíbrio, dinâmico e estático;


posição espacial.

contato ou relacionais: paladar e tato

 Exteroceptivas:

telereceptores ou a distância: olfato,


visão e audição
Percepção e Memória

 Sensações exteroceptivas de
contato/relacionais e
telereceptores / distância

 A 3ª Unidade Funcional
Cerebral (UFC) integra
informações sobre os estados
e as variações nos estados
tanto do organismo como do
meio, conferindo unidade ao
comportamento.
Percepção e Memória
 UFC modelo Luria

O estado do organismo é o
conjunto das informações
interoceptivas e
proprioceptivas.

O estado do meio circundante


é resultado da superposição de
informações dos analisadores
sensoriais da exterocepção.
Percepção e Memória

 Cada modalidade de sensação é um conjunto de
aspectos ou submodalidades sensoriais que inclui:
localização,
intensidade,
identificação e
qualidade especifica de cada objeto sensorial.

 Quando as sensações são integradas pela palavra,


ganham conteúdo simbólico e transforma-se em
percepção, um complexo de sinais com significação.
Percepção e Memória
A internalização da
percepção acontece de
elementar/primária/involuntária a voluntária instável e depois
voluntária estável.
 O desenvolvimento da percepção depende da construção e da
estabilização de novas conexões entre as vias nervosas sobre os
quais o ambiente exerce efeito crítico.
Percepção e Memória

 A percepção é a associação de sensações que permite a
decodificação das alterações de estado da
matéria/energia: é uma sensação decodificada.
Percepção e Memória

Nos analisadores a sensação é um evento sensomotor com
estimulo e resposta em conexão direta, enquanto a percepção
é um evento senso-ideomotor com mediação de linguagem
entre estimulo e resposta.
Percepção e Memória

Unidade I: Percepção

1.3 – A psicofísica: método dos limites, dos


estímulos constantes; diferença mínima
perceptível: Lei de Weber e Fechner.
Percepção e Memória

 O ser humano é uma máquina de processar
informações. Para isso acontecer, é necessário que as
estimulações ocorram em certo nível e estimule os
órgãos sensitivos. Há um mecanismo que percebe (os
órgãos receptores, nervos condutores e o cérebro), as
características do estimulo e o estado psicológico de
quem percebe.
 Esta realidade envolve uma quantidade de estimulo
para que o processo ocorro. Este estudo é feito pela
psicofísica.
Percepção e Memória

 A psicofísica se volta para o estudo da sensação e da percepção.
Seu foco é a relação quantitativa entre o estimulo e a resposta. Busca
medir a intensidade de um estimulo para ocorrer uma resposta
sensorial.
 Todo estimulo é uma energia física do ambiente que ao atingir o
organismo é transformado em mensagens eletroquímicas que
atingem o SN para ocorrer a experiência psicológica.
 A sensação é a resposta inicial deste processo e, a percepção, é a
interpretação da experiência sensitiva, ou seja, quando é possível
nomear a sensação.
 Como a função do sistema nervoso é relacionar o organismo com o
meio ambiente, o processo psicofísico da sensação e da percepção é
de vital importância.
Percepção e Memória

Neste sentido, a psicofísica se preocupa
com a detecção de sinais muito fracos
para a percepção.

 Audição - Qual é o som mais fraco que se pode ouvir?


 Tato - Qual o toque mais leve que se pode sentir?
 Olfato – Qual o odor mais fraco que se pode perceber?
 Visão – Qual a luz mais fraca que se pode ver?
 Paladar – Qual o paladar mais fraco que pode ser
detectado?
Percepção e Memória

1 - Método dos Limites (ou método da variação mínima)
 É um dos métodos mais simples. Para se determinar o
limiar absoluto da detecção da luz, deve-se começar
com uma luz suficientemente intensa para ser percebido
por um observador, e então, gradualmente reduzir sua
intensidade por meio de alterações pequenas, usando
um dimmer, até que o observador diga que já não mais
consegue detectar a luz. É registrado esse nível de
intensidade e é diminuído ainda mais, passando depois
a gradualmente aumentar o seu nível de intensidade,
ate que o observador comece novamente a detectar.
Percepção e Memória

 Depois de várias séries ascendentes e descendentes de ensaios, é
computada uma média baseada nos níveis de energia em que o estimulo
cruza o limite entre sua não-detecção e o estágio inicial de sua percepção.
Em outras palavras, é computado uma estimativa numérica do limiar
absoluto, tomando a média das intensidades de estimulo alcançadas
quando o observador atinge um “limite” ou muda de resposta nas séries
ascendentes e descendentes dos estímulos. Essa média serve como uma
medida estatística do limiar atribuído aquele observador fazendo o teste
sob as condições experimentais gerais de texto.
Percepção e Memória

Tabela 1 - Uso do Método dos Limites para determinar o Limiar de Detecção de um estimulo visual.

Resposta do observador

Intensidade de luz 1 2 3 4 5 6
(Unidades arbitrárias)

10 Sim
9 Sim Sim
8 Sim Sim Sim Sim
7 Sim Não Sim Sim Sim Sim
6 Não Não Sim Não Sim Não
5 Não Não Não Não Não
4 Não Não
3 Não
2
1
Valor-limite 6,5 7,5 5,5 6,5 5,5 6,5
Percepção e Memória

 Nota sobre a tabela: nos resultados acima, em que se
alternam três séries descendentes de ensaios com três
séries ascendentes, a resposta “sim” significa que se
detectou o estimulo num dado ensaio, enquanto a resposta
“não” indica que ele não foi detectado. A barra horizontal na
coluna de cada série representa o limite do valor do estimulo
no qual ocorre uma transição da detecção para a não-
detecção, ou vive-versa. É próprio desse método ocorrer
uma certa variação no limite obtido em cada série, que neste
exemplo vai de 5,5 a 7,5. Computa-se o valor do limiar como
média aritmética dos limites obtidos em cada série ou ( 6,5 +
7,5 +5,5 + 6,5 +5,5 +6,5 / 6 = 6,333. Ou seja, estabelece-se
que o valor de limiar para a detecção da luz em 6,333
unidades.
Percepção e Memória

2 - Método dos estímulos constantes

 Requer uma série de ensaios de escolha forçada. Estímulos


de diferentes intensidades em um numero fixo, estendendo-
se por um espectro (alongado, disposição de frequência)
relativamente largo, são apresentados uma um por muitas
vezes , em sequência aleatória. A cada apresentação, o
observador deve dar uma resposta de detecção do
estimulo: sim (detecção) ou não (não-detecção). Para cada
intensidade de estímulo, computa-se o percentual de
ensaios em que ele foi detectado. A intensidade do estimulo
detectado em 50% dos ensaios é geralmente usada como a
média do limiar absoluto. Ainda que o método dos estímulos
constantes seja um tanto complicado e trabalhoso, ele
tende a fornecer as menores variações e os valores de
limiar absoluto mais precisos.
Percepção e Memória

3 - Método do ajuste (método do erro médio)
 Neste método a intensidade do estimulo fica sob controle do
observador, ou seja, faz-se com que o observador ajuste a
intensidade para um nível mínimo de detecção. Uma vez que o
observador regula a intensidade de estimulo até que ela passe
a se tornar detectável, o valor desse nível de intensidade é
definido como o limiar. Ainda que tal método seja rápido e
direto, ele é em geral o menos acurado. Sua maior
desvantagem está em fornecer valores de limiar um tanto
quanto variados, provavelmente porque, em uma tarefa normal
de detecção, há uma diferença significativa entre os
observadores quanto à precisão com que fazem o ajuste.
Percepção e Memória

Ernst Heinrich Weber (1795–1878) foi um dos primeiros
a fazer uma aproximação ao estudo da resposta do ser
humano a um estímulo físico de uma maneira
quantitativa.

A lei de Weber-Fechner tenta descrever a relação


existente entre a magnitude física de um estímulo e a
intensidade do estímulo que é percebida.
Percepção e Memória

 Weber foi um médico alemão, considerado um dos
fundadores da psicologia experimental. Estudou medicina na
Universidade de Wittenberg e em 1818 foi nomeado
professor adjunto de anatomia comparada na Universidade
de Leipzig.

 Por volta de 1860 Weber trabalhou com Fechner


aplicando os princípios da Psicofísica, quando formulou a
Lei que leva seu nome, realizando estudos pioneiros
capazes de quantificar um fenômeno psicológico, que
serviam para mapear a sensibilidade tátil em vários pontos
da pele por uma técnica chamada de limiar de dois pontos.
Percepção e Memória

A lei de Weber-Fechner: "a resposta a qualquer estímulo é
proporcional ao logaritmo da intensidade do estímulo". Esta
lei aplica-se aos 5 sentidos, mas as suas implicações são
melhor entendidas quando se refere aos estímulos provocados
pela luz e pelo som. É decorrente do fenómeno assim descrito,
que as medidas de percepção da intensidade sonora pelo
ouvido humano, e luminosa pelos orgão de visão, são feitas
por grandezas logaritmicas. É o caso do Decibel (dB) definido
como 10 vezes o logaritmo decimal da intensidade sonora. A
mesma grandeza logaritmica descreve também a intensidade
luminosa percepcionada, sendo genéricamente usada em
optica e engenharia.
Percepção e Memória

A Lei de Weber, para resposta humana a estímulos físicos, diz
que diferenças marcantes na resposta a um estímulo ocorrem
para variações da intensidade do estímulo proporcionais ao
próprio estímulo.
 Ex:
Ao sair de um ambiente iluminado para outro só se percebe uma
variação da luminosidade se esta for superior a 2%.
Para soluções salinas, só se distingue variações da salinidade se
esta foi superior a 25%.
Percepção e Memória
 Mais tarde,

elaborou uma
interpretação teórica elaborada
sobre as descobertas de Weber.

 O interesse geral de Fechner


(1801/1887), o fundador da
psicofísica, era examinar a relação
existente entre a estimulação física
e a experiência mental.

 Daí segue alguns métodos capazes


de fornecer uma expressão
quantitativa do limiar absoluto.
Percepção e Memória

 A lei de Fechner
 Fechner publicou em 1860 Elementos de Psicofísica que exercia um
profundo impacto sobre a medida da sensação e da percepção. Sua
premissa básica era a de que a experiência mental – a sensação – se
relaciona quantitativamente ao estimulo físico. Ele tentou calcular
uma expressão relacionando essas variáveis, desenvolvendo assim
uma escala numérica de sensação para dada modalidade sensorial. O
trabalho de Fechner resultou em uma importante equação,
relacionando a magnitude da sensação à magnitude do estimulo.
Percepção e Memória

 Como visto anteriormente, acréscimos aritméticos na escala sensorial,
acompanhados de acréscimos geométricos na escola de intensidade, expressam
uma relação logarítmica. A relação entre uma progressão aritmética e uma
geométrica existente entre a sensação e a intensidade do estimulo reduz-se,
matematicamente, a uma função logarítmica conhecida como a Lei de Fechner.
Assim, a magnitude de uma sensação é uma função logarítmica do estimulo
correspondente: S = K log I
S – magnitude da sensação
Log I – logaritmo da intensidade física do estimulo
K – é uma constante que leva em conta a fração de Weber específica para uma dada
dimensão sensorial.
Percepção e Memória

 Essa relação logarítmica explica o fato de que a
sensação aumenta menos rapidamente do que a
intensidade do estimulo, à medida que o estimulo
aumenta, intensidades cada vez maiores são necessárias
para se produzir o mesmo efeito sensorial. Em resumo,
são necessários saltos de intensidade cada vez maiores
para que se produzam os mesmos efeitos sensoriais.

Unidade II:

Percepção
Percepção e Memória

2.1 – Tipos de percepção:

cor, brilho, forma, espaço, tempo


subjetivo, movimento, causalidade e
de pessoas
Percepção e Memória

 A percepção superior é um evento complexo que
envolve as percepção de objeto, movimento, tempo,
espaço que se desdobram.

 No cérebro humano a função visual é de grande


importância na construção de uma imagem mental
integrada da realidade: mais da metade da área cortical
sensorial é utilizada no processamento visual.
Percepção e Memória

Percepção e Memória

Percepção e Memória

Percepção e Memória

Formação do sistema visual
 Ao nascimento a criança já tem pronto o circuito básico da
visão e é capaz de enxergar. Mas o que ela enxerga é ainda
um esboço do que será capaz de ver em pouco tempo à
medida que for interagindo e sendo estimulada pelo
ambiente, o que leva à formação de novas sinapses, além da
manutenção das já existente.

 É a formação de novas ligações sinápticas entre as células


no sistema nervoso que permite o aparecimento de novas
capacidades funcionais.
(Consenza & Guerra, 2011)

Percepção e Memória

Percepção de cor e brilho
 Por volta dos 2 meses o bebê já discrimina as cores
básicas: vermelho, verde, amarelo e azul.
 Aos quatro meses a percepção de cores já é semelhante
a do adulto, com a distinção progredindo ate a
aquisição de 11 cores derivadas.
 A aquisição de matizes de cores vincula-se ao
desenvolvimento da linguagem que permite inúmeras
distinções durante toda a vida, tendo como base a
experiência na atividade.
(Gomes, 2005)
Percepção e Memória

É na experiência na atividade que a
criança constrói a percepção superior
em um processo continuo de
internalização dirigido para a
identificação socialmente orientada de
objetos e fenômenos.

Percepção e Memória

Percepção de Forma e Espaço

 Orienta o comportamento para uma ação. Via dorsal


é a via do “ONDE?”

 Mas também reconhece forma de objetos. Isto ajusta


o comportamento para ação precisa.

Percepção e Memória
 Percepção de tempo subjetivo

 Ao longo do desenvolvimento humano,


a criança aprende a diferenciar velocidade
e determinar a regularidade de seu próprio
tempo e do tempo pré-estabelecido.

 Fazer deslocamento com ritmo e sincronização, descobrir a cadência dos


movimentos.
 Os exercícios de coordenação levam a criança a estabelecer estímulos
adequados entre o espaço de seu corpo e os objetos; realizando um
esforço de adaptação ao mundo exterior, estruturando assim o esquema
corporal.
Percepção e Memória

 A coordenação global desenvolve o sentido de
direção e orientação espacial, aproximação de
distância, pontaria, localização de objetos em
movimentos, sua trajetória e velocidade.
 Etapas são estabelecidas para se adquirir a
complexidade:

 a) Orientação do próprio corpo


 b) Noções de posições: direita/esquerda; à
frente/atrás e alto/baixo.

Percepção e Memória

Percepção de Movimento
 não se explica apenas pelo movimento físico real do
objeto no ambiente, porque a percepção dos
movimentos não “retrata” diretamente o movimento
físico. O movimento físico real de um objeto não
produz percepção de movimento e, outras vezes, é
percebido do movimento onde, realmente, não existe.
 Pode ser produzido por um movimento aparente pela
sucessão rápida de imagens ligeiramente diferentes
(movimento estroboscópico), tal como no cinema ou no
ascender sucessivo de duas lampadas, em posições
diferentes no ambiente escuro (fenômeno phi).
Percepção e Memória

 Movimento induzido é o nome que se dá ao fenômeno
em que um objeto em movimento “induz” ao
julgamento de movimento de outro objeto, como no
caso da lua que parece se mover rapidamente atrás da
nuvem.

 Ou, a pessoa sentada em uma carro tem a certeza de


que o seu carro esta se movimentando, enquanto que é
o outro que esta.

Percepção e Memória

Efeito autocinético é outro exemplo de que a
percepção de movimentos não depende apenas
do movimento físico. Um ponto de luz, em um
quarto escuro, parece se mover sem direção
definida, após alguns segundos de observação.

 A direção e extensão deste movimento aparente


depende de vários fatores como a expectativa do
observados e o movimento dos olhos.
Percepção e Memória

Percepção de formas e pessoas

 Área de reconhecimento facial, parte da via cerebral para o


reconhecimento de objetos, examina coisas relevantes.
Essa área processa as formas que pedem por
discriminação detalhada, como rostos.
Percepção e
Memória


Prosopagnosia
prosopon = „cara‟
e, agnosia =
inabilidade de
reconhecer.
incapacidade de
reconhecer rostos.

Percepção e Memória


Percepção e Memória

 2.2 – Constâncias perceptivas - Ilusões
 A percepção de um objeto e de suas propriedades
como alguma coisa constante, apesar das variações
de sensações que recebem os órgãos sensoriais, é em
geral, o que se estuda neste tema.

 Se percebe os objetos como se eles tivessem


sempre o mesmo tamanho, forma cor, brilho,
localização etc... Apesar das mudanças dos dados
sensoriais.
Percepção e Memória

 A constância de tamanho se refere à tendência a
perceber os objetos como se eles tivessem um
tamanho constante, apesar de que o tamanho da
imagem retiniana se torne menor quanto mais o
objeto se distancia.
Percepção e Memória

 A constância de tamanho parece ser um resultado da
aprendizagem que se processa, em grande parte, sem
que se aperceba. Aprende-se que uma bola não
diminui quando se afasta da pessoa que a joga,
embora a imagem diminua.

 A ausência de indicadores de distância, pode alterar


a constância de tamanho.
Percepção e Memória
  Na ausência de pistas
para julgar a
distancia, variando-se
o tamanho de objetos
conhecidos, julgar-se-
á que o que varia é a
distancia.
Percepção e Memória

 A constância de forma é responsável por reconhecer
o formato de objetos conhecidos, apesar de forma
constantemente mutável da imagem retiniana.
 Ver uma moeda, mesmo de lado, quando a imagem é
oval.
Percepção e Memória

 Os estudo sobre a constância de cor e brilho reforçam
a conclusão de que a constância não é uma resposta a
indicações especificas e sim a um conjunto de
relações.

 Se percebe uma mesma cor de um objeto mesmo


quando o objeto conhecido não é bem percebido: um
telhado a noite sempre terá a percepção da cor
avermelhada!
Percepção e Memória

 A constância de localização é que permite julgar estáveis os
objetos no espaço, apesar de sua localização variável no campo
visual.
 Os estudos sobre esta constância perceptiva leva a concluir que
a estabilidade dos objetos se deve, também, a aprendizagem.
 Os estudos ate agora levados a efeito sobre constâncias
perceptivas demonstram que a percepção não se deve, apenas,
aos estímulos que chegam da realidade externa e nem à simples
projeção de algo mental nesta realidade.
 A percepção depende das relações entre os fatores do estimulo,
captados pelos órgãos dos sentidos e as nossas experiências
passadas com este estimulo.
Identifique as palavras escondidas em inglês. São elas:
READ, NOVEL, BOOK, STORY, WORDS, PAGE.


Percepção e Memória

Ilusões perceptivas

As ilusões são interpretações falsas


da realidade e podem ser visuais,
auditivas, táteis, gustativas, olfativas.
Percepção e Memória

 Tende-se a julgar com alguma incapacidade do
observador em isolar as variáveis particulares a
serem consideradas.
Percepção e Memória

 Outras ilusões podem ser devidas ao fato do objeto
considerado ser familiar e a experiência passada com
este objeto mostra que existem certas proporções
entre as dimensões.

 Há a tendência de se “acreditar” mais na experiência


anterior do que nas informações fornecidas pelos
sentidos.”
Percepção e Memória

 Algumas ilusões são causadas pelas motivações,.
Expectativas, emoções e etc. do percebedor.
 Acredita-se que as ilusões sejam um fator ou produto de
todos os fatores de interação.
 “Se as ilusões consistem em experimentar o mundo como
coisa diferente do que realmente é, nesse caso todas as
experiências perceptivas são particularmente ilusórias.
Dissemos reiteradas vezes que a percepção envolve sempre a
transformação da entrada sensorial pelas lembranças
internamente armazenadas de experiências anteriores, com
configurações semelhantes de estimulação.”
(Telford e Sawrey, 1973 apud Braghirolli e col., 2003)
Percepção e Memória

 2.3 – Desenvolvimento da percepção, efeitos da
motivação, aprendizagem e cultura sobre a
percepção.

 Perceber é uma efeito inato ou aprendido?

“Percepção contém sempre um componente


aprendido, mas não é exclusivamente uma questão
de aprendizagem.”
(Telford e Sawrey, 1973 apud Braghirolli e col., 2003)
Percepção e Memória

 Como a maioria das atividades humanas, a percepção resulta
de uma integração complexa entre tendências inatas, maturação
e aprendizagem.

 Ex. pintinhos bicam por disponibilidade


inata, a precisão aumenta com a prática
ao ver a mãe bicar.

 A percepção é um processo em que a aprendizagem


desempenha um importante papel, desenvolvendo-se sobre os
fundamentos das tendências inatas de respostas e da
maturação.
Percepção e Memória

 Pode-se facilmente constatar a influência da
aprendizagem na percepção, comparando-se, como o
fizeram alguns estudos, as diferenças na maneira pela
qual os mesmos estímulos são percebidos em diferentes
sociedades.

 Parece relativamente seguro supor que as diferenças na


percepção de propriedades simples de estímulos físicos,
fundamentam-se em diferenças de aprendizagem e de
experiência anterior com esses objetos. Com isso, entra a
motivação e a cultura.
Percepção e Memória

Percepção e Memória

O CPF além de suas funções motoras, exerce também importante funções
cognitivas, comportamento e de linguagem que se encontram
hierarquicamente organizadas dentro de um ciclo percepção-ação onde
existe um fluxo circular de informações do ambiente para áreas
sensoriais, e destas para área motora, que por sua vez retornam a
informações para o ambiente sob a forma de expressão comportamental
(Fuster, 2004). Assim, as áreas posteriores do Córtex são responsáveis
pela percepção das informações do meio e as áreas frontais pela funções
executivas do comportamento, seguido de um gradiente ontogenético do
córtex sensorial primário para áreas de associações multifatoriais (Fuster,
2001). O nível mais elevado é o córtex pré-frontal (CPF), o qual integra as
informações mais elaboradas da percepção e da exclusão do
comportamento (Fuster, 200, 2001, 2004). O processamento das
informações neste ciclo percepção-ação ocorre tanto em série como em
paralelo (Koechilin et al , 2003).
(Benevides, M. 2007 – UFES)


Unidade III: Memória

 3.1 – Memória: conceito e histórico. Ebbinghaus e suas
listas de consoantes

 3.2 – Tipos de memória (curto e longo prazo, implícita e


explícita, autobiográfica e semântica) e modelo de
processamento da informação.

 3.3 – Fatores que interferem na memória: material estocado,


familiaridade, significado, emoções, motivação e atitudes.
Memória, interferência, esquecimento, distorções e
reminiscências.
Memória

"O que importa na vida não é o que acontece com você,
mas o que você lembra e como você lembra.“

Gabriel Garcia Márquez


Memória

 A aprendizagem e a memória são fatos úteis para a
vida cotidiana.
 A aprendizagem se refere a uma mudança no
comportamento que resulta da aquisição de
conhecimento acerca do mundo.
 A memória é o processo pelo qual esse conhecimento
é codificado, armazenado e posteriormente evocado.
(Kandel, 2014)
Memória

Os antigos gregos
consagravam a memória
à deusa Mnemosyne,
que dava aos poetas e
adivinhos o poder de
voltar ao passado.
Uma capacidade
mnêmica preservada é
fundamental para a
percepção e para a
orientação.
Memória

 Mnemosine – Mnemósine ou Mnemósina
(do grego Mνημοσύνη, Mnemosyne,
derivado do verbo mimnéskein, "fazer-se
lembrar", "fazer pensar", "lembrar-se").

 A memória personificada, filha de Urano (o


Céu) e de Gaia (a Terra), é uma das seis
Titanides. Durante nove noites seguidas
Zeus a possuiu na Pieria e dessa união
nasceram as nove Musas.

 Titanides - Seis filhas de Urano (o Céu) e de


Gaia (a Terra), chamadas Febe, Mnemosine,
Rea, Téia ou Tia, Têmis e Tetis.
Memória

Musas - As nove filhas de Mnemosine (a
Memória) e Zeus. Além de inspirar os poetas e os
literatos em geral, os músicos e os dançarinos e
mais tarde os astrônomos e os filósofos, elas
também cantavam e dançavam nas festas dos
Deuses olímpicos, conduzidas pelo próprio
Apolo. Na época romana elas ganharam
atribuições específicas: Calíope era a musa da
poesia épica, Clio da História, Euterpe da música
das flautas, Erato da poesia lírica, Terpsícore da
dança, Melpomene da tragédia, Talia da comédia,
Polímnia dos hinos sagrados e Urânia da
astronomia.

(Kury, M. G. - Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Jorge Zahar


Editor Ltda. Rio de Janeiro: 1990)
Memória

 Memória se refere à retenção de conteúdos passados e à
evocação destes.

 Três fenômenos da memória: aquisição (fixação),


conservação (manutenção) e resgate para o momento atual
(evocação).

 Há uma memória mais atual, sobre os fatos que foram


vivenciados recentemente, mais frágil (MCP), e uma
consolidada, para fatos há muito tempo passados (MLP).
Memória

Hermann Ebbighaus (1850/1909) e
suas listas de consoantes

 Alemão, formado filosofia em


1885, estuda os processos
subjacentes à memória.

 Transforma a análise da
memória humana como um
objeto da ciência experimental
e não mais como um estudo
introspectivo
Memória

 Ebbingaus foi um influenciado pelo fisiologista Ernst
Weber e os físicos Gustav Theodor Fechner e
Hermann von Helmholt, onde estes utilizaram
métodos rigorososda fisiologia no estudo da
percepção.

 Ebbingaus defendia a ideia de que os processos


mentais têm uma natureza biológica e podem ser
compreendidos nos mesmos termos científicos
rigorosos da física e da química. (Kandel, 2009)
Memória

 Ebbingaus precisava se certificar de
que os sujeitos estudados estavam
formando associações novas, e não
recorrendo a associações aprendidas
anteriormente. Teve a ideia de fazer
com que pessoas aprendessem
palavras sem sentido, cada uma
delas constituída por duas
consoantes separadas por uma
vogal:

RAX PAF WUS CAZ


Memória

 Já que nenhuma palavra não tinha significado, elas
não se encaixavam na rede de associações
preestabelecidas do aprendiz.

 Ebbingaus criou 2 mil palavras neste modelo,


escreveu cada uma em uma tira de papel e
embaralhou e sorteou aleatoriamente para criar listas
com variação entre 7 e 36 palavras.
Memória

Dois princípios:
 1 – a memória é gradativa, ou seja, a prática leva à
perfeição. Há uma relação linear entre o número de
repetições realizadas no treinamento no primeiro dia
e a quantidade de material retida no dia seguinte.

 2 – a lista de 6 ou 7 itens podia ser decorada e


conservada com uma única apresentação, ao passo
que uma lista mais longa requeria repetidas
apresentações.
Memória
 Precursor da

psicologia experimental,a memória era
constituída por um sistema de retenção que permitia o
registo de informação a longo prazo.

 O estudo científico da memória humana foi iniciado por


Ebbinghaus com a publicação do livro Sobre memória.

 Desde então a memória humana foi objeto de inúmeros


estudos, apesar da controvérsia de seus trabalhos
provocaram. Contribuiu de forma inegável para
impulsionar uma série de estudos dedicados à memória,
inseridos em perspectivas distintas como a
associacionista, a cognivista e a construtivista.
Memória
Curva do esquecimento


Memória

 Testou a si mesmo em intervalos variados após a
memorização e com listas diferentes em cada
intervalo, determinou a quantidade de tempo
necessária para decorar de novo cada lista com o
mesmo grau de precisão alcançado pela primeira.

 Contatou que havia uma economia de tempo e de


esforço: decorar novamente uma lista velha requeria
menos tempo e um numero menor de tentativas do
que a memorização original.
Memória
O esquecimento tem duas fases: um rápido declínio inicial, mais abrupto
nas primeiras horas após a memorização, seguido de um declínio bem
mais gradual que continuava por aproximadamente um mês.

Memória

 Mundialmente conhecido ao utilizar uma tarefa para estudar o
fenómeno do esquecimento, que assentava na sua famosa curva de
esquecimento.
 Nas investigações, focava sobretudo a aprendizagem verbal. Os
materiais usados eram unidades simples como palavras e trigramas
formando pares de itens que eram analisados em termos de respostas
verbais e estímulos que estes provocavam. Os sujeitos aprendiam a
associar itens-resposta a itens-estímulos. Os itens de cada par
competiam entre si, produzindo fenómenos de extinção e recuperação
espontânea.
 Nesta perspectiva de memória, o que se recorda ou esquece são
respostas, e a principal razão porque algumas respostas são
esquecidas deve-se à competição por parte de outras respostas a
estímulos comuns e similares.
Memória

Classificação de memórias:

1 – Memoria sensorial: rápida, apenas


para ocorrer a percepção

2 – Memória de curto prazo


(operacional ou trabalho):
armazenamento limitado e rápido para
realização de tarefas cognitivas.
Memória
3 – Memória de longo prazo: conversão
de MCP em MLP (consolidação), se divide
Explícita Implícita

(Evocadas conscientemente, (Aprendizado de fazer coisas
individual) automática e reflexa
sem
Memória episódica palavras, rotina)
(autobiografia, pessoal)

Memória semântica Memória de


procedimento
Condicionamento... (habilidade motoras)
(fatos compartilhados)

A Memória Explícita depende de uma circuitaria


neural do hipocampo e do lobo temporal medial e
outros locais de armazenamento.
Memória

 A memória explicita possibilita que se possa lançar no
espaço e no tempo e se evoque eventos e estados
emocionais que desapareceram no passado, mas que
continuam de algum modo a viver na mente. (Kandel, 2009)
Memória
Os psicólogos americanos cognitivistas Peter Graf

e Daniel Schacter 

examinaram pessoas normais e descobriram dois tipos de


MLP que envolvem ou não a percepção consciente
necessária para a evocação.
Memória

 Memória implícita – é inconsciente, observada durante
o desempenho de uma tarefa. Também chamada de
memória não declarativa ou de procedimento.
Experiências de vida podem possibilita-la, como
primming, aprendizado de habilidade motoras, hábitos
e condicionamentos.

 Memória explicita – é evocada conscientemente,


experiências prévias sobre um fato, pessoas ou lugares.
Também conhecida como memória declarativa. É muito
flexível e associa vários fragmentos de informações de
diferentes circunstâncias. Se mantém ligada às condiços
originais do fato aprendido.
Memória

Memória

 Memória é a capacidade que tem a matéria de reter traços de
excitações passadas, durante segundos, horas, décadas ou
infinitamente (MCP ou MLP).

 A função da memória não é reter passivamente na mente


traços de excitações, mas é o processo dinâmico da
recordação, onde lembrar é sempre uma reconstrução, e não
uma reprodução do evento ocorrido.

 A memória fixa as percepções para além do tempo de


presença do estímulo.
(Gomes, 2005)
Memória
Tipos e características da memória

1 - Quanto ao tempo de retenção (Lent, 2011)

A - Ultra rápida – frações de segundo a segundos.

B - Curta duração – minutos ou horas, garante o sentido


de continuidade presente.

C - Longa duração - horas


Memória
Tipos e características da memória de Longo Prazo

2 – Quanto à natureza

A – Explícita ou declarativa – descrita por palavras
B – Episódica – referência temporal, de fatos sequenciais
C – Semântica – conceitos temporais, memória cultural
D – Implícita ou não-declarativa – não pode ser descrita por palavras (Inc)
E – Representação perceptual – representa imagens sem significado
conhecido, memória pré-consciente
F – Procedimento – hábitos, habilidades e regras
G – Associativa – associa dois ou mais estímulos (condicionamento
clássico) ou um estimulo a uma certa resposta (condicionamento operante)
H – Não-associativa – atenua uma resposta (habituação) ou a aumenta
(sensibilização) por meio da repetição de um mesmo estimulo
I – Operacional – permite o raciocínio e o planejamento do comportamento
Memória
Implícita

(não declarativa)
 Priming
Procedimento (habilidade e hábitos)
Aprendizado associativo:
cond. Clássico e operante
MLP Aprendizado não associativo:
habituação e sensibilização

Explícita Fatos (semântica)


(declarativa) Eventos (episódica)
Memória

 O psicólogo canadense Endel Tulving
foi o primeiro a desenvolver a ideia de
que a memória explicita pode ser
episódica (experiência pessoal ou
autobiográfica) e semântica (fatos e
conceitos, ou os conceitos de novas
palavras.
Memória

O processamento da MLP explícita envolve quatro
operações:
1. Codificação – processo de novas informações são
observadas e conectadas com informações preexistentes
na memória.
2. Armazenamento – mecanismos e locais neurais que
possibilitam a retenção da MLP.
3. Consolidação – processo que faz a informação lábil e
temporária ficar estável.
4. Evocação – chamada da informação consolidada à
mente, vindo de diferentes partes do encéfalo.
Memória

Etapas da internalização da memória

 Imediata natural direta eidética (visto)


 Exteriormente mediata verbal mecânica
 Interiormente mediata verbal lógica

 A internalização da memória é a transformação de formas


inespecíficas elementares em formas superiores especificas
organizadas pelo segundo sistemas de sinais.
 A construção das imagens mentais é o resultado da intima relação
entre percepção e memória que apresentam modalidades especificas
de processamento de acordo com a natureza/qualidade dos estímulos:
auditivos, visuais, proprioceptivos, cutâneos, vestibulares. As imagens
mentais são arranjos esquemáticos de conjuntos de estímulos destas
modalidades especificas.
Memória

Involuntária

Imediata natural direta


Voluntária Instável

Exteriormente mediata
Voluntária Estável

Interiormente mediata
eidética verbal mec. Verbal lógica

Áreas principais Sistema reticular Zonas mediais Córtex frontal


Aciona programas a
Registra entrada de Analisa e compara partir de síntese de
Memória curto prazo
estímulos. Estímulos padrões de S. grupos de S. Registra
novos e intensos Discrimina S novos x programas de ação e
antigos seu resultado.

Memória longo prazo


Sinais de risco Registra novos Registra padrões de
padrões de S. programas de ações
Formação biológica da memória


Memória

 As zonas corticais dos analisadores da 2ª UFC estabelecem


inúmeras conexões com núcleos das zonas mediais do cérebro
onde amigdala, hipotálamo e hipocampo se destacam.
 As bases anatômicas da memória são compartilhadas com a
atenção: nas porções mediais do cérebro estão os chamados
neurônios da atenção e da memória. A memória é uma função de
atenção e percepção que se estende no tempo e ganha duração.
Memória

 O primeiro estagio na formação de imagens é a impressão e
resulta da associação entre a forma mais elementar da
percepção (sensação) e a estampagem da memória imediata
inespecífica.

 Focos isolados de neurônios excitados simultaneamente nas


zonas corticais primárias (2ª UFC) registram estímulos
fragmentados capazes de ativar o sistema reticular (1ª UFC),
sinalizando a existência de um estimulo, mas não são
informações suficientes para permitir a decodificação. São
responsáveis pela produção de um estado de alerta
investigativo que busca identificar impressões, decodificar
excitações que impressionam o SNC.
Memória

Memória


Memória
 Freud – neurocientista de laboratório a neurologista
clínico.

 1895 – Projeto para uma psicologia científica – integra


mente e cérebro, propôs a sinapse (barreiras de contato),
descrevendo como elas podem ser alteradas pelo que se
aprende; antecipando Kandel. Propôs ideias
neuroplásticas.
Memória

 Freud, 1888 – Primeira ideia de neuroplasticidade: neurônios
que disparam juntos se ligam entre si; chamado de Lei de Hebb,
60 anos depois por HEBB.
 Neurônios que disparam simultaneamente facilita a sucessiva
associação.
 Para ele, o que liga os neurônios é a ativação conjunta no tempo
– fenômeno de lei da associação por simultaneidade. Esta,
explica a associação livre, onde há vários sentimentos bem
guardados e com ligações importantes, pensamentos e
sentimentos que geralmente se rejeita.
 As associações livres são expressões de ligações formadas nos
circuitos da memória (MLP).

Neurônio
C

Neurônio Neurônio
A B
Memória

 Freud – Segunda ideia de neuroplasticidade: o mapa
cerebral da sexualidade humana, plasticidade sexual, fase
de organização.

 Freud, 1896 – Terceira ideia de neuroplasticidade: visão


plástica da memória: o que se vive pode deixar rastros de
memória permanentes na mente, embora possa ser
reescritas, novos significados sobre o registro. De tempos
em tempos há um rearranjo da memória de acordo com
novas circunstâncias. Mas é precioso voltarem a
consciência para resignificar.
Memória

 Freud - Quarta ideia de neuroplasticidade ajudou explicar
como é possível tornar consciente lembranças traumáticas
inconscientes e retranscrevê-las. Privação sensorial branda,
comentar apenas os insigths dos problemas psicológicos
críticos. Reviver, e não lembrar, o passado sem ter
consciência (transferência).
 Descobriu que as transferências de cenas traumáticas da
infância podiam ser alteradas se ele assinalasse o que
acontecia quando a transferência se ativava e se eles se
concentrassem nisso. Os circuitos neuronais subjacentes, e
as lembranças, podiam ser retranscritos e alterados.
(Doidge, 2012, p. 243)
Memória

 No Mecanismo de Defesa do Ego chamado de
Dissociação, os sentimentos ou ideias são separados do
resto da psique. Assim, o que pensa não sente e o que
sente não pensa. Ao reviver o doloroso e ao resignificar as
memórias, ocorre que grupos neuronais que estavam
codificado desconectamente começam a se reconectar.

 Quando se revive os traumas e tem flashbacks de emoções


incontroláveis, o fluxo de sangue para os lobos pré-frontal
e frontal diminui (menos ativado) ocasionando em
repetição, pois não há elaboração do memorizado.
Memória
No sonho,

há uma diminuição da função
inibidora do CPF e ampliação da área responsável
pelos instintos sexuais, emoções, sobrevivência e
agressividade.

(Doidge, 2012)
Memória

 Estudos mostram que o sono
ajuda a consolidar o
aprendizado e a memória e
efetua mudança plástica.

 O sono REM é particularmente


importante para melhorar a
capacidade de reter
“lembranças” emocionais e para
permitir que o hipocampo
transforme “lembranças”
diárias de curto prazo em
“lembranças” diárias de longo
prazo.
Memória

 Traumas na primeira infância provocam mudança plástica
maciça no hipocampo encolhendo-o de modo que a MLP
não possam ser formadas. Animais afastados de suas mães
liberam o hormônio do estresse „glicocorticóide‟ que mata
células do hipocampo e impede de criar conexões
sinápticas nos circuitos neuronais responsáveis pela
aprendizagem e memória de longo prazo.

 Pesquisas com humanos adultos mostrou que os que


passaram por maus-tratos na infância apresentavam sinais
de hipersensibilidade duradoura aos glicocorticóides.
Memória

 Depressão, estresse elevado e traumas infantis liberam
glicocorticóides e matam células do hipocampo levando a
perda da memória.
 Hipocampo de deprimidos adultos com traumas pré-púbere
é 18% menor que os de adultos deprimidos sem traumas.


Memória

 Eric R. Kandel – (1929 -) Foi o
primeiro a mostrar que os neurônios
alteram sua estrutura e fortalecem
conexões sinápticas no aprendizado.

 Primeiro a mostrar que na formação


da MLP, os neurônios mudam seu
formato anatômico e aumentam o
número de conexões sinápticas com
outros neurônios – Nobel em 2000.
Memória

"O que nos governa não é o passado, mas as imagens
do passado fixados pelos sentidos que tivemos/temos
ou os que nos deram dessas imagens...."

(Reflexões sobre Eric Kandel em "Em busca da memória - o


nascimento de uma nova ciência da mente", 2009.)
Memória

Lesma do mar (Aplysia)

 Estudos de Kandel sobre


aprendizagem e memória:

a aprendizagem leva à consolidação


neuroplástica das conexões entre os
neurônios, em MCP e MLP.
Memória

Memória

Memória

 Quando um único neurônio desenvolve uma MLP
em consequência da sensibilização, pode passar a
estabelecer de 1.300 a 2.700 conexões sinápticas, um
nível impressionante de mudanças neuroplástica.
(Kandel, Carew, Chen Bailey apud Doidge, 2012)

 Quando se aprende a mente afeta a transcrição


genética nos neurônios, assim, se pode modelar
genes que, por sua vez, modelam a anatomia
microscópia do cérebro.
(Kandel apud Doidge, 2012)
Memória

 A memória de curto prazo ´produz uma mudança na
função da sinapse, fortalecendo ou enfraquecendo as
conexões preexistentes, enquanto que a memória de
longo prazo requer mudanças anatômicas. ( Kandel,
2009)

 A memória resulta de mudanças sinápticas, sendo


funcional para a MCP e, estrutural para a MLP.
(Kandel, 2009)
Memória Kandel, 2009


Memória

 A MLP requer síntese de novas proteínas.
 Proteína: macro moléculas biológicas com uma ou
mais cadeias de aminoácidos.
 Síntese de proteína: ocorre no interior da célula

 A MCP e MLP acontecem em áreas anatômicas


distintas cerebrais, sendo córtex e a outra o
hipocampo.
Memória

 A memória resulta de mudanças nas sinapses em um
circuito neuronal:

 Mudanças funcionais – MCP

 Mudanças estruturais - MLP



Memória

A análise realizada através do Event-related
Potentials (ERP) ou Potencial relacionado ao
evento (PRE) é um dos métodos mais
dinâmicos de investigação e monitoramento
dos estágios do processamento de informação
no cérebro humano.
Memória

As características de latência e amplitude das ondas do
PRE e topografias específicas refletem tanto o processo de
percepção sensorial precoce, quanto alto nível de
processamento, incluindo a atenção, a inibição cortical, a
atualização de memória e a atividade cognitiva.

O PRE possibilita o estudo do processamento cognitivo em


sujeitos saudáveis, proporcionando também a ferramenta
para acessar as diferenças existentes em sujeitos com
patologias do desenvolvimento neurológico (SOKHADZE,
et.al., 2012) e com consequências psiquiátricas e
psicológicas.
Memória

Memória e emoção
 Homero (séc. VIII a.C.) poeta
grego – os poemas longos eram
compostos e transmitidos de
geração a geração de forma
oral.

 Conta a tradição que Homero


era cego.
Memória

 A memorização era essencial nas culturas pré-
letradas, na realidade, o analfabetismo pode ter
incitado o cérebro a atribuir mais operadores
cerebrais à tarefa auditiva.

 As proezas da memória oral são possíveis em


culturas alfabetizadas, se houver motivação
suficiente.
(Doidge, 2012 p. 229)
Memória

Unidade IV: Resolução de
problemas

 4.1 – Etapas do processo de resolução de problema

 4.2 – Tomada de decisão


Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

“Nenhum problema pode ser resolvido a
partir da mesma consciência que o criou.
É necessário aprender a ver o mundo de
uma maneira nova e revigorada.”

Einstein


TIPOS DE PROBLEMAS
 Os problemas podem ser classificados segundo a
clareza de caminhos para uma solução (Davidson e
Sternberg, 2003). Os problemas bem-estruturados
têm caminhos claros que levam a suas soluções.
Esses problemas também são chamados problemas
bem-definidos. Um exemplo seria "como se calcula a
área de um paralelogramo?". Os problemas mal-
estruturados carecem de caminhos claros às suas
soluções. São também chamados problemas mal
definidos.

Torre de Hanoi
 Desafiam as habilidades de solução de problemas,
em parte por meio de suas demandas relativas à
memória de trabalho.

Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

George Pólya – (Budapeste)
How to solve it - descreve como se deve induzir quem
resolve problemas de todos os tipos, mesmo os que não
são de matemática.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

 Resolução de Problemas - Pólya,G. (1945)

 O envolvimento de alunos na resolução de


problemas deve ser compatíveis com os seus
conhecimentos, e deve auxiliá-los no processo com
questionamentos/proposições estimulantes para
fazê-los ter/desenvolver gosto pelo raciocínio
independente... de modo a criar possibilidades para
descobrirem os talentos, gostos e preferências...
Vivendo positivamente e agradável o intenso
trabalho mental de pensar.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

 O modelo proposto por Pólya sugere uma
aproximação à resolução de problemas em quatro
etapas fundamentais. Na verdade, essas etapas são
depois subdivididas, sendo sugeridas inúmeras
estratégias que podem ser utilizadas nas alturas
apropriadas.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

1 - Entender o Problema

 Ler cuidadosamente o problema, se necessário várias vezes.
 Compreender o significado de cada termo utilizado.
 Reescrever o problema.
 Identificar, claramente, as informações de que necessita para
o resolver
2 - Estabelecimento de um Plano
 Encontrar a conexão entre os dados e a incógnita com o
objetivo de definir uma estratégia / plano de resolução.
 Poderá ser necessário considerar problemas auxiliares ou
particulares.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

3 - Execução do Plano
 Compreender e executar a estratégia definida.
 Verificar a correção de “cada passo”.

4 - Reflexão

 Implica uma reflexão sobre a resolução do problema,


“revendo-a e discutindo-a”.
 Procurar utilizar o resultado, ou o método, em outros
problemas.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

 O córtex Pré-Frontal (CPF) ocupa ¼ do córtex
humano, estabelece conecções reciprocas com
praticamente todo o encéfalo
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

 A área pré-frontal corresponde à parte não motora
do lobo frontal, onde foram apresentadas as
evidências de sua participação no controle do
comportamento emocional.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

 dACC (dorsolateral) – manipulação
cognitiva dos dados da memoria
operacional

 vACC e oFC (ventromedial e


orbitofrontal) – envolvida com o
planejamento de ações e do
raciocínio, com o ajuste social do
comportamento e com aspectos de
processamento emocional
 Ventrolateral – encarregada da
memória operacional
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

CPF
 Córtex dorso-lateral –
relacionado aos processos
associativos da F. E.

 Córtex Orbito Frontal –


relacionado ao comportº
socialmente orientado
(Cérebro ético)

 Córtex mesial – reorientação


da atenção, detecção de erros
no esquema corporal.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

Função Executiva
 Refere-se àqueles processos pelos quais um indivíduo
melhora sua atuação em tarefas complexas, com vários
componentes.

 Capacidade de pensar em um objetivo concreto e ser


capaz de organizar os meios para sua execução, de prever
suas consequências, e valorizar as possibilidades de êxito,
de concentrar-se nos pontos chave, de refletir sobre se
está realizando o plano segundo as metas traçadas e
modificá-las se necessário.
Funções Executivas

 Organização e planejamento da ação;
 Comportamento orientado para metas;
 Manutenção da disposição para agir;
 Verificação e regulação da ação (auto-regulação);
 Inibição seletiva do comportamento (controle inibitório)
 Capacidade de mudar o plano de ação diante de mudanças
na tarefa (flexibilidade mental)
 Memória operacional
 Atenção seletiva e vigilante;
 Resolução de problemas;
 Controle emocional;
 Metacognição.
Funções Executivas

 As FE são descritas como um conjunto de
habilidades integradas que direcionam o
comportamento, fazem avaliações ou atualizações
dos estímulos e comportamentos, e também são
envolvidos com a solução de problemas. (Seabra;
Laros; Macedo, 2014)

Funções Executivas

A função executiva do cérebro vem sendo definida como um conjunto de
habilidades, que de forma integrada, possibilitam ao indivíduo direcionar
comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias. Tais ações são
auto-organizadas, mediante a avaliação de sua adequação e eficiência em
relação ao objetivo pretendido, de modo a eleger as estratégias mais
eficientes, resolvendo assim, problemas imediatos, e/ou de médio e longo
prazo. (Capovilla, Assef, & Cozza, 2007; Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes, & Leite, 2008; Santos, 2004)
A função executiva é requerida sempre que se faz necessário formular
planos de ação ou quando uma sequência de respostas apropriadas deve
ser selecionada e esquematizada. Do ponto de vista da neuropsicologia a
função executiva compreende os fenômenos de flexibilidade cognitiva e de
tomada de decisões. Atualmente é sabido que os módulos corticais
responsáveis pelas funções executivas se localizam nos lobos frontais
direito e esquerdo.
Funções Executivas

A função executiva do cérebro vem sendo definida como um
conjunto de habilidades, que de Compreende um conceito
neuropsicológico que se aplica às atividades cognitivas
responsáveis pelo planejamento e execução de tarefas. Elas
incluem o raciocínio, a lógica, a estratégias, a tomada de decisões
e a resolução de problemas. Todos esses processos cognitivos são
produzidos diariamente, pois uma série de problemas - dos mais
simples aos de maior complexidade - ocorrem na vida do ser
humano. Assim, independente do grau de complexidade do
problema, o sujeito precisa estar apto para analisar a situação
(problema), lançar mão de estratégias, e antever as consequências
de sua decisão.
Funções Executivas
Existem três tipos de resolução de problemas:


1. inferente: utilizada quando o indivíduo está frente a uma
situação desconhecida e pela qual ainda não existem soluções
disponíveis. Sendo assim, é necessário avaliar os elementos que
compõem o problema e deduzir (inferir) qual a melhor estratégia
para superar aquele problema, ou no pelo menos minimizar seus
efeitos. Na medicina isso é bastante utilizado quando se tem um
determinado quadro patológico desconhecido.
2. analógica: é o uso de recursos anteriormente utilizados em
situações semelhantes.
3. automática: é o tipo que se caracteriza pela espontaneidade.
Ocorre principalmente se a pessoa que o utiliza tem bastante
prática no problema, por exemplo, um motorista experiente.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.1 – Etapas de resolução de problemas

Unidade IV: Resolução de problemas
4.2 – Tomada de decisão

 Mediante as circunstancias a serem resolvidas frente
aos problemas, há tomada de decisão com base nos
itens abordados.
Unidade IV: Resolução de problemas
4.2 – Tomada de decisão

 O julgamento e a tomada de decisões são
empregados a fim de selecionar entre opções e
avaliar oportunidades. (Sternberg, 2008)
Unidade IV: Resolução de problemas
4.2 – Tomada de decisão

Unidade IV: Resolução de problemas
4.2 – Tomada de decisão


Bom estudo, boas provas e boas
férias!!!!
Flavio Roberto

psiflavio@yahoo.com.br

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