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Psicologia:Reflexão e Crítica, 2002, 15(3), pp.

677-684 677

Auto-Organização Psíquica

Carla Laino Cândido 1


José Roberto Castilho Piqueira 2
Universidade de São Paulo, São Paulo

Resumo
Sermos animados por um “a mais de tensão” difere o humano do não-humano na perspectiva psicanalítica, situação que cria um
dinamismo no qual emerge a realidade psíquica. Ao tomar os estímulos corporais como pura dispersão, sem formarem de início
um conjunto estruturado e ao enfatizar a existência de uma semântica mental apoiada na sexualidade, apontamos que Freud
traçou um paralelo entre dois domínios diferentes: ciências mentais e ciências do cérebro, incorporando precocemente preceitos
de complexidade às suas teorias. Neste artigo, tentamos mostrar que a articulação entre as noções de pulsão e de inconsciente,
a qual coloca a gênese da significação em território não-controlável, possibilitando a compreensão da emergência do psiquismo
como um processo de auto-organização de um cérebro sensível às condições iniciais. Perturbações pequenas são amplificadas na
flutuação global e essa idéia pode contribuir para a compreensão das modernas perspectivas de estudo da mente.
Palavras-chave: Psicanálise; neurociência; auto-organização; complexidade.

Psych ical Self-Or gan ization

Abstr act
Being animated by a little bit more tension differs the human from non-human, in a psychoanalytic perspective, creating a
dynamics in which a new psychiatric reality emerges. Taking the body stimulus as dispersion, without providing a structured set
and emphasizing a mental semantics based on sexuality, we point out that Freud traced a parallel between two different
domains: mental sciences and brain sciences, setting the idea of complexity in his theories. In this paper, we try to show the
connections between the concepts of drive and unconscious, putting the origins of the signifying in an uncontrollable territory,
providing the of understanding of the emergence of psychical life as a self-organizing process of a brain sensitive to initial
conditions. Small disturbances in the initial conditions are amplified in the global fluctuation and this idea could contribute
towards the comprehension of the modern perspectives of the study of the mind.
Keywords: Psychoanalisys; neuroscience; self-organization; complexity.

Compreender a complexidade humana implica Nesse sentido, qual é a especificidade da atividade


integrar diversos níveis de funcionamento. Essa noção cognitiva humana?Segundo Morin (1990), a mente é uma
nos permite escapar da dicotomia mente-corpo, atividade emergente que retroage sobre o funcionamento
guardando a especificidade do ser humano. Tentando das células cerebrais, ainda que seja de natureza diferente
adotar uma abordagem integrativa no estudo da mente, do nível de que emerge. Nessa transformação, passamos
nos remetemos à idéia freudiana de que a constituição de uma linguagem químico-elétrica para outra linguagem,
do humano não é somente a constituição de seu corpo a das representações.
biológico, mas a inclui. Na escalada evolutiva, do corpo para a mente, do
As formas culturais da consciência, a intersubjetividade sub-cortical para o cortical, em que os avanços não
e a arquitetura implícita da regulação intencional do excluem os estágios precedentes, porém os integram mais
comportamento são partes fundamentais no estudo da ou menos modificados, vão se juntando características
evolução do cérebro e marcam uma distância entre a conduta tipicamente humanas. O processo evolutivo culmina,
do animal e do homem, o que nos levanta um desafio portanto, com a hominização (Doin, 2001), o acesso a
complexo: a ação biológica humana seria transformada em um psiquismo aperfeiçoado, ligado às vivências de um
uma conduta intencional ativa, obrigando-nos a compreendê- eu singular, histórico, sócio-cultural e lingüístico. Conforme
la como uma ação simbólica (Garcia-Roza, 1991). Edelman e Tononi (1998), a vida biológica, é inicialmente
somática e, depois, também psíquica, pois se organiza
em função de experiências de unidade e continuidade
1
Apoio financeiro: CAPES. daquilo que se passa em um mesmo organismo.
2
Endereço para correspondência: Av. Prof°. Luciano Gualberto, tv 3, 158, Correlacionando a vivência de um “eu” individualizado
05508-900. São Paulo, SP. E-m ail: piqueira@lac.usp.br
à dimensão neuronal, Kandel (1999) aponta evidências que
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indicam que nosso cérebro não é uma série imutável de como a linguagem canônica através da qual podemos estudar
circuitos invariantes, mas sim um fluxo do ponto-de-vista a mente.
estrutural e funcional. Também para Black, Scott, Para refletirmos sobre o caminho que nos conduz
Robertson e Zachary (1990), as sinapses emergem de uma do cérebro à mente, precisamos falar do corpo singular.
entidade dinâmica inesperada, que se transforma a todo É necessário, além do estudo sobre a evolução do sistema
momento. Segundo os autores, a essência da vida envolve nervoso, compreender como dizem os físicos, como, a
o fato de que níveis mais altos do sistema cerebral partir do sistema complexo (cérebro) emerge um
transformam continuamente os níveis mais baixos, nos conjunto atrator em sua dinâmica (mente), identificando-
quais os mais altos estão baseados. Esse fenômeno não o estruturalmente. Durante sua obra, Freud desenvolveu
admite centro, mas gira em torno de uma evolução a hipótese do recalcamento primário como o fundante
organizada recursivamente, imprevisível e espontânea, de duas instâncias diferentes a partir de um sentido que
própria dos sistemas dinâmicos não-lineares. coloca o sujeito como contraposto a seu inconsciente. A
A primeira exigência de um sistema aberto e longe do primeira significação é efeito dessa cisão através da qual
equilíbrio é satisfeita pelo cérebro como matéria viva. Refere o perturbador para o sujeito fica recalcado.
Lima (2000) que, como um meio excitável longe do equilíbrio Propor que a metáfora é fundante do aparelho
termodinâmico, a matéria cinzenta central deverá exibir psíquico, ou seja, que aquilo que constitui o inconsciente é
transições de fase na sua dinâmica, apresentando instabilidades o recalcamento imaginário, implica uma reavaliação do
com amplificação de flutuações precedendo as mudanças conceito de sujeito. Tal abordagem, ao dividir a mente
qualitativas em seu comportamento; a emergência de ordem entre a parte que representa o conhecido e a que representa
é uma conseqüência dessas transições críticas. Uma constante o conhecedor, influencia na compreensão dos processos
mudança na composição dos circuitos neuronais humanos: como não existe um único espectador externo,
participantes promove momentos de um alto nível de todo conhecimento implica auto-conhecimento ou auto-
integração no sistema cerebral, que resultam no que Edelman organização. Segundo Najmanocvich (1997), perceber que
e Tononi (1998) descrevem como “lampejos de consciência”. nossa fisiologia peculiar, nossa experiência biológica, nossa
Uma vez que a composição de um núcleo sináptico é sensibilidade diferencial são cruciais em relação ao
ocasionada por flutuações no cérebro que transcendem conhecimento tem uma primeira conseqüência: a torção
o registro anatômico, pois inscritas em um sistema do espaço cognitivo.
energético que envolve, inclusive, nossa capacidade de Nessa perspectiva, não há a suposição de um mundo
tomarmos consciência sobre nossa própria (in)consciência, independente e anterior à experiência, isto é, nosso corpo-
utilizaremos concepções freudianas a respeito da constituição mente não se constitui como um mundo independente
do aparelho psíquico para refletirmos sobre o caminho que de nosso conhecimento, pois a experiência que temos da
nos leva do corpo à mente, explorando a possibilidade da nossa corporalidade não admite referencial fixo. Por isso,
experiência subjetiva, apesar de emergir da atividade cerebral, revela Najmanovich (1997), o mundo que conhecemos é
jogar um papel causativo sobre a última. co-criado em interação com o meio. Nosso corpo
Desde que esse cérebro mais complexo passa a ocupar vivencial é, portanto, um limite fundante e uma trama
lugar central na explicação da ação humana, a teoria constitutiva de um território autônomo, pois estamos
psicanalítica entra em campo para afirmá-lo como um sistema impossibilitados de nos tratar exclusivamente como um
energético no qual a mente emerge desde as primeiras horas objeto, o que cria uma incompatibilidade entre a idéia de
de vida. Desse ponto-de-vista, a complexidade cerebral não sujeito absoluto e de auto-organização.
fica restrita à sofisticação cognitiva, mas engloba a dimensão O sujeito real, efetivo, só consegue agir na medida
do inconsciente energético-pulsional – o id, onde se que experimenta o corpo – como próprio e como
transcendem as necessidades e se inscrevem a falta e os anônimo (Debrun, 1997). Freud, ao nosso ver, começou
desejos. a pensar nessa nova forma de corporalidade, quando
A Psicanálise, apontando como determinados tipos desenvolveu as noções de inconsciente e pulsão, sugerindo
de gestão de energia, obviamente ligados aos processos que é a nossa experiência enquanto corpo desejante que
interneurais, são essenciais à produção de sentido e, inicialmente nos constrói (Coelho Jr., 1997). Porque fala
portanto, dos diversos estados mentais, pode renascer e se ouve, o homem vive o corpo numa presença imediata,
agora, como um campo de conhecimento que, embora inquestionável, de seu sentido: tem assim a unidade de
considerado não-científico (Bunge, 1980; Dör, 1983) tem um sentido que se vive (Gil, 1997).
condições de contribuir com o conhecimento Discutimos então, como a dinâmica pulsional, a partir
neurocientífico, referenciado pela maioria dos pesquisadores da complexização de seus destinos, constitui o verdadeiro
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motor do progresso psíquico, bem como uma modalidade pouco maior que as outras, e que, apoiada por fatores
de auto-organização do sistema mental, em um processo disponíveis ao redor poderá, em certos casos, se constituir
que permanece cada vez mais centrado e sustentado pelas no ponto inaugural de um novo desenvolvimento. Tal
qualidades afetivas. Acreditamos que o conjunto articulado configuração, que podemos chamar de novidade ou
de relações entre os elementos afetivos constituirá o eixo ajuste, não é, portanto, dada de antemão, mas surge
valorativo a partir do qual o indivíduo atribui significado conforme o processo de auto-organização se desenrola.
às suas percepções. Sem o afeto que os sustenta, os códigos O acaso, importante no início do processo como um
são línguas mortas (Gil, 1997). Para que haja sentido, um ponto de amarração entre elementos semi-distintos perde
sistema de signos não basta; é necessário um corpo, em peso à medida que há um fechamento do sistema sobre
que o gesto e o afeto estejam intimamente associados. ele próprio, processo que o torna menos vulnerável a
Concebendo que a mente surge a partir do corpo impactos externos. Do mesmo modo, o “candidato” a
erotizado, e que as transformações operadas em nível sujeito do processo terá suas pretensões diminuídas.
mental influenciam no funcionamento do cérebro, o Essa torsão do processo sobre ele mesmo ocorre
conceito de inconsciente pulsional, para o estudioso da porque o sistema é composto por elementos que contêm
mente, faz-se necessário. desigualdades conjunturais, o que cria um distanciamento
entre as partes. Elementos distintos têm uma possibilidade
O que é Auto-organização? de associação muito maior do que os que são afins, já
Levar em conta o conceito dinâmico dos processos que os últimos são pré-ajustados por afinidades anteriores.
mentais motivou Freud a conceber a mente como um Para Debrun (1996), a interação entre elementos distintos
sistema físico, cujas operações energéticas são fundamentais. no seio do organismo, não de maneira que tudo fusiona
Essa hipótese, desenvolvida no Projeto para uma Psicologia com tudo, mas de forma que haja um encavalamento entre
Científica e algumas outras contribuições de origem lacaniana as partes, constitui o motor principal da evolução do
sobre sujeito do enunciado e da enunciação, podem, com o conjunto. Num determinado instante, conforme certas partes
auxílio do conceito de complexidade, serem observados à estejam “mais organizativas” e outras “mais organizadas”,
luz da perspectiva da auto-organização. o todo “se” organiza.
A teoria da auto-organização tem sido utilizada como Ao nosso ver, Freud (1950/1969) também concebe
uma abordagem que permite entender de que maneira o sistema mental como um sistema auto-organizado, que
um sistema cria ajustes em si mesmo, produzindo novas herda um começo, mas que não se reduz a ele, isto é, o
estruturas sem a presença de um supervisor central. começo não funciona como uma lei de construção. O
Segundo Debrun (1996), uma organização é “auto” corte que a mãe, como ser humano sexuado, introduz
quando produz a si própria, ou seja, quando o que há de precocemente na vida do bebê com seu seio fornece um
emergente se deve ao próprio processo, às características impulso numa certa direção. Essa orientação incorpora-
nele intrínsecas, e só em menor grau às suas condições de se à constituição de novas conectividades neuronais, embora
partida, ao intercâmbio com o ambiente ou à presença não saibamos como as fases anteriores do processo cerebral
de uma eventual instância supervisora. Os ajustes não são do bebê reagirão a isso.
planejados de cima para baixo por uma finalidade que Tal experiência, a condição de partida que permite ao
seja exterior ao sistema em questão, mas sim desenvolvidos processo de auto-organização mental alçar vôo, é
através de um trabalho de si sobre si. Isso implica em um abordada por Freud (1920/ 1969) sob a forma de um
começo real, ou seja, um início que não resulte de um corte excesso energético que resiste à sua inscrição na ordem
artificial operado por um observador, mas que seja inscrito significante. Esse máximo de tensão que circula e que se
na realidade. acumula no corpo é que dá a possibilidade de se construir
Quando temos um organismo no início do processo o sentido de novo. Esse pedacinho do real (Lo Bianco,
de auto-organização, embora não haja uma pluralidade 1996), porque resiste à significação, é que desencadeia o
de elementos completamente distintos e “soltos”, existe trabalho semântico interminável, e proporciona ligações
uma situação de interioridade prévia, o que confere uma novas entre significantes antigos que já estavam registrados
característica de semi-distinção entre os elementos do (Wine, 1992).
sistema orgânico. Há um primeiro impulso inicial Nisso reside a originalidade da Psicanálise: é a única
aletatório que ocorre no sistema longe do equilíbrio - no vertente teórica que enfatiza a existência de uma semântica
nosso caso, o cérebro de um recém-nascido – em que mental apoiada na sexualidade, no corpo excitável,
multiplicam-se flutuações. Por acaso, ou, eventualmente, produto da experiência com nossa própria natureza e
de modo determinístico, pode surgir uma flutuação um não simplesmente uma construção intelectual. Porque o
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homem se ouve falar, isto é, porque o ouvir-se reorganiza Paralelamente à satisfação decorrente da ingestão do
para si, num todo, certos sons, o corpo do homem alimento, dá-se a excitação dos lábios e da língua pelo peito,
constitui-se como uma totalidade única que , na sua o que provoca um outro tipo de satisfação que, apesar de
fisiologia própria, não se reduz a uma unidade de matéria apoiar-se na satisfação da necessidade instintiva, não se reduz
viva: o corpo humano é, por assim dizer, auto-significado a ela. Essa segunda satisfação é de natureza sexual. Nessa
(Gil, 1997). Isso quer dizer que na sua organicidade, no situação, o seio, oferecido pelo outro humano provido de
seu ser uno, se diferencia das outras unidades orgânicas. inconsciente, figura como um objeto sexual inicial que inunda
Alicerçada na vivência corporal, a auto-organização o bebê com uma energia não-qualificada, propiciando um
da mente é comandada pelo jogo pulsional, que impede traumatismo – que estamos chamando de primeiro corte -
uma lei de construção determinada. Assim, a no sentido em que rompe com a ordem somática pela via
probabilidade de diversas mensagens acontecerem segue do sexual (Bleichmar, 1993).
a lógica individualizada do desejo. Quer dizer, sucessivas Como, nesse primeiro momento, o bebê fracassa
experiências formatam uma memória, e essa formatação parcialmente ao tentar simbolizar a excitação “não
tem a ver com um trabalho realizado no interior do qualificada”, cria-se um resto (Bleichmar, 1993) não passível
sistema que não está, de forma alguma, fundado em uma de significação, fora da comunicação, que passa a funcionar
harmonia pré-estabelecida. Esse pressuposto faz da como um “campo de força”. Esse remanescente excitatório
Psicanálise um conhecimento atual, capaz de contribuir que não pode ser evacuado pelo corpo em virtude de não
com as pesquisas neurocientíficas sobre a constituição da pertencer exclusivamente ao registro somático gera a
mente. excitação que constituirá o id, pólo energético do
inconsciente. Essas fontes energéticas de pulsão, definidas
O Início da Auto-organização: Do Corpo à Mente pela autora de representantes-coisa, não podendo ser
A propriedade da interioridade nos cérebros foi traduzidas em palavras, não se submetem ao ego, exercendo
ocorrendo conforme foram se apresentando os muitos estimulação interna constante. O recalcamento incide sobre
níveis que intervêm nos circuitos que fazem a mediação os representantes-coisa, mas estes não apenas continuam
estímulo-resposta (Damásio, 2000). Nesse ponto, existindo no inconsciente, como continuam se organizando,
organismos complexos como os nossos, além de gerarem estabelecendo conexões e formando derivados.
respostas reativas, passaram a gerar também respostas Quando a mãe propõe mensagens com um sentido
internas e, desde então, a conectividade sináptica pôde ignorado ao bebê e, a partir dessa interação sem elemento
ser vista como uma evolução dinâmica não-linear auto- central nem finalidade imanente há, eventualmente, a
organizada (Globus, 1995). constituição de uma forma, então, podemos conceber o
As condições de partida implicadas no começo desse inconsciente energético como o início de um processo de
processo de interiorização que aqui classificamos como auto- auto-organização que nos leva do corpo à mente.
organizador compõem-se a partir de dois cortes em relação Assumimos que essa situação inicial pode ser vista como o
ao passado (Debrun, 1997), sendo que, o primeiro, deve que garante a singularidade do processo.
ser inscrito na realidade, um corte representado pelo acaso O fato de que haja uma energia somática que se
ou decisão. Quanto à constituição do sistema mental humano, transforma em uma energia psíquica como efeito de uma
imaginamos de uma perspectiva psicanalítica, conforme intervenção de um comutador sexuado não existente no
Bleichmar (1994), que ele ocorre quando a mãe oferece ao organismo, provido de inconsciente, e cujos atos não se
bebê um objeto – o seio – que estava além da necessidade resumem ao auto-conservativo (Bleichmar, 1994),
fisiológica da criança – a fome - gerando um acúmulo de constitui um ponto a partir do qual o processo de auto-
estímulo interno que, posteriormente, dará origem aos organização pode deslanchar. Esse corte origina flutuações
objetos-fonte de pulsão. no sistema longe do equilíbrio, que, posteriormente, são
O prazer de mamar, que não está só em receber leite, apoiadas por outros fatores ao redor, como a demanda
mas em se relacionar com o seio, nos ajuda a enxergar em se realizar a transição do mundo mítico para o mundo
como o bebê recebe um estímulo que se transforma em lógico, tema dos primeiros capítulos do Ensaio sobre o
excitação, em quantidade endógena. Para Laplanche (1992, homem de Cassirrer (1997).
citado em Bleichmar, 1993), a mãe propõe mensagens Conforme o processo avança, aumenta a influência da
ao bebê que são efeito de seu próprio inconsciente, e sedimentação que uma determinada forma exerce,
que, por isso, tem um sentido ignorado a ela mesma. resultando em um esboço de atrator3 mais fortalecido que
Quando, em busca de leite, a criança se depara com o
3
Configurações coletivas estáveis
seio, é submetida a esse tipo de mensagem.
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estamos chamando de “eu”, o que torna cada vez mais do acaso e a responsabilidade do próprio processo pelo
provável a evolução do processo numa certa direção. Refere desenrolar de sua história. O sistema não pode ser expresso
Freud (1950/1969) que o “eu”, com sua voluntariedade por um sujeito dotado de consciência e de vontade – “o
consciente vai coordenar, num segundo momento, através eu”, ou seja, o saber que ele mobiliza é irredutivelmente
do investimento consciente de catexias, a plasticidade distribuído pelo conjunto de seus elementos constitutivos.
sináptica que, por sua vez, comanda outras partes do corpo. Assim, as intenções dos participantes são subordinadas
Quanto mais a situação fica previsível, mais o processo ao movimento global, o que acentua a distinção entre o
torna-se bem-sucedido, e passa a não existir mais razões “de dentro” (realidade psíquica) e o “de fora” (ambiente).
que justifiquem alterações. O “eu“ se sedimenta de uma A partir daí, as diferentes instâncias mentais postuladas
tal forma que atua como um guardião da configuração por Freud (1920/ 1969) na segunda tópica – id e ego -
estabelecida, tentando impedir mudanças estruturais no vão se criando com princípios energéticos distintos –
sistema mental. Temos que, apesar de nascido com o primário e secundário - constituindo uma diversidade de
próprio processo, o “eu –atrator” pode imobilizá-lo, em elementos cujas afinidades são mínimas. A falta de
uma lógica auto-organizada de fechamento (Debrun, redundância se evidencia ainda mais quando é instaurado
1996), cada vez mais voltada para si mesma. Podemos o recalcamento originário e são abertas relações de conflito
pensá-la como um dos momentos-chave implicados no entre o pré-consciente e o inconsciente, de onde surge a
aparecimento de uma série de distúrbios psíquicos. necessidade de ajustes no sistema, a partir das quais as relações
entre os elementos podem se alterar.
Existe um Controle Central? O segundo corte do processo de auto-organização, de
Não é comum o “eu” se provar como um atrator acordo com Debrun (1996), consiste no estabelecimento
que emerge em um processo de auto-organização, ou de uma relação entre os elementos distintos que foram
como uma representação, e aprovar a idéia. Estamos reunidos e o cortador. Podemos novamente aplicar sua teoria
acostumados a nos experimentar como uma entidade ao conceito psicanalítico lacaniano da relação intrapsíquica
real e concreta – ego-coisa- e não como um símbolo, em que o sujeito da enunciação e sujeito do enunciado se
um significante que pode alterar-se conforme o lugar reconhecem, quando se estabelece o sujeito psicanalítico, que
que ocupa numa configuração dinâmica mais abrangente tem consciência de seu próprio desapossamento
que é a totalidade da psique. (Roudinesco, 2000).
Quando o “eu” percebe que não controla tudo, pode No segundo momento de desenvolvimento da criança,
haver pane no sistema como um todo; contudo, muitas as dimensões lingüísticas são maciçamente investidas de
das produções psíquicas acontecem justamente nos hiatos energia psíquica e passam a exercer uma certa dominação
caracterizados pela falta de controle total do ego. Nos sobre porções inconscientes. Nesse tipo de interação
apegamos às representações egóicas e recusamos a idéia podem surgir perturbações com capacidade de destruir,
de modificação. Compreendemos que uma certa desordem desorganizar ou provocar reações no sistema; cria-se,
é necessária, mas, afetivamente, resistimos à idéia até o ultimo porém, um funcionamento mais complexo (Atlan, 1992).
segundo. Sem mudanças, os processos psíquicos vão O “eu” comanda dentro de certos limites e sem poder
aderindo ao real, e, sem imaginação, não se criam novos total sobre o que está acontecendo, pois identifica, a cada
significados; em suma, se não há reciclagem do “eu”, as irrupção do inconsciente (o ato falho, os lapsos de
experiências novas adquirem características de um filme já linguagem, os sonhos, etc) sua incapacidade em mover
visto4. Caso contrário, o sistema não se complexifica e há ou associar-se às outras instâncias mentais. A impotência
aumento do acesso a um maior número de estados, o que de uma instância em relação à outra, que Debrun (1996)
significa unicamente que o repertório aumenta em quantidade chama de hierarquia acavalada, também se desdobra em
de estados, mas que há uma qualidade diferente em cada interioridade e cria uma solda que une os elementos - o
estado que se sucede no processo de auto-organização. que passa a caracterizar o sistema. Assim, os ruídos
Todo esse processo, que Debrun (1997) define como internos, provocados, por exemplo, pelas irrupções do
endogeneização crescente, reflete a queda da participação inconsciente, podem servir como catalizadores de
transformações cuja efetivação se situa na dinâmica interna
4
Freud (1950/ 1969) exemplificou com a melancolia esse tipo de processo: do sistema.
há pouca quantidade de excitação e o desejo intenso, quando confrontado
com pouca tensão provoca uma retração para dentro na esfera psíquica,
Em suma, no caso do psiquismo, temos a face-sujeito
que se transforma em melancolia. Devido a isso, os neurônios associados “eu”, que intervém como iniciador do processo controlador
eram obrigados a se desfazer de sua excitação, produzindo sofrimento e da auto-organização secundária, sem, contudo, exercer sua
instalando um empobrecimento ainda maior da excitação.
onipotência em relação ao resto do organismo; a auto-
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organização absoluta de um sujeito por ele mesmo viraria como um fenômeno de produção de sentido, mas cujo
hetero-organização. Nas explicações psicanalíticas sobre a sentido não é antecipável (Juranville, 1987).
mente associamos essa idéia de imperfeição ao inconsciente, Essa definição contempla a maneira das interações
uma dimensão que funciona à revelia dos sujeitos: é possível auto-organizativas que não têm sujeito, nem são orientadas
definí-la em termos de mecanismo como uma por uma tendência prévia no sistema, gerarem um
exteriorização em relação a si mesmo. Ao nosso ver, a atrator, ou sucessão de atratores, capaz de levá-lo para o
Psicanálise de tradição lacaniana, ao assumir que os atributos ajuste organizacional. Daí porque os desejos não devem
da subjetividade não são os atributos de um sujeito, mas, ser encarados apenas como comportamentos dotados de
sim, efeitos emergentes produzidos pelo funcionamento de significação, mas também como forças que se interceptam,
processos situados além de um único e onipotente sujeito superpõem construtiva ou destrutivamente, e cuja resultante
consciente exclusivamente, explicita essa concepção. determina a evolução de uma situação até que eventualmente
intervenha um ajuste organizacional. É bom lembrarmos
O Inconsciente que a relevância do sentido e do desejo marca uma
O acavalamento entre a face-sujeito e o resto do importante reformulação das idéias psicanalíticas entre o
organismo impede que o pólo-sujeito possa entender de Freud do “Projeto”, que não distingüia o trauma da fantasia,
modo transparente o mecanismo de suas operações de e o Freud da “Interpretação dos Sonhos” que associou uma
auto-organização (Debrun, 1996). Porque a pele é um teoria não-genital da sexualidade a uma concepção não-
meio de comunicação interior-exterior, não se percebe o cerebral do inconsciente (Roudinesco, 2000).
corpo humano como se percebe uma coisa. Perceber O inconsciente, fundado por uma exterioridade
equivale a investir forças e afetos de tal maneira que não diretamente inacessível ao homem, representa, a nosso ver,
é possível separar o sujeito do objeto: o observador faz um corte real que introduz o movimento auto-organizador.
parte da observação, o sujeito está implicado na Sofre, a todo momento, intervenções da aleatoriedade do
percepção. O que significa que não há percepção objetiva real, e, como diante de mínimas perturbações em valores
do corpo humano. Como está imerso em si mesmo, o de parâmetros todo o sistema torna-se instável, o
mecanismo torna-se obscuro de seu ponto-de- vista. inconsciente acaba produzindo um sistema singular. Em
No que se refere ao autoconhecimento humano, a conseqüência, seus valores se alteram, de onde emergem
relação é vivida como misteriosa em virtude das fronteiras processos irreversíveis de alteração qualitativo-topológica
indecisas e extrema proximidade entre a face-sujeito (ego) (Piqueira, 1996). Tal mudança, segundo o autor, provoca
e o resto do psiquismo. Teremos sempre uma lacuna uma repercussão que só pode ser descrita a longo prazo,
pois há trajetórias que correspondem a condições iniciais
cognitiva, uma zona cega que não podemos ver
tão próximas quanto quisermos, mas que divergem de
(Najmanovich, 1997). Localizamos nessa fronteira o
maneira exponencial ao longo do tempo. Apesar de lidarmos
fenômeno do inconsciente pulsional. Por ele, mesmo que a
com estados em que se observa a impossibilidade de se
organização desemboque numa boa forma, não há como
restaurar o estado inicial exato, refere Piqueira que o sistema
o sujeito se reconhecer e se identificar totalmente com ela, e
pode estabilizar-se em uma estrutura coerente de longo
é isso que confere uma característica dinâmica ao processo.
alcance, devido ao balanço entre perdas dissipativas internas
Daí que a noção de um controle central tende a perder
e ganho de energia vindos de uma fonte externa.
sentido e nos obriga a revisar as teorias sobre mente que
Uma articulação possível de ser feita entre o fenômeno
propõem categorias de controle.
do inconsciente e uma necessária instabilidade sistêmica
Ao invés de uma categoria central que implementa que faz com que haja mudanças na estrutura mental resulta
modificações no sistema, podemos supor que a diversidade no conceito de corpo erógeno (Dejours, 1988) ou vivencial
dos elementos mentais é enorme e que a interação dessas (Coelho Jr., 1997). Pensamos que, do ponto-de-vista da
diversidades exerce tal papel, que a retirada de um desses auto-organização, o que impede o aumento de rigidez
elementos deixa um “vazio” irreparável, culminando numa no sistema mental, é a memória efetiva representada pelo corpo
cascata de mudanças. Da mesma maneira, para Lacan (1954- erotizado, e consideramos que a essência do desejo, que
55/1979), é a situação da falta, e não o controle do ego surge após a inscrição da falta no psiquismo, nos remete
consciente, que cria condições ordinárias a partir das quais o à produção subjetiva que acarreta a remodelação do
cérebro transcende a função de processador e se afirma sistema. Retida no aparelho, a energia estrutura-se, amplia
como criador de mundos. A finalidade da auto-organização as redes psíquicas e muda seu caráter tensional.
psíquica, que se situa em nível dos elementos, e tem como O sentido passa a nos interessar desde a primeira
referência o inconsciente psicanalítico, pode ser definido experiência de satisfação: se não houver objeto real, os agentes
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do sistema mental interagem e surge uma novidade - a pois as partes não estão contidas umas nas outras, há
possibilidade de satisfação parcial pela recordação. Ao elevar maior flexibilidade, mas também maior probabilidade
um objeto à dignidade de uma exterioridade que não existe, de se gerar confusão. É, portanto, necessário um critério
a energia psíquica não se descarrega no objeto e fica retida de arranjamento: como o objeto é faltante, o modelo do
no aparelho, convertendo o aparato que funcionava segundo que será buscado pelo sistema sempre se baseará numa
o modelo do arco reflexo em um aparato que funciona imagem mnêmica. Mas o “como” se busca, dado o aumento
como aparato da linguagem (Wine, 1992). do número de estados e a crescente complexização do
sistema, se modifica, proporcionando novas formas de
Pulsão e Complexidade organização. É essa reconstrução que nos faz ir da dimensão
Ao longo do percurso do sujeito, a castração será orgânica para a dimensão psíquica, dando origem ao
sempre reativada para limitar o desejo. O “não” radical pensamento e o desenvolvimento de metas. A significação,
(Wine, 1992), que regula a maneira do funcionamento entendida como reorganização das representações
do aparato psíquico, introduz uma polissemia que se inconscientes,colocaaestruturaçãodainteligênciacomoalgoinseparável
instaura como uma nova maneira de cognição. Isso não da constituiçãodeuma posiçãodosujeito, que é posto do lado do
significa que houve simplesmente um aumento no número consciente, mas efeito do encontro entre os dois sistemas.
de relações, mas, sim, que ocorreram novas descobertas Concluímos daí que a inexistência de uma identidade
quanto à forma de conectar – e isso define a criação da sistêmica no início do processo dificulta as coisas, pois
realidade psíquica individual mais complexa. gera confusão; contudo, é precisamente esse aspecto
Assim, na tentativa de atingir o real, o sujeito designa problemático que define o curso posterior da formação
outros objetos, de onde surge uma resposta simbólica da mente a partir do corpo: ao invés da evolução de um
sempre diferenciada. Aformação incessante de novos signos sistema dinâmico comum, onde já existe um atrator dado,
evidencia as passagens dos fluxos de energia entre as instâncias ocorre a auto-organização.
e leva o sistema a condições de não-equilíbrio. Novos pontos Nas interações persistentes, se o nível ou número de
de equilíbrio geram novas combinações de significante e parâmetros de não-linearidade aumenta, temos mais
significado, e, portanto, novos signos. Trabalhando com probabilidade de que a dinâmica caótica apareça no sistema
outros sentidos, o sistema transforma-se qualitativamente e (Nicolis & Prigogine, 1977), e que os fenômenos difusivos
complexifica-se. Por isso, acreditamos que, ao abandonarmos tornem-se dominantes, de modo que observamos a
o conceito de pulsão, a expressão “mente humana” esvazia- evolução para uma dispersão uniforme em todo o espaço
se de sentido. de fases, gerando eventos que se sucedem e que produzem
Podemos traçar um paralelo entre a noção de auto- uma atualização nas leis passadas.
organização sistêmica e o conceito de inconsciente energético: Assumir uma organização hierarquizada que permite a
a pulsão contorna seu objeto eternamente faltante à maneira redução das perdas de energia ao longo de seu
de um circuito, à semelhança de um processo sem um processamento, implica tornar mais adequado o mecanismo
atrator prévio. Nessa circularidade, a pulsão é reconhecida de transporte em cada nível, aumentando-se a eficiência do
à medida que encontra uma solução de expressão no sistema como um todo (Nicolis & Progogine, 1977). No
aparelho psíquico, sob a forma de um representante afetivo. caso do sistema mental, pudemos compreender, com o
Essa solução, que ocorre após novos elementos serem auxílio da perspectiva psicanalítica, que a hierarquia auto-
introduzidos pelo inconsciente através do deslizamento na organizada que transforma energia de baixa qualidade (alta
cadeia de significação, representa a estabilização do sistema entropia) em energia de alta qualidade (baixa entropia) ocorre
mental em um comportamento global diferente. Nesse através do processo de significação, que faz com que o
processo ocorre a auto-organização mental: as estruturas estímulo externo sempre seja percebido em função da
trocam energia externa de menor qualidade por energia realidade interna.
interna de melhor qualidade – afinal, novos significados
foram criados e o sistema pode trabalhar com maior Referências
eficiência.
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Sobre os autores
Carla Laino Cândido é Professora e Psicóloga Clínica, Doutora em Neurociências e Comportamento
pela Universidade de São Paulo.
José Rober to Castilho Piqueir a é Professor Titular do Departamento de Engenharia de
Telecomunicações e Controle do IPUSP (Instituto Politécnico da Universidade de São Paulo).

Psicologia:Reflexão e Crítica, 2002, 15(3), pp. 677-684

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