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Bárbara Caroline Augusto¹, Joysiene Ribeiro da Silva ², Lucas Greco³, Rodrigo Rodrigues
Ferreira
Falar sobre a morte nem sempre é fácil. É um tema tabu, porém é algo que
perpassa todos nós, seja na vida pessoal, seja na prática profissional. Escolhemos falar
sobre esse tema justamente pelo fato de ser algo decorrente no ambiente hospitalar ao qual
realizamos o estágio nesse semestre e por ter sido algo que tivemos que lidar por todo o
nosso percurso como estagiários. Buscamos fazer neste presente texto uma interlocução
entre a morte e o cuidado paliativo juntamente com as experiências de estágio.
Como definição de morte considera-se como a cessação definitiva da vida. Já o
morrer como o intervalo entre o instante em que a doença se instala e se torna irreversível
e o seu findar letal. Segundo Medeiros e Lustosa (2011, p.2) “[...] a palavra morte traz
consigo muitos atributos e associações: dor, ruptura, interrupção, desconhecimento,
tristeza. Designa o fim absoluto de um ser humano, [...]”.
Desde os primórdios da civilização, o tema da morte pode nos fascinar, mas ao
mesmo tempo nos aterrorizar. O fato mais perturbador é que a morte é um lugar
inacessível aos que estão vivos, e sobre ela tanto se tenta explicar a partir de vários
pensamentos e nada de conclui.
Cada cultura interpreta a morte de maneira específica e seus membros tentam
perpetuar interpretações, veiculadas de formas diversas, de geração em geração. Na
construção da tradição cultural, morte e nascimento representam assuntos de relevância
primordial, fundamentais para a formação da identidade de cada grupo social.
Constantemente o ser humano passa por processos de perda, e essa relação entre a
vida e à morte permeia a nossa existência. O processo de luto representa um vínculo entre
a pessoa e algo ou objeto que tem representação significativa para tal. Essa relação com a
perda não somente de pessoas, mas também a perda de um ideal, emprego,
relacionamentos, etc., trazem uma carga de dor e sofrimento para quem passa por esse
A sociedade contemporânea visa falar o mínimo sobre a morte ou até mesmo evitar
esse assunto, mas é preciso que se abram espaços para este tipo de discussão, que se fale
da dor da perda e que busque caminhos de enfrentamento diante disso. É um trabalho
delicado, realizado por pedaços, porém tem o seu fim que é marcado perante a mudança
no sujeito frente a sua falta. A ajuda mais expressiva que os profissionais da saúde podem
dar a qualquer parente, seja ele criança ou adulto, é deixar partilhar seus sentimentos antes
que a morte chegue.
O cuidado aos familiares também faz parte do cuidado aos pacientes internados. A
atuação do psicólogo deve acontecer ao nível de comunicação, reforçando o trabalho
estrutural e de adaptação ao enfrentamento da crise que se apresenta, podendo lhes
desestruturar emocionalmente e psicologicamente. Portanto, a atuação psicológica se
baseia no apoio, atenção, compreensão, suporte ao tratamento, clarificação dos
sentimentos e fortalecimento dos vínculos familiares.
A escuta do analista em um hospital visa minimizar a angústia pela qual o paciente
se encontra perante o diagnóstico de uma doença grave ou incurável, perante o risco
eminente da morte. Também importante que se busque uma maior facilidade na
comunicação da família com o próprio paciente. Não é raro que existam situações
existenciais mal resolvidas, e o trabalho do psicólogo pode atuar nesse contexto, fazendo
gerar o alívio de culpas, ressentimentos e dores, frutos de relações neurotizadas pela
convivência existencial prévia.
Referências Bibliográficas
ARAUJO, M., M., T. & Silva, J., M., P. (2007). A comunicação com o paciente em
cuidados paliativos: valorizando a alegria e o otimismo. Revista da Escola de Enfermagem
da USP. v. 41. n. 4. ano 07. Acesso em 28 jun. 2017. Disponível
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-
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CARVALHO, S. B. Trabalho de Luto: O cuidado do paciente gravemente enfermo e de seus
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MORETTO, M.L.T. . O que pode um analista no hospital?. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2005.