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REVISÃO/REVIEW

PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO


CARDIOVASCULAR NO MUNDO E NO BRASIL
PREVALENCE OF CARDIOVASCULAR RISK FACTORS WORLDWIDE AND IN BRAZIL

RESUMO
Isabela Martins Bensenor1 A doença cardiovascular é a primeira causa de morte em todo o mundo e também
Alessandra Carvalho no Brasil. Entretanto, um ponto fundamental é que, apesar da mortalidade elevada,
Goulart1 ela é altamente passível de prevenção. A relação dos fatores de risco com a doença
Itamar de Souza Santos1 cardiovascular é um processo em constante evolução. Isso justifica a necessidade de
Paulo Andrade Lotufo1 reavaliação dos fatores de risco ao longo do tempo para que as estratégias de prevenção
1. Centro de Pesquisa Clínica também possam adequar-se a essas mudanças no perfil dos fatores de risco. O artigo
e Epidemiológica do Hospital
Universitário, Universidade de analisa a prevalência dos fatores de risco de doenças cardiovasculares no Brasil e no
São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. mundo utilizando quatro cenários diferentes: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
Correspondência: para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), “Global Burden of Diseases”,
Isabela Martins Bensenor. Centro de Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) e Pesquisa Nacional de Saúde
Pesquisa Clínica e Epidemiológica.
Hospital Universitário. (PNS). Em todos esses cenários, destaca-se a queda da prevalência de tabagismo no
Av Lineu Prestes 2565 – 3º andar, mundo e particularmente no Brasil. A presença de desigualdade social associou-se à
CEP: 05508-000.
isabensenor@gmail.com prevalência maior dos fatores de risco nos menos escolarizados e nas faixas de menor
renda. Todos os outros fatores de risco associados à doença cardiovascular apresentam
Recebido em 18/10/2018, frequências elevadas que podem colocar em risco a queda da mortalidade associada a
Aceito em 25/02/2019 doenças cardiovasculares no Brasil e no mundo em futuro próximo.

18 Descritores: Fatores de Risco; Doença Cardiovasculares; Prevalência; Brasil.

ABSTRACT
Cardiovascular disease is the leading cause of death worldwide and also in Brazil. Ho-
wever, a key point is that despite elevated mortality, it is highly preventable. The relationship
between risk factors and cardiovascular disease is a constantly evolving process. This
justifies the need to reassess risk factors over time so that preventive strategies can also be
adapted to these changes in the profile of risk factors. The article analyzes the prevalence
of cardiovascular disease risk factors in Brazil and worldwide, using four different scenarios:
Surveillance system for risk and protective factors for chronic diseases by telephone survey
(VIGITEL), Global Burden of Diseases, Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brazil), and
National Health Survey (PNS). The declining prevalence of tobacco smoking in the world and
particularly in Brazil stands out in all these scenarios. The presence of social inequality was
associated with a higher prevalence of risk factors among the less educated and in lower
income brackets. All other risk factors associated with cardiovascular disease are highly
common, a fact that may jeopardize the decrease in mortality associated with cardiovascular
disease in Brazil and worldwide in the near future.

Keywords: Risk Factors; Cardiovascular Disesases; Prevalence; Brazil.

INTRODUÇÃO
A doença cardiovascular é a primeira causa de morte em arterial como fator de risco no Brasil e nos Estados Unidos.
todo o mundo e também no Brasil. Entretanto, o ponto funda- Enquanto no Brasil, a hipertensão é o principal fator de risco,
mental é que apesar da mortalidade elevada ela é altamente nos Estados Unidos, pressão arterial elevada tem um peso
prevenível. A criação de políticas públicas para a prevenção menor do que a dislipidemia como fator de risco.
das doenças cardiovasculares deve ser baseada no perfil de A relação dos fatores de risco com a doença cardiovascular
fatores de risco de cada país. Embora os fatores de risco sejam é um processo em constante evolução. Isso justifica a neces-
muito semelhantes em todos os países, sua distribuição varia sidade de reavaliação dos fatores de risco ao longo do tempo
de local a local. Um exemplo simples é o peso da hipertensão para que as estratégias de prevenção também possam se

http://dx.doi.org/10.29381/0103-8559/2019290118-24 Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2019;29(1):18-24


PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NO MUNDO E NO BRASIL

adequar a essas mudanças.1 Os fatores de risco para doenças baseado no código de endereçamento postal. No total são
cardiovasculares podem ser divididos em não modificáveis realizadas aproximadamente 41.000 entrevistas por ano com
como idade, etnia e história familiar de doença cardiovascular uma taxa de sucesso ao redor de 65%. Estudos mais recentes
ou em modificáveis como a hipertensão arterial, diabetes, confirmaram os benefícios da inclusão de uma sub-amostra
dislipidemia e o tabagismo. A dieta e a prática de atividade de 200 adultos somente com celular na amostra do VIGITEL,
física são consideradas como fatores de risco primordiais para especialmente nas capitais das regiões Norte e Nordeste.4
todas as doenças crônicas, incluindo as cardiovasculares e, Dados do VIGITEL em 2014 mostravam uma prevalência
representam uma determinação prévia na cadeia causal em de tabagismo de 10,8% (9% nas mulheres e 12,8% nos ho-
relação a hipertensão, diabetes e dislipidemia. mens) com uma proporção importante de exposição ao fumo
A presença e distribuição dos fatores de risco clássicos passivo em casa ou no trabalho em torno de 10%. Consumo
serão avaliados em quatro cenários diferentes: abusivo de álcool foi referido em 16,5% (9,4% nas mulheres e
1) Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças 24,8% nos homens). A prevalência de sobrepeso e obesidade
crônicas por inquérito telefônico;2 2) Global Burden of Disease; foi respectivamente de 52,5% e de 17,9% (49,1% e 18,2% entre
3) Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) e as mulheres versus 57,5% e 17,6% entre os homens). Entre
4) Pesquisa Nacional de Saúde em 2013 (PNS). os fatores protetores relacionados a dieta somente consumo
O objetivo é mostrar a prevalência dos fatores de risco de legumes ultrapassou 50%. Outros hábitos protetores
utilizando amostras e metodologia diversas para compor um como consumo regular e recomendado de frutas e verduras
cenário final para doença cardiovascular no Brasil e no mundo. ficaram abaixo de 50%. Os resultados mostram ainda uma
prevalência de hábitos inadequados como consumir carne
Vigilância de fatores de risco e proteção para com excesso de gorduras, leite integral, refrigerantes, doces
doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL) e troca de refeições por lanches presentes na amostra. Em
A melhor estratégia para avaliação da prevalência dos relação a dieta a Tabela 1 descreve os aspectos protetores
fatores de risco é a realização de vários estudos transversais e de risco associados a dieta e sua frequência em toda a
seriados ao longo do tempo. No Brasil, foi criado em 2006 o população e especificamente em mulheres e homens.5
sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doen- Em relação a prática da atividade física, somente 35% da
ças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL) que faz parte amostra apresentava prática de atividade física no lazer dentro
das ações do Ministério da Saúde para estruturar a vigilância da recomendação (30% nas mulheres e 29,4% nos homens),
de doenças crônicas não transmissíveis no país. O VIGITEL 12,3% (11,6% nas mulheres e 13% nos homens) praticavam
segue os moldes do The Behavioral Risk Factor Surveillance algum grau de atividade física no trabalho, 48,7% (56% nas
System (BRFSS), um sistema de vigilância de fatores de risco mulheres e 40,1% entre os homens) declararam prática de
para doenças crônicas e uso de serviços de prevenção nos atividade física insuficiente e 15,4% se declararam seden- 19
Estados Unidos, criado pelo Center for Disease Control em tários (14,7% entre as mulheres e 16,2% entre os homens).5
1984 e que completa 400.000 entrevistas telefônicas por ano.3 No mesmo estudo avaliou-se a presença dos fatores de
No Brasil, o VIGITEL inclui não só a vigilância de doenças risco hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia. A frequência
como as cardiovasculares, mas também dos seus fatores de de hipertensão arterial foi de 24,8% (26,8% nas mulheres
risco. O VIGITEL tem como objetivo monitorar a frequência e a e 22,5% nos homens); a de diabetes foi de 8% (8,7% nas
distribuição destes fatores, e proteção para doenças crônicas mulheres e 7,3% os homens); e o relato de dislipidemia foi
não transmissíveis em todas as capitais dos 26 estados brasi- de 20% (22,2% nas mulheres e 17,6% nos homens).
leiros e no Distrito Federal. Todo ano são realizadas entrevistas É importante lembrar que o VIGITEL faz a pesquisa em
telefônicas em amostras da população adulta (18 anos ou adultos com mais de 18 anos incluindo muitos jovens na
mais) residente em domicílios com linha de telefone fixo. Para amostra o que faz a prevalência ser aparentemente baixa.
os resultados serem representativos de toda a população, os Outro ponto importante é que se trata de um diagnóstico
números telefônicos que entram na pesquisa são aleatorizados, autorrelatado pelo entrevistado. Por exemplo, a frequência
a partir dos cadastros de telefones existentes nas capitais do mais elevada de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia
país. Em cada cidade é feito um processo de estratificação entre as mulheres pode refletir o melhor conhecimento dos

Tabela 1. Aspectos da dieta e sua prevalência na população geral, em homens e em mulheres utilizando dados do VIGITEL no Brasil.
Prevalência (%) Razão de prevalência
Total Homens Mulheres RP IC95%
Consumo regular de frutas e verduras 36,5 42,5 29,4 1,39 1,32-1,47
Consumo recomendado de frutas e vegetais 24,1 28,2 19,3 1,41 1,31-1,52
Consumo regular de legumes 66,1 60,5 72,7 0,84 0,82-0,86
Carne com excesso de gordura 29,4 21,7 38,4 0,59 0,55-0,63
Leite integral 52,9 50,4 55,7 0,92 0,89-0,96
Consumo regular de refrigerantes 20,8 18,2 23,9 0,80 0,74-0,87
Consumo regular de doces 18,1 20,3 15,6 1,34 1,22-1,46
Consumo alto de sal 15,6 14,1 17,4 0,85 0,77-0,93
Troca da refeição por lanches 16,2 18,8 13,1 1,41 1,31-1,52
Adaptado da referência Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL).

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fatores de risco entre as mulheres que procuram mais os que agrupadas, permitem a quantificação dos riscos e das
serviços de saúde que os homens. causas de morte a nível global e em cada país. Os fatores
O uso dos dados referidos anualmente em cada VIGITEL de risco foram agrupados em várias categorias. A Tabela 2
permite que se trace uma tendência do comportamento do fator mostra os fatores de risco que se associaram às doenças
de risco ao longo do tempo. Dados do VIGITEL permitiram a cardiovasculares ou a outros fatores de risco para doenças
descrição da tendência do tabagismo entre 2006 e 2014 nas cardiovasculares no mundo.9 A Tabela 3 mostra as maiores
capitais brasileiras. A prevalência de tabagismo caiu de 15,6% mudanças percentuais nos fatores de risco associados às
em 2006 para 10,8% em 2014. Houve um declínio da prevalência doenças cardiovasculares de 1991 a 2016 para o mundo.9
por sexo, escolaridade, regiões do país e na maioria das faixas Considerando-se os DALYs (anos vividos com prejuízo da
etárias. A prevalência de ex-fumantes caiu de 22,2% em 2006 qualidade de vida mais os anos de vida perdidos por morte)
para 21,2% em 2014. A proporção de fumantes de mais de 20 em 1990, o tabagismo ficava na terceira posição, a pressão
cigarros por dia também diminuiu indo de 4,6% em 2006 para arterial elevada ficava na quarta, uso de álcool na oitava
3% em 2014. A proporção de queda do fumo passivo em casa posição e a glicemia de jejum elevada na décima posição.
foi mais elevada nas mulheres 13,4% em 2009 para 10% em Entre os trinta primeiros fatores de risco mais associados a
2014; e nos indivíduos de zero a oito anos de escolaridade, anos vividos com comprometimento da qualidade de vida
variando de 12,7% em 2009 para 9% em 2014. O fumo pas- ainda entravam os fatores de risco colesterol total e índice de
sivo no local de trabalho caiu 12,1% em 2009 para 8,9% em massa corpórea elevados (IMC), consumo baixo de frutas,
2014, mantendo-se mais elevado nos homens comparados as grãos integrais, nozes e sementes, verduras, fibras e ômega 3,
mulheres. A tendência de queda foi observada em homens e exposição ao fumo passivo, sedentarismo e alto consumo de
mulheres e todas as regiões do Brasil na maioria das faixas sal. Dos 30 primeiros fatores de risco que mais contribuíram
etárias. Esses dados indicam que a meta de redução de 30% para os DALYs em 1990, quinze se relacionavam as doen-
do tabagismo até 2025 pode ser atingida, refletindo a efetividade ças crônicas. Em 2006, o tabagismo subiu para a primeira
das ações de controle do tabagismo no país.6 posição, a pressão arterial elevada para a terceira, álcool
A tendência da ingestão alcoólica também foi avaliada para a quinta, glicemia elevada de jejum para a sexta e IMC
utilizando-se dados do VIGITEL entre 2006 e 2013 de acordo e colesterol total elevados para a nona e a décima posição.
com as características sociodemográficas, socioeconômicas e O número total de fatores de risco para doenças crônicas
regionais. Uso abusivo de álcool foi definido como ≥ 5 doses em entre os associados ao maior número de DALYs, subiu para
homens e ≥ 4 doses para as mulheres em uma única ocasião 16. Em 2016, dos seis fatores de risco nas primeiras posi-
nos 30 dias anteriores a entrevista pelo estudo. A prevalência ções, cinco se relacionam as doenças crônicas: tabagismo
de abuso de álcool foi de 15,6% in 2006 e 16,4% in 2013, com em primeiro, pressão arterial elevada em segundo, álcool
20 tendência a estabilidade na amostra. Houve uma tendência de em quarto, glicemia de jejum elevada e IMC elevados na
aumento do abuso de álcool nos idosos e nos adultos entre 30- quinta e sexta posição. Embora o número de fatores de risco
39 anos em ambos os sexos e nas mulheres da região Sudeste relacionados às doenças crônicas permaneça constante
do país. A prevalência também se manteve estável em relação em 15 na lista dos 30 primeiros, eles galgaram posições e
a escolaridade. Em nenhum momento se observou em nenhum assumiram as primeiras colocações.
subgrupo uma tendência de queda no período analisado.7 Os resultados mostram um aumento no papel dos fatores
O VIGITEL também analisou a prevalência de hipertensão de risco para doenças crônicas nas últimas décadas. Vários
nas capitais brasileiras e sua relação com variáveis sociode- deles se inter-relacionam como é o caso do aumento do IMC,
mográficas, do estilo de vida e outras doenças crônicas com as mudanças na dieta, o aumento da glicemia de jejum e da
dados coletados no ano de 2013. Aproximadamente ¼ da pressão arterial. Além disso, a prevalência do sedentarismo
amostra referiu hipertensão arterial. A prevalência relatada de se mantem elevada.
hipertensão se associou ao aumento da idade sendo mais A frequência do tabagismo diminuiu em vários países, mas
elevada na faixa acima dos 65 anos. Além disso, a hiperten- aumentou em muitos outros principalmente nos países de baixa
são arterial se associou a baixa escolaridade, raça negra, renda, com um balanço global de um decréscimo anual de
obesidade, diabetes e colesterol elevado e em ex-fumantes.8 1,9%, considerado muito lento, mas no entanto consistente. A
Utilizando-se os dados de 2012-2013, o VIGITEL também exposição ao fumo passivo também diminuiu, sendo que na
avaliou a associação dos fatores de risco de acordo com o Ásia surgiu com muita força o consumo do uso de adesivos de
sexo e a escolaridade. O tabagismo, a ingestão alcoólica e o nicotina, gomas de mascar e outros produtos caracterizados
consumo de carne com gordura visível foram mais frequentes como tabagismo sem fumaça. No Brasil, os fatores de risco
nos homens, enquanto o diagnóstico médico de doenças para doenças crônicas que mais se associaram aos DALYs
crônicas como hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia foram o consumo de álcool, a pressão arterial e o IMC.9
foram mais frequentes nas mulheres. Em ambos os gêneros
os mais escolarizados se associaram a uma prevalência mais CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO
baixa de tabagismo e consumo mais elevado de refrigerantes
LONGITUDINAL DE SAÚDE DO
e bebidas alcoólicas, além de mais tempo assistindo televisão.
O Global Burden of Diseases (GBD) é uma rede hierarquiza- ADULTO (ELSA-BRASIL)
da de fatores de risco organizada pela University of Washington A pressão arterial é o fator de risco que mais associa a
que contribui para a quantificação dos desfechos na área da anos de vida perdidos no Brasil. O ELSA-Brasil é um estudo
saúde. A partir de dados provenientes do governo dos vários de coorte prospectivo de funcionários públicos de seis capitais
países, como o DATASUS no caso Brasil e de outras fontes brasileiras (Salvador, Vitória, Belo Horizonte, Rio de Janeiro,

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PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NO MUNDO E NO BRASIL

Tabela 2. Principais fatores de risco associados às doenças crônicas no mundo.


Fatores de risco associados a doença
Desfecho
cardiovascular
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico, acidente vascular
Poluição ambiental
cerebral hemorrágico
Poluição intradomicílio por combustíveis Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico, acidente vascular
sólidos cerebral hemorrágico
Exposição ao chumbo Hipertensão arterial
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico, acidente vascular
Tabagismo cerebral hemorrágico, fibrilação/flutter atrial, doença arterial periférica, outras doenças
cardiovasculares e diabetes
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico, acidente vascular
Tabagismo passivo
cerebral hemorrágico e diabetes
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico, acidente vascular
Álcool
cerebral hemorrágico, doença hipertensiva cardíaca, fibrilação/flutter atrial e diabetes
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular cerebral isquêmico, acidente
Dieta pobre em frutas
vascular cerebral hemorrágico e diabetes
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular cerebral isquêmico, acidente
Dieta pobre em verduras
vascular cerebral hemorrágico
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico, acidente vascular
Dieta pobre em grãos integrais
cerebral hemorrágico e diabetes
Dieta pobre em legumes Doença isquêmica coronariana
Dieta pobre em nozes e sementes Doença isquêmica coronariana e diabetes
Dieta rica em carne vermelha Diabetes
Dieta rica em alimentos processados Doença isquêmica coronariana e diabetes
Dieta rica em bebidas adoçadas Aumento do IMC
Dieta pobre em fibras Doença isquêmica coronariana
Dieta pobre em ácidos graxos ômega-3 Doença isquêmica coronariana
Dieta pobre em ácidos graxos 21
Doença isquêmica coronariana
poli-insaturados
Dieta rica em gordura trans Doença isquêmica coronariana
Dieta rica em sódio Hipertensão arterial
Pouca atividade física Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico e diabetes
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico e hemorrágico e doença
Glicemia de jejum elevada
arterial periférica
Colesterol total elevado Doença isquêmica coronariana
Acidente vascular isquêmico
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico e hemorrágico,
Pressão arterial sistólica elevada
miocardiopatias e miocardites, fibrilação/flutter atrial e outras doenças cardíacas
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico e hemorrágico, fibrilação/
IMC elevado
flutter atrial e diabetes
Doença isquêmica coronariana, acidente vascular isquêmico e hemorrágico e doença
Insuficiência renal
arterial periférica
Dados adaptados da referência Global Burden of Disease, Risk factors, 2016, referência1.

São Paulo e Porto Alegre.10,11 O ELSA-Brasil avaliou em 15.103 relação aos de menor escolaridade, nos de raça branca ou
participantes com 54% de mulheres, quantos sabiam infor- amarela comparados aos negros; e a desigualdade social e
mar o diagnóstico de hipertensão, a prevalência, os fatores racial se associou de forma importante com o pior controle
de risco associados, quantos faziam tratamento e quantos da hipertensão arterial.12
estavam controlados. Do número total de participantes, 35,8% O ELSA-Brasil também estudou o perfil de dislipidemia no
eram hipertensos; dentre eles, 76,8% sabiam ser hipertensos estudo pela avaliação dos níveis de LDL-colesterol usando a
com as mulheres revelando maior conhecimento do que os atualização de 2004 do National Cholesterol Education Program
homens (84,8% nas mulheres versus 75,8% nos homens) e Adult Treatment Panel III (ATP-III). Foram incluídos 14.648 partici-
maior uso de medicamentos para tratamento da hipertensão pantes com idades de 35 a 74 anos. Eles foram categorizados em
(83,1% nas mulheres vs. 70,7% dos homens). Em relação quatro grupos: 0 a 1 fatores de risco, 2 ou mais fatores de risco,
a raça, negros (49,3%) eram mais hipertensos do que par- doença isquêmica coronariana ou equivalente e risco muito alto
dos (38,2%) ou brancos (30,3%) O controle da hipertensão de doença isquêmica coronariana. As características sociode-
foi maior nos participantes com escolaridade mais alta em mográficas avaliadas foram sexo, idade, raça, renda, educação

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Tabela 3. Mudanças percentuais na frequência dos fatores de risco entre 1991 e 2016 de acordo com o sexo.
Mudança percentual
Fator de risco Homens Mulheres Total
Poluição ambiental 11,6 (9,5-13,5) 11,6 (9,4-13,6) 11,6 (9,5-13,6)
Poluição intradomicílio -44,3 (-47,2 a -41,8) -42 (-44,5 a -39,5) -43.1 (-45,6 a -40,7)
Exposição ao chumbo -25 (-32,8 a -18,9) -18,5 (-24,5 a -10,3) -22,7 (-30,1 a -17,1)
Tabagismo -29,6 (-34 a -24,1) -28,6 (-34,5 a -20,9) -29 (-33 a -24,3)
Fumo passivo -18 (-20,7 a -15,1) -23 (-25,2 a -20,6) -21,4 (-23,6 a -18,8)
Álcool 1,7 (-4 a 8,8) -15 (-20,5 a -9) -2,8 (-8,1 a 3,4)
Dieta pobre em frutas -17,5 (-23,6 a -11) -21,4 (-28,1 a -15) -19,4 (25,8 a -13)
Dieta pobre em verduras -23,3 (-28,4 a -19,7) -22,4 (-27,6 a -18,9) -22,8 (-27,9 a -19,3)
Dieta pobre em legumes 8,8 (4,5 a 14,8) 8 (4,9 a 12,7) 8,2 (4,9 a 13)
Dieta pobre em grãos integrais -9,6 (-10,8 a 8) -7,3 (-8,5 a -6,2) -8,4 (-9,6 a -7,1)
Dieta pobre em nozes e sementes -8,4 (-11,7 a -4,5) -7,9 (-11,2 a -4,2) -8,2 (-11,4 a -4,3)
Dieta pobre em leite 2,7 (2,11 a 3,43) 2,7 (2,2 a 3,2) 2,7 (2,2 a 3,2)
Dieta rica em carne vermelha 26,8 (20,7 a 34,2) -19,7 (-27,7 a -10,9) -20,5 (-27,4 a -12,4)
Dieta rica em carnes processadas -21,1 (-29,6 a -12,4) -19,7 (-27,7 a -10,9) -20,5 (-27,4 a -12,4)
Dieta rica em bebidas adoçadas 46,9 (38,5 a 55,2) 42 (31,4 a 52,4) 44,7 (36,1 -52,7)
Dieta pobre em fibras -10,1 (-14 a -7,5) -7,8 (-11 a -5,3) -8,9 (-12,3 a -6,5)
Dieta pobre em ácidos graxos ômega 3 -5,3 (-8,4 a -2) -3,9 (-6,6 a -1,2) -4,6 (-7,6 a -1,6)
Dieta pobre em ácidos graxos poliinsaturados -12,1 (-15,5 a -8,3) -9 (-13,1 a -4,8) -10,7 (-13,3 a -7,8)
Dieta rica em gordura trans -52,1 (-73 a -33,8) -50,5 (-68,5 a -34) -51,3 (-70,1 a -34,1)
Dieta rica em sódio -9,9 (-40,4 a 0,12) -17,3 (-44,8 a -4,8) -13,6 (-42,2 a -2,3)
Pouca atividade física 1,3 (0.9 a 1,7) -1,8 (-2,3 a -1,3) 0,07 (-0,32 a 0,38)
Glicemia de jejum elevada 29,2 (21,3 a 40) 27,7 (18,5 a 42,3) 28,8 (21,3 a 39,9)
Colesterol total elevado -3,9 (-4,9 a -3) -5,4 (-6,7 a -4,3) -5,1 (-6,2 a -4,2)
Pressão sistólica elevada 1,8 (1,4 a 2,3) -5,1 (-5,6 a -4,7) -2 (-2,3 a -1,6)
22
IMC elevado 60,8 (45,3 a 81,3) 60,7 (45,9 a 79,7) 60,3 (45,1 a 79,1)
Insuficiência renal 2,4 (1,1 a 3,3) 1,4 (-0,05 a 3,3) 1,6 (0,4 a 3,1)
Dados adaptados da referência Global Burden of Disease, Risk factors, 2016, referência1.

e ter seguro saúde. A frequência de LDL-colesterol elevado foi de prévio, glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl, glicemia após duas
45,5%. Entre os indivíduos com LDL-C elevados, 58,1% sabiam horas ≥ 140 mg/dl ou HBA1c ≥ 6,5 mg/dl. A frequência de
ter hipercolesterolemia, 42,3% estavam em tratamento e 58,3% hiperglicemia de acordo com várias definições foi de 79,1%,
estavam com os níveis de colesterol controlados. Após ajuste sendo os grupos mais afetados os homens, obesos, não
para características sociodemográficas, os valores de LDL-C brancos e nos participantes com menor escolaridade.15
aumentados foram mais elevados em homens, negros, idosos e Com relação à atividade física, uma análise transversal em
com menor nível educacional. As frequências mais baixas de co- 10.585 participantes com idades entre 35 a 74 anos sem história
nhecimento da presença de dislipidemia, de falta de tratamento e prévia de doença cardiovascular no ELSA-Brasil e de acordo
de falta de controle dos níveis de LDL-C também foram observadas com os critérios da Associação Americana de Cardiologia e
em homens, pardos e negros, nos mais pobres, menos escola- das recomendações da Organização Mundial de Saúde (≥150
rizados e nos que não tinham seguro saúde privado, mostrando minutos por dia de atividade física moderada ou ≥ 75 minutos
novamente a influência das desigualdades sociais na ausência por dia de atividade física vigorosa), constatou-se um total de
de diagnóstico, tratamento e pior controle da dislipidemia.13 21% das mulheres e 29% dos homens eram fisicamente ativos.
A dislipidemia avaliada pelos níveis de LDL-C ≥ 130 mg/dl ou uso Após ajuste para fatores de confusão, o efeito favorável da
de medicamento, níveis baixos de HDL-colesterol (< 40 mg/dl em atividade física no lazer, nos parâmetros cardiometabólicos
homens e menor que 50 mg/dl em mulheres e de triglicerídeos
ficou bastante evidente. A pressão arterial média, a frequência
acima de 150 mg/dl também se distribuiu de forma diferente de
cardíaca, e o escore de Framingham para doenças cardiovas-
acordo com sexo e raça. As concentrações elevadas de LDL-c
culares foram significativamente mais baixos nos homens e
e de triglicérides e baixas de HDL-c apresentaram prevalências
mulheres ativos usando os inativos como referência.16
mais baixas nos negros usando os brancos como referência e
após ajuste por nível socioeconômico e adiposidade. Os pardos
apresentaram um padrão de dislipidemia mais próximos dos PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE
brancos do que dos negros.14 A Pesquisa Nacional de Saúde é um estudo transversal
Dados do mesmo estudo para diabetes mostraram preva- da população, uma amostra representativa brasileira rea-
lência de 19,7% de diabéticos, sendo 50,4% sem diagnóstico lizado periodicamente sendo a última em 2013. Ela é uma
prévio. A definição de diabetes incluiu diagnóstico médico parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de

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PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NO MUNDO E NO BRASIL

Geografia e Estatística (IBGE) que coleta informações referentes Análise transversal da Pesquisa Nacional de Saúde avaliou
a percepção do estado de saúde e de doenças crônicas em a frequência de diagnóstico médico prévio de hipertensão,
residências do país. A amostra é selecionada em três estágio: o uso de medicação para tratamento da hipertensão e o
distrito censitário, casas e habitantes com 18 anos ou mais.17 controle dos níveis pressóricos em todo o país em amostra
A prevenção primordial é definida pela adoção de hábitos de 81.254 participantes. Do total, 43,2% relataram diagnóstico
de vida saudáveis. A Associação de Cardiologia Americana médico prévio de hipertensão arterial, sendo essa frequência
(American Heart Association - AHA) definiu sete métricas impor- mais elevada em homens quando comparados as mulheres:
tantes para que se alcance uma saúde cardiovascular ideal.18 25.8% versus 20.0%. Dentre os hipertensos, 81,4% relatam
O Estudo que utilizou dados da Pesquisa Nacional de uso de medicamento para tratamento da hipertensão, dos
Saúde de 2013 avaliou quatro hábitos de vida (tabagismo, quais 69,6% tinham ido ao médico no ano anterior para
atividade física, índice de massa corpórea e dieta) e três fatores monitorização da pressão arterial.22
clínicos (hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia) conforme Em relação ao diabetes, a prevalência detectada na PNS
os critérios da AHA. Somente 1% da população avaliada na foi de 6,2% sendo mais elevada nas mulheres em relação aos
Pesquisa Nacional de Saúde apresentaram os sete fatores homens: 7.0% vs. 5.4%. A prevalência é mais alta nos idosos
em condições ideais sendo que individualmente 2,2% se atingindo 19.8%, e em indivíduos da raça negra com menor
mantinham em dieta, 23,6% em atividade física e 43,7% apre- escolaridade apresentaram prevalência mais elevada. Entre
sentavam índice de massa corpórea dentro da normalidade, os obesos, 11,8% relataram diabetes, e nos ex-fumantes,
76,4% sem hipertensão arterial, 92,8% sem diabetes e 85,1% indivíduos insuficientemente ativos e os que consomem álcool
sem hipercolesterolemia. Importante lembrar que a pesquisa de forma abusiva relataram uma frequência mais elevada
incluiu indivíduos com mais de 18 anos, ou seja, indivíduos de diabetes. Nenhuma diferença em relação a dieta entre
jovens com menor risco de doenças como hipertensão, dia- diabéticos e não diabéticos foi observada.23
betes ou hipercolesterolemia. Entretanto, a frequência baixa Usando dados de 60.202 indivíduos da PNS de 2013,
de hábitos de vida em condições ideais sugere um risco muito 14,3% relataram nunca ter feito nenhuma dosagem de coles-
aumentado de doenças com o advento do envelhecimento.19 terol. Entre os que relataram dosagem de colesterol no ano
Dados comparados em relação a prevalência de taba- anterior, houve uma frequência mais elevada de mulheres,
gismo nas PNS de 2008 e 2013 permitiram a avaliação das brancos, idosos, e mais educados. A prevalência de diag-
mudanças na frequência de tabagismo no Brasil. nóstico médico prévio de hipercolesterolemia foi de 12,5%
Os resultados mostraram uma redução de 19% na preva- (9,7% em homens versus 15,1% em mulheres. As mulheres
lência de tabagismo, que caiu de 18,5% em 2008 para 14,7% apresentaram uma probabilidade 60% maior de diagnóstico
em 2013. Os resultados também mostraram um declínio na prévio de hipercolesterolemia em relação aos homens. A
prevalência de tabagismo em todas as regiões do país e para 23
frequência do diagnóstico médico de hipercolesterolemia
todas as características sociodemográficas como sexo, raça, aumentou com a idade, sendo mais elevada em brancos e
idade e nível educacional, incluindo áreas urbanas e rurais na orientais, nos indivíduos mais escolarizados e nos residentes
maior parte dos estados. A redução foi de 17,5% para os ho- das regiões Sudeste e Sul.24
mens e de 20,7% para as mulheres em todas as faixas etárias,
Os dados da PNS também foram utilizados para estudo
destacando-se a queda na faixa etária de 25 a 39 anos para
das multimorbidades, ou seja, a presença de várias doenças
ambos os sexos. Em relação a raça, as maiores prevalências
e fatores de risco na mesma pessoa. A definição de multi-
foram descritas em pardos e negros. Essa queda foi observada
morbidade se baseou no relato de duas ou mais doenças
em todos os níveis educacionais, destacando-se o declínio
crônicas incluindo diagnósticos autorrelatados e presença
nos indivíduos menos educados. Em 2013 a prevalência de
de sintomas em questionário de morbidade psiquiátrica.
tabagismo foi de 19,7% nos menos educados e de 8,7% nos
A frequência de multimorbidade na amostra foi de 24.2%,
que informaram curso superior. Esse declínio na prevalência
sendo mais elevada em mulheres, idosos e indivíduos com
de tabagismo ao longo do tempo é consequência de políticas
baixa escolaridade. De acordo com a agregação dos sin-
de controle, regulação e prevenção.20
tomas, os participantes com multimorbidade pertenciam a
Os dados da PNS também foram usados para avaliar o
três grupos: cardiometabólico, musculoesquelético-saúde
padrão de consumo de álcool na população adulta do Brasil.
mental e respiratório. Dentro do grupo cardiometabólico os
A prevalência de consumo de álcool foi de 26% com uma
fatores de risco hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia
média de idade de início de consumo alcoólico de 18,7 anos.
se mostraram agregados com o acidente vascular cerebral
A frequência de consumo abusivo de álcool foi de 51%, dentre
e a doença cardiovascular, mostrando a presença de vários
os quais 43% referiram esse comportamento mais de quatro
fatores de risco agrupados no mesmo indivíduo.25
vezes por semana. Aproximadamente um quarto da amostra
referiu dirigir após beber. A prevalência de uso de álcool foi
mais elevada entre os homens, na faixa de 25 a 34 anos, em CONCLUSÃO
pessoas solteiras que moram na região urbana e nos com Os resultados das várias estratégias utilizadas para avalia-
maior educação. A frequência de consumo abusivo de álcool ção dos fatores de risco para doença cardiovascular mostram
foi mais elevada em homens, nas faixas etárias mais altas, e uma frequência elevada de fatores de risco em amostras dife-
nos que referiam início do consumo de álcool antes dos 18 renciadas e sua associação com as doenças cardiovasculares
anos. Uso de álcool e condução de veículos ou dirigir após no Brasil e no mundo. Fica também muito claro a papel das
beber foi um hábito mais frequente em homens, nos mais características sociodemográficas como sexo, idade, raça e
educados e nos que moravam na área rural.21 educação na determinação dos fatores de risco e das doenças

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associadas. A presença de desigualdade social se associa a levar em um futuro próximo ao aumento dos fatores de risco
um perfil menos saudáveis de fatores de risco. como a hipertensão e o diabetes e esse efeito poderá se
O controle dos fatores de risco é fundamental para a pre- traduzir em um aumento das doenças cardiovasculares.
venção das doenças cardiovasculares. Entretanto, a mudança
de hábito é a intervenção mais difícil de se implementar sendo
de extrema importância a implementação de estratégias po-
pulacionais. No Brasil um exemplo de sucesso foi a estratégia CONFLITOS DE INTERESSE
usada para controle do tabagismo. O controle da pressão Os autores declaram não possuir conflitos de interesse
arterial melhorou, mas ainda persiste aquém do necessário. na realização deste trabalho.
Por outro lado, o aumento da obesidade na população pode

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