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REVISÃO PSICOTERAPIA INFANTIL

ORIGEM DA PSICOTERAPIA DE CRIANÇAS

Freud foi um dos primeiros a perceber que o jogo da criança tem sentido inconsciente.

Buscando elaborar o afastamento da mãe, a criança transformava ansiedade de


separação vivida de forma passiva em algo ativo.

A Psicoterapia infantil nasceu através do pequeno Hans, que foi considerado o


primeiro modelo de uma psicoterapia infantil.

No ano de 1908, Hermine Von Hugh-Hellmuth torna-se a 1º psicanalista de crianças. E


em 1920 surgiram 2 grupos dedicados ao tratamento psicanalítico de crianças:

 Anna Freud
1. Acreditava que os filhos estavam ligados aos pais reais e atuais-
impossibilitava a transferência;
2. Crianças não eram capazes de associar livremente;
3. Crianças não teriam motivações para se tratar-
aprovação/desaprovação dos pais;
4. Sonhos, fantasias diurnas e desenhos, mas limitava uso de jogos;
5. Primava por uma orientação de natureza pedagógica;
6. Temia deteriorar a relação da criança com os pais caso analisasse seus
sentimentos negativos.
 Melanie Klein
1. Teoria e técnica – observação de bebes e do tratamento psicanalítico
com crianças;
2. Defendia o desenvolvimento de relações transferenciais desde as
primeiras sessões – guia-se pela interpretação dos sonhos;
3. Introdução sistemática e consciente dos brinquedos, desenhos e jogos.
(ASSOCIAÇÃO LIVRE DAS IDEIAS);
4. Adultos falam e associam, enquanto as crianças brincam e trazem à
tona seus conflitos, ansiedades e fantasias, e esse material seria
suscetível de interpretação no quadro da situação transferencial;
5. Transferência: espinha dorsal do tratamento;
6. Inicialmente atendimento na casa da criança, depois no consultório.
7. Criadora da Psicanálise com crianças: técnica do brincar: associação
livre;
8. Klein: a personalidade da criança é a base para compreensão da vida
social;
9. Klein observou que o brincar da criança poderia representar
simbolicamente suas ansiedades e fantasias;
10. Em seu trabalho observou que Complexo de Édipo e Superego já estão
evidentes em idades mais remotas que a presumida por Freud.
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Ou seja, as bases da teoria Kleiniana resumem-se em:

1. A existência de um complexo de édipo precoce;


2. A existência de uma forma arcaica de superego- praticamente desde o inicio da
vida;
3. Possibilidade de existência de transferência na análise de uma criança.

A SALA DO BRINQUEDO E O AMBIENTE

 Distância entre paciente e terapeuta – conforto e segurança;


 Isolamento acústico;
 Cores da sala: decorativa e agradável;
 Iluminação natural, indireta e suave (amarela) e luz intensa para produção de
material;
 Climatização agradável;
 Decoração: mobília (conforto, personalização, organização) e objetos pessoais
dependem da abordagem;
 Recepcionista, secretária eletrônica, telefone: nem sempre necessário;
telefones sempre silenciados; intervalos entre consultas é para atualizar o wpp,
fazer relato de sessão e organizar agenda.

ASPECTOS ARQUITETÔNICOS ESPECÍFICOS À TÉCNICA PSICANALÍTICA

 Divã para adolescentes;


 Na perspectiva psicanalítica – setting faz parte do processo terapêutico;
 Neutralidade e abstinência;
 Anonimato do analista;
 Setting online

ASPECTOS ARQUITETÔNICOS ESPECÍFICOS À TÉCNICA COGNITIVO


COMPORTAMENTAL

 Quadros;
 Projetor de imagens;
 Espaço deve facilitar uso de papel e caneta;
 Setting pode ser a casa do paciente, o elevador, aeroporto... Dependendo da
demanda.

ASPECTOS ARQUITETÔNICOS ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

 Sala de espera – elemento de distração; alimentos e bebidas;


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 Ambiente seguro;
 Na sala de atendimento – brinquedos simples e resistentes, superfícies laváveis
e resistentes, clima de liberdade, acesso a banheiro ou pia, segurança e
previsibilidade;
 Atendimento de grupo ou família – sala maior

FOCOS DE ATENÇÃO NA INFÂNCIA (AVALIAÇÃO)

Entrevista com pais ou responsáveis

 Atualmente os pais são parte integrante do setting;


 A avaliação tem início no primeiro contato dos pais com o terapeuta;
 Entrevistas não devem parecer um interrogatório;
 Deve ser limitada e dirigida – evitar desvio do foco para problemas do casal;
 Na primeira entrevista: motivo (inicio, evolução, fatores desencadeadores,
agravantes, atenuantes, manejo dos pais, cuidadores e escola, repercussão na
vida da criança, grau de sofrimento e limitações)
 Se informar sobre o motivo da consulta, história da criança, escolaridade,
rotina, férias e feriados, antecedentes obstétricos e neonatais, relações e
outras avaliações.

Entrevista com a criança

 Criança deve ser preparada pelos pais;


 Primeiro contato na sala de espera;
 Objetiva o conhecimento da criança;
 Através do brincar, a criança expressa seus conflitos, angústias, fantasias e
capacidade simbólica;
 A formulação diagnóstica e indicação terapêutica será comunicada de modo
compreensível ao paciente e seus familiares.

FOCOS DE ATENÇÃO NA INFÂNCIA

1. Distúrbio de sono (Terro noturno e sonambulismo)


2. Transtornos relacionados à alimentação (obesidade, transtorno alimentar
restritivo, ruminação)
3. Autismo
4. Maus tratos, negligência e abuso
5. Treinamento esfincteriano e transtorno de eliminação
6. Birras e comportamentos agressivos
7. Transtornos de humor
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8. Transtorno oposição desafiante


9. Problemas escolares (recusa escolar, dificuldades de aprendizagem)
10. Deficiência intelectual
11. TDAH
12. Bullying
13. Excesso de tecnologia e internet

PSICOTERAPIA INFANTIL NA ABORDAGEM PSICANÁLISE

O processo psicoterápico

3 fatores específicos do tratamento de crianças e adolescentes:

1. Sofrem de forma mais aguda a participação e interferência de terceiros no


vínculo psicoterápico
2. Solicitação de tratamento vem de adultos, raros casos de adolescentes
3. Formas comunicativas: brinquedos, paraverbais e pré-verbais, atuações

O campo psicoterápico e relação terapêutica

 Setting age como moldura;


 Na psicoterapia infantil o campo psicodinâmico é mais complexo – terapeuta,
paciente e pais;
 Contrato com responsáveis e com criança;
 Relação paciente-psicoterapeuta é assimétrica – papéis e funções diferentes;
 Vida pessoal e emocional do psicoterapeuta não é dividida com o paciente;
 Devemos atentar ao jogo das identificações projetivas e introjetivas –
transferência e contratransferência;
 Aliança terapêutica vai sendo construída sendo baseada na ligação com o
psicoterapeuta e com a percepção do paciente de que necessita de ajuda;
 Análise pessoal do psicoterapeuta – contratransferências

Início – Aliança Terapêutica

 Caracteriza-se pela construção de um vínculo de confiança e aliança de


trabalho;

Fase intermediária do processo - Elaborativo

 Consolidação da aliança terapêutica – proposta de término;


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 Visa: examinar, analisar, explorar e resolver os sintomas e as dificuldades


emocionais do paciente;
 A consolidação da aliança terapêutica possibilita o surgimento de sentimentos
de raiva ou aversão ao terapeuta;
 A criança tem permissão de expressão simbólica;
 O paciente fornece ao terapeuta indícios do momento propício para
interpretações/intervenções.

Fase final – Despedida

 Primeira menção de término – ultima sessão;


 A ideia pode partir do paciente, dos pais e do terapeuta;
 Término combinado (tem como objetivo ajudar a criança a examinar suas
condições reais para um término, trabalhar as questões relativas ao luto pelo
fim do relacionamento com o terapeuta, identificar os ganhos conquistados e
as situações que ainda merecem alguma atenção psicoterápica)
 É inadequado encerrar processo em período imediatamente antes ou após as
férias, pois mascara os processos de separação e elaboração do luto.

 Indicativos de alta:
1. Diminuição/desaparecimento da sintomatologia
2. Sentimento de ambivalência quanto ao término
3. Mudança na qualidade de comunicação
4. Retoma o curso do seu desenvolvimento sem tantas barreiras e
sofrimentos
5. Bem estar da criança
6. Ideia mais realista do terapeuta e suas funções
7. Obtenção de prazer advindo de gratificações reais

A TÉCNICA DO BRINCAR NA PSICANÁLISE

 3 princípios:
 Associação livre;
 A tarefa principal é explorar o inconsciente;
 Analisar a transferência é um meio de atingir este objetivo.

Winnicott e suas teorias

 Winnicott foi um teórico do desenvolvimento precoce do ser humano;


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 A partir de suas experiências com crianças pequenas, constatou que boa parte
dos problemas emocionais parecia encontrar nas etapas precoces do
desenvolvimento;
 Desenvolveu o ‘’jogo do rabisco’’ e a ‘’consulta terapêutica’’;
 A partir da observação de crianças e adolescentes que eram acolhidas em lares
ou instituições, durante a guerra, pode formular o conceito de tendência anti-
social;
 Para ele, a análise viria a preencher um vazio na história do sujeito, que ficou à
espera de ser ocupado;
 A análise promove a regressão a uma situação de fracasso ambiental, vivida na
primeira infância;
 O paciente em regressão não recorda seu passo, vive-o.
 Para Winnicott, os problemas psicológicos se iniciam com o vínculo entre o
recém-nascido e a mãe, se ela o sustenta e ajuda-o a amadurecer;
 Na teoria de Winnicott o complexo de édipo é deixado de lado e a base de
estabilidade mental é levada para as experiências iniciais com a mãe.

Principais teorias

1. Teoria do desenvolvimento
2. Teoria dos impulsos ou pulsões
3. Teoria do objeto
4. Teoria do espaço
5. Teoria do self
6. Teoria da comunicação
7. Teoria da regressão
8. Teoria do setting
9. Teoria da contratransferência
10. Teoria psicossomática
11. Teoria da tendência anti-social

PSICOTERAPIA INFANTIL NA ABORDAGEM TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

Princípios básicos da TCC

 As explicações para as patologias são resultados dos processos cognitivos


disfuncionais em determinado momento da vida.
 Atualmente é uma tendência na TCC trabalhar com uma integração de vários
modelos: modelo cognitivo de Ellis e de Beck.
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Modelo cognitivo de Ellis

 O modelo como o pensamento opera determina o que sentimos.


 Modelo ABC: duas pessoas podem viver a mesma situação e agir de modo
distinto.
 Inter-relação: treinamento de habilidades e tarefas de casa (técnica muito
utilizada).
 Situações ativadoras: acontecimento externo ou interno (fantasia, pensamento,
emoção...)
 Crenças: pensamentos irracionais (extremistas, rígidos e exigentes), valores
esquemas
 Crenças geram perturbações emocionais
 Consequências: reação frente ao novo pensamento ou conduta
 TREC: Terapia Racional Emotiva Comportamental
 A ‘’R’’ acontece quando ajudamos o paciente a perceber seu pensamento
inconsistente com a realidade
 A aplicação das técnicas em prol das disputas racionais possibilitam o
surgimentos de novas crenças – agora funcional, eficaz e saudável – surgindo
um novo sentimento.

Modelo cognitivo de Beck

 Beck defende que não é a situação ou contexto que determina o que as


pessoas sentem, mas a forma como interpretam e pensam sobre os fatos em
uma determinada situação;
 Tratamento: identificar os pensamentos e crenças e modifica-los promovendo
a redução do sintoma;
 As crenças (centrais e intermediárias): resultam de pressupostos que
desenvolvemos sobre nós, o mundo e o futuro, compondo a estrutura cognitiva
de valores que favorecem a formação da experiência pessoal

PROTOCOLOS INTEGRADOS

 Terapeutas infantis criaram manuais específicos para a abordagem de


cada patologia por meio da adaptação das técnicas e protocolos
aplicados aos adultos;
 Todos os protocolos são passiveis de teste de eficácia promovendo a
chamada psicoterapia baseada em evidência

Avaliação inicial

 A avaliação inicial é uma investigação que objetiva levantar hipóteses a serem


verificadas.
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 As intervenções cognitivas objetivam modificar a estrutura cognitiva da


criança/adolescente para que se comporte, se sinta e pense diferente no
futuro.
 Diretrizes que norteiam o terapeuta para acessar as cognições das crianças ao
longo do tratamento: eventos específicos; situações que desencadeiam
pensamentos e sentimentos disfuncionais; como a criança se vê; como expõe
os eventos passados; expectativas para eventos futuros.
 O principal papel do psicoterapeuta cognitivo é traduzir para a criança a relação
entre: evento, pensamento, emoção e comportamento.
 Limitações do processo terapêutico: baixa motivação da criança em aderir o
tratamento; adesão dos pais; psicopatologias nos pais; capacidade de
comunicação e desenvolvimento cognitivo da criança.

1. Visão geral, descritiva, identificando os problemas e o funcionamento geral da


criança;
2. Investigar o papel dos fatores cognitivos na etiologia das perturbações
emocionais e comportamentais da criança.

Aspectos técnicos relevantes

 Construir aliança terapêutica;


 O foco da TCC é o presente e o futuro e deve ter uma fina sintonia com os
objetivos do paciente, assim como uma constante avaliação por parte do
paciente dos resultados obtidos no tratamento.

Sala de atendimento

 Brinquedos e jogos
 Material de artes
 Quadro negro para psicoeducação
 Termômetro do sentimento
 Testes psicológicos

PSICOTERAPIA INFANTIL NA ABORDAGEM ACP

Fundada por Carl Rogers (1902-1987) na década de 40, a ACP é uma abordagem que
valoriza as relações interpessoais e que defende a ideia de que todo ser vivo possui
uma tendência ao desenvolvimento de suas potencialidades, necessitando apenas
condições favoráveis para tal.
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Princípios da ACP:

 Não-diretividade;
 Tendência atualizante;
 Liberdade experiencial.

As 3 condições fundamentais:

 Compreensão empática;
 Congruência/autenticidade;
 Consideração positiva incondicional.

 Atentar que os filhos por mais parecidos fisicamente com os pais, não são cópia
destes;
 Embasa-se no conceito de tendência atualizante (compreender a si mesmo e a
resolver seus próprios problemas)
 Psicoterapeuta deve acreditar no potencial do cliente – uma vez que ele irá
utilizar o tempo da melhor forma possível
 Na ACP brincar = brincar (não há investigação por trás)
 Para ACP interpretar é algo desrespeitoso e antiético
 Não existe lista ou regra (quantidade ou tipo) de brinquedos – já que é apenas
um recurso expressivo
 Criança pode trazer brinquedos
 Difícil a busca de terapia partir da criança/adolescente
 Pais são parte do processo
 1º sessão deve ser com responsável pelo menor
 Garantir o sigilo com relação a fala da criança/adolescente para todos os
envolvidos no processo

Início do atendimento

 Escutar e acolher os pais (queixa dos pais podem não ser a mesma da
criança/adolescente)
 Comunicar a criança/adolescente os motivos de aflição e preocupação dos pais
 Comunicação com responsáveis será previamente avisada e combinada com
criança/adolescente
 Chamar os pais esporadicamente, frequência vai ser de acordo com
necessidade do caso e dos pais

A relação com a criança ou o adolescente

 Sigilo
 Aceitação incondicional
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 Entender se a criança ou adolescente quer estar lá


 Não mostrar caminho e não direcioná-lo

O lugar dos pais na psicoterapia da criança/adolescente

 Contato inicial geralmente é realizado com os pais ou responsáveis;


 Participação dos pais/responsáveis é fundamental para a consolidação,
manutenção e término do processo psicoterápico;
 Atenção: a percepção de que o filho precisa de processo psicoterápico pode
gerar culpa nos pais;
 Klein (1981) – sucesso da análise infantil precisa da relação de confiança com os
pais para obtenção de informações úteis sobre o comportamento da criança;
 Dolto e Manonni – neurose dos pais possui papel fundamental no sintoma da
criança;
 Psicoterapeuta deve estar atento que desaparecimento de sintoma provoca
efeito nos pais e vice-versa;
 Manter encontros periódicos com os pais auxilia a diminuição de fantasias
persecutórias;
 Esses encontros favorecem o vínculo e ajuda a trazer a tona os ‘’segredos’’ da
família;
 Importante estar atento a manifestação resistencial dos pais – prevenção de
abandono;
 Ouvir os pais e a criança ajuda a identificar quais as demandas são dos pais e
quais são as da criança;
 Dois níveis de trabalho do psicoterapeuta infantil (1º criança e 2º dar lugar de
participação aos pais);

Término do tratamento

 Decisão conjunta das partes envolvidas;


 Em casos mais ‘’graves’’ a presença dos pais deve ser mais constante;

A COMUNICAÇÃO NA PSICOTERAPIA DE CRIANÇAS NA ACP: O SIMBOLISMO NO


BRINCAR E DESENHO

 Crianças falam por meio do brincar, desenhar jogar e por meio do corpo;
 Brincar se assemelha ao sonhar – quem brinca conta o que está acontecendo
em seu mundo interno;
 O não brincar é indicativo que deve ser observado;
 A resistência não leva a interrupção do ato lúdico;
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Winnicott afirma que a criança:

1. Tem prazer em todas as experiências de brincadeira física e emocional;


2. Aprecia concluir que seus impulsos agressivos podem ser expressos sem o
retorno da violência do meio para ela;
3. Brinca para dominar angústias, controlar ideias e impulsos que conduzem à
angústia;
4. As personalidades infantis evoluem através de suas próprias brincadeiras e das
invenções lúdicas feitas por outras crianças e por adultos;
5. A brincadeira favorece uma organização para o inicio de relações emocionais,
propiciando o desenvolvimento de contatos sociais;
6. A brincadeira tende por métodos diversos e servem de elo entre a relação do
individuo com a realidade interior e a realidade externa;
7. Serve de autorevelação e comunicação do inconsciente

Jogo do rabisco (finalidades)

 Serve de instrumento diagnóstico


 Facilitar a comunicação interacional
 Recurso terapêutico com o mesmo valor que os sonhos

Significado dos jogos

 O significado simbólico de cada jogo vai depender da história de cada criança;


 Jogo repetido – indica que precisamos analisar de diversas formas, enquanto se
repete não foi esgotado.

LUDOTERAPIA CENTRADA NA CRIANÇA

 Teve como principal expoente Virgínia Mae Axline


 Objetiva promover mudanças psicológicas, emocionais e comportamentais
através da liberdade experiencial;
 O brinquedo como forma natural de comunicação e autoexpressão da criança;

8 princípios fundamentais da teoria de Axline

1. O terapeuta deve desenvolver um relacionamento caloroso e amistoso com a


criança;
2. O terapeuta deve aceitar a criança como ela é;
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3. Estabelecimento de um clima permissivo para que a criança sinta liberdade


para se expressar;
4. O terapeuta deve identificar e refletir os sentimentos que a criança venha a se
expressar;
5. Respeito pela capacidade que a criança possui para resolver seus problemas
6. O terapeuta não deve dirigir o caminho;
7. O terapeuta não tenta abreviar o tempo de terapia;
8. Limites fundamentais.

Considerações finais da Ludoterapia Centrada na Pessoa

 Passou por modificações e releituras no decorrer dos anos;


 Atualmente é dada maior ênfase na relação terapeuta/criança/família, que
deve ser de respeito, confiança e segurança;
 Não há o delineamento de uma técnica ou metodologia, embora seja possível o
uso de técnicas de outras abordagens (psicodrama e Gestalt-terapia)
 Foco nas potencialidades da criança e não no diagnóstico.

O processo de atendimento de Ludoterapia Centrada na criança

 Contato inicial com os responsáveis;


 Entrevista inicial;
 Sessões iniciadas: avaliação e criação de vínculo;
 Sessões com a criança;
 Entrevistas de devolutiva;
 Encerramento.

AUTISMO

Transtorno complexo do desenvolvimento que envolve atrasos e comprometimentos


nas áreas de interação social e linguagem incluindo uma ampla gama de sintomas
emocionais, cognitivos, motores e sensoriais.

O termo autismo foi utilizado pela 1º vez por Eugene Bleuler, para designar a perda de
contato com a realidade com dificuldade ou impossibilidade de comunicação,
comportamento esse que foi por ele observado em pacientes diagnosticados com
quadro de esquizofrenia.

1) Deficiências sociais e de comunicação


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2) Interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos. Outras


alterações, menos expressivas do que se esperava de uma nova classificação
também foram.

DSM-5- Transtornos do Espectro do Autismo

 Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e


interações sociais, manifestadas de todas as maneiras seguintes:
1) Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para
interação social;
2) Falta de reciprocidade social;
3) Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade
apropriados para o estágio de desenvolvimento.
 Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades,
manifestados por pelo menos duas maneiras a seguir:
1) Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou
comportamentos sensoriais incomuns;
2) Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de
comportamento;
3) Interesses restritos, fixos e intensos.
 Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem não se
manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de
suas capacidades.

TEA e suas gravidades

TEA (Transtorno do Espectro Autista) possuem 3 gravidades:

 Nível 3: requer suporte intenso.


 Nível 2: requer suporte grande.
 Nível 1: requer suporte.

Diagnóstico

Hoje, o TEA é considerado uma síndrome comportamental com etiologias múltiplas em


consequência de um distúrbio de desenvolvimento. Seu tratamento pode ser realizado
por meio de escalas diagnósticas passíveis de serem aplicadas por professores
especializados ou por outros profissionais, visando a uma suspeita diagnóstica que,
posteriormente, pode ser, ou não, confirmada por um especialista. Dada a sua extrema
complexidade e variabilidade, o prognóstico exige em sua realização uma abordagem
multidisciplinar que vise não somente a uma questão médica. Tal abordagem
possibilita o estabelecimento de etiologias e quadros clínicos bem definidos, passíveis
de prognósticos precisos e abordagens psicofarmacoterápicas eficazes. Além disso,
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avaliações diversificadas propiciam a melhoria do prognóstico e, principalmente,


auxiliam o estabelecimento de modelos de reabilitação mais eficazes.

A Psicoterapia com Autistas

Tratar psicanaliticamente autistas é uma tarefa complexa. Lidamos com o não-verbal,


com a repetição monótona, obsessiva. Crianças autistas, no setting, manipulam seus
dedos, seus pés, chupam sua língua, mordem a parte interna das bochechas, soltam
bolas de saliva, emitem gases ou defecam, enfiam dedos nos orifícios do rosto de uma
forma automática. Esses comportamentos refletem o seu primitivismo, pois o corpo é
o palco daquilo que para as outras crianças já seria mentalizado e teria alguma forma
de representação. Geralmente, apresentam perturbações nas funções alimentares e
de higiene.

A experiência com autistas enriquece a prática clínica e os torna mais tolerantes e


abertos ao desconhecido. Contratransferencialmente, ao longo das psicoterapias foi
experimentado a mesma sensação de desamparo e extrema solidão que os pacientes.
Em muitos momentos, as ligações mentais foram rompidas e a capacidade de pensar
paralisada.

Objeto reclamador: reclamar sua atenção e não os deixar entregues às suas


estereotipias e rituais, chamando-as a vida; ter paciência, muita persistência e empatia
com seu sofrimento silencioso; estar disponíveis e continentes; ter flexibilidade para
adaptar a técnica habitual para outros tipos de pacientes menos graves.

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