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CURSO BIOROSSI

Proposta de redação 19
enem2022
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
 O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
 O texto definitivo deve ser escrito a tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
 A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
 tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”.
 fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
 apresentar proposta de intervenção que desrespeite os direitos humanos.
 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I TEXTO III
Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a Dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids revelaram aumento de
recomendar o uso do termo “infecções” em vez de “doenças” 64,9% das ISTs entre jovens de 15 a 19 anos e de 74,8% para os de 20
sexualmente transmissíveis, uma vez que ter uma doença implica em a 24 anos, entre 2009 e 2019. Para a infectologista Fabiana Lopes
sintomas e sinais perceptíveis, o que muitas infecções não têm nas Custódio, médica do Centro de Saúde Escola Dr. Joel Domingos
fases iniciais ou mesmo por anos. Mas o termo DST (Doenças Machado, ligado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP)
Sexualmente Transmissíveis) ainda é utilizado pelos programas de da USP, o crescimento se deve a uma falsa sensação de segurança que
atenção à saúde. essa parcela da população sente, principalmente por não ter
A notificação não obrigatória de todas as ISTs limita os dados vivenciado as epidemias de HIV e Aids na década de 1980.
epidemiológicos, porém é estimado que 1 a cada 4 mulheres De acordo com a médica, apesar de conhecer a realidade, “a
adolescentes tem uma IST, sendo as mais frequentes a infecção pela maioria não é sensibilizada por ela”. Sentimento que pode perdurar
bactéria Chlamydia trachomatis e a infecção pelo vírus HPV por toda a vida, pois, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de
(papilomavirus humano). Urologia (SBU), publicados em 2020, embora homens adultos saibam
A triagem das DST/Aids é oferecida por livre demanda pelos o que são as infecções sexualmente transmissíveis, 80% se
serviços públicos com teste rápido para Sífilis, HIV e Hepatite. O consideram fora de risco para a contaminação e somente 11%
exame anual ginecológico para mulheres adolescentes com vida afirmam que podem estar em perigo.
sexual ativa é aconselhável. Os tratamentos são oferecidos em “Eu ouço muito de alguns pacientes no consultório dizendo ‘se eu
serviços especializados em diversos municípios ou na atenção básica. pegar HIV tudo bem, porque tem tratamento e hoje é uma doença
Para evitar a expansão do vírus no país, desde 2014, o Ministério da como outra qualquer’, só que isso não é bem assim”, conta Fabiana. A
Saúde disponibiliza a vacina contra o HPV no SUS para: meninas com médica adverte que, apesar de viverem bem, no médio e no longo
idade entre 9 e 14 anos, meninos de 11 a 14 anos; pessoas portadoras prazo os pacientes soropositivos podem apresentar sintomas
de AIDS, e também aquelas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 colaterais, além do cansaço em relação ao compromisso contínuo com
anos. o tratamento; por isso, alerta que “o melhor caminho é a prevenção”.
A oferta de preservativos é uma realidade no Brasil e o programa Apesar do acesso à informação, outro estudo divulgado pela SBU,
nacional é uma referência mundial no combate às DST/Aids. As feita pela campanha #VemProUro, incentivando adolescentes a
vacinas candidatas ao Herpes simples e Tricomoníase estão em procurarem orientação médica, revelou ainda que 41,67% dos jovens
ensaios clínicos, enquanto as vacinas contra gonorreia e sífilis ainda não conversam sobre sexo, sendo a família e a escola pouco acessadas
estão em desenvolvimento pré-clínico. para busca de informações. Para a especialista, o cenário revela a
Maria de Fátima Maklouf Amorim – Instituto de Pesquisa e Ensino Médico (IPEMED) necessidade de modernização do diálogo com essa parcela da
Disponível em: https://www.ipemed.com.br/blog/ists-na-adolescencia população, “considerando suas especificidades e seus contextos
individuais”.
TEXTO II Ainda de acordo com a pesquisa, 15% dos jovens de 12 a 18 anos
A parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de já tiveram alguma relação sexual, mas 44% não usaram preservativo
Geografia e Estatística (IBGE) traz informações valiosas para o cuidado na primeira vez e 35% não usam ou raramente usam a camisinha.
com a população. Módulos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 Entre os meninos, 38% afirmaram não saber sequer colocar a
apontam que aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter camisinha.
diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) ao A infectologista conta que os sintomas podem variar, de acordo
longo do ano, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos de com o tipo de IST, além de “sinais e sintomas que podem ser mais ou
idade ou mais. menos incômodos”. Entre os mais comuns, cita corrimentos, verrugas,
As ISTs estão entre os problemas de saúde de maior impacto úlceras, dor local e algumas lesões de pele. Diz que, ao evitar as
sobre os sistemas públicos de saúde e sobre a qualidade de vida das doenças, é possível evitar complicações como uma doença
pessoas no Brasil e no mundo. São causadas por vírus, bactérias ou inflamatória pélvica, que pode causar dor e esterilidade, além da
outros microrganismos que são sexualmente transmissíveis, dentre gravidez ectópica (gravidez fora do útero). “É muito importante falar
elas a herpes genital, sífilis, gonorreia, HPV, HIV/AIDS, clamídia, sobre prevenção, porque essas infecções podem se tornar doenças
triconomíase, além das hepatites virais B e C, podendo, dependendo que poderiam ser evitáveis”, alerta Fabiana.
da doença, evoluir para graves complicações. Entre os métodos para prevenção das ISTs, a médica destaca a
A PNS 2019 traz ainda outro dado quanto a este cenário das ISTs: combinação do uso de preservativo masculino ou feminino, com
entre os indivíduos com 18 anos ou mais de idade que tiveram relação estratégias de vacinação. Além disso, recomenda o uso de medicações
sexual nos 12 meses anteriores à data da entrevista, apenas 22,8% (ou anti-HIV, por grupos com comportamentos vulneráveis, como
26,6 milhões de pessoas) usaram preservativo em todas as relações profissionais do sexo, por exemplo.
sexuais. 17,1% dos entrevistados afirmaram usar às vezes, e 59,0% em Em casos de possível exposição a alguma infecção sexualmente
nenhuma vez. transmissível, o indivíduo pode fazer a testagem gratuita pelo Centro
Ministério da Saúde
Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/cerca-de-1- de Testagem Anônima (CTA), um programa do Sistema Único de
milhao-de-pessoas-contrairam-infeccoes-sexualmente-transmissiveis-no-brasil-em- Saúde para o aconselhamento ao diagnóstico do HIV, das hepatites B
2019 e C e da sífilis. “É um centro que deve acolher, fazer uma escuta

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qualificada, realizar os testes rápidos e comunicar esse resultado de podem oferecer praticamente 100% de cura”, afirma o ginecologista
imediato com o devido aconselhamento”, adianta a infectologista. Gilberto Nagahama, consultor do Programa Parto à Mãe Paulistana.
De acordo com a médica, os resultados são confidenciais. Além Federação Brasileira de Hospitais (FBH)
disso, aconselha que os profissionais reforcem a importância da Disponível em: https://www.fbh.com.br/ists-brasil-tem-aumento-em-casos-de-sifilis-
durante-a-pandemia/
prevenção combinada, em casos negativos, e encaminhem os
pacientes para as vacinas gratuitas disponíveis no SUS. Em casos
positivos, lembra que o profissional de saúde deve fazer TEXTO V
imediatamente “o encaminhamento para o local adequado para Mesmo com os avanços tecnológicos dos últimos anos, que
ampliaram o debate sobre diferentes temas antes restritos a alguns
tratamento e redução de danos”. É que, “quanto antes se souber de
um diagnóstico, e tratar, menor será o impacto na saúde e isso locais ou grupos, temas relacionados à saúde sexual ainda são um
possibilita a quebra na cadeia de transmissão, protegendo futuras tabu nos lares brasileiros. Uma pesquisa publicada pela Sociedade
parcerias”, afirma. Brasileira de Urologia, em 2020, mostra que entre os entrevistados de
Tainá Lourenço – Jornal da USP no Ar [parceria da Rádio USP com a Escola 12 a 18 anos, apenas 30% afirmaram já ter conversado sobre sexo
Politécnica, a Faculdade de Medicina e o Instituto de Estudos Avançados] com a família. E uma das consequências de não conversar sobre esse
Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/infeccoes-sexualmente- assunto é a falta de informações sobre como se prevenir, o que tem
transmissiveis-entre-jovens-preocupam-especialista/ contribuído para o aumento de Infecções Sexualmente Transmissíveis
(ISTs), especialmente entre os jovens.
TEXTO IV Para o infectologista e professor do Departamento de Clínica
Especialistas do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Mateus Westin, o tema é
Amorim” alertam para o aumento nos casos de Infecções estigmatizado principalmente entre os pais. Por não terem recebido
Sexualmente Transmissíveis (ISTs), causadas por vírus, bactérias ou educação sexual quando jovens, ainda existe uma dificuldade de se
outros microrganismos. Em decorrência do isolamento social imposto conversar sobre o tema com os filhos.
pela pandemia de Covid-19, pacientes infectados com a doença “Conversar sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis envolve
deixaram de procurar os serviços de saúde ao manifestarem sintomas. falar de sexo. E as pessoas confundem a discussão de sexualidade com
Conforme o Ministério da Saúde, entre janeiro e junho de 2020, foram falar de sexo. [Elas] acham, equivocadamente, que tratar da temática
registradas 49 mil ocorrências de sífilis, transmitida, principalmente, nas escolas significa incentivar a prática sexual precoce por
por meio do contato sexual sem o uso de preservativos. adolescentes, quando na verdade não é”, pondera Westin.
De 2010 a 2020, o Brasil registrou 783 mil casos da doença, que Maria Beatriz Aquino – Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
segue crescendo de forma expressiva, segundo a Sociedade Brasileira Gerais (UFMG)
de Dermatologia (SBD). A sífilis atinge, principalmente, a população Disponível em: https://www.medicina.ufmg.br/tabus-e-preconceito-podem-
contribuir-para-a-propagacao-de-ists/
masculina, que representa 59,8% dos casos. As mulheres, por sua vez,
somam 40,2%, mas merecem uma atenção especial, já que muitas
TEXTO VI
revelam sintomas durante a gestação, aumentando o risco de
contaminação de recém-nascidos.
Geralmente, a sífilis se apresenta como uma pequena ferida no
local de entrada da bactéria, por meio dos órgãos utilizados em
práticas sexuais desprevenidas, como pênis, vagina, colo uterino, ânus
e boca. A doença é classificada pelas fases primária, secundária,
latente ou terciária, e tem como principais sintomas manchas, pápulas
e outras lesões no corpo, incluindo palmas das mãos e plantas dos
pés, além de febre, mal-estar, dores de cabeça e ínguas, que podem
surgir de 10 a 90 dias após o contágio.
Apesar de os homens apresentarem maior disposição à doença, o
tratamento é o mesmo para ambos os sexos. Para que haja a quebra
deste crescente ciclo de transmissão, é necessário tratar
adequadamente todos os pacientes diagnosticados, A Campanha Dezembro Vermelho foi instituída no Brasil pela Lei nº
independentemente do gênero. Segundo os especialistas, mesmo 13.504/2017 como forma de gerar mobilização nacional na luta contra
após o tratamento completo, é importante seguir com o vírus HIV, a Aids e outras ISTs (Infecções Sexualmente
acompanhamento, além da testagem das parcerias sexuais dos Transmissíveis). A ação objetiva, ainda, chamar a atenção para a
últimos três meses para a quebra da cadeia de transmissão. prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas
“Devemos informar a população sobre os riscos da doença, além infectadas com o HIV.
da orientação sobre a prevenção da sífilis, que é muito efetiva. A Biblioteca Virtual em Saúde - Ministério da Saúde
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/dezembro-vermelho-campanha-nacional-
capacitação do profissional também é fundamental para o diagnóstico de-prevencao-ao-hiv-aids-e-outras-infeccoes-sexualmente-transmissiveis-2/
precoce e adequado. Essas práticas, associadas ao manejo adequado,

PROPOSTA DE REDAÇÃO 19 [ENEM]

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-
-argumentativo em norma culta escrita da Língua Portuguesa sobre o tema O desafio de impedir o avanço das Infecções Sexualmente
Transmissíveis entre os jovens no Brasil, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione corretamente argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

PROPOSTA DE REDAÇÃO 19 [VESTIBULAR]

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua
portuguesa, sobre o tema:
Aumento dos casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis:
entre a sensação de segurança e o tabu para discutir sobre relações sexuais
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PROPOSTA DE REDAÇÃO 19 [UFU]

Leia com atenção todas as instruções.


A) Você encontrará duas situações para fazer sua redação. Leia as situações propostas até o fim e escolha a proposta com a qual você tenha
maior afinidade.
B) Após a escolha de um dos gêneros propostos, assinale sua opção no alto da Folha de Resposta e, ao redigir seu texto, obedeça às normas
do gênero.
C) Se for o caso, dê um título para sua redação. Esse título deverá deixar claro o aspecto da situação escolhida que você pretende abordar.
D) Se a estrutura do gênero selecionado exigir assinatura, escreva no lugar da assinatura: JOSÉ ou JOSEFA.
E) Em hipótese alguma, escreva seu nome, pseudônimo, apelido, etc. na folha de prova.
F) Utilize trechos dos textos motivadores, parafraseando-os.
G) Não copie trechos dos textos motivadores, ao fazer sua redação.

SITUAÇÃO A
Com base nos textos, redija um editorial para ser publicado em uma revista de grande circulação nacional, sobre o aumento de
casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) entre os jovens no Brasil, abordando a responsabilidade de instituições
sociais como o Estado, a escola e a família nesse contexto.

SITUAÇÃO B
A partir da leitura do texto a seguir, escreva uma carta argumentativa de solicitação ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga,
para indicar ações que visem combater o surto de sífilis no país.

Um crescimento silencioso da sífilis avança no Brasil e a


maioria dos infectados talvez nem saiba que está transmitindo a Impacto da covid-19
bactéria. O último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, Outro fator que pode favorecer o aumento da sífilis é a falta
divulgado em outubro do ano passado, traz números alarmantes de acesso ao diagnóstico e tratamento adequados —
sobre o tema e chama atenção para a necessidade de especialmente durante a pandemia — quando muitos postos e
investimento no diagnóstico precoce da doença, que pode causar unidades básicas de saúde interromperam os atendimentos
sequelas nos olhos, coração, sistema nervoso e mesmo levar à ambulatoriais para se dedicarem exclusivamente aos casos de
morte, se não for tratada adequadamente. covid-19.
Segundo os dados do boletim, entre 2010 e 2020, o número De acordo com Vergara, é preciso investir no diagnóstico
de casos confirmados de sífilis no Brasil saltou de 3.936 para precoce da doença, para que o tratamento seja rápido. Isso
115.371 — valor 29 vezes maior. Uma das explicações para esse porque, segundo ela, uma pessoa infectada pode ficar semanas e
crescimento é que a doença passou a entrar na lista de notificação até anos sem nenhum sinal visível da doença e continuar
compulsória em 2010 (a cada novo caso, a secretaria de saúde do transmitindo sem saber.
município precisa informar as autoridades sanitárias). Em geral, após a contaminação, surge uma pequena lesão
Além disso, com os avanços no tratamento do HIV / Aids ulcerativa na genitália (no pênis dos homens ou nos pequenos
tornando a doença crônica, houve um relaxamento no uso dos lábios das mulheres), mas ela desaparece espontaneamente,
preservativos de barreira (camisinhas) nas relações sexuais. passando uma falsa sensação de cura. Mais tarde, podem surgir
“Nos anos 1990 as pessoas se protegiam mais porque tinham pequenas manchas vermelhas, geralmente associadas a possíveis
muito medo da Aids, uma doença que deixaria manifestações alergias. Assim, na maioria dos casos, o indivíduo só descobre a
clínicas visíveis e poderia levar à morte. Com os avanços do doença em fases mais avançadas.
tratamento, as pessoas relaxaram no comportamento sexual, O diagnóstico precoce é possível por meio de um teste rápido
embora ninguém queira ter Aids. Mas hoje não é mais aquele - que está disponível gratuitamente em qualquer unidade básica
desespero, aquela sensação de finitude de vida. O problema é que de saúde — ou por meio de um exame de sangue de rotina. "A
não é apenas o HIV que se transmite por relação sexual. Existem pessoa não precisa ir a um infectologista para receber um pedido
outras doenças sexualmente transmissíveis e as pessoas se de exame de sífilis, HIV, hepatite. Todo médico deveria pedir esses
expõem sem cuidados”, alerta a infectologista Tânia Vergara, exames nas consultas de rotina", avalia a especialista, que
consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e acrescenta: “É muito difícil convencer as pessoas a mudarem o
coordenadora do Comitê de Terapêutica de HIV/Aids da SBI. comportamento sexual [como usar preservativo de barreira em
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada todas as relações sexuais, por exemplo]. Por isso é tão importante
pela bactéria Treponema pallidum. Pode ser repassada, também, fazermos o diagnóstico precoce”, afirma.
por meio de transfusão ou pelo contato direto com sangue O boletim do Ministério da Saúde aponta também que no ano
contaminado, e de mãe para filho (transmissão vertical) na de 2020 o Brasil registrou 22.065 casos de sífilis congênita
gestação. É uma doença curável, com tratamento barato e (transmitida de mãe para filho) e 186 mortes. “Já que esta é uma
disponível no SUS - feito por meio da penicilina benzatina doença que pode ser diagnosticada precocemente na mãe, ao ser
(Benzetacil é o nome comercial mais conhecido), que chegou a tratada neste momento, não será transmitida para o bebê”,
correr riscos de desabastecimento mundial e é considerado o ressalta Tânia.
medicamento mais eficaz no tratamento da enfermidade.

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Ressurgimento da doença Os pesquisadores analisaram 726 amostras de sífilis de 23


Nos últimos anos, os números de sífilis vêm aumentando não países e identificaram duas linhagens predominantes (Nichols e
apenas no Brasil, mas no mundo todo. Segundo a Organização SS14), que circulam em 12. Além disso, eles constataram que as
Mundial da Saúde (OMS), estima-se que existam 12 milhões de amostras eram quase idênticas àquelas presentes em 14 países, o
pessoas com a doença. que sugere evidências de transmissão generalizada e de forma
A preocupação com o aumento de casos fez pesquisadores da regular das cepas no mundo todo, confirmando o "ressurgimento"
Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, do Instituto da doença.
Wellcome Sanger e da Agência de Segurança de Saúde do Reino Estudos que determinam as cepas circulantes são importantes
Unido mapearem o ressurgimento da infecção para tentar porque podem servir de base para novos medicamentos, caso se
compreender o atual cenário mundial. O estudo “Global tornem resistentes aos tratamentos disponíveis - o que não é o
phylogeny of Treponema pallidum lineagesreveals recent caso, segundo a infectologista Vergara. “Até o momento não
expansion and spread of contemporary syphilis”, publicado no existe Treponema resistente à penicilina. Mas estudos desse tipo
periódico científico Nature Microbiology, mapeou dados de como são importantes para buscarmos o plano B, caso a bactéria se
a cepas da bactéria estão se movimentando geograficamente. torne resistente”, diz.

Fernanda Bassette – Canal de saúde Viva Bem - 02/03/2022


Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/03/02/como-a-sifilis-voltou-a-crescer-no-brasil-e-no-mundo.htm

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Referências:

 Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)


Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/i/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-ist

 Infecções sexualmente transmissíveis entre jovens preocupam especialista


Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-entre-jovens-preocupam-especialista/

 A síndrome de super-homem, o tabu do preservativo e as DSTs


Disponível em: https://saude.abril.com.br/coluna/com-a-palavra/a-sindrome-de-super-homem-o-tabu-do-preservativo-e-as-
dsts/

 Tabus e preconceito podem contribuir para a propagação de ISTs


Disponível em: https://www.medicina.ufmg.br/tabus-e-preconceito-podem-contribuir-para-a-propagacao-de-ists/

 1 milhão de pessoas contraem ISTs diariamente no mundo e especialista alerta: prevenção ainda é o melhor remédio
Disponível em: https://www.spdm.org.br/saude/noticias/item/3186-1-milhao-de-pessoas-contraem-ists-diariamente-no-
mundo-e-especialista-alerta-prevencao-ainda-e-o-melhor-remedio

 Como a sífilis voltou a crescer no Brasil e no mundo?


Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/03/02/como-a-sifilis-voltou-a-crescer-no-brasil-e-no-
mundo.htm

 Sífilis: estudo genético revela que doença está de volta


Disponível em: https://www.sbmt.org.br/portal/sifilis-estudo-genetico-revela-que-doenca-esta-de-volta/

 Persistência da sífilis como desafio para a saúde pública no Brasil: o caminho é fortalecer o SUS, em defesa da democracia
e da vida
Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csp/2022.v38n5/PT069022/pt/

 Prevenção Combinada - Conheça as formas de prevenção ao HIV, às IST e às hepatites virais


Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/previna-se

 Dezembro Vermelho: Campanha Nacional de Prevenção ao HIV/Aids e Outras Infecções Sexualmente Transmissíveis
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/dezembro-vermelho-campanha-nacional-de-prevencao-ao-hiv-aids-e-outras-
infeccoes-sexualmente-transmissiveis-2/

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