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PREFEITURA DE

PETROLINA

BOLETIM
EPIDEMIOLÓGICO
INCIDÊNCIA DAS NEOPLASIAS MAIS

FREQUENTES EM PETROLINA

FEVEREIRO DE 2022

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

Trabalho acadêmico desenvolvido para a disciplina Estudos de Saúde II


Colegiado de Medicina - 2021/1

Docente: Nayara Mendes Cruz

Discentes: Ana Beatriz Araújo, Bruna Araújo, Cézar Rodrigues, Gabriel Clementino,

Geovane Soares, Matheus Campos, Thailany Lima, Jhonatan Pires de Carvalho Lucas

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 03

METODOLOGIA 06

RESULTADOS 07

CONCLUSÃO 19

BIBLIOGRAFIA 20

AV. FERNANDO GÓES, 537, CENTRO


56306-010 – PETROLINA/PE
TELEFONE: (87) 3866-8551
SESAU@PETROLINA.PE.GOV.BR
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

INTRODUÇÃO

Neoplasia é o nome da doença que se caracteriza pela presença de

uma massa anômala formada por células que apresentam uma taxa de

crescimento persistente que ultrapassa a taxa de crescimento dos

tecidos normais. As neoplasias são classificadas em benignas e malignas.

As neoplasias benignas tendem a se apresentar como massas teciduais

de crescimento lento e expansivo, isso significa que comprimem e não

propriamente infiltram o tecido vizinho. Já as neoplasias malignas

caracterizam-se por um crescimento rápido e invasivo, isso significa que

invadem o tecido vizinho, causando lesões, sua disseminação pode

ocorrer também por meio de vasos sanguíneos ou linfáticos, podendo

assim invadir tecidos e afetar órgãos distantes. Câncer é sinônimo de

neoplasia maligna e constitui o principal problema de saúde pública


no mundo, já está entre as quatro principais causas de morte prematura

na maioria dos países.

Quando se fala em câncer usa-se muito o termo “ fatores de risco“, a

palavra "risco" é usada para definir a chance de uma pessoa sadia,

exposta a determinados fatores, ambientais ou hereditários, desenvolver

uma doença. O mesmo fator pode ser de risco para várias doenças – o

tabagismo e a obesidade, por exemplo, são fatores de risco para

diversos cânceres, além de doenças cardiovasculares e respiratórias.

Vários fatores de risco podem estar envolvidos na origem de uma


mesma doença. Estudos mostram, por exemplo, a associação entre

álcool, tabaco, e o câncer da cavidade oral. Nas doenças crônicas, como

o câncer, as primeiras manifestações podem surgir após muitos anos de

uma exposição única (radiações ionizantes, por exemplo) ou contínua (no

caso da radiação solar ou tabagismo) aos fatores de risco. A exposição

solar prolongada sem proteção adequada durante a infância, por

exemplo, pode ser uma das causas do câncer de pele no adulto. Os

fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, herdados ou

resultado de hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente

social e cultural.

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

A transição demográfica acelerada por que passa o Brasil


A MORTALIDADE POR
vem acompanhada de uma transição epidemiológica e pelo
NEOPLASIAS TEM CRESCIDO EM
desafio constante de monitorar e atualizar as políticas
TODO O MUNDO E TEM SIDO
públicas de saúde. O envelhecimento da população vem
APONTADA COMO UMA DAS
acompanhado pela maior incidência de doenças crônicas
PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE
não transmissíveis (DCNT). A mortalidade por neoplasias
PREMATURA.
tem crescido em todo o mundo e tem sido apontada como

uma das principais causas de morte prematura. Na

população feminina, desde 2014, as neoplasias são a

principal causa de morte por DCNT.

Ter ciência da magnitude da doença em um território pode

ser feito através dos número absolutos de novos casos

estimados ou pela taxa bruta de incidência. Através dessas

informações, pode-se gerir melhor o enfrentamento e o


acompanhamento médico dos acometidos. Ou seja, o

gestor municipal de posse de tais informações têm maior

assertividade no direcionamento de recursos devido ao

conhecimento daquilo que sua população vem enfrentando.

Assim, pode-se determinar tanto políticas de prevenção e


controle dessas doenças quanto ofertar uma melhor

estrutura clínica e de diagnóstico para o crescente número

de acometidos. Esses indicadores são possíveis de serem

construídos através da base de dados oferecida pelo

Registro de Câncer (INCA) e do Sistema de Informações


MUDANÇAS DE HÁBITOS DA
sobre Mortalidade (SIM/MS).
POPULAÇÃO PODERIAM

DIMINUIR A INCIDÊNCIA DE
No Brasil, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres.
CÂNCER DE MAMA EM 13% NO
Foram estimados 2390 novos casos apenas para o estado de

BRASIL, O QUE PROVOCARIA


Pernambuco em 2019 (INCA, 2019a). Entretanto, a

UMA REDUÇÃO DE R$102


Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA (Conprev)

MILHÕES DE GASTOS COM


indica que 13% dos novos casos em 2020, aproximadamente

8 mil ocorrências, poderiam ter sido evitados através da


TRATAMENTO

redução dos fatores de risco relacionados ao estilo de vida.

Por outro lado, numa perspectiva financeira, ações de

conscientização e mudança de hábitos dessa população,

trariam uma redução de aproximadamente R$102 milhões nos

gastos com tratamento de câncer de mama aos cofres

públicos.

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a região Nordeste é a segunda região com maior

incidência de câncer do colo do útero (16,10/100mil) de acordo com a estimativa de casos para o

ano de 2021. O estado de Pernambuco, entretanto, apresenta uma estimativa um pouco melhor,

com incidência estimada em 13,03/100mil. Com isso, é importante averiguar se as políticas de

saúde pública do município de Petrolina tem atuado de forma positiva na queda desses índices ou

se, ao contrário, a cidade caminha mais penosamente no combate à tais doenças. Além disso,

espera-se acompanhar a evolução dos casos, nas décadas seguintes, averiguando se a estratégia

de prevenção ao HPV, principal causa dessa oncogênese, surtiu efeito no município. Em 2014, a

vacina tetravalente contra HPV foi inserida no calendário vacinal pelo Ministério da Saúde para

meninas de 9 a 13 anos e, em 2017, foi estendida a meninos de 11 a 14 anos.

Ainda segundo o INCA, o câncer de próstata, o segundo mais comum entre os homens, deve ter

aumento nas taxas de incidência no Brasil nos próximos anos, parcialmente justificado pela

evolução dos métodos de diagnóstico, melhoria na captação desses dados e no aumento da

expectativa de vida. Entretanto, a pandemia de covid-19, a partir de 2020, pode ter influenciado no

acompanhamento por parte dos serviços de saúde e represado uma quantidade estimada de

diagnóstico em todos os tipos de câncer.

No estudo publicado por Moura (2018), analisou-se a incidência de câncer em trabalhadores de

fruticultura irrigada, contemplando o município de Petrolina. De acordo com este, a região

demonstra um aumento de mortalidade por doenças neoplásicas, em ambos os sexos, sendo que,

em trabalhadores rurais, as principais taxas de mortalidade por câncer estavam relacionadas às

neoplasias malignas de próstata e de pulmão. Além disso, no estudo, aponta-se uma alta

prevalência de câncer do sistema hematológico em participantes da pesquisa que não estavam

diretamente expostos a agrotóxicos. Com isso, sugere-se uma importante exposição indireta dessas

substâncias à população. Essa exposição contribui ainda para o agravo da incidência de câncer de

pele na região. O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no país, porém, apresenta

grande percentual de cura quando detectado e tratado de forma correta, sendo entre os tumores,

o com menor mortalidade.

Portanto, o presente trabalho objetiva analisar a tendência da incidência de neoplasias no

município de Petrolina no período de 2017 a 2021, a fim de consolidar informações para o

monitoramento dessas doenças.

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

METODOLOGIA

Este estudo trata-se de um boletim epidemiológico, cujos dados e

análise contemplam a incidência das neoplasias mais frequentes no

município de Petrolina (Pernambuco), num período de 5 anos (2017-2021).

A coleta de dados foi feita pelo Departamento de Informática do


Sistema Único de Saúde (DATASUS), selecionando os dados incluídos

no tópico “Epidemiológicas e morbidade” e em seguida o escolher o

subtópico “Tempo até o início do tratamento oncológico - PAINEL -

oncologia”. As medidas utilizadas foram a incidência das três


neoplasias mais frequentes e a taxa de diagnóstico proporcional,
levando-se em conta as variáveis de sexo e faixa etária. Para essas

medições, os dados demográficos utilizados dizem respeito à população

geral e específica (por sexo e faixa etária) de Petrolina, consoante o

Censo Populacional de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

As neoplasias que demonstraram maior relevância na incidência

oncológica no município estudado foram, de acordo com os sexos:

- Feminino: Mama (C50), Colo do Útero (C53), Ovário (C56) e


Carcinoma in situ do colo do útero (D06).
- Masculino: Próstata (C61), Brônquios e Pulmão (C34), outras
neoplasias da Pele (C44) e Estômago (C16).

Para o processamento e análise dos dados, bem como construção dos

gráficos e tabelas, foi utilizado o Excel 2013.

Como foram utilizados apenas dados secundários de acesso público, o

trabalho não foi submetido a um comitê de ética em pesquisa.

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

RESULTADOS

A princípio, a fim de calcular as taxas de incidência e proporcionalidade, é importante determinar

a população geral de Petrolina, a população de homens e mulheres, a quantidade de pessoas com

50 anos de idade ou mais, e também, a proporção de cada sexo dessa população.

Sendo assim, a população geral de Petrolina, de acordo com o censo realizado em 2010 pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 293.962. A população geral de homens e

mulheres, respectivamente, é 143.252 e 150.710. A população geral com 50 anos ou mais é de

40.500, e a de homens e mulheres, nessa ordem, é 18.424 e 22.076.

A população feminina representa pouco mais da metade da população do município e, conforme o

avanço da idade, há um aumento desta proporção, conforme visto no gráfico.

Além disso, a população com 50 anos ou mais representa 13,78% do quantitativo geral de pessoas,

índice menor que os 25% observado para a população geral do Brasil. Desse modo, pode-se inferir

que a população de Petrolina é mais jovem quando comparada a nível nacional e isto pode implicar

em mudanças no perfil epidemiológico observado em doenças que incidem com maior vigor em

determinadas faixas etárias.

GRÁFICO 1 - FONTE: CENSO POPULACIONAL 2010 IBGE

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

POPULAÇÃO | 50 ANOS OU MAIS

1 3 , 7 8% PETROLINA
Cidade com população
majoritariamente jovem

2 5% BRASIL

A transição epidemiológica da morbidade no país mostra Percebe-se um aumento significativo das taxas de

o aumento dos casos das doenças crônicas não diagnóstico da neoplasia maligna de mama saindo de

transmissíveis, sendo as neoplasias um crescente fator nos 14,40% em 2017 até atingir pico de 24,87% em 2019,

diagnósticos das DCNT. quando os números começaram a cair e alcançar 13,35%

Nos anos de 2017 a 2021, as três neoplasias malignas mais em 2021, índice praticamente igual ao observado em 2017.

frequentes na população de Petrolina foram as de mama, A taxa do câncer de próstata se manteve constante até

próstata e colo do útero. De uma forma geral, ao fim do este mesmo ano (2019), mas também apresentou uma

período, houve decaimento das neoplasias de mama e redução a partir de então, perfazendo de 24,87% em

próstata, mas houve um leve aumento da neoplasia 2019, alcançando 8,28% em 2021 (redução de 66,64% na

maligna de colo de útero. Em 2020, as taxas de taxa de diagnóstico). A neoplasia do colo do útero teve

diagnósticos proporcionais dessas três neoplasias estavam seus números oscilando ao longo do período, mas,

assim distribuídas: neoplasia maligna de mama (24,62%), conforme supracitado, de uma forma geral, houve um leve

colo de útero (20,53%) e próstata (17,24%). aumento da sua taxa de diagnóstico.

GRÁFICO 2- FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

A tabela a seguir apresenta as taxas de incidência de acordo com cada tipo de neoplasia, e

também leva em consideração cada faixa etária e a população geral. Vale destacar a incidência

dos cânceres de mama e próstata na população acima dos 60 anos de idade, sendo: mama

(110/100 mil) e próstata (251/100 mil). Outro destaque importante é a incidência do carcinoma in

situ colo de útero, que aumenta de 1/100 mil para 7/100 mil quando a mulher ultrapassa os 29 anos

de idade.

QUADRO GERAL DAS NEOPLASIAS MALIGNAS MAIS FREQUENTES

EM PETROLINA - PE NO PERÍODO DE 2017 A 2021

TABELA 1- FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

Analisando a população masculina do município, de acordo com os dados do DATASUS, as três

neoplasias malignas mais frequentes de Petrolina são: próstata, brônquios dos pulmões e outros

cânceres de pele.

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

NEOPLASIAS MALIGNAS MAIS FREQUENTES EM PETROLINA

População masculina (2017-2021)

PRÓSTATA BRÔNQUIOS DOS PULMÕES OUTROS CÂNCERES DE PELE

As neoplasias malignas de próstata e dos brônquios dos pulmões apresentam as mesmas taxas de

incidência. Ao longo do período, é possível analisar uma tendência de queda desses dois tipos de

neoplasias. Quanto às neoplasias malignas de pele, houve um aumento significativo durante os anos

analisados, sendo assim, vale citar que a incidência, em 2017, era nula, mas, ao fim do período, a

incidência era de 22 casos para cada 100 mil habitantes, aumento observado de 633,34% na

incidência geral de casos.

AUMENTO DE 633,34% NA INCIDÊNCIA GERAL DE NEOPLASIAS

MALIGNAS DE PELE NO PERÍODO ANALISADO

Quanto ao câncer de próstata, a tendência de queda se mostra diferente da tendência nacional,

pois, de acordo com o INCA, esse tipo de câncer apresenta uma propensão ao crescimento. Nesse

sentido, a queda da taxa provavelmente indica que a pandemia da Covid-19 influenciou as

notificações por parte dos serviços de saúde e dificultou o diagnóstico deste tipo de câncer.

GRÁFICO 3 - FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

Quanto à população feminina, as três neoplasias mais frequentes são as de mama, colo de útero e

ovário. O câncer de mama apresenta uma incidência discrepante das restantes, seguindo a

tendência do Brasil, segundo o INCA. Entre 2017 e 2019, no município de Petrolina a taxa aumentou

de 36/100 mil para 62/100 mil, se manteve constante até o ano de 2020, mas caiu para 34/100 mil

em 2021. Queda observada de 45,16% de 2020 para 2021. Porém, a incidência foi praticamente

constante ao observado em 2017.

NEOPLASIAS MALIGNAS MAIS FREQUENTES EM PETROLINA

População feminina (2017-2021)

MAMA COLO DE ÚTERO OVÁRIO

A alta taxa de diagnóstico do câncer de mama, Por sua vez, o câncer de ovário apresentou um aumento

principalmente em países em desenvolvimento, indica a entre 2017 e 2019, partindo de 3/100 mil para 14/100 mil,

adoção de estilos de vida pouco saudáveis, somados ao e caindo para 1/100 mil no ano de 2021. Esse tipo de

envelhecimento populacional. Nesse cenário, é importante neoplasia acontece principalmente devido a fatores

destacar a relevância da mamografia, que tem como hereditários (mutação de genes) e idade (carcinoma

função a detecção da doença ainda em fase inicial para epitelial). Outros fatores de risco também importantes

que seja possível iniciar o tratamento logo em seguida. são: reprodutivos e hormonais, menarca precoce,

Dessa forma, as chances de cura aumentam e os impactos menopausa tardia, obesidade e tabagismo (INCA, 2020).

da doença são minimizados. Há uma necessidade de

estruturação dos serviços de saúde para realizar a

mamografia em mulheres, a fim de rastrear e diagnosticar

precocemente a neoplasia (BORGES).

A NEOPLASIA DE COLO DE
A neoplasia de colo de útero não apresentou variações

ÚTERO NÃO APRESENTOU


muito distintas. A incidência se manteve, aproximadamente,

VARIAÇÕES SIGNIFICATIVAS
em torno de 20 ao longo de todo o período.

Em 1998, o Programa Nacional de Combate ao Câncer do

Colo do Útero foi implementado pelo Ministério da Saúde,


A QUEDA DE NEOPLASIA
a fim de rastrear o câncer em mulheres entre 25 e 64 anos
MALIGNA NA MAMA PODE SER
de idade, o que possibilita o diagnóstico precoce. Essa
EXPLICADA PELO
política de saúde melhora o acesso a métodos de
REPRESSAMENTO DE EXAMES
diagnóstico e tratamento, proporcionando uma importante
DE MAMOGAFIA DEVIDO À
redução da mortalidade por essa neoplasia nas últimas

PANDEMIA DE COVID-19
décadas. É importante que as mulheres sejam

conscientizadas da importância de se realizar o exame

regularmente, em busca de diagnóstico precoce e

tratamento correto em tempo adequado.

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GRÁFICO 4 - FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

Também foram analisadas as taxas de diagnóstico proporcional das neoplasias mais frequentes

por faixa etária na população de Petrolina. Para a faixa etária de 0 a 29 anos, as três neoplasias

mais frequentes são as de mama, carcinoma do colo de útero (cérvix) e leucemia linfóide.

NEOPLASIAS MALIGNAS MAIS FREQUENTES EM PETROLINA

População de 0 a 29 anos (2017-2021)

MAMA CARCINOMA DO COLO DE ÚTERO LEUCEMIA LINFÓIDE

Os percentuais relativos à taxa de diagnóstico para leucemia linfoide se mantiveram constantes

entre os anos de 2017 e 2019, sendo 21,05%, seguido por um aumento para 31,58% em 2020, e

caindo para 5,26% em 2021. A leucemia é uma doença que atinge células do sangue, e se

caracteriza pelo acúmulo de células doentes na medula óssea que substituem as células sanguíneas

normais. O tipo da leucemia depende do tipo de célula sanguínea que se torna cancerosa. Assim

sendo, no caso supracitado, a leucemia está ligada a um tipo de linfócito (INCA, 2019).

A neoplasia maligna de mama apresentou um aumento progressivo entre os anos de 2017 e 2020,

indo de 0,00% para 42,86%, e reduzindo para 14,29% em 2021. O carcinoma de colo de útero

(cérvix) exibiu uma queda considerável, de 50,00% para 16,67%, entre 2017 e 2018. A taxa se

manteve constante em 2019 e baixou para 8,33% em 2020, se mantendo assim também em 2021.

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GRÁFICO 5 - FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

Para a faixa etária de 30 a 44 anos, a taxa de diagnóstico proporcional indica que as três

neoplasias mais frequentes são as neoplasias malignas de mama, colo de útero e carcinoma de

colo de útero (cérvix). É notório que, nessa faixa etária, a população feminina é a mais afetada,

visto que a população geral foi analisada e não apenas a população feminina.

A neoplasia maligna de mama apresentou um aumento considerável entre 2017 e 2019, partindo de

8,57% para 37,14%, e exibindo redução até 2021, quando atingiu a taxa de 4,35%.

Para a neoplasia maligna de colo de útero, houve um aumento de 11,54% para 26,92%, entre 2017 e

2018. A partir de então, a taxa oscila até chegar em 2021 com 21,15%.

A taxa de diagnóstico para o carcinoma de colo de útero varia consideravelmente ao longo do

período. Entretanto, a partir de um ponto de vista geral, houve redução ao fim do período (13,04%

para 4,35%).

NEOPLASIAS MALIGNAS MAIS FREQUENTES EM PETROLINA

População de 30 a 44 anos (2017-2021)

MAMA COLO DE ÚTERO CARCINOMA DE COLO DE ÚTERO

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GRÁFICO 6 - FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

Entre 45 e 59 anos de idade, as três neoplasias mais frequentes são as de mama, colo de útero e

próstata. De um modo geral, apesar de haver variações ao longo do período, quando se compara o

início e fim, os anos de 2017 e 2021, é notório uma redução dos percentuais: mama (22,15% para

12,75%), colo do útero (21,82% para 12,73%) e próstata (32,14% para 0,00%).

NEOPLASIAS MALIGNAS MAIS FREQUENTES EM PETROLINA

População de 45 a 59 anos (2017-2021)

MAMA COLO DE ÚTERO PRÓSTATA

Nesse ínterim, vale destacar a neoplasia maligna da próstata, visto que apresentou percentual nulo

no ano de 2021. Essa tendência de queda, como já foi discutido, se mostra diferente da tendência

nacional. Assim, a queda da taxa indicaria que a pandemia da Covid-19 dificultou o diagnóstico

deste tipo de câncer.

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GRÁFICO 7 - FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

Para a faixa etária de 60 anos ou mais, as três neoplasias mais comuns são as de próstata, mama e

brônquios e dos pulmões. Neoplasias malignas de próstata e dos brônquios e dos pulmões

apresentaram redução ao fim do período: próstata (24.23% para 9,23%) e brônquios e pulmões

(28,57% para 12,50%). A neoplasia maligna de mama exibiu aumento no percentual de diagnóstico

(11,40% para 21,05%).

NEOPLASIAS MALIGNAS MAIS FREQUENTES EM PETROLINA

População de 60 anos ou mais (2017-2021)

PRÓSTATA MAMA BRÔNQUIOS E PULMÔES

A NEOPLASIA MALIGNA DE MAMA ENTRE A POPULAÇÃO

DE 60 ANOS OU MAIS EXIBIU AUMENTO NO PERCENTUAL

DE DIAGNÓSTICO (11,40% PARA 21,05%).

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GRÁFICO 8 - FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

Considerando que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), idosos possuem 11 vezes mais

chances de desenvolver neoplasias quando comparado aos jovens, foi analisado as três neoplasias

mais frequentes para cada sexo.

Para a população masculina, o câncer de próstata se mostrou bem evidente após a análise da taxa

de incidência. Os valores se mantiveram constantes entre 2017 e 2019, sendo 391/100 mil, e

apresentou redução até chegar em 130/100 mil no ano de 2021. As outras neoplasias mais

frequentes são as de brônquios e dos pulmões e outras neoplasias de pele.

As neoplasias malignas de pele apresentaram considerável aumento entre o período analisado, indo

de 0 para 174/100 mil. A neoplasia dos brônquios e dos pulmões exibiu leves variações a cada ano

pesquisado, mas, de um modo geral, apresentou redução ao fim do período (60/100 mil para 38/100

mil).

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GRÁFICO 9 - FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

GRÁFICO 10 - FONTE: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, DataSUS - 2019

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Para a população feminina, a neoplasia mais evidente é a de mama, tendo apresentado aumento

progressivo entre os anos de 2017 e 2019, indo de 249/100 mil a 426/100 mil (aumento de 71%), se

mantendo constante em 2020, e caindo para 231/100 mil em 2021. As outras neoplasias mais

frequentes são as de colo de útero e a de ovário, o que segue a tendência do cálculo de incidência

para a população geral feminina.

O câncer de colo de útero, apesar de exibir pequenas variações, se manteve constante ao longo do

período. Evidenciando que a vacinação de crianças contra o HPV que ocorre desde 2014 ainda não

repercute na diminuição esperada da incidência da neoplasia de colo de útero na população de

Petrolina.

O câncer de ovário apresentou aumento de 428% até 2019 (18/100 mil para 95/100 mil casos) e

depois uma queda de 94,7% até o fim do período (95/100 mil para 5/100 mil casos).

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

CONCLUSÃO

Dentre os cânceres apresentados neste trabalho, um tipo A neoplasia maligna da próstata apresentou redução da

que se destaca é o câncer de mama, pois é o mais comum incidência de casos em 2021, possivelmente em função de

entre as mulheres, tanto no Brasil como no resto do mundo. uma menor realização de exames por causa da

Paralelamente, essa predominância de casos também é pandemia. A faixa etária mais afetada pela incidência de

presente em Petrolina-PE, município analisado. Essa neoplasia maligna de próstata é a de 50 anos ou mais.

neoplasia possui números expressivos em todas as faixas Tendo em vista a evolução desse tipo de câncer,

etárias analisadas, porém o aumento da sua incidência geralmente é de forma lenta, com a realização do exame

está relacionado à idade mais avançada. preventivo, a descoberta dessa condição será possível e,

consequentemente, o tratamento será mais eficiente.

Diante disso, na busca por alternativas para tentar reverter

essa situação, a preservação ainda é o melhor caminho, A taxa de diagnóstico proporcional das neoplasias para

sendo a realização da mamografia, anualmente, em as faixas etárias de 0 a 29 anos, de 30 a 44 anos e de 45

mulheres com mais de 40 anos de idade, de fundamental a 59 anos, evidenciou que as mulheres são mais afetadas.

importância. Além disso, a adoção de um estilo de vida A faixa etária de 50 anos ou mais, possui mais chances de

mais saudável, resulta em contribuições bastante positivas. desenvolver câncer, sobretudo, por causa do

De 2020 para 2021, houve uma redução de 45,16% do envelhecimento celular.

número de novos casos de câncer de mama. Contudo,

essa incidência ainda é mais significativa em relação aos Nesse contexto, é importante ressaltar que a constante

outros tipos de câncer. análise desses dados é importante para verificar qual a

tendência é apresentada por determinado tipo de

A incidência da neoplasia maligna do colo do útero vem neoplasia e qual medida pode ser tomada para reverter

se apresentando constante no decorrer dos últimos anos. tal situação. Tendo isso em vista, apesar do câncer

As neoplasias malignas de pele, nos homens, tiveram um possuir relação com a hereditariedade, ainda é possível

aumento de 633,34% do número de novos casos em tomar providências para evitá-lo, destacando as

relação ao ano anterior e, com isso, passou a apresentar a seguintes: evitar o tabagismo, evitar o consumo de

maior incidência no ano de 2021. Nesse caso, tanto o bebidas alcoólicas, consumir alimentos saudáveis, praticar

diagnóstico precoce, como o tratamento adequado são exercícios físicos e realizar exames preventivos.

indispensáveis.

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BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - NEOPLASIAS

BIBLIOGRAFIA

DATASUS. Site: https://datasus.saude.gov.br

BRASIL, Ministério da Saúde. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas
e Agravos não Transmissíveis no Brasil 2021-2030. Disponível em:
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