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Observaremos como a saúde psicológica desses indivíduos que foram
negados o direito de se despedir de seu ente queridos e seu suposto
adoecimento. Com essa perspectiva sobre o assunto abordado, pretende-se
analisar como enlutado lida com essas ausências sofrida.
2. METODOLOGIA
Joana, reside fora do Brasil há cinco anos, sendo que após ter ido embora
de forma clandestina essa é a primeira vez que veio ao Brasil. Joana relata que
depois que sua mãe e seu pai faleceram de infarto, sendo que seu pai faleceu
quando Joana estava com dois meses em Orlando a impossibilitando de estar
presente na hora do funeral. A cliente afirma que depois desse fato desencadeou
sintomas de ansiedade juntamente com fobia de lugares fechado juntamente com
a resistência de passar em cemitérios ou em velórios.
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Desta forma a cliente procurou atendimento para suas questões e durante
três seções que compareceu demonstrou comprometimento com o processo
terapêutico e nestes atendimentos evidenciou sua vontade de encontrar meios
que a auxiliassem na busca de estabilização emocional, já que tinha pouco tempo
que havia retornado a sua cidade origem.
No relato da cliente percebe-se, que após a morte dos pais, Joana sente
medo de morrer de forma repentina ou de mesmo perde sua única irmã, assim
como ocorreu no falecimento pai. Destacando aqui que a impossibilidade de
Joana participar do momento de perda a dificultou na elaboração do luto e que a
cliente até a última sessão ainda não tinha conseguido elaborar o luto. Com essa
perspectiva sobre o assunto abordado, pretende-se analisar como enlutado lida
com essas ausências sofrida.
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geral, é a reação à perda de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal
de alguém, e assim por diante”, que tudo que leva a perda de um objeto pode não
ser especificamente a morte mas, tudo que o indivíduo julgue como uma perda,
pode considerar por uma passagem pelo o luto, trazendo o significado do
sentimento que se origina mediante a perda vivenciada, nesse sentido
explanando sobre o processo de luto, Rivera Et Al (2012, p. 235) diz que “elas
podem ser o sinal de que um importante trabalho subjetivo está em marcha,
operando a perda do objeto e implicando uma remodelagem do eu”, diante disso
quando o indivíduo estar enfrentando o luto este estar em um processo de
remodelação de sua realidade.
Segundo Freud (1917, apud RIVERA ET AL,1933, p. 234) a “psique é
comparado como o cristal só revelando a sua estrutura quando vem a se
quebrar”, ou seja, não tem como ter uma definição da oposição do considerado
normal ou patológico, enquanto não houver um rompimento que geralmente é
rompido por algum acontecimento inesperado. Sabendo que não tem como fugir
desse processo natural, já que culturalmente acreditasse que quanto menos se
falar sobre a morte esta será remediada, Nadir, Sobrinho & Grigoletto (2018, p.30)
ressaltam também que “[...] no luto a própria realidade é posta à prova e deixa de
servir de amparo ao real”, levando os negar a possibilidade de inexistência,
fazendo assim o refletir a finitude da vida e, quão frágeis é a existência humana.
O enfrentamento da perda liga a um rompimento, sobre isso a visão de
Kubler-Ross (1996) vai dizer que o processo de ajustamento do enfrentamento da
perda do indivíduo vai passar pelo tempo com a elaboração do processo, sendo
necessário passar por todas as etapas, sem evita-las ou querer anular.
O luto é um processo delicado, uma vez que é uma situação que afeta a
todos que estão por perto, causando desconforto tanto naquele que está
passando pelo processo, quanto os que acompanham, devido as pessoas não
terem conhecimento de como lidar com a situação, muitos são levados à acreditar
que aconselhar a pessoa no estado de sofrimento a não sofrer, seja a melhor
forma para superar o sofrimento. Porém para Ramos (2016) os sentimentos de
luto podem ocorrer de várias formas diferenciadas, como por meio de divórcio, ou
até termino de amizade, namoro ou mesmo a perda de um membro do corpo.
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Quando isso ocorre consequências surgem que afetaram todas as áreas da vida
do ser humano sendo que frequentemente acontecerá de forma inesperada.
O modo de enfrentar o luto se difere de pessoa para pessoa, no entanto
não significa que está tudo bem, fazendo-se necessário a observação desse
processo delicado, pois, como se refere Rivera Et Al (2011, p. 234) “[...] não basta
que o objeto desapareça para que dele nos separemos” assim, faz necessário
ficar atento qualquer alteração que possa fugir do normal quando perceptível.
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processo do luto é vivenciado em cinco fases que são elas classificadas no
primeiro momento a negação e isolamento quando o indivíduo recebe a notícia da
morte de alguém ao que estima muito, sendo que o primeiro pensamento é a
negação do ocorrido pelo impacto da realidade alterada, afinal como assim?!.
Quando isso ocorrer é natural o sentimento de querer se isolar até mesmo com a
esperança que essa notícia estarrecedora não passe de um pesadelo, sobre isso
a Kubler-Ross (1996, p.13) vai dizer que:
A aflição, a vergonha, a culpa são sentimentos que não distam muito da
raiva e da fúria. O processo de aflição sempre encerra um item de raiva
por uma pessoa falecida, estas emoções são no mais das vezes,
disfarçadas ou reprimidas, delongando o período o período de pesar ou
se revelando de outras maneiras.
De fato, a perda sempre interpretada como um mal momento e
consequentemente como uma tragédia, diante disso notasse que a perda sempre
causara o sentimento de angustia, uma vez que nunca se espera, porém quando
o indivíduo passa pelo processo ritual simbólico do adeus, estes têm a
oportunidade de expressar sua dor, Lacan (1945/1989, apud RILHO 2015, p. 83)
menciona que os três tempos do luto são “[..] o instante de ver, o tempo de
compreender e o momento de concluir”. Então uma vez que indivíduo é privado
de passar por essas etapas podem ocorrer alterações emocionais promovendo
assim a má elaboração do luto. Levando a fatores que podem alterar a forma de
como as pessoas vivenciam o luto, de tal que o indivíduo ainda vai lidar com a
adaptação da falta, dependendo do tipo de relação que o indivíduo tenha com a
pessoa partida, quando o indivíduo não consegue participar de desse momento
onde todos se juntam para prantear, consequentemente ficará uma lacuna, visto
que o enlutado não passara pelo processo do confronto com a realidade.
Observando isso, que foi analisado o estudo de caso, que foi realizado na
psicoterapia, no qual a cliente relatou os sintomas que se apresentaram após o
falecimento dos pais, principalmente o de seu pai que, segundo a cliente após
esse fato de o ter perdido desencadeou todos os sintomas relatado pela cliente.
Sendo que existem condições que podem ter influenciado o processo do
luto como no caso da cliente, que relata que nos dois momentos das perdas, a
cliente se encontrava longe dos seus pais, sendo que na segunda perda ela foi
impedida de participar do velório do pai, em vista que a cliente era emigrante, e
estava de forma clandestina no período do acontecimento do velório, há
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impossibilitando de comparecer. A cliente relatou que após a perda de seu pai a
mesma começou a sentir ataques de pânico, assim como fobia de ambiente
fechado e resistência em passar em frente a cemitérios. Questionada por que
desse sentimento a cliente afirmou que quando se lembra dos pais só os recorda
como se eles estivessem vivos. No entanto afirmou ter ficado com o sentimento
que a qualquer momento pode acontecer algo ruim com sua irmã e não poder
ficar por perto caso precise, já que mora fora do Brasil.
Assim Ramos (2016, p.11) explica que “[..] de todas as experiências de
vida, a morte impõe os desafios adaptativos mais dolorosos para a família [...]”.
Um luto na família mal resolvido pode não somente revelar o desajuste familiar
como dar início a um tipo de luto patológico e também contribuir, para o,
desenvolvimento de patologia ao longo da vida. Quando o luto não é bem
reformulado faz necessário a busca de terapia para assim buscar a melhor forma
de resinificar a adaptação da perda ocorrida, podendo assim estar auxiliando o
indivíduo juntamente com a família.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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RAMOS, Vera Alexandra Barbosa; O processo de luto.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/nec/a/SKPG96FFGB6qtfGzgHkTpkP/?
stop=next&lang=pt&format=html
Acessado em 05 de maio .2022. as 19hrs
RIVERA, Tania; KEHL, Maria Rita; PERES, Urania T.; CARONE, Modesto;
CARONE, Marilene; Luto e melancolia, de Freud, Sigmund: Entre dor e deleite;
Novos estud. CEBRAP (94); Nov; Cosac Naify, p.144; São Paulo; 2011.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/nec/a/SKPG96FFGB6qtfGzgHkTpkP/?lang=pt
Acessado em: 05 maio. 2022. as 14:00 hrs.
SILVA, Elisa Alves Silva; COSTA, Ileno Izídio da; O profissional de referência
em Saúde Mental: Das responsabilizações ao sofrimento psíquico. Revista
Latino Americana Psicopatologia. Vol.13; n 4; São Paulo; dez; 2010.
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