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The effects of mourning on women's mental health: A case study Frida Kahlo
Los efectos del duelo en la salud mental de las mujeres: un estudio de caso
Frida Kahlo
Abstract: This study aimed to analyze the implications of mourning for women's mental health.
The specific objectives were, therefore: to differentiate between normal and pathological
mourning from the perspective of Psychology; describe about the woman's mental health; to
present contributions from Psychology and Thanatology from the study of the Frida Kahlo case
to understand the effects of mourning on the woman's mental health. Methodologically, it was
a bibliographic research, of a qualitative nature, and a case study, in which it seeks to elucidate
the psychic of women who have lost loved ones and are going through the phases of mourning
and the mourning itself. Every elaboration of a loss, a mourning, encompasses a development
of creation, since the creative development carries within itself the tools of symbolic
transformation brought about by itself. Mourning when well elaborated becomes a movement
to transform what was felt, given that the intensity of the lived experiences is represented, thus
being transformed into memories, arts, music, scientific works or paintings, once it begins to
give new meanings the experience of loss.
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Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário São José. Contato:
giselescastro189@hotmail.com.
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Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário São José. Contato: isha1929@outlook.com.br.
187
Graduanda em Psicologia pelo Centro Universitário São José. Contato: monara_o@hotmail.com.
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Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (FIOCRUZ). Contato:
eduamaralfilho@hotmail.com.
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Resumen: Este estudio tuvo como objetivo analizar las implicaciones del duelo para la salud
mental de las mujeres. Los objetivos específicos eran, por tanto: diferenciar entre duelo normal
y patológico desde la perspectiva de la Psicología; describir sobre la salud mental de la mujer;
presentar contribuciones de Psicología y Tanatología a partir del estudio del caso Frida Kahlo
para comprender los efectos del duelo en la salud psíquica de la mujer. Metodológicamente,
se trató de una investigación bibliográfica, de carácter cualitativo, y un estudio de caso, en el
que se busca dilucidar la psique de las mujeres que han perdido a sus seres queridos y
atraviesan las fases del duelo y el propio duelo. Toda elaboración de una pérdida, un duelo,
encierra un desarrollo de la creación, ya que el desarrollo creativo lleva en sí mismo las
herramientas de la transformación simbólica por sí misma. El duelo cuando está bien
desarrollado se convierte en un movimiento para transformar lo sentido, dado que se
representa la intensidad de las experiencias vividas, transformándose así en recuerdos, artes,
música, obras científicas o pinturas, una vez que comienza a dar nuevos significados a la
experiencia de la pérdida.
Introdução
(2010), a morte do outro representa experienciar a vivência da morte em vida, pois por
conta dos vínculos estabelecidos, entende-se que uma parte do sujeito morre junto
com o ente querido.
Este artigo aborda o luto que incide sobre a saúde da mulher em suas
especificidades, pois sob a influência do processo de socialização a mulher é
preparada para ser feminina, o que em algumas sociedades é quase sinônimo de
fragilidade, e neste caso, de maior vulnerabilidade para ter sua saúde psíquica afetada
pelo luto. Atualmente existem na literatura muitos textos que falam especificamente
sobre o gênero feminino, mas para uso destes há de se considerar que gênero é um
conceito entendido como a forma social que adquire cada sexo a partir do processo
de socialização que faz com que os sujeitos desempenhem os papéis sociais
propostos para seu sexo (CARDOSO, 2008). Assim sendo, não se sugere aqui certa
fragilidade ou vulnerabilidade da mulher, mas se aponta para a especificidade da
mesma ao se colocar diante do luto de forma “feminina”.
A despeito do grande crescimento social que vem alcançando, a mulher ainda
carrega o peso histórico de uma sociedade machista que associa o feminino à
submissão, à fragilidade e pouca força física, bem como a aspectos emocionais e
financeiros inferiores, colocando-a quase sempre como dependente de um parceiro
do gênero masculino. Neste sentido, essa cultura já afeta de forma específica a saúde
psíquica da mulher, fazendo surgir muitas especificidades em suas outras formas de
afetação. Assim sendo, este artigo é direcionado para a sociedade em geral, mas
principalmente se propõe a trazer uma reflexão para as mulheres que ainda não
consideram o quanto o luto pode afetar diretamente sua saúde psíquica.
Este trabalho de abordagem qualitativa é resultado de um estudo bibliográfico
e ainda de um estudo de caso. O uso do estudo bibliográfico se justifica pela
necessidade de abranger estudos já existentes sobre a temática pesquisada, pois é
através da coleta de dados teóricos existentes e atualizados, que os autores da
pesquisa conseguem expressar sua própria visão sobre a temática em si (MINAYO,
2014). E no que diz respeito ao estudo de caso, se faz, como sugere Fonseca (2002):
para conhecer em profundidade “o como e o porquê de uma determinada situação
que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de
mais essencial e característico” (FONSECA, 2002, p. 33). Propõe-se com o estudo do
caso de Frida Kahlo citar suas obras que expõem dor e ao mesmo tempo esperança;
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a variações, pois depende do contexto e da forma também em que o sujeito que passa
por esta perda se encontra (MANUAL DE TANATOLOGIA, 2007).
Diante dessas discussões o Conselho Federal de Psicologia (CFP) lançou uma
Campanha Nacional “Não à medicalização da Vida” e o Conselho Regional de
Psicologia de São Paulo (CRP-SP) realizou um Fórum sobre Medicalização da
Educação e da Sociedade (2011), onde foram abordadas questões sobre a
medicalização e as classificações psiquiátricas. Nos últimos anos crianças com
comportamentos difíceis de lidar foram diagnosticadas com transtornos e distúrbios;
e adultos com dificuldades para lidar com sentimentos de raiva, tristeza, alegria, amor,
angústia, medo e ódio foram diagnosticados com diversas patologias e
consequentemente medicados, causando graves efeitos colaterais. Importante
exemplo proposto pela cartilha Medicalização da Educação e da Sociedade: foi
estipulado um tempo ‘máximo’ de 15 dias para que um sujeito pudesse sofrer pela
morte de um ente querido. Mais que isso, o sujeito seria diagnosticado com um quadro
depressivo, podendo ser submetido à medicação (MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
E DA SOCIEDADE, 2011, p.05)
Considera-se ainda que as perdas, o luto, os processos de morrer e a morte
são estudados por uma área da ciência chamada Tanatologia. Esta contribui para o
conhecimento e compreensão dos meios de lidar e avaliar a dor psíquica e as
dificuldades impostas pela morte. Nesta perspectiva, no Manual de Tanatologia do
CRP-PR (Conselho Regional de Psicologia do Paraná) considera-se o luto do seguinte
modo:
Sua mãe, aparentemente morta, está na cama coberta por um lençol, parindo um bebê
que não pode contar com a presença viva da mãe. Outra experiência de sofrimento
foi aos seis anos de idade, onde Frida contraiu poliomielite, a levando ficar um período
de nove meses sem poder sair de seu quarto. Após este período, um médico
recomendou uma série de exercícios físicos para fortalecer sua perna direita que sofria
sequelas da doença.
Com a sequela da doença, Frida ficou com a perna direita bastante fina e o pé
atrofiado, com isso passou a ser chamada pelos seus colegas de “Frida perna de pau”.
Com o tempo passou a andar de calça e também com suas longas saias, para
esconder a perna. Segundo Herreira (2011), a situação que se formou por causa da
sua doença a deixava bastante furiosa. Sua amiga, a pintora Aurora Reyes, afirma:
Éramos bastante cruéis sobre a perna dela. Quando ela passava de bicicleta,
gritávamos: ‘Frida pata de palo’ [Frida perna de pau], e ela reagia
furiosamente, com palavrões (REYES apud HERREIRA, 2011 p.22-23).
que a levaram para mais um período de tratamento na sua vida, não podendo sair da
cama por meses. Foi então que, nesse longo período de recuperação, nasceu seu
amor pela pintura. Para vencer o tédio, seu pai adaptou uma tela em sua cama e um
espelho sobre um dossel que cobria a cama, fazendo com que retratasse a si própria,
nascendo assim uma série de autorretratos bastante significativos em suas obras
(BATISTA et al, 2014).
Toda elaboração de uma perda, um luto, abrange um desenvolvimento de
criação, visto que o desenvolvimento criativo carrega dentro de si as ferramentas de
transformação simbólica provocadas por si mesmo. O luto quando bem elaborado
torna-se um movimento de transformação do que foi sentido, dado que a intensidade
das experiências vividas é representada, assim sendo transformadas em memórias,
artes, músicas, obras científicas ou pinturas, uma vez que começa a dar novos
sentidos à vivência da perda (SILVA, 2017).
Durante toda sua vida, Frida lidou com experiências dolorosas, como a sequela
do acidente que lhe causou dores físicas para o resto da sua vida, como também suas
angústias com sua família e principalmente com seu marido, com quem viveu um
relacionamento bastante conturbado, com diversas traições, inclusive, com sua
própria irmã, ocasionando a separação do casal, que um ano depois se casou
novamente. Foi uma relação com altos e baixos, de intensa dor, construção,
destruição, bastante dependência e raiva. Dores retratadas em muitas de suas telas.
Uma de suas telas, chamada Henry Ford Hospital (1932) retrata o sofrimento que
passou com os diversos abortos que deve em sua relação com Diego, acarretando
uma frustração em seu grande desejo de ser mãe (BATISTA et al, 2014).
Frida transformou seu luto em arte, fazendo de suas experiências dolorosas
algo confortante para si própria. Ou seja, um luto bem elaborado. Tornou-se uma
grande artista, mundialmente conhecida, transformando e criando sua experiência
dolorosa e intensa em valiosas obras de arte, podendo assim, transmitir toda a
complexidade de sua existência intensa (BATISTA et al, 2014).
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Considerações Finais
No que diz respeito ao estudo de caso, podemos dizer que, de certa forma, a
pintura foi para Frida a superação de seus processos de luto. Lutos pelos diversos
abortos que a fizeram perder o sonho de ser mãe, pela doença quando criança e o
acidente na sua adolescência que fizeram com que perdesse, mesmo que por alguns
períodos, a sua independência e liberdade, como também o seu sonho de se tornar
médica, que precisou ser interrompido após seu acidente. Frida conseguiu se
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Por fim, Frida com a sua arte, traz em suas vivências de perdas um grande
exemplo de elaboração de luto. Mesmo sendo uma mulher do século XX com todas
as limitações imposta para o gênero feminino na época, ela pôde mostrar para todos
que a mulher é capaz de se reinventar transformando em uma grade superação os
seus sofrimentos. Sendo assim, um exemplo de grande valia para todas as mulheres
que estão em situações de perdas enxergarem na história de Frida Kahlo a esperança
da transformação, buscando transformar suas experiências de perdas em alguma
habilidade, como ela fez com a pintura, dando assim novos sentidos para suas perdas.
Referências
HEILBORN, Maria Luiza. “De que gênero estamos falando? In: Sexualidade,
Gênero e Sociedade ano 1, n° 2 CEPESC/IMS/UERJ, 1994.
HERRERA, Hayden. Frida: a biografia. 1. ed. São Paulo: Globo, 2011. Disponível
em: http://lelivros.love/book/download-frida-a-biografia-hayden-herrera-em-epub-
mobi-e-pdf/.
LEVINZON, Gina Khafif. Frida kahlo: a pintura como processo de busca de si mesmo.
Revista Brasileira de Psicanálise, 2009. Disponivel em:
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486641X20090002000
06.
Manual de Tanatologia / Joice Mara Kolinski Fischer… [et al.]. – Curitiba: Gráfica e
Editora Unificado, 2007. Disponível em: https://crppr.org.br/wp-
content/uploads/2019/05/159.pdf.