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UNIVERSIDADE ESTÁCIO

UNIDADE ACADÊMICA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CLÍNICA PSICANALÍTICA

DANIELLE BULBOL HAYDEN

TÍTULO:A morte e o Luto na Psicanálise

Fortaleza/Ceará
2019
DANIELLE BULBOL HAYDEN

TÍTULO: A Morte e o Luto na Psicanálise

Trabalho apresentado à disciplina Clínica


Freudiana- Casos Clínicos, pelo Curso de
Especialização em Clínica Psicanalítica da
Universidade Estácio, ministrada pelo(a)
professor(a) Larissa Arruda Aguiar Alverne.

Fortaleza/Ceará
2019
A Morte e o Luto na Psicanálise

Pensar na questão da morte na teoria psicanalítica deve partir de sua


possibilidade de representação ou seja, a possibilidade de significação de morte
nesse psiquismo.
De acordo com Freud (1915/1996), afirma que o inconsciente não
apresenta representações negativas, onde não seria possível falar de uma
representação direta da morte, onde deveria significar ausência de vida.
Significando isso que todos os impulsos de desejos do homem são positivos,
onde as fantasias possuem objetos terminados para sua realização.
Segundo Freud (1920/1996) afirma que a pulsão de morte é o princípio
conservador, onde a compulsão à repetição expressa aquilo que é o mais
pulsional da pulsão, onde a pulsão de morte se constitui como uma problemática
na constituição do psiquismo.
Boa parte da Psicanálise a partir de Freud, entende-se sendo o psiquismo
como um modelo representacional, um conjunto de representações ideativas e
afetivas organizadas entre si, onde são alimentados por uma energia endógena.
Na segunda teoria pulsional, Freud faz das pulsões algo essencial da
Psicanálise.
As pulsões de vida constituiriam a força de ligação em jogo no aparelho
psíquico, com oposição à pulsão de morte, que se caracteriza por uma força de
desligamento. Tudo que é representação com o objetivo de organização da
pulsão de vida, enquanto toda ruptura e traumatismo à organização desse
psiquismo é expressão da pulsão de morte. Sendo assim, essa pulsão de morte
age de forma muda no psiquismo, sabotando-o. Sua expressão só pode ser
deduzida de forma indireta, com fenômenos da compulsão à repetição da reação
terapêutica negativa, do sentimento inconsciente de culpa e da agressividade.
A pulsão de morte não se expressa sozinha, ela está sempre combinada
em maior ou menor grau com as pulsões de vida, de onde extraímos a ideia de
que a libido será sempre uma fusão de componentes eróticos e tanáticos.
Segundo Freud, existiam dois aspectos nos quadros melancólicos que
chamam atenção: os afetos depressivos e a auto recriminação do ego. Uma
analogia entre a patologia é a normalidade ao comparar a fantasia melancólica
com o trabalho de luto. A libido que antes era investida no objeto de amor
perdido, precisa ser redistribuídos.
Elaborar a perda, reencontrando uma nova forma de caminhar leva um
certo tempo e também gera algum pesar. Através desses percursos esses
objetos de amor podem ser desinvestidos, onde o sujeito passa a encontrar
novos substitutos. Não é algo tão simples, onde envolve encontrar um novo
objeto substituto, mas elaborar as fantasias conscientes e inconscientes que
passam a ser ativadas com a perda do objeto. O processo de luto, é um
redimensionamento das fantasias e defesas do psiquismo, na busca de um novo
equilíbrio de forças.
Quando esse luto não é bem elaborado, onde além do luto patológico,
onde se cronifica e cristaliza, temos algo paralelo com a melancolia, onde há
uma identificação com o objeto perdido de amor.
Segundo Freud (1917/1996), a sombra do objeto recai sobre o ego do
sujeito, onde esse ideal de ego inatingível e mortífero é o que causa a auto
recriminação do ego, característica da melancolia em relação ao trabalho normal
de luto. Sendo assim, conseguimos entender que o afeto depressivo e o luto pelo
objeto em Psicanálise. Não basta mostrar a pulsão de morte, mas entender a
identificação e elaboração quanto ao objeto desencandeando regressões e
fixações da libido.
Do ponto de vista psicanalítico, os lutos patológicos e as tendências
suicidas que se desenvolvem ao longo da vida, são entendidos como um reflexo
da estruturação mais básica da personalidade, e que são constituídos por meio
das identificações narcísicos e edípicos ao longo da infância. As suas
simbolizações são quem irá ressignificar os eventos traumáticos da vida do
sujeito, sendo assim, uma perda poderá trazer uma nova significação para um
conjunto de fantasias e afetos inconscientes desse sujeito.
Diante de tal elaboração feitos para alguns e para outros não, a perda de
alguém é algo tão difícil para algumas pessoas e para outros não.
Perder um ente querido pode ser um desencadeador de uma série de
patologias, em especial os quadros depressivos, sendo que em ambos é a
angústia da perda desse objeto sendo mais evidente.
Segundo (Freud, 1926/1996), não foi explorando as angústias para além
da castração, preferindo marcar a centralidade da fase fálica, como o ponto
estruturante da dinâmica da personalidade. Para um bom entendimento dos
quadros depressivos e dos lutos patológicos, a ideia de uma angústia de perda
de objeto e não para a pulsão de morte, se expressa na angústia originária ou
se desintegrando.
Na perspectiva de Klein, sobre o modelo freudiano, onde este era dado à
angústia de perda do objeto, já para Klein, essa perda do objeto estava
associada a uma fantasia primitiva de destruição do objeto, sendo inconsciente,
o sujeito não só se ressente do objeto que o abandonou, mas se culpa pela
destruição do objeto de amor.
Todo esse complexo de fantasias e defesas é uma identificação
melancólica antes descrita, onde o sujeito passa a identificar-se com esse objeto
perdido/ destruído e perde com isso seu investimento egóico, ocorrendo a
diminuição da “autoestima”.
Através da pulsão de morte na Psicanálise, nos ajuda a compreender a
forma de estruturação psíquica desse indivíduo que vive um luto patológico ou
um processo depressivo com ideações suicidas do lugar da morte na sociedade
atual.
REFERÊNCIAS:

Revista de Psicologia da UNESP 12(1), 2013. 24


Considerações sobre a morte e o luto na psicanálise
ÉRICO BRUNO VIANA CAMPOS
Faculdade de Ciências – UNESP Bauru.

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