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República de Moçambique

Ministério de Saúde
Programa Nacional de Combate às ITS/HIV/SIDA

Guia para Tratamento e


Controle das Infecções de
Transmissão Sexual (ITS)

Maputo, Agosto 2006


PREFÁCIO
Segundo a OMS, (2006), mais de 30 patógenos bacterianos, virais e parasitas, são
transmitidos sexualmente incluindo o HIV. Estima-se que há mais de 340 milhões de
novos casos de bactérias comuns e protozoários transmitidos sexualmente (ex. sífilis,
gonorreia, clamídia, infecções genitais e tricomoníase) que ocorrem a nível mundial
em homens e mulheres com idades entre 15-49 anos.

Infecções de Transmissão Sexual (ITS) podem estar presentes sem sintomas, mas
podem ter consequências severas a longo prazo tais como infertilidade, gravidez
ectópica, doença crónica e morte. Em fetos e recém nascidos a clamídia, a gonorreia
e a sífilis podem causar condições severas que muitas vezes ameaçam a vida.
Infecções com Papiloma Vírus Humano aumentam a probabilidade de desenvolver o
carcinoma do colo de útero, que é a segunda causa de morte por cancro em
mulheres ao nível mundial (cerca de 240.000 mulheres por ano). Um diagnóstico
correcto de uma ITS é essencial para a provisão de tratamento adequado e efectivo,
(OMS, 2006).

Co-factores biomédicos evidenciam que as ITS aumentam o risco de contaminação


do HIV/SIDA. Estudos longitudinais em África, demonstraram forte associação entre
ITS ulcerativas e não ulcerativas e a incidência em relação à Infecção pelo HIV. O
Vírus de Herpes Simplex Tipo 2 é uma das causas mais comuns de úlceras genitais,
desempenhando um papel importante no aumento da transmissão do HIV em África,
(James Todd et al, 2005).

Em Moçambique, dados da Vigilância Epidemiológica das ITS de 2005 mostraram que


dos 525,045 casos de DTS notificados, as leucorréias eram as mais frequentes
(40.1%) e as úlceras genitais (36.6%). Estas taxas são particularmente altas, tomando
em conta que as ITS partilham os mesmos mecanismos de transmissão do HIV.

Para que a abordagem das ITS tenha êxito, é necessário que todas as Unidades
Sanitárias do País estejam envolvidas na melhoria do diagnóstico e tratamento,
incluindo a extensão das formações à todos os níveis de serviços, tais como
Consultas Externas, Consultas de Saúde Materno-Infantil, Serviços Amigos do
Adolescente e Jovem, Maternidade, Internamento de Medicina e Triagem, de modo a
atingir todos os provedores envolvidos no diagnóstico e tratamento das ITS.

Este manual espelha a revisão e actualização dos algoritmos que foi feita em
Moçambique em 2005, para assegurar que se ofereça melhor qualidade de
atendimento e tratamento aos utentes, em conformidade com as recomendações da
OMS e tomando em conta os desafios da SADC em relação à abordagem sindrómica
e os esforços nacionais na Prevenção e Combate ao HIV/SIDA.

Professor Doutor Paulo Ivo Garrido


Ministro da Saúde

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G r u p o d e tr a b a lh o
Dra. Felisbela Gaspar (MISAU)
Dr. Rui Bastos (MISAU)
Dr. Avertino Barreto (MISAU)
Dra. Elena Folgosa (Faculdade de Medicina, UEM)
Dra. Isabel Nhatave (Policy Project)
Dra. Maria Teresa Seabra Soares de Britto e Alves
(Universidade Federal de Maranhão, Brasil)
Dr. Fulgencio Sambola (Universidade de Ghent)
Dr. Wouter Arrazola de Onate (Universidade de Ghent)
Dr. Celso Mondlane (FHI)
Dra. Sílvia Gurrola (FHI)
Mathew Westmark (CDC)
Dra. Lucy Ramirez (CDC)
Dra. Lori Newman (CDC)
Dra. Irene Benech (CDC)
Ute Zurmuehl (Consultora Comunicação)

Este manual foi produzido no âmbito do Acordo Cooperativo No U62/CCU023345 entre o Ministério
de Saúde de Moçambique, Programa Nacional de Combate de ITS/HIV/SIDA e o Departamento de
Serviços Humanos/Centros de Controle e Prevenção (CDC), Centro Nacional para HIV, ITS e
Prevenção de Tuberculose (NCHSTP), Programa Global de SIDA (GAP) do Governo dos EUA.
O conteúdo e da responsabilidade dos autores e não necessariamente representa a opinião do CDC.

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Conteúdo
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 5

O QUE É UM ALGORITMO? 6
COMO USAR UM ALGORITMO? 7
VANTAGENS DOS ALGORITMOS 7

CAPÍTULO 2 DETERMINANTES DA EPIDEMIOLOGIA DAS ITS 9

CONSEQUENÇIAS PARA A SAÚDE DO INDIVÍDUO 9


CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS 10
CARACTERÍSTICAS DAS ITS 11
SÍNDROMES COMUNS NAS ITS E SEUS AGENTES ETIOLÓGICOS 11
A MAGNITUDE DO PROBLEMA EM MOÇAMBIQUE 12
O HIV/SIDA NO QUADRO DAS ITS 12

CAPITULO 3 CUIDADO DE UM PACIENTE COM ITS 15

ABORDAGENS NA ASSISTÊNCIA AS ITS 16


COMO PREVENIR AS ITS 21
ACONSELHAMENTO: UMA POTENTE ESTRATÉGIA 21
HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO 24
GUIÃO BÁSICO PARA UMA BOA ANAMNESE 25
EXAME GENITAL EM MULHERES 26
EXAME GENITAL EM HOMENS 28
LIMPEZA E DESINFECÇAO DO MATERIAL 29

CAPITULO 4 ABORDAGEM SINDRÓMICA DO PACIENTE COM ITS 35

CORRIMENTO URETRAL 36
CORRIMENTO URETRAL 37
ÚLCERA GENITAL NO HOMEM E NA MULHER 40
CORRIMENTO VAGINAL 44
DOR NO BAIXO VENTRE 49
VIOLAÇÃO SEXUAL E ITS 52
SÍFILIS CONGÉNITA 56
OFTALMIA NEONATAL 59
ESCROTO INCHADO 62
BALANITE 65
BUBÃO/ADENOPATIA INGUINAL 68

CAPITULO 5 ABORDAGEM ETIOLÓGICA DO PACIENTE COM ITS 71

CAPITULO 6 A MELHORIA DA GESTÃO DO PROGRAMA DE ITS 101

ANEXOS 106

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Capítulo 1 Introdução
Sabe-se que a luta contra a infecção pelo HIV/SIDA passa, necessariamente por um
controle eficaz das outras ITS, pois hoje em dia está
claramente reconhecido que as relações sexuais ITS
desprotegidas podem transmitir tanto o HIV quanto Infecções de
as outras ITS já conhecidas. Além disso, a existência Transmissão Sexual é
de uma ITS pode aumentar o risco da pessoa infectar o termo actualmente
indicado pela OMS,
alguém ou ser infectado pelo vírus HIV, se não forem pois incorpora as
tomadas algumas precauções como a prática do sexo infecções
seguro. Muitas vezes a pessoa com ITS não apresenta assintomáticas
sinais e sintomas de doença. Quando são identificados
sinais e sintomas de alguma das ITS, dizemos que essa pessoa tem uma DTS. O
homem e a mulher podem apresentar sintomas e sinais diferentes para uma mesma
doença.

Hoje, a existência de uma ITS resulta em consequências graves a longo prazo, como
também traduz-se em alto risco de contrair uma doença como a SIDA, tanto para o
indivíduo quanto para seu(s) parceiro(s) sexual(is), com graves consequências
familiares. Por serem doenças de longo curso e muitas vezes sem sintomas é
importante que sejam esclarecidas quais práticas sexuais colocam o indivíduo em
risco de contrair uma ITS. Também é importante reforçar que uma pessoa pode
frequentemente ter mais de uma ITS e que o fato de ter tido uma dessas doenças não
o protege de adquiri-las de novo. Um indivíduo que tem ITS mais de uma vez tem
práticas sexuais que o colocam em risco de contrair o HIV.

Este Guia tem a finalidade de ajudar o trabalhador da saúde a abordar o paciente


exposto às ITS de modo a:

 diminuir ou cessar as suas queixas;


 Quebrar a cadeia de transmissão, impedindo que a ITS seja transmitida para
outras pessoas com quem tem relações sexuais, além de alertá-lo para o risco
de se infectar pelo HIV;
 Prevenir novas ocorrências, por meio de aconselhamento específico
favorecendo a compreensão e o seguimento das prescrições médicas;
 Prevenir consequências tardias das ITS tais como infertilidade, gravidez
ectópica e dor pélvica crónica;
 Prevenir a transmissão de ITS para recém-nascidos de mãe infectada.

Este manual é resultado de um estudo realizado pelo Ministério da Saúde/CDC com


o objectivo de actualizar as condutas e os protocolos de tratamento das ITS, de
acordo com o conhecimento científico mais actual, além de promover a prevenção da
infecção pelo HIV.
Um profissional de saúde ao atender um paciente com ITS controlando-o
adequadamente, pode significar uma oportunidade de intervir no crescimento da
epidemia do HIV/SIDA neste país.
Devemos sempre ter em conta que um paciente de ITS tem muitas dificuldades para
falar de sua doença. O atendimento inadequado pode resultar em segregação e

5
exposição a situações de constrangimento tanto para o profissional quando para o
doente. Isso acontece quando os pacientes têm que expor seus problemas em locais
sem privacidade ou a profissionais mal preparados que, muitas vezes, demonstram
seus próprios preconceitos ao emitirem juízos de valor. Essas situações ferem a
confidencialidade, discriminam as pessoas com ITS e contribuem para afastá-las dos
serviços de saúde.

Para muitas ITS as técnicas laboratoriais para o diagnóstico não estão disponíveis ou
as unidades sanitárias não são capazes de oferecer resultados de testes conclusivos
no momento da consulta, fazendo com que o paciente tenha que vir outra vez ao
serviço e enfrentar longas filas de espera pelo atendimento.

A demora em procurar tratamento para as ITS tem um importante impacto na sua


disseminação, na medida em que, quanto mais tempo uma pessoa fica infectada,
maiores são as oportunidades de transmissão dessa infecção para outras pessoas.
Todas as ITS são passíveis de tratamento. Em algumas existe a possibilidade de cura e
para outras ainda não estão disponíveis os medicamentos capazes de curá-las e
podem reaparecer no indivíduo. A identificação dessas ITS recidivantes é fundamental
para um bom controle e necessitam de abordagem cuidadosa, pois, muitas vezes
estão associadas à infecção pelo HIV. Isto determina uma abordagem diferenciada do
paciente e de seus contactos sexuais.

Este Guia está organizado de modo a permitir que o trabalhador de saúde possa
consultá-lo de maneira fácil, de modo a seguir as normas e protocolos definidos pelo
Ministério da Saúde. Também é uma actualização e substitui o Guia para Tratamento
das ITS em Moçambique publicado pelo Ministério da Saúde em 1999. Essas normas
estão apresentadas em forma de algoritmos para cada uma das principais síndromes.
O objectivo destes algoritmos é tentar prover, em uma única consulta o diagnóstico,
tratamento e aconselhamentos adequados. Não há impedimento para que exames
laboratoriais sejam colhidos ou oferecidos. A conduta, no entanto, não poderá
depender da disponibilidade desses exames.

O QUE É UM ALGORITMO?
Algoritmos são as ferramentas essenciais da abordagem sindrómica. Permitem que
profissionais de saúde diagnostiquem e tratem pacientes com ITS no primeiro
atendimento, fornecendo orientação sobre os tratamentos recomendados.
Um algoritmo é uma árvore de decisões e acções. Ele orienta o profissional por meio
de quadro de decisões, indicando as acções que precisam ser tomadas. Cada decisão
ou acção tem como referência uma ou mais rotas que levam a outro quadro, com
outra decisão ou acção. Os aspectos mais importantes para o diagnóstico e
tratamento do paciente não serão esquecidos, se forem seguidos cada um dos passos
propostos no algoritmo.

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COMO USAR UM ALGORITMO?
Ao conhecer os sintomas de um paciente, o profissional de saúde consulta o
algoritmo correspondente à queixa e trabalha com as decisões e acções sugeridas
pelo instrumento:

1. Comece perguntando ao paciente sobre os sinais e sintomas que ele/ela


apresenta
2. Identifique o algoritmo apropriado. Pode ser necessário utilizar um ou mais
algoritmos, dependendo da queixa apresentada.
3. O quadro do problema clínico geralmente leva a um quadro de acção, o qual
pede que você examine o paciente e/ou colha a história clínica.
4. A seguir, vá para o quadro de decisão. Após colher a história e examinar o
paciente, você deve ter a informação necessária para escolher SIM ou NÃO.
5. Dependendo da escolha, poderá haver outros quadros de decisão e acção.

Queixa principal

Quadro de acção

Quadro de decisão

Tratamento

VANTAGENS DOS ALGORITMOS


Os algoritmos racionalizam e padronizam a tomada de decisão clínica. Sua utilização
também pode padronizar o diagnóstico, o tratamento e os encaminhamentos. A
padronização envolve:

 Comparar os relatórios de diferentes unidades de saúde


 Simplificar a colecta e análise de dados, o que, por sua vez, facilita a vigilância
epidemiológica e a planificação (como aquisição de medicamentos,
preservativos, quantidade de testes de laboratório e outros insumos).
 Facilitar a supervisão dos profissionais de saúde, porque a abordagem é a
mesma em todas as unidades de saúde.
 Assegurar que os pacientes com DTS recebam o mesmo tratamento para um
determinado quadro clínico em todas as unidades de saúde, aumentando a
confiança nos serviços de saúde.
 Retardar o desenvolvimento de resistência aos antibióticos nos
microorganismos sexualmente transmitidos.

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 Incentivar o uso apropriado dos serviços de saúde, cessando os sintomas e
queixas do paciente o mais precocemente possível, aumentando a
credibilidade do serviço e o bem estar do paciente.
 Reduzir o risco de reinfecção.
 Reduzir a transmissão das ITS.

Para garantir o manejo eficiente das ITS os algoritmos devem ser adaptados ao nível
de desenvolvimento dos serviços de saúde. A possibilidade de uso dos algoritmos é
determinada por:

 Presença de laboratórios.
 Disponibilidade de infraestrutura para exame físico (sala de exame com
privacidade, mesa de exame, espéculos adequados, luvas, iluminação e
equipamento para esterilizar os espéculos com regularidade).
 Nível de treino do pessoal (por exemplo: eles estarão aptos a realizar exames
com espéculos?).
 Acesso a uma unidade de saúde com maior nível de complexidade de atenção
– unidade sanitária de referência.
 Medicamentos disponíveis nas unidades.
 Tempo disponível da equipe para atender o paciente.
 Capacidade do profissional de saúde em realizar aconselhamento para
pacientes com ITS e HIV.
 Percepções culturais e locais acerca das ITS e comportamento dos
profissionais de saúde.

8
Capítulo 2
Determinantes da
Epidemiologia das ITS
A compreensão dos determinantes da epidemiologia de ITS é importante na
planificação de uma abordagem de múltiplas facetas para seu controle, reconhecendo-
se assim as limitações de qualquer intervenção simples.

O comportamento dos membros de uma comunidade em relação à busca de


cuidados médicos influencia fortemente a capacidade dos sistemas de saúde em
desenvolver intervenções com o objectivo de controlar as ITS. A demora em
procurar tratamento para as ITS tem um impacto significativo na sua disseminação,
na medida em que, quanto mais tempo uma pessoa fica infectada, maiores são as
oportunidades de transmissão dessa doença para outras pessoas.

Deve-se ressaltar que a maioria dos casos de ITS curáveis em mulheres causa
infecções sub-clínicas ou assintomáticas. A gonorreia, por exemplo, normalmente
causa sintomas nos homens, o que lhes permite procurar tratamento, enquanto que
nas mulheres, com frequência ou a doença é assintomática ou tem sintomas
menores. Os recursos diagnósticos disponíveis, mesmo em países desenvolvidos,
para a triagem rotineira de mulheres assintomáticas, ou mesmo para o teste de
mulheres sintomáticas, são limitados.

CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE DO INDIVÍDUO


DIP e infertilidade

As sequelas da Doença Inflamatória Pélvica (DIP), consequência de infecções por


gonococo ou clamídia, incluem a infertilidade, gravidez ectópica seguida da
consequente mortalidade materna, e dores pélvicas crónicas. A esterilidade resultante
da DIP é responsável por 50 a 80% da infertilidade na África; na América Latina soma
aproximadamente 35%. Em culturas em que a maternidade é altamente valorizada, a
infertilidade pode ser trágica.

Estenose Uretral

Homens que têm gonorréia podem desenvolver estenose uretral. O estrangulamento


uretral é uma condição progressiva que cedo ou tarde exige uma correcção urológica,
embora essa seja uma complicação rara em homens com gonorreia não tratada.

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Resultados adversos da gravidez e consequências neonatais

O Treponema pallidum, responsável pela sífilis, ao atravessar a barreira placentária e


infectar o feto pode causar prematuridade e doença neonatal, além de diagnósticos
erróneos. A Neisseria gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis também causam infecção
no recém nascido.

Câncer Cervical

O câncer cervical, um problema global, é atribuído à infecção crónica pelo


papilomavírus humano. Muitas mulheres só detectam a doença em estágio avançado,
levando a altas taxas de morbilidade e mortalidade. Em países em desenvolvimento,
essa é a segunda causa mais comum de cancro em mulheres.

Infecção pelo HIV/SIDA

A infecção pelo HIV é mais facilmente adquirida e transmitida pela via sexual na
presença de outra ITS, especialmente em casos de úlcera genital. A transmissão
sexual do HIV ocorre da mesma maneira que outras ITS e a prevenção das ITS
também previne a transmissão sexual do HIV. O tratamento efectivo das ITS diminui
a quantidade de vírus presente nas secreções genitais, diminuindo o risco da
transmissão.

CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS
Além das complicações das ITS para a saúde individual, também é importante
observar as consequências sociais penosas dos casos de ITS não tratados, sofridas
principalmente por mulheres de países em desenvolvimento. Muitas são
estigmatizadas socialmente e sofrem prejuízos pessoais devido à infertilidade e
gravidez interrompida (involuntariamente), podendo resultar em divórcio ou em
comercialização do sexo.
Aliados ao impacto da fertilidade surgem conflitos significativos entre os casais, suas
famílias que ficam a par da situação e os amigos que fazem parte de seu sistema de
suporte. Existe ainda o peso psicológico e emocional da perda de confiança e a
consequente energia despendida pelos parceiros para retomar relações harmoniosas.
O número de incidentes de violência, de comportamentos agressivos ou de
represália devido à descoberta de uma ITS ainda não foi documentado. O que
podemos apreender com a experiência é que as ITS trazem consequências
emocionais para as pessoas envolvidas, incluindo a depressão e seus efeitos médicos
e sociais.

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CARACTERÍSTICAS DAS ITS
As ITS representam, em todo o mundo, problemas de difícil controle e graves
consequências, especialmente infecções por gonococo e clamídia. A atenção a essas
doenças dá-se principalmente nas Unidades Sanitárias
de todos os níveis, desde a rede primária de saúde até ITS curáveis:
a quaternária. Também pode acontecer, uma pessoa Gonorréia, infecção por Clamídia,
ter duas ou mais ITS e contaminar os seus parceiros Sífilis, Cancróide, Tricomoníase e
sexuais com ambas as doenças. Deve-se sempre ter síndromes relacionadas
em mente que uma pessoa com ITS significa que seu(s) ITS não curáveis:
parceiro(s) sexual(is) também poderá(ão) estar com a SIDA, Herpes, Condiloma
doença e precisa(m) ser tratado(s).
Os agentes etiológicos e síndromes associadas às ITS
são diversificados. Estas podem, em geral, ser separadas em ITS para as quais existe
tratamento para erradicar a infecção, e aquelas para as quais ainda não existe
tratamento que erradique a infecção, (ou seja, todas as ITS virais, incluindo a Infecção
pelo HIV/SIDA). Porém, mesmo para as infecções não curáveis há tratamentos que
melhoram os sintomas do paciente. Este manual detalha as estratégias utilizadas
actualmente na prevenção tanto das ITS curáveis quanto das não-curáveis, através de
mudanças de comportamento e do uso de preservativos, e apresenta estratégias
práticas e inovadoras para o diagnóstico precoce e tratamento das ITS.

SÍNDROMES COMUNS NAS ITS E SEUS AGENTES ETIOLÓGICOS

SÍNDROME
AGENTES PRIMÁRIOS
Corrimento Uretral N. gonorrhoeae, C. trachomatis, T. vaginalis, M. genitalium
Escroto Inchado N. gonorrhoeae, C. trachomatis

Corrimentos Vaginais N. gonorrhoeae, C.trachomatis, M. genitalium, T. Vaginalis*


C. albicans, bactérias associadas à Vaginose Bacteriana**

Dor no Baixo Ventre N. gonorrhoeae, C. trachomatis, bactérias associadas à VB


Úlceras Genitais HSV-2, HSV-1, T. pallidum, H. ducreyi, C. trachomatis
(variedades LGV)
Verrugas genitais e anais Papilomavírus humano (tipos genitais)
Escabiose/sarna S. scabiei
Fitiríase P. pubis
Abreviações: HSV= virus do herpes simples, LGV = lymphogranuloma venereum,
VB= Vaginose Bacteriana
*Transmitidas sexualmente
** Não transmitidas sexualmente

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A MAGNITUDE DO PROBLEMA EM MOÇAMBIQUE
O Sistema Nacional de Vigilância das ITS em Moçambique notificou, em 2003,
484.093 casos de ITS. Das ITS notificadas, cerca de 35% foram úlceras genitais, 24%
corrimentos uretrais e 41% corrimentos vaginais. Cerca de 7% das mulheres grávidas
foram seropositivas ao RPR (teste de sífilis), em 2003. Um estudo realizado em 1999,
baseado na população de mulheres de áreas rurais no sul de Moçambique, mostrou
altas prevalências de ITS: tricomoníase 31%, sífilis 15%, gonorréia 13%, e clamídia 8%.
Dados de 1992, também do sul de Moçambique, mostraram taxas similarmente
elevadas de infecção em mulheres adultas: 24% de tricomoníase, 15% de sífilis, 12%
de gonorréia, e 12% de clamídia.

Em estudo realizado em 2003 com o objectivo de determinar a prevalência das ITS


em mulheres atendidas nas clínicas de planeamento familiar em Moçambique detectou
que entre as mulheres atendidas nas consultas de planeamento familiar, a prevalência
das ITS foi: 4% de gonorreia, 8% de infecções por Chlamydia, 31% de Trichomonas, 6%
de M. genitalium, 64% de vaginose bacteriana, 14% de candidíase, e 7% com os testes
de RPR para sífilis positivos. Essas taxas apresentaram variações nas diferentes
regiões geográficas.

Os resultados do estudo realizado pelo Ministério da Saúde em 2003 para validar os


algoritmos mostraram que dos homens com corrimento uretral, 65% tinham
gonorréia, 15% clamídia, 12% tricomonas, e 10% M. genitalium. Dos homens e
mulheres com úlceras genitais, os testes efectuados sugeriram sífilis em 8%, cancróide
em 7%, herpes em 64%, e não foi identificado o agente etiológico em 26% dos casos.
Das mulheres com corrimento vaginal, 17% tinham gonorréia, 11% clamídia, 34%
tricomonas, 10% M. genitalium, 72% vaginose bacteriana, e 14% candidíase.
Embora tenhamos que levar em conta os problemas de cobertura do sistema de
notificação e as limitações para generalização dos resultados do estudo realizado em
clínicas de planeamento familiar, podemos, a partir daí, entender a grande
importância do controle adequado das ITS neste país.

O HIV/SIDA NO QUADRO DAS ITS

A análise dos resultados da ronda 2004 indica que a epidemia do HIV em


Moçambique continua em crescimento embora existam diferenças nas tendências
regionais. A tabela 1, abaixo, mostra a evolução das taxas ponderadas de prevalência
do HIV, provinciais, regionais e nacional no período 2001-2004 em Moçambique.
Como se pode observar, de forma geral, as regiões Sul e Norte mostram uma
tendência crescente da epidemia, embora se observem diferenças no ritmo de
crescimento entre as várias províncias. No Sul, o crescimento mais acentuado foi
observado na cidade e província de Maputo e em Inhambane, enquanto na região
Norte a província com crescimento mais acentuado foi a de Niassa. A região Centro,
registou uma elevação mais acentuada da taxa na província de Sofala. As demais
províncias da região central mostraram uma tendência para estabilidade. As taxas
globais por região foram mais altas no Centro e no Sul do que no Norte.

12
Tabela 1 - Taxas ponderadas de prevalência do HIV provinciais,
regionais e nacional. Atribuição, Moçambique, 2001-2004

Província 2001 2002 2004 Região 2001 2002 2004


Maputo Cidade 15.5% 17.3% 20.7%
Maputo Província 14.9% 17.4% 20.7%
Gaza 19.4% 16.4% 19.9% Sul 14.4% 14.8% 18.1%
Inhambane 7.9% 8.6% 11.7%
Zambézia 15.4% 12.5% 18.4%
Sofala 18.7% 26.5% 26.5%
Manica 18.8% 19.0% 19.7% Centro 16.8% 16.7% 20.4%
Tete 16.7% 14.2% 16.6%
Niassa 5.9% 11.1% 11.1%
Nampula 7.9% 8.1% 9.2% Norte 6.8% 8.4% 9.3%
Cabo Delgado 5.0% 7.5% 8.6%
Nacional 13.0% 13.6% 16.2%

Embora não possamos dispor de dados actualizados sobre a prevalência do HIV em


pessoas com ITS em Moçambique, alguns achados do recente estudo sobre a
prevalência das DTS em mulheres que procuram o serviço de planeamento familiar
indicam o provável impacto que essa infecção pode estar causando.

A análise do plano de tratamento das primeiras normas sobre o controle das ITS
utilizando a abordagem sindrómica, elaboradas pelo Ministério da Saúde de
Moçambique, indica que a sífilis e o cancróide eram prioritárias para o tratamento de
lesões ulcerativas. O resultado do referido estudo, realizado em 2003/2004
demonstra uma mudança no perfil etiológico dessas lesões. Dos homens e mulheres
com úlceras genitais, os testes efectuados sugeriram sífilis em 8%, cancróide em 7% e
herpes em 64%, percentagem bastante elevada, mesmo quando consideramos que em
26% dos casos não foi possível identificar o agente etiológico da lesão ulcerada.

Esses achados podem levantar uma importante questão para estudo, se consideramos
o contexto actual da prevalência do HIV na população deste país. O impacto das
demais ITS na transmissão sexual do HIV foi inicialmente suspeitado a partir de
estudos epidemiológicos, que demonstravam que pessoas com uma ITS, ulcerativa ou
não, pareciam ser mais susceptíveis a adquirir a infecção pelo HIV. Estudos
subsequentes mostraram que a inflamação uretral e endocervical, causada pelas ITS
não-ulcerativas, aumenta a libertação genital de células infectadas pelo HIV, e assim,
provavelmente, aumenta a capacidade de um(a) paciente infectado(a) pelo HIV, de
infectar as demais pessoas.

A importância das ITS na transmissão do HIV e a eficácia potencial do controle das


ITS em prevenir a transmissão sexual do HIV foram confirmadas em Mwanza,
Tanzânia, onde um estudo aleatório e randomizado de abordagem sindrómica das ITS
em comunidades obteve uma redução de 42% na incidência do HIV por um período
de 2 anos. Assim, o controle e a prevenção das ITS tornaram-se componentes
essenciais em programas de prevenção do HIV.

13
Uma vez que os factores de risco para as ITS são os mesmos para a infecção pelo
HIV/SIDA, o diagnóstico de ITS em um paciente pode ser sugestivo também de
infecção pelo HIV. Esse facto determina a necessidade de investigar sempre a
associação potencial do quadro apresentado com a infecção pelo HIV, especialmente
quando em presença de sintomatologia não condizente com o quadro clássico de
uma ITS ou em casos de falha de tratamento.

Ao lado do seu grande potencial destrutivo – de vidas, de afectos, de famílias, de


recursos – e exactamente por causa disso, a epidemia de SIDA tem fomentado uma
grande mudança na sociedade. A forma mais recomendada para a prevenção da
epidemia é o uso do preservativo nas relações sexuais, e o facto da transmissão
sexual ser a categoria de exposição mais frequentemente envolvida na infecção,
expõe particularidades da vida privada dos portadores do vírus. A epidemia de SIDA
obriga que se fale de sexo, que se estabeleçam normas explícitas para o seu exercício
e se reconheça a multiplicidade de comportamentos, práticas e finalidades envolvidas
nos diferentes encontros sexuais que as pessoas travam ao longo das suas vidas.
Ainda não podemos prever as consequências das mudanças sociais, económicas e
culturais decorrentes desse movimento, mas já não é possível negar que o
crescimento da epidemia do HIV/SIDA tem mudado drasticamente o perfil das ITS
nos últimos anos.

As ITS e o HIV actualmente andam juntos, estão intrinsecamente ligados, e o que se


vê é que o tratamento, e principalmente a prevenção das ITS, tem sido a mola
mestra, uma estratégia válida, para a redução do crescimento do HIV/SIDA.

14
Capitulo 3
Cuidados a um Paciente com
ITS
Cuidar de um paciente com uma infecção de transmissão sexual não é uma
intervenção simples em virtude de que essas doenças geralmente estão associadas a
comportamentos considerados socialmente condenáveis, suas complicações e
sequelas não são associadas com a ITS de base e ainda, há o desconhecimento de sua
exacta magnitude. Cuidar de um paciente com ITS envolve não somente a terapia
anti-microbiana adequada para obter a cura ou controle da infecção, mas também o
aconselhamento para redução do risco desse paciente à infecção pelo HIV.

Factores como a migração acelerada, a urbanização, a mobilidade da população, o


sexo casual e comercial, a desigualdade entre os géneros, a pobreza, a insuficiência de
serviços de diagnóstico e tratamento para as ITS, o não reconhecimento de sintomas
de ITS pelo paciente e a alta prevalência do HIV, combinam-se para exacerbar o
problema das ITS nos países em desenvolvimento. Factores tais como idade e sexo
apresentam efeitos biológicos e comportamentais combinados na epidemia. A
instabilidade económica e a insuficiência dos serviços de saúde e sociais também são
factores contribuintes.

A abordagem do indivíduo que procura o serviço de saúde com queixas sugestivas de


ITS deve sempre incluir:

 História clinica
 Exame físico geral e em particular da região genital
 Diagnóstico correcto
 Tratamento efectivo e precoce
 Avaliação do risco de infecção pelo HIV
 Encaminhamento, teste e aconselhamento para pacientes em risco de infecção
pelo HIV
 Aconselhamento sobre práticas sexuais mais seguras
 Promoção e oferta de preservativo
 Investigação e tratamento dos parceiros sexuais
 Registo e Notificação do caso
 Se necessário, avaliação de infecção repetida ou persistente

15
ABORDAGENS NA ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES COM ITS
As estratégias nacionais de controle das ITS são: a prevenção; a detecção precoce de
casos; e o tratamento imediato dos portadores em todos os níveis de assistência. A
abordagem sindrómica tem a finalidade de instituir precocemente o tratamento dos
casos e de seus parceiros e dessa forma cessar as queixas dos pacientes e
interromper a cadeia de transmissão.

A prevenção de novas ocorrências deverá ser realizada por meio de aconselhamento


específico, durante o qual as orientações são discutidas conjuntamente, favorecendo
a compreensão e o seguimento das prescrições para o tratamento adequado e a
adopção de práticas sexuais mais seguras, assim como a explicitação do risco em
relação ao HIV/SIDA e oferta de testes para HIV e sífilis.

Directrizes da componente das ITS do Programa Nacional de


ITS-HIV/SIDA:
1. Prevenção e controle das ITS-HIV na comunidade;
2. Inserção da assistência à pessoas com ITS na rede básica;
3. Manejo adequado de casos através da abordagem Sindrómica;
4. Suprimento de medicamentos;
5. Vigilância epidemiológica;
6. Eliminação da sífilis congénita;
7. Uso racional dos recursos laboratoriais;
8. Treinos e pesquisas.

A prevenção é a estratégia básica para o controle da transmissão das ITS e da


infecção pelo HIV e deve ser realizada em qualquer oportunidade de contacto do
indivíduo com o serviço de saúde. As principais actividades de prevenção incluem a
informação constante para a população, oferta de preservativos e actividades
educativas visando:

 A percepção do risco de contrair uma ITS;


 Mudanças no comportamento sexual;
 Promoção e adopção de medidas preventivas com ênfase na utilização
adequada do preservativo.

O diagnóstico e tratamento dos portadores de ITS são em geral realizados utilizando-


se uma das três abordagens: etiológica, clínica ou sindrómica.
 Etiológica - através da identificação do agente causal por meio de exames
laboratoriais e instituição de terapêutica específica;
 Clínica - que preconiza o tratamento de uma doença com base no quadro
clínico apresentado pelo/a paciente;
 Sindrómica - em que é instituído tratamento para os agentes causais mais
frequentes de uma síndrome diagnosticada.

Cada uma dessas formas de se abordar um paciente com ITS tem vantagens e
desvantagens que devem ser analisadas de forma a definir a política local de controle
das ITS. O Programa de Controle das ITS/HIV/SIDA de Moçambique recomenda o
uso de duas abordagens: a etiológica em serviços que disponham de facilidades

16
laboratoriais, mais frequentes nos níveis de atenção terciários e quaternários; e a
abordagem sindrómica, em unidades sanitárias de nível primário ou secundário.

A disponibilidade de exames laboratoriais em tempo hábil nem sempre é suficiente


para se definir a abordagem etiológica como a prioritária, se considerarmos as
limitações das técnicas laboratoriais para a identificação de alguns patógenos.
A abordagem clínica tem como limitante o facto de que é frequente a ocorrência de
infecções mistas ou associação de duas ou mais ITS. Além disso, uma mesma doença
pode se apresentar sob formas variadas, com grande diversidade entre si, conforme
as relações que se estabelecem entre o agente etiológico e o indivíduo. Ou seja, nem
sempre as manifestações das ITS se apresentam como classicamente são descritas
nos compêndios médicos.

A abordagem sindrómica permite um tratamento efectivo de pacientes sintomáticos,


utilizando-se os algoritmos elaborados de acordo com a realidade local. Eles são
simples e podem ser usados em locais distantes, desde que haja disponibilidade dos
medicamentos necessários. Uma grande vantagem dessa abordagem é a possibilidade
de tratamento precoce, o que impede novas infecções e quebra da cadeia de
transmissão, em uma única visita ao serviço.

A abordagem sindrómica se fundamenta no facto de que as ITS, apesar dos diversos


agentes causais conhecidos, costumam-se manifestar de forma semelhante, podendo
ser agrupadas nas seguintes síndromas principais: corrimento vaginal, corrimento
uretral masculino, úlcera genital, desconforto ou dor no baixo ventre, escroto
inchado e bubão inguinal. Cada uma dessas síndromas tem um algoritmo específico
que deve ser seguido pelo profissional de saúde que adoptará o tratamento ali
especificado.

A abordagem sindrómica não é de uso exclusivo para as ITS. Várias outras doenças
infecciosas também se servem dessa
abordagem, especialmente nos casos em que
o quadro se apresenta grave, determinando Vantagens da Abordagem
atenção terapêutica imediata com um ou mais Sindrómica:
anti-microbianos, visando dar cobertura aos  rapidez no atendimento;
principais agentes etiológicos responsáveis  maior cobertura na rede básica;
 oportunidade de introdução de
pelo quadro. Embora esse não seja o caso da
medidas preventivas;
maioria das pessoas com ITS, esses indivíduos  padronização do tratamento;
frequentemente enfrentam situações que  satisfação da clientela;
exigem uma abordagem terapêutica imediata,  proporcionar abordagem diagnóstica
pois, é alta a possibilidade desse indivíduo não e tratamento racional em locais de
mais retornar à consulta, se não se sentir acesso laboratorial restrito.
melhor, já que é portador de uma condição
clínica cujo modo de aquisição o torna alvo
fácil de discriminação e marginalização.

A abordagem sindrómica poderá minimizar aspectos tais como:


 procura de tratamento alternativo que nem sempre é bem indicado;
 longa espera por resultados de exames;
 persistência das queixas.

17
Se houver laboratório na Unidade Sanitária, deve-se realizar a colheita prévia de
amostras para os exames laboratoriais disponíveis, indicados para confirmação
diagnóstica e orientação do esquema terapêutico a ser mantido. Entretanto, a
participação do laboratório não deve servir para ocasionar atraso ao início do
tratamento. Assim, a abordagem sindrómica pode ser a abordagem prioritária em
unidades sanitárias de níveis de complexidade diferentes.
A principal limitação da abordagem sindrómica no contexto de um programa de
controle de ITS é a não cobertura dos pacientes com infecção sub-clínica ou
assintomáticos e dos pacientes que não costumam procurar os serviços de saúde,
apesar de sintomáticos.

Simultaneamente ao tratamento do caso presente, deve-se iniciar o tratamento


dos(as) parceiros(as) sexuais, mesmo que assintomáticos, com a finalidade de quebrar
a cadeia de transmissão e evitar a reinfecção.

QUEM DEVERÁ SER CHAMADO?

ITS CONTATOS TEMPO


Corrimento uretral
Úlceras genitais Até 90 dias (3 meses) antes do início
DIP Parceiros sexuais dos sintomas
Corrimento vaginal
Sífilis – RPR positivo Parceiros sexuais Até 01 ano antes da data do exame
Oftalmia neonatal
Sífilis congénita Mãe e seus parceiros sexuais atuais
Parceiros actuais
Infecção pelo HIV Considerar os parceiros desde o início da(s) actividade(s) de
risco
Condiloma Convocar parceiros sexuais atuais para aconselhamento

Um grande desafio para o controle efectivo das ITS em determinada população deve-
se ao facto de que um grande número de pessoas com ITS não procura os serviços
de saúde, ou por não apresentarem sintomas ou por motivos variáveis. Dentre esses
motivos podemos citar a dificuldade em marcar consulta, falta de recursos para
deslocamento até a unidade sanitária, vergonha, medo, preconceito, não percepção
dos sinais e sintomas, dentre outros. Na figura abaixo, o Diagrama de Piot, procura
esclarecer essa relação de um modo gráfico, para melhor visualização e
entendimento.

18
DIAGRAMA DE PIOT

População Sexualmente Activa

População com ITS

Percebem os sintomas

Procuram atendimento

Diagnóstico correcto

Tratamento

Cura

Parceiros

Esse diagrama mostra-nos que muitas pessoas com ITS não procuram tratamento
porque são assintomáticas ou tem poucos sintomas ou, ainda, não percebem esses
sintomas como algo errado na sua saúde. Outros, mesmo apresentado sintomas,
preferem procurar tratamentos alternativos, tradicionais ou em farmácias ou tratar a
si próprios. Dentre aqueles que procuram uma unidade sanitária muitos podem não
ter o diagnóstico ou tratamento feitos correctamente, ou mesmo não tomarem os
medicamentos conforme indicado. Finalmente, uma pequena proporção das pessoas
com ITS é curada e se previnem de novas infecções pelo controle adequado de seus
parceiros sexuais.

Tão importante quanto diagnosticar e tratar correctamente e o mais precocemente


possível os portadores sintomáticos é realizar a detecção precoce dos casos
assintomáticos. Dentre as estratégias que poderão suprir essa lacuna deve ser
priorizado o rastreio de ITS assintomáticas, especialmente sífilis, gonorréia e clamídia
em gestantes ou adolescentes, em serviços como os que executam atendimento
ginecológico, em especial os de planeamento familiar, de atendimento pré-natal e
serviços de prevenção do cancro do colo uterino e, dessa forma, aproveitar a
oportunidade de contacto das pessoas com os serviços de saúde para investigar a
presença de uma ITS assintomática ou não percebida.
O tratamento, em todas as situações, deve ser instituído no momento da consulta,
preferencialmente com medicação por via oral e em dose única ou com o menor
número possível de doses. A espera em longas filas e a possibilidade de marcar a
consulta para outro dia, associadas à falta de medicamentos, são talvez os principais
factores que induzem à busca de atenção em outros lugares tais como, na farmácia, no
mercado ou na medicina tradicional.

É obrigatório, para os programas de controle das ITS, intervirem no topo deste


diagrama de PIOT, através de esforços educacionais para diminuir o risco, tornar os
preservativos mais acessíveis, realizar buscas de casos através de parceiros e rastrear
mulheres no pré-natal e planeamento familiar à procura de casos de sífilis. A sinergia
dos esforços nesta direcção - prevenção e busca de novos casos - em conjunto com

19
um melhor manejo clínico de casos (que é o foco tradicional), aponta para uma
abordagem mais eficiente e para melhor controle das ITS. Essa abordagem demanda
uma maior atenção para os aspectos sócio-comportamentais das ITS, assim como para
o contexto político, além dos serviços de atendimento à saúde mais voltados para o
paciente.

Aqui se vislumbra um grande desafio para as unidades sanitárias, pois, a medida em


que uma comunidade se encontra consciente e motivada a buscar tratamento para as
ITS, a pressão sobre a unidade de saúde é maior no sentido de atenderem a suas
demandas. Da mesma forma, uma vez que os serviços clínicos se tornem mais eficazes
e mais acolhedores aos utentes, é mais provável que a comunidade venha a procurá-
los.

A acessibilidade dos serviços em relação à comunidade é um importante dado para


detectar se de fato aqueles que sabem que podem estar infectados vão procurar
tratamento. Factores que prejudicam a aceitabilidade dos serviços são: taxas altas para
o utente, longas filas de espera, falta de privacidade, falta de empatia e aceitação por
parte dos trabalhadores de saúde e falta de medicamentos eficazes.

O atendimento imediato de uma ITS não é apenas uma acção curativa, mas também, é
principalmente, uma acção preventiva da transmissão do HIV e do surgimento de
outras complicações. O quadro abaixo resume os passos necessários para um
controle adequado das ITS nas unidades sanitárias de qualquer nível de complexidade:

O PROFISSIONAL DE SAÚDE DEVE SEMPRE:

1. Promover a prevenção e controle das ITS nas comunidades


especialmente na população de alto risco;
2. Ensinar como reconhecer os sintomas e quando procurar
assistência;
3. Promover a procura precoce dos serviços para curar as ITS,
evitar complicações e a infecção pelo HIV;
4. Promover práticas de sexo seguro incluindo uso correcto e
consistente de preservativos, redução do número de
parceiros sexuais e iniciação sexual mais tardia;
5. Detectar infecções assintomáticas;
6. Despiste de sintomas de ITS nos serviços de planeamento
familiar e pré-natal;
7. Despiste de sintomas de ITS sempre que examinar um
paciente que tenha vida sexual activa;
8. Abordagem sintomática usando os algoritmos na assistência
a pessoas com DTS;
9. Fazer o tratamento correcto e completo;
10. Aconselhamento aos pacientes para se manterem não
infectados após o tratamento;
11. Convocar os parceiros sexuais e reforçar as medidas
preventivas.

20
COMO PREVENIR AS ITS
A melhor forma de prevenir uma ITS é evitar a exposição. Assim, a possibilidade de
uma pessoa se expor às ITS pode ser reduzida pela adopção das seguintes medidas:

 Retardar o início da actividade sexual, especialmente para jovens e


adolescentes;
 Reduzir o número de parceiros sexuais;
 Uso correcto e consistente do preservativo, masculino ou feminino.

Em qualquer uma dessas situações há necessidade de se discutir com o paciente o


“porquê” e o “como” isso deve ser feito, sempre do ponto de vista do paciente,
levando em conta suas atitudes, crenças e hábitos. Para que isso seja feito de forma
efectiva e dê os resultados esperados o profissional de saúde deve escutar
activamente o paciente e levá-lo a compreender a relação existente entre o seu
comportamento e o problema de saúde que ele está apresentando.

Para que essa interacção seja efectiva, é importante que se cuide da forma como
acontece o processo de comunicação. As pessoas se
comunicam de diferentes maneiras. Algumas vezes, Comunicação verbal ou
comunicam-se mediante gestos, sinais, ou certa postura audível é aquela em que as
corporal, a que chamamos de comunicação não verbal ou pessoas se comunicam pela
não audível; e outras, através da palavra, à qual chamamos palavra falada.
de comunicação verbal ou audível. Quando trabalhamos Comunicação não verbal ou
nos serviços de saúde há que tomar em conta a linguagem não audível, aquela em que as
pessoas se comunicam pelos
verbal e não verbal na interacção com os doentes, isto é, gestos, maneira de ficar em pé,
saber “escutar” ambas as formas de comunicação e, saber sentados, expressões faciais e
que a sua própria linguagem corporal, gestual, tom de mesmo pelo silêncio.
voz, palavras específicas estão a comunicar alguma
emoção ao doente. O fato de estar consciente fará com que a relação do profissional
com o doente seja de qualidade, contando assim com um indivíduo satisfeito com o
serviço oferecido.

ACONSELHAMENTO: UMA POTENTE ESTRATÉGIA


O aconselhamento é um processo de escuta activa, dinâmico, de confiança entre duas
pessoas, em que uma pessoa ajuda a outra a tomar decisões e a realizá-las na prática.
Aconselhamento não é dar conselhos. É, antes de tudo ouvir, não julgar e procurar
mostrar a ligação entre as ITS e as atitudes, comportamentos e crenças da pessoa. O
aconselhamento é uma estratégia chave na prevenção e controlo da infecção pelo HIV
e das ITS.

21
Os principais objectivos do aconselhamento são:

1. Dar apoio emocional e suporte institucional através da realização


de testes, fornecimento de material de IEC e prestar informações
gerais sobre as ITS e HIV/SIDA
2. Identificar e corrigir crenças ou mitos errados
3. Trocar informações sobre as ITS, HIV/SIDA, suas formas de
transmissão, prevenção e tratamento.
4. Ajudar a fazer um plano de redução de comportamento de risco
para a infecção pelo HIV e outras ITS.
5. Promover a adesão ao tratamento prescrito
6. Estimular a convocação de parceiros sexuais.
7. Apoiar na identificação de grupos (ou pessoas) de apoio que
ajudem na mudança de comportamentos.
8. Referir, quando necessário, para outros serviços de saúde
especializados.

O aconselhamento visa ajudar na tomada de uma decisão e envolve, muitas vezes,


informações objectivas que permitem à pessoa utilizar melhor os seus recursos
pessoais. Pretende, portanto, ajudar o indivíduo a lidar com problemas reais de modo
satisfatório.

O aconselhamento pode ser realizado tanto em grupo como individualmente, antes,


durante ou após a consulta médica. O aconselhamento em grupo, permite que as
pessoas repensem suas dificuldades, compartilhem suas dúvidas, troquem
sentimentos e conhecimentos. Os grupos realizados com pessoas enquanto esperam
pelo atendimento individual além de exemplificarem um bom momento para essa
abordagem, optimizam o tempo que a pessoa passa na unidade sanitária.

É importante, entretanto, que o profissional que faz o aconselhamento esteja atento


para perceber os limites que separam as questões que devem ser abordadas no
aconselhamento em grupo, daquelas pertinentes ao atendimento individual.
O aconselhamento deve ser feito por todos os profissionais de saúde. É fundamental
que a pessoa que realiza esta actividade tenha informações actualizadas e
tecnicamente correctas sobre as ITS/HIV. O aconselhador deve adoptar uma postura
de acolhimento valorizando o que o paciente sabe, pensa e sente a respeito do seu
problema de saúde, facilitando assim a formação do vinculo de confiança essencial em
todo o processo. Independentemente do tempo que vá durar a consulta esses
procedimentos são de grande importância para o controle das ITS e estão resumidos
nos pontos abaixo.

22
OS PROCEDIMENTOS BÁSICOS DO ACONSELHAMENTO
INCLUEM:

1. Receber bem o paciente, perguntar seu nome e apresentar-se;


2. Usar linguagem que o paciente entenda;
3. Reafirmar a confidencialidade e o sigilo das informações prestadas;
4. Identificar com clareza a demanda do indivíduo, quais são suas queixas,
sinais e sintomas e início do quadro actual;
5. Prestar apoio emocional ao indivíduo;
6. Facilitar para que o indivíduo expresse seus sentimentos;
7. Identificar as crenças e os valores do indivíduo acerca das ITS-
HIV/SIDA;
8. Utilizar linguagem compatível com a cultura do indivíduo;
9. Trocar informações específicas sobre as ITS apresentadas;
10. Avaliar com o indivíduo seus antecedentes em relação a outras ITS e
as situações de risco que culminaram nesta ITS, oferecendo a
possibilidade de testagem para o HIV, se estiver disponível;
11. Reforçar a necessidade da adopção de práticas sexuais mais seguras
para a redução de riscos;
12. Explicar as complicações decorrentes de não fazer o tratamento, ou
do tratamento ser incompleto ou da auto-medicação;
13. Reforçar a necessidade do tratamento dos parceiros sexuais;
14. Trocar informações sobre ITS-HIV/SIDA, suas formas de transmissão,
prevenção e tratamento, com ênfase nas situações de risco do
indivíduo;
15. Explicar o benefício e demonstrar o uso correcto do preservativo,
avaliando possíveis dificuldades quanto ao uso e sua superação;
16. Verificar sempre se o paciente entendeu o que foi discutido
solicitando que repita as informações mais importantes;
17. Nunca:
a. Movimentar-se constantemente ou sair da sala
b. Fazer comentários que envolvam julgamentos ou expressão
facial de esaprovação.
18. Aconselhamento não é dar conselhos

Em várias situações, a colecta da história clínica do paciente mistura-se e articula-se


com o processo de aconselhamento. Ao mesmo tempo em que o profissional de
saúde colhe a história do quadro que trouxe o paciente à consulta médica, também
realiza o aconselhamento, seguindo os passos acima descritos.

23
HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO
Algumas pessoas com ITS têm sintomas e procuram tratamento nas unidades
sanitárias, enquanto outras não o fazem. Investigar activamente a existência e o
reconhecimento de sinais e sintomas é uma forma efectiva de reduzir os danos
causados pelas ITS e prevenir a infecção pelo HIV. Em mulheres, infecções
assintomáticas e silenciosas podem ser tão sérias quanto as sintomáticas. Sífilis,
gonorréia e clamídia têm consequências graves e frequentemente são assintomáticas
ou têm sinais e sintomas discretos. Nos homens, a presença de sinais e sintomas são
mais frequentes, porém, estes comummente os ignoram, se não são muito severos.

Estes factos definem a necessidade de se investigar História Clínica:


activamente as queixas mais comuns de pessoas com ITS.  Acolha o paciente
Devido ao estigma associado às ITS, os pacientes sempre  Apresente-se
relutam em falar sobre suas condições. É necessário fazê-  Encoraje-o a falar
los sentirem-se mais confortáveis durante a colecta da  Olhe para o seu paciente
história clínica (anamnese) e do exame físico e genital. O  Faça uma pergunta de cada vez
 Ouça o seu paciente
profissional de saúde deve mostrar-se interessado,
 Incentive-o a fazer perguntas e
simpático, não agredir ou julgar o paciente e aceitá-lo
responda-as
com todos os seus problemas e, simultaneamente, ser
capaz de estabelecer com ele uma relação directa,
afectiva e de confiança.

A história sexual do paciente fornece informações importantes para as decisões que


serão tomadas no tratamento e aconselhamento do indivíduo. É fundamental que a
colecta da história ocorra em um ambiente acolhedor, com privacidade e
confidencialidade, onde o paciente possa responder às perguntas do profissional sem
que ninguém o ouça, excepto quem o atende.

24
GUIÃO BÁSICO PARA UMA BOA ANAMNESE

1. Investigue a razão da visita: pergunte os motivos que o trazem à consulta


a. Que motivo o trouxe à consulta hoje?
b. É a primeira consulta ou consulta de controle?
c. Tem algum problema nos genitais?
2. História social do indivíduo, incluindo factores que aumentam o risco de
ITS/HIV: situação familiar e aspectos culturais e espirituais.
a. Você trabalha fora de casa? O que você faz?
b. Quem vive actualmente em sua casa?
c. Quantos filhos tem e de que idade, mora com outras pessoas?
d. Vive com algum parceiro/a? Há quanto tempo?
3. Sintomas relacionados à presente queixa
a. O que está sentindo?
b. Há quanto tempo começaram as queixas?
c. Como evoluíram os sintomas?
d. Já sentiu isso antes?
4. Gravidez actual, data da última menstruação e uso de contraceptivos.
a. Você está grávida agora?
b. Quando foi a última menstruação?
c. Quando foi a última gravidez?
d. Usa algum método para não engravidar?
5. História sexual, incluindo comportamentos que podem aumentar o risco de
ITS/HIV
a. Quando foi a última relação sexual?
b. Quantos parceiros você teve nos últimos três meses?
c. Conhece o preservativo (masculino e/ou feminino)?
d. Usou preservativo na última relação sexual? Porquê?
e. Você pratica sexo anal? Vaginal? Oral?
6. Sintomas de ITS: perguntar activamente as queixas principais das ITS
associadas a síndromes específicas que não tenham sido referidas.
a. Tem corrimento vaginal/uretral?
b. Comichão ou irritação nos órgãos genitais?
c. Dor no baixo ventre?
d. Dor ao urinar?
e. Feridas, úlceras ou verrugas nos órgãos genitais?
f. Inchaço ou tumefacção escrotal? Tumefacção ou inchaço na virilha?
7. História médica incluindo reacção adversa ou complicações com uso de
alguma medicação
a. Há quanto tempo começaram as queixas?
b. Tem alguma outra doença? Qual?
c. Tem algum medicamento que você toma todos os dias?
d. Tem alergia a algum medicamento? Qual? Como sabe?
e. Já tomou ou usou algum medicamento para esta doença?
8. Explique-lhe o problema identificado e a conduta a seguir

25
Os pacientes devem ser examinados nas mesmas condições de privacidade usadas
para a colecta da história clínica. Eles devem-se sentir seguros de que ninguém irá
entrar na sala quando estiver sendo examinado(a). O exame físico deve incluir:

 Avaliação do estado geral do paciente: peso, alterações na coloração


da pele, erupções ou outras lesões cutâneas.

 Sinais vitais

 Aspecto físico, pele e mucosas, exame da boca e da garganta, procura


de linfadenopatia na região cervical, axilar e inguinal

 Exame específico da área genital.

EXAME GENITAL EM MULHERES


O exame genital em mulheres inclui sempre três procedimentos: a inspecção da
genitália externa, do períneo e do ânus, o exame com espéculo e o toque bimanual.
Em cada um desses procedimentos há padrões a serem seguidos.

Inspecção da genitália externa

Antes de iniciar o exame certifique-se que há privacidade. Solicite que a mulher dispa
as suas roupas, deite-se de costas na mesa do exame e dobre os joelhos. Mantenha-a
coberta com um lençol. Após explicar o que irá fazer, coloque uma luva e inicie a
inspecção, sempre sob boa iluminação. Examine atentamente a área genital externa,
incluindo períneo e ânus, procurando por corrimento, edema, irritação cutânea,
verrugas, úlceras ou feridas. Sempre que encontrar alguma alteração que não tiver
sido referida pela paciente pergunte o que é e há quanto tempo apareceu. Pergunte
também se já usou algum tratamento para isso. Se houver corrimento ou alguma
lesão anote as suas características como tamanho, aspecto da lesão e dor à palpação,
assim como côr, cheiro e quantidade do corrimento.

26
Exame Especular

Antes de iniciar o exame certifique-se de que tem iluminação adequada, o espéculo


está limpo, desinfectado e esterilizado e de que está usando luva. A seguir siga os
seguintes passos:

1. Insira um dedo na abertura vaginal, puxe gentilmente para baixo de forma a


expor a entrada vaginal, empurrando um pouco o períneo o que contribuirá
para o relaxamento da musculatura.
2. Com a outra mão, segure o espéculo com as lâminas fechadas, na vertical.
Insira com cuidado até a metade e rode de modo que as lâminas fechadas
fiquem na horizontal e o cabo do espéculo esteja em baixo.
3. Gentilmente abra um pouco as lâminas e procure visualizar a cérvix ou colo
do útero, movendo o espéculo devagar até que o colo seja visto entre as
lâminas. Fixe o espéculo nessa posição.
4. Examine a cérvix que deve ter uma coloração rosa e identifique o orifício
central e a presença de secreções. É normal a presença de pequena
quantidade de secreção mucosa clara. Procure por sinais de infecção cervical
como secreções amareladas e abundantes, ferimentos ou tumorações, dor ou
sangramento fácil quando tocado. Faça a colecta de material para exame
quando for indicado, conforme a orientação do laboratório.
5. Para remover o espéculo, puxe-o gentilmente até que a cérvix não esteja mais
entre as lâminas. Feche as lâminas ao mesmo tempo em que roda o espéculo
puxando-o para fora. Aproveite este movimento para examinar as paredes da
vagina.

Exame Bimanual

Este exame também deverá ser previamente explicado para a paciente e realizado
com luva estéril, sem necessidade de ser do tipo cirúrgico.

1. Insira um dedo na abertura vaginal, puxe gentilmente para baixo de forma a


expor a entrada vaginal, empurrando um pouco o períneo para baixo, o que
contribuirá para o relaxamento da musculatura.
2. Introduza, então, os dedos médio e indicador, previamente lubrificados,
procurando sentir a elasticidade vaginal, presença de tumorações ou
abaulamentos, consistência e tamanho do colo do útero e abertura do canal
cervical.
3. Coloque um dedo de cada lado do colo uterino e movimente gentilmente a
cérvix observando a reacção da paciente e dor à mobilização.
4. Com a outra mão, toque a parede do abdome inferior, respeitando os
movimentos respiratórios e aproveitando a expiração para a palpação
profunda.
5. A mão vaginal empurra o colo e o útero para cima, permitindo que o fundo
do mesmo seja palpado entre a mão vaginal e a mão abdominal. Durante a
palpação, notar seu tamanho, consistência, mobilidade, regularidade de sua

27
forma, o ângulo em relação ao colo e a vagina e a possível sensibilidade da
paciente a esta manobra.
6. Palpe os órgãos anexiais. Insira os dedos vaginais lateralmente ao colo até o
fundo, tracionando as estruturas na pelve com a mão abdominal.
Normalmente essas estruturas são difíceis de sentir, especialmente em
mulheres obesas ou após a menopausa. Deve-se procurar por tumorações ou
alterações de sensibilidade, assim como identificar tamanho, forma e
consistência do que for palpado.
7. Quando terminar limpe e desinfecte suas luvas se forem reutilizáveis. Lave
suas mãos com água e sabão.

O cumprimento de todos os passos da anamnese, do exame físico e a colecta de


secreções e material para a realização do diagnóstico etiológico, (em locais onde esse
recurso for disponível) o oferecimento para a realização do diagnóstico serológico da
infecção pelo HIV e sífilis e o aconselhamento devem fazer parte da rotina. No
entanto, lembramos que a realização do exame para a detecção da infecção pelo HIV
deve ocorrer se o profissional for capacitado para realizar o aconselhamento pré e
pós-teste.

EXAME GENITAL EM HOMENS

Antes de iniciar o exame da área genital diga ao paciente todos os passos que você vai
fazer, de modo a obter a sua confiança e colaboração. Para uma melhor inspecção,
tanto da região inguinal quanto dos órgãos genitais externos, o paciente deverá estar
em pé, com as pernas afastadas e o profissional de saúde sentado. Sempre que
encontrar alguma alteração que não houver sido referida pelo paciente pergunte o
que é e há quanto tempo apareceu. Pergunte também se já usou algum tratamento
para isso, ou se já teve isso antes.

1. Palpe a região inguinal procurando por aumento de gânglios, nódulos e


bubões.
2. Palpe a bolsa escrotal, procurando identificar o testículo, epidídimo e cordão
espermático, em ambos os lados.
3. Examine o pénis, procurando por alguma alteração: ferida, úlcera, verrugas,
secreção, edema e eritema.
4. Peça ao paciente para retrair o prepúcio, se houver, e examine a glande e o
meato uretral. Se não houver corrimento visível, solicite ao paciente que
ordenhe a uretra, comprimindo o pénis da base à glande.
5. Peça ao paciente para curvar-se para a frente, afastando as nádegas com suas
próprias mãos ou, melhor ainda, deitado de lado com leve flexão do tronco
para a frente e da coxa não encostada na maca de exame, em direcção ao
tórax.
6. Examine a região anal procurando por alterações como úlceras, vesículas,
verrugas, secreções ou fissuras.
7. Quando terminar limpe e desinfecte suas luvas se forem reutilizáveis. Lave
suas mãos com água e sabão.

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Todos os passos citados anteriormente, anamnese, exame físico, colecta de secreções
e material para a realização do diagnostico etiológico, oferecimento para a realização
do diagnostico serológico da infecção pelo HIV e sífilis e o aconselhamento, também
devem fazer parte da rotina do atendimento de pessoas do sexo masculino. No
entanto, lembramos que a realização do exame para a detecção da infecção pelo HIV
deve ocorrer se o profissional for capacitado para realizar o aconselhamento pré e
pós-teste.
Ao final da consulta, após explicar o problema identificado e a conduta, oriente-o
sobre os passos a seguir após a consulta e se é preciso continuar com o tratamento
em casa. Além disso, faça algumas perguntas para verificar o entendimento do que foi
dito e se o entendimento do paciente não for o esperado, explique novamente.

LIMPEZA E DESINFECÇÃO DO MATERIAL


Precauções Básicas

A implementação das precauções básicas tem por objectivo reduzir o risco de


transmissão de microorganismos de fontes de infecção conhecidas ou desconhecidas
dentro do sistema de saúde. Aplicam-se ao sangue e a todos os outros fluídos
corporais, pele não íntegra e mucosas. Estas incluem as seguintes:

 Considerar a todas as pessoas (doentes e trabalhadores de saúde)


como potencialmente infecciosas e susceptíveis às infecções.
 Lavar as mãos, é o procedimento mais importante para prevenir a
contaminação cruzada (de pessoa a pessoa ou de um objecto
contaminado a uma pessoa).
 Usar as luvas antes de qualquer procedimento invasivo ou entrar em
contacto com fluídos corporais ou instrumentos sujos e lixo
contaminado.
 Utilizar barreiras físicas (equipamento de protecção individual) para se
proteger de salpicos e derrames de fluídos corporais.
 Utilizar agentes anti-sépticos para limpeza da pele ou das mucosas,
antes de cirurgia, limpeza de feridas, lavagem higiénica de mãos ou
lavagem cirúrgica com um produto anti-séptico a base de álcool.
 Utilizar práticas de trabalho seguras tais como, não reencapsular nem
dobrar as agulhas, passar instrumentos cortantes com segurança e
suturar, quando necessário, com agulhas cegas.
 Descartar o lixo infeccioso ou contaminado de forma segura.
 Processar os instrumentos, luvas e outros itens, depois da sua
utilização segundo as normas.
Luvas

Os tipos de luvas mais utilizadas nos serviços de saúde são três:


 Luvas cirúrgicas utilizam-se nos procedimentos invasivos e cirúrgicos.
 Luvas de material plástico ou vinil para exame, utilizam-se em alguns
procedimentos de avaliação de doentes.
 Luvas de borracha utilizam-se nos procedimentos de limpeza e lavanderia.

29
O tipo de luva a ser utilizado, depende do sector hospitalar. Por exemplo, o pessoal
de limpeza utiliza luvas de borrachas ou de limpeza e não luvas cirúrgicas.
As luvas devem ser utilizadas quando se prever contacto com sangue e fluídos
corporais, mucosas ou pele não íntegra, para manuseio de itens ou superfícies sujas
com sangue e fluídos e para punção venosa ou outros acessos vasculares.

As luvas deverão ser trocadas após contacto com cada paciente. Em procedimentos
cirúrgicos recomenda-se o uso de luvas reforçadas (de maior espessura) ou, na sua
falta, de duas luvas para reduzir o risco de exposições em acidentes pérfuro-
cortantes.

Quando se utilizam as luvas não se deve realizar outras actividades, prejudicando


outras pessoas, por exemplo: apertar botões de elevadores, atender telefones ou
tocar em outros objectos.

Calçando as luvas

1. Quando se utilizam luvas deve-se tomar em conta o seguinte:

 Use um par de luvas (individual) para cada paciente para evitar


contaminação cruzada.
 Não use luvas de um pacote rasgado ou cujo prazo tenha sido
expirado.
 Não use luvas com furos, rasgadas ou descascadas.
 Nunca toque a parte externa das luvas enquanto as estiver a colocar;
manuseie-as apenas pela parte interna que está virada para fora.
 Se as luvas forem contaminadas acidentalmente, devem ser trocadas
imediatamente.
 Lave as mãos depois que as luvas forem retiradas.

2. Para calçar as luvas, devem ser seguidos os seguintes passos:

 Preparar uma grande área seca para abrir as luvas.


 Obter o tamanho correcto.
 Lavar e secar bem as mãos. Passar um pouco de pó de talco nas mãos
(não nas luvas) se a parte interna das luvas não tiver talco.
 Abrir o embrulho externo das luvas e colocar o pacote de luvas numa
superfície esterilizada, com a boca da luva voltada para si. (Isto poderia
ser a extremidade inferior do pacote). Prestar atenção para não tocar
a superfície interna do embrulho se pretender utilizá-la como um
campo esterilizado.
 Pegar a luva pela parte da boca que está dobrada para fora. Cuidado
em só tocar na parte interna da boca (isto é, a parte que estará a tocar
a sua pele quando a luva estiver colocada).

30
 Enquanto estiver a segurar a luva, escorregar a outra mão dentro da
luva. Apontando os dedos da luva para o chão irá manter os dedos
abertos pela força da gravidade. Cuidado para não tocar qualquer
coisa. Segurar a luva acima da cintura irá ajudar.
 Se a primeira luva não estiver colocada correctamente, esperar para
fazer qualquer ajuste ou correcção quando a segunda estiver colocada
(depois poderá usar os dedos esterilizados de uma luva para ajustar a
porção esterilizada da outra).
 Para pegar a segunda luva, escorregar os dedos da mão com luvas
entre a parte dobrada e a porção esterilizada da segunda luva. Isto é
muito importante para evitar contaminar a luva que foi colocada na
primeira mão com a mão que está sem luva.
 Colocar a segunda luva na mão que está descoberta, puxando-a firme
através da parte dobrada.
 Não tentar ajustar os punhos uma vez que as luvas estejam colocadas,
já que pode acabar por contaminá-las.
 Ajustar a posição dos dedos da luva até que a luva esteja
confortavelmente ajustada.
 Manter sempre as mãos com luvas acima do nível da cintura e à frente
para evitar contaminação acidental.
 Se uma luva tiver sido contaminada, parar e perguntar a si mesma se a
luva irá tocar um instrumento esterilizado ou contaminado, as
membranas mucosas ou tecidos esterilizados. Se a resposta for
positiva, deverá ou retirar a luva e colocar outra, ou pôr outra luva
esterilizada sobre a luva contaminada.
 Ao retirar as luvas, evitar que a superfície que esteja esterilizada entre
em contacto com as suas mãos (o exterior das luvas está agora
contaminado).
 Primeiro, descontaminar colocando as duas mãos com luvas em
solução de cloro a 0,5%. Depois, retirar as luvas, colocando a parte de
dentro para fora. Deitar as luvas no lixo ou deixe que as luvas fiquem
imersas na solução por 10 minutos se vão ser processadas.

Lembrar que:
Quando se utilizam as luvas, não se deve realizar outras actividades com as
mãos.
O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos.

31
Lavagem das mãos
É o processo de remoção mecânica de sujeira, de restos da pele e da redução de
microrganismos transitórios. A lavagem das mãos deve ser realizada usando sabão
simples e água limpa.

A lavagem das mãos deve ser feita antes de:

 Examinar um doente (higiénica)


 Colocar luvas cirúrgicas esterilizadas ou sujeitas a desinfecção de alto
nível antes de uma operação (lavagem cirúrgica) ou luvas de exame
para procedimentos de rotina, tais como o exame pélvico.

A lavagem das mãos deve ser realizada depois de:

 Qualquer situação em que as mãos possam ser contaminadas, tais


como manuseio de instrumentos contaminados, contacto com
mucosas, sangue ou fluídos corporais, contacto prolongado e intenso
com um doente (anti-sepsia).
 Remoção das luvas.

Para a lavagem higiénica das mãos devem ser seguidos os seguintes passos:

1. Molhar as mãos com água corrente e abundante


2. Aplicar o sabão simples
3. Esfregar vigorosamente todas as áreas das mãos e dedos durante 10 a
15 segundos, prestando atenção sob as unhas e entre os dedos
4. Enxaguar as mãos com abundante água limpa.
5. Secar as mãos com uma toalha de papel e usar a toalha para fechar a
torneira.
Caso não haja água:

Utilize uma solução de 3 – 5 ml de uma mistura de um anti-séptico tal como, o álcool


de 60-90% e glicerina pode ser eficaz, sempre e quando não houver sujeira visível.
Esta solução prepara-se agregando 2 ml de glicerina a 100 ml de álcool. Dado que os
anti-sépticos não removem a sujeira ou matéria orgânica, as mãos que apresentam
sujeira visível, em primeiro lugar, devem ser lavadas com água e sabão.

Passos sequenciais no processamento de artigo hospitalar


O primeiro passo é a descontaminação. O material é mergulhado
em hipoclorito de sódio a 0,5% durante 10 minutos.

O segundo passo é a limpeza do material com água e sabão


corrente. Os instrumentos devem ser abertos ou desmontandos,
quando possível, utilize escovas para remover a matéria suja, Dete

prestando atenção ao interior e às áreas de união. Depois da


rgent

32
lavagem com água e sabão, os instrumentos devem ser enxaguados com água corrente
e limpa.

A secagem do material deve ser feita ao ar ou utilizando uma toalha limpa. A secagem
evita a interferência da humidade com a esterilização e garante a manutenção do
material.

Os resíduos de água dos artigos aumenta a diluição do produto de desinfecção de alto


nível, portanto é importante a secagem dos artigos antes da imersão.

O terceiro passo: depois da lavagem do artigo, segue a esterilização ou desinfecção.


1. O material que vai à estufa ou à autoclave (meio físico) deve ser preparado da
seguinte maneira:

 Embrulhar e colocá-lo em caixas limpas (perfuradas melhor) se


necessário. O embrulho pode ser de pano, papel ou envelopes
apropriados.
 Rotular a caixa ou o embrulho e proceder à esterilização, obedecendo
às normas. Colocar o testemunho (fita ou tubos) conforme o agente
esterilizador.
 Arrumar de forma que o ar possa circular e o vapor possa entrar em
todas as superfícies.
 Esperar durante 20-30 minutos depois de desligar a fonte de calor até
que o marcador de pressão registe zero. Retirar a tampa e deixar que
os embrulhos sequem por completo (cerca de 30 minutos) antes de
removê-los.
 Retirar e guardar os pacotes num tabuleiro ou prateleira e cobri-los
com papel ou uma toalha de algodão. Os pacotes podem ser
armazenados até o período de uma semana, se mantidos secos, ou um
mês, se fechados dentro de um saco plástico. Os objectos
desembrulhados devem ser usados no mesmo dia. O tempo da
esterilização depende do equipamento e característica do aparelho
indicadas pelo fabricante.

2. Na Desinfecção de Alto Nível (DAN), o material deve ser:

 Mergulhado no recipiente com a solução química


correspondente por um período de 20 minutos. A
solução deve cobrir totalmente o material. O mais
utilizado é hipoclorito de sódio a 0,1% ou Cidex a 2%.
 Utilizar uma pinça desinfectada a alto nível ou
esterilizada para retirar os itens da solução com o
desinfectante. Sterilizing

 Lavar bem os materiais com água e deixar que sequem


Agent

ao ar livre. Os materiais podem ser guardados, por


uma semana, num recipiente coberto quando bem
secos. Se húmidos, devem ser utilizados imediatamente.

Na Desinfecção de Alto Nível através da fervura devem ser seguidos os seguintes


passos:

33
 Os instrumentos devem ferver por 20 minutos, a contar do momento
um item adicional é colocado depois que o processo 11 12 1 11 12 1

de fervura tiver iniciado, comece a contar o tempo 9


10

8
2

4
3 9
10

8
2

4
3

novamente.
7 6 5 7 6 5

 Nunca deixe os itens fervidos permanecer na água até


esfriar uma vez que os microrganismos podem
começar a crescer em água fria como também é
possível que os instrumentos comecem a enferrujar
na água depois de algum tempo.
 Colocar os itens, uma vez retirados do ebulidor, em recipientes
esterilizados ou desinfectados a alto nível. Os itens podem ser
armazenados num recipiente coberto até uma semana, mas se
estiverem molhados, devem ser usados no mesmo dia.

O Quarto passo: Os itens podem ser utilizados novamente ou armazenados.

34
Capitulo 4
Abordagem Sindrómica do
Paciente com ITS

35
CORRIMENTO URETRAL

Queixa de corrimento uretral ou disúria

História Clínica e exame físico


Pressão sobre a uretra, se Usar algoritmo específico
necessário

Sim
Corrimento Não Não
Outra ITS?
presente?

Sim

Tratamento para: * O metronidazol deve


Gonorréia, Clamídia e Tricomonas ser tomado ao deitar-se
1. Ciprofloxacina 500mg VO Dose Única a noite. Não ingerir
2. Azitromicina 1g VO Dose Única bebidas alcoólicas nas
3. Metronidazol 2g VO Dose Única * próximas 24 horas

 Aconselhamento HIV/ITS
Tem suspeita Não  Possibilidade de testagem para HIV e sífilis
de SIDA?  Oferta de preservativos
 Investigar disúria
Sim

 Aconselhamento pré-teste
 Solicitação do teste HIV
 Encaminhamento de acordo
com o resultado

 Convocação de parceiros
 Notificação do caso
 Controlo aos 7 dias, se sintomático

36
CORRIMENTO URETRAL

Notas explicativas
PACIENTE COM QUEIXA DE CORRIMENTO URETRAL OU DISÚRIA
Este é o quadro de entrada do algoritmo. Nele estão referidas as principais queixas
do paciente ao apresentar-se à consulta

HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO

Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente,
interrogando-o sobre:
 A data do início dos sintomas
 Como evoluíram os sintomas
 A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais, história de parceira com corrimento vaginal)
 Tratamentos já efectuados
 Antecedentes de ITS

O exame físico sempre deve incluir:


 Inspecção da superfície cutânea
 Exame da boca e da garganta
 Procura de linfadenopatia na região cervical, axilar e inguinal.
 Inspecção da região genital: com o prepúcio retraído verificar se o corrimento
provém realmente do meato uretral. Se não houver corrimento solicitar ao
paciente que ordenhe a uretra, comprimindo o pénis da base à glande.
 Observar a existência de outras lesões. Também deve-se observar a região
escrotal e anal.

TRATAR GONORRÉIA, CLAMÍDIA E TRICOMONAS


Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.

GONORRÉIA CLAMÍDIA TRICOMONAS*


Ciprofloxacina Azitromicina Metronidazol
500 mg via oral
Dose Única
+ 1 g via oral
Dose Única
+ 2g via oral
Dose Única

* Lembrar que metronidazol deve ser tomado pelo menos 6 horas depois dos
outros fármacos, com a refeição, preferencialmente ao deitar-se e sem ingerir
bebidas alcoólicas pelas próximas 24 horas

SUSPEITA DE SIDA

Suspeita de SIDA se o paciente apresentar sinais ou sintomas decorrentes da


infecção pelo HIV ou de outras infecções oportunistas, tais como: tosse ou
dificuldade para respirar, diarreia, problemas na boca, febre, problemas na pele,
linfadenopatia, dor de cabeça ou problema neurológico, perda de peso importante e

37
anemia. Na presença dessas alterações deve-se fazer o aconselhamento pré-teste,
encaminhar o paciente para o laboratório e agendar o retorno.

ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, ADESÃO AO


TRATAMENTO, DISTRIBUIÇÃO PRESERVATIVO, NOTIFICAÇÃO DO
CASO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS, RETORNO

Neste quadro de acção é importante:


 Considerar a associação entre as diferentes ITS especialmente o HIV.
Aconselhar o paciente e oferecer-lhe a realização do teste para o HIV e sífilis
sempre que for possível.
 Registar e notificar o caso.
 Oferecer preservativos ao paciente orientando e demonstrando o uso.
 Instruir o paciente para interromper as relações sexuais até o
desaparecimento dos sintomas.
 Encorajar o paciente após a cura usar preservativo em todas as relações
sexuais ou adoptar outras formas de sexo mais seguro.
 Encorajar o paciente a comunicar a todas as suas parceiras sexuais dos
últimos três meses para que possam ser atendidas e tratadas. Esta actividade
é fundamental para se romper a cadeia de transmissão e para evitar que o
paciente se reinfecte.
 Marcar o retorno para controle de cura em 7 dias, se sintomático ou para
conhecimento dos resultados dos exames solicitados.
 Tratar outra ITS diagnosticada de acordo com o algoritmo específico.

EM CASO DE PERSISTÊNCIA DOS SINTOMAS


No retorno, em caso de persistência das queixas ou recidiva, investigar:

 Se o diagnóstico foi correcto;


 Se usou correctamente a medicação;
 Se o parceiro foi tratado;
 Não teve novo parceiro sexual;

Se alguma das respostas for NÃO, repetir o tratamento


Se todas as respostas forem SIM, é possível que o paciente esteja infectado com
gonorréia resistente ao medicamento usado. Sendo assim, tratar o paciente com o
medicamento abaixo, na dose indicada.

GONORRÉIA (resistente)
Cefixime
400 mg via oral
Dose Única

38
ÚLCERA GENITAL NO HOMEM E NA MULHER

Queixa de úlcera genital ou vesícula

História clínica e exame físico

Uma ou mais Sim


Tratamento para Herpes
vesículas genitais 1. Aciclovir 400mg VO 3 x dia/7 dias
ao exame?

Não Usar algoritmo específico

Sim
Úlcera genital Não Não
Outra ITS?
ao exame?
Sim
Tratamento para Sífilis, Cancróide e
Herpes
Suspeita clínica de SIDA? Sim 1. Penicilina benzatínica 2,4 milhões IM
Ou HIV positivo? Dose única
Ou último mês de gravidez? 2. Azitromicina 1g VO Dose Única
3. Aciclovir 400mg VO 3 x dia/7 dias
Não

Tratamento para Sífilis e Cancróide


1. Penicilina benzatínica 2,4 milhões IM 1x
2. Azitromicina 1g VO Dose Única

 Convocação do parceiro
 Notificação do caso
 Controlo ao 7º dia, se sintomático

 Aconselhamento HIV/ITS
 Se possível, testar para HIV e sífilis
 Oferta de preservativos

39
ÚLCERA GENITAL NO HOMEM E NA MULHER

NOTAS EXPLICATIVAS
PACIENTE COM QUEIXA DE ÚLCERA GENITAL OU VESÍCULAS
Este é o quadro de entrada do algoritmo. Nele estão referidas as principais queixas
do paciente ao apresentar-se à consulta.

HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO


Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente,
interrogando-o sobre:
 A data do início dos sintomas
 Como evoluíram os sintomas
 História anterior de sintomas semelhantes
 A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais, parceiro com sintomas semelhantes)
 Tratamentos já efectuados
 Antecedentes de ITS
 O exame físico sempre deve incluir:
 Inspecção da superfície cutânea
 Exame da boca e da garganta
 Procura de linfadenopatia na região cervical, axilar e inguinal
 No homem: com o prepúcio retraído verificar a presença de úlcera ou de
outros sinais de infecção. Inspeccionar períneo e ânus;
 Na mulher: examinar a genitália externa, afastar os lábios vaginais, visualizar o
intróito vaginal, examinar a vagina. Exame com espéculo: examinar o fundo de
saco vaginal e colo uterino. Inspeccionar períneo e anus;
 Observar a existência de outras lesões.

VESÍCULA GENITAL AO EXAME


Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar a possibilidade da
ulceração ou ulcerações serem decorrentes de Herpes Genital. A presença ou
história de vesículas agrupadas “em cacho” sobre base eritematosa, cujo
aparecimento foi precedido de dor, ou ardor ou comichões, especialmente com
história de recorrência das lesões, é suficiente para o diagnóstico.

TRATAR HERPES GENITAL


Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.

HERPES GENITAL Deve-se iniciar o tratamento o mais


Aciclovir
precocemente possível.
400 mg via oral
3xdia/7 dias

40
EVIDÊNCIA DE ÚLCERA GENITAL AO EXAME
Este quadro de decisão mostra a necessidade de se confirmar a presença de
ulcerações pela inspecção da região genital. Lembrar que o aspecto das lesões pode
ser alterado em presença de infecção pelo HIV

TRATAR SÍFILIS E CANCRÓIDE


Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas

SÍFILIS CANCRÓIDE
Penicilina Benzatínica Azitromicina
2,4 milhões IM + 1g via oral
Dose Única Dose Única

INFECÇÃO PELO HIV E GESTANTES NO ÚLTIMO MÊS DE


GRAVIDEZ
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.

HERPES GENITAL PENICILINA CANCRÓIDE


Aciclovir BENZATÍNICA Azitromicina
400 mg via oral
3xdia/7 dias
+ 2,4 milhões + 1g via oral
Dose úú Dose Única

As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina, devem ser


dessensibilizadas. Na impossibilidade, deve ser administrado Eritromicina nas doses:
500mg VO 4 x dia por 4 semanas

41
ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, ADESÃO AO
TRATAMENTO, DISTRIBUIÇÃO PRESERVATIVO, NOTIFICAÇÃO DO
CASO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS, RETORNO

Neste quadro de acção é importante:

 Considerar a associação entre as diferentes ITS especialmente o HIV.


Aconselhar o paciente e oferecer-lhe a realização do teste para o HIV e sífilis
sempre que for possível;
 Registar e notificar o caso;
 Oferecer preservativos ao paciente orientando e demonstrando o uso.
 Instruir o paciente para interromper as relações sexuais até o término do
tratamento.
 Encorajar o paciente após a cura a usar preservativo em todas as relações
sexuais ou adoptar outras formas de sexo mais seguro.
 Encorajar o paciente a comunicar a todos os parceiros sexuais dos últimos
três meses para que possam ser atendidos e tratados. Esta actividade é
fundamental para se romper a cadeia de transmissão e para evitar que o
paciente se reinfecte:
 Marcar o retorno para controle de cura em 7 dias e conhecimento dos
resultados dos exames solicitados.
 Tratar outra ITS diagnosticada de acordo com o algoritmo específico.
 Explicar a possibilidade de recidivas em casos de Herpes Genital.
 Descrever os sinais precoces de lesões recorrentes, tais como dor ou
coceira intensa seguida de bolhas.
 Explicar a importância de retornar a Unidade Sanitária logo aos primeiros
sinais de lesão recorrente, pois quanto mais cedo o tratamento, mais efectivo
o resultado.
 Instruir o paciente a evitar contacto sexual durante a erupção para reduzir o
risco de transmissão do herpes ao(s) parceiros(as).

42
CORRIMENTO VAGINAL

Queixa de corrimento vaginal

História clínica e exame físico

Queixa de dor Sim Usar algoritmo de


no baixo ventre? dor no baixo ventre

Não
Exame com Não Exame externo para
espéculo possível? identificar outras ITS

Queixa de Não
prurido vaginal?

Sim
Sim
Tratamento para
1. Gonorréia
2. Clamídia
3. Vaginose Bacteriana/tricomoníase
4. Candidíase

Corrimento amarelo?
Tratamento para
Ou corrimento com Sim 1. Gonorréia
cheiro anormal?
2. Clamídia
Ou corrimento cervical
3. Vaginose Bacteriana/tricomoníase
mucopurulento?

Não
Queixa de Não Tratamento para
prurido vaginal? 1. Vaginose Bacteriana/tricomoníase
Sim

Tratamento para
1. Vaginose Bacteriana/tricomoníase
2. Candidíase

 Aconselhamento HIV/ITS ● Se possível, testar para HIV e sífilis


 Oferta de preservativo ● Notificação do caso
 Convocação do parceiro ● Controlo ao 7º dia, se sintomático

43
CORRIMENTO VAGINAL

NOTAS EXPLICATIVAS

PACIENTE COM QUEIXA DE CORRIMENTO VAGINAL


Este é o quadro de entrada do algoritmo. Nele estão referidas as principais queixas
do paciente ao apresentar-se à consulta.

HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO


Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente,
interrogando-o sobre:
 A data do início dos sintomas
 Como evoluíram os sintomas
 A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais, parceiro com corrimento)
 Tratamentos já efectuados
 Antecedentes de ITS

Exame físico sempre deve incluir:


 Inspecção da superfície cutânea
 Exame da boca e da garganta
 Procura de linfadenopatia na região cervical, axilar e inguinal
 Examinar a genitália externa, afastar os lábios vaginais, visualizar o intróito
vaginal, examinar a vagina. Inspeccionar períneo e ânus
 Observar a existência de outras lesões.

QUEIXA DE DOR NO BAIXO VENTRE


Se a paciente referir dor no baixo ventre seguir o algoritmo específico.

EXAME ESPECULAR POSSÍVEL


Introduzir o espéculo para examinar a vagina, suas paredes, fundo de saco e colo
uterino. Observar se há corrimento amarelado, ou com cheiro anormal ou
corrimento cervical mucopurulento. Na presença de uma das características acima
tratar como Gonorréia, Clamídia e Vaginose Bacteriana/Tricomoníase
Em seguida realizar o exame pélvico bimanual pesquisando hipersensibilidade do
fundo de saco, dor à mobilização do colo ou anexos e a presença de massas ou
colecções.

44
TRATAR GONORRÉIA, CLAMÍDIA E VAGINOSE BACTERIANA/
TRICOMONÍASE

Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.

GONORRÉIA CLAMÍDIA VAGINOSE BACTERIANA/


Ciprofloxacina Azitromicina TRICOMONÍASE
500 mg via oral
Dose Única
+ 1g via oral
Dose Única
+ Metronidazol
2g Via oral
Dose Única

NÃO É POSSIVEL EXAME ESPECULAR


Em caso de não haver possibilidade de exame com espéculo, proceder a inspecção
da genitália externa e fazer o exame bimanual.

QUEIXA DE PRURIDO VAGINAL SEM EXAME ESPECULAR


Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas

GONORRÉIA CLAMIDIA VAGINOSE CANDIDIASE


Ciprofloxacina Azitromicina BACTERIANA/ Clotrimazol
500 mg via oral + 1 g via oral + TRICOMONIASE
Metronidazol
+ 500 mg via vaginal
Dose Única Dose Única Dose Única
2 g via oral
Dose Única

CORRIMENTO AMARELO OU COM CHEIRO ANORMAL OU


CORRIMENTO CERVICAL MUCOPURULENTO
Neste quadro deve-se confirmar a existência de corrimento com uma das seguintes
características, realizando o exame especular:
Corrimento amarelo,
ou com cheiro anormal
ou corrimento cervical mucopurulento

TRATAR GONORRÉIA, CLAMÍDIA E VAGINOSE BACTERIANA/


TRICOMONIASE
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.

GONORRÉIA CLAMIDIA VAGINOSE


Ciprofloxacina Azitromicina BACTERIANA.
500 mg via oral + 1 g via oral + TRICOMONIASE
Metronidazol
Dose Única Dose Única
2 g via oral
Dose Única

45
EXAME ESPECULAR SEM CORRIMENTO AMARELO OU CHEIRO
ANORMAL OU CORRIMENTO CERVICAL MUCOPURULENTO COM
QUEIXA DE PRURIDO VAGINAL
Este quadro de decisão indica que há queixa de prurido vaginal mas não foi
confirmado corrimento com as características descritas acima, após a realização do
exame especular.
TRATAR VAGINOSE BACTERIANA/TRICOMONÍASE E CANDIDÍASE
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.

GONORRÉIA CLAMIDIA VAGINOSE


Ciprofloxacina Azitromicina BACTERIANA.
500 mg via oral + 1 g via oral + TRICOMONIASE
Metronidazol
Dose Única Dose Única
2 g via oral
Dose Única

EXAME ESPECULAR SEM CORRIMENTO AMARELO OU CHEIRO


ANORMAL OU CORRIMENTO CERVICAL MUCOPURULENTO COM
QUEIXA DE PRURIDO VAGINAL
Este quadro de decisão indica que há queixa de prurido vaginal mas não foi
confirmado corrimento com as características descritas acima, após a realização do
exame especular.

TRATAR VAGINOSE BACTERIANA/TRICOMONÍASE E CANDIDÍASE


Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.

VAGINOSE CANDIDIASE
BACTERIANA/ Clotrimazol
TRICOMONIASE
Metronidazol
+ 500 mg via vaginal
Dose Única
2 g via oral
Dose Única

AUSÊNCIA DE CORRIMENTO COM AS CARACTERÍSTICAS ACIMA E


SEM QUEIXA DE PRURIDO
O exame especular confirmou a presença de corrimento porém este não é
amarelado ou com cheiro anormal ou corrimento cervical mucopurulento. Não há
queixa de prurido genital.

TRATAR VAGINOSE BACTERIANA/TRICOMONÍASE


Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.
VAGINOSE BACTERIANA
/TRICOMONIASE
Metronidazol
2 g via oral
Dose Única

46
ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, ADESÃO AO
TRATAMENTO, DISTRIBUIÇÃO PRESERVATIVO, NOTIFICAÇÃO DO
CASO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS, RETORNO

Neste quadro de acção é importante:

 Considerar a associação entre as diferentes ITS especialmente o HIV.


Aconselhar o paciente e oferecer-lhe a realização do teste para o HIV e sífilis
sempre que for possível
 Registar e notificar o caso
 Oferecer preservativos ao paciente orientando e demonstrando o uso.
 Instruir o paciente para interromper as relações sexuais até o término do
tratamento
 Encorajar o paciente após a cura a usar preservativo em todas as relações
sexuais ou adoptar outras formas de sexo mais seguro
 Encorajar o paciente a comunicar a todas os parceiros sexuais dos últimos
três meses para que possam ser atendidos e tratados. Esta actividade é
fundamental para se romper a cadeia de transmissão e para evitar que o
paciente se reinfecte
 Marcar o retorno para controle de cura em 7 dias, se necessário, e/ou para
conhecimento dos resultados dos exames solicitados
 Tratar outra ITS diagnosticada de acordo com o algoritmo específico.

EM CASO DE PERSISTÊNCIA DOS SINTOMAS


No retorno, em caso de persistência das queixas ou recidiva, investigar:
 Se o diagnóstico foi correcto
 Se usou correctamente a medicação
 Se o parceiro foi tratado
 Não teve novo parceiro sexual

Se alguma das respostas for NÃO, repetir o tratamento


Se todas as respostas forem SIM, é possível que o paciente esteja infectado com
gonorréia resistente ao tratamento. Sendo assim, tratar com o medicamento abaixo,
na dose indicada.

GONORRÉIA (resistente)
Cefixime
400 mg via oral
Dose Única

GESTANTES
Tratar Gonorréia em mulheres grávidas utilizando o medicamento abaixo nas doses
recomendadas. O metronidazol pode ser usado em qualquer idade gestacional.

GONORRÉIA (Grávidas)
Cefixime
400 mg via oral
Dose Única

47
DOR NO BAIXO VENTRE

Queixa de dor no baixo ventre

Urgência cirúrgica?
Ou hemorragia vaginal?
Ou gravidez?
Referir para serviço
Ou atraso menstrual?
Sim de urgência com
Ou dor ao toque abdominal?
atendimento cirúrgico
Ou aborto recente?
e/ou ginecológico
Ou massa pélvica?
Ou exame com espéculo
impossível?

Não

Efectuar exame com espéculo

Corrimento amarelo?
Ou corrimento com cheiro Não
anormal?
Ou dor anexial?
Ou dor ao toque cervical?

Sim

Tratamento para Gonorréia, Clamídia e Agentes Anaeróbios


1. Kanamicina 2g IM Dose Única
2. Doxiciclina 100mg VO 2 x dia/14 dias
3. Metronidazol 500mg VO 2 x dia/14 dias

 Aconselhamento HIV/ITS
 Testar para HIV e sífilis, se possível
 Oferta de preservativo
 Convocação do parceiro
 Notificação do caso
 Controlo no 3º dia, se sintomático
 Aciclovir 400mg VO 3 x dia/7 dias

48
DOR NO BAIXO VENTRE

NOTAS EXPLICATIVAS
PACIENTE COM QUEIXA DE DOR NO BAIXO VENTRE
Este é o quadro de entrada do algoritmo. Nele estão referidas as principais queixas
do paciente ao apresentar-se à consulta. Mulheres sexualmente activas que
apresentam queixa de dor no baixo ventre devem ser avaliadas para o diagnóstico de
DIP – Doença Inflamatória Pélvica.

HISTÓRIA CLÍNICA
Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente com
a finalidade de afastar outras doenças que necessitam de abordagem específica em
serviços de referência, interrogando-a sobre:

 Urgência cirúrgica?
 Ou hemorragia vaginal?
 Ou gravidez?
 Ou atraso no período menstrual?
 Ou dor ao toque abdominal?
 Ou aborto recente?
 Ou massa pélvica?
 Ou exame com espéculo impossível?

Uma resposta positiva a qualquer uma dessas questões determina o encaminhamento


da paciente para um serviço de urgência com atendimento cirúrgico e/ou
ginecológico.

EXAME FÍSICO
Examinar a genitália externa e região anal, separar os lábios vaginais e visualizar o
intróito vaginal. Introduzir o espéculo para examinar a vagina, suas paredes, fundo de
saco e colo uterino. Em seguida realizar o exame pélvico bimanual. Ao toque vaginal,
pesquise hipersensibilidade do fundo de saco, dor a mobilização do colo ou anexos, e
a presença de massas ou colecções.

Observar a existência de outras lesões e usar o algoritmo específico.

CORRIMENTO AMARELO? OU
CORRIMENTO COM CHEIRO ANORMAL? OU
DOR ANEXIAL? OU
DOR AO TOQUE CERVICAL?

Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar a possibilidade de


corrimento com uma das características descritas acima e dor referida durante o
exame bimanual decorrente de Doença Inflamatória Pélvica.

49
TRATAR GONORRÉIA, CLAMÍDIA E ANAERÓBIOS
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas. Deve-se iniciar o tratamento o mais precocemente possível.

GONORRÉIA CLAMÍDIA ANAERÓBIOS


Kanamicina
2 g IM
+ Doxiciclina
100 mg Via Oral
+ Metronidazol
500 mg Via Oral
Dose Única 2xdia/14 dias 2xdia/14 dias

ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, ADESÃO AO


TRATAMENTO, OFERTA PRESERVATIVO, NOTIFICAÇÃO DO CASO,
CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS, RETORNO

Neste quadro de acção é importante:


 Considerar a associação entre as diferentes ITS especialmente o HIV.
Aconselhar o paciente e oferecer-lhe a realização do teste para o HIV e sífilis
sempre que for possível
 Registar e notificar o caso
 Oferecer preservativos ao paciente orientando e demonstrando o uso
 Instruir o paciente a interromper as relações sexuais até o término do
tratamento
 Encorajar o paciente após a cura a usar preservativo em todas as relações
sexuais ou adoptar outras formas de sexo mais seguro
 Encorajar o paciente a comunicar a todas os parceiros sexuais dos últimos
três meses para que possam ser atendidos e tratados. Esta actividade é
fundamental para se romper a cadeia de transmissão e para evitar que o
paciente se reinfecte
 Marcar o retorno para controle de cura em 3 dias e conhecimento dos
resultados dos exames solicitados
 Tratar outra ITS diagnosticada de acordo com o algoritmo especifico.

EM CASO DE PERSISTÊNCIA DOS SINTOMAS


No retorno, se os sintomas piorarem, a paciente deve ser hospitalizada para
observação e tratamento. Também, em caso de persistência das queixas ou recidiva,
investigar:

 Se o diagnóstico foi correcto


 Se usou correctamente a medicação
 Se o parceiro foi tratado
 Não teve novo parceiro sexual.

Se todas as respostas forem SIM, referir o paciente.


Se alguma das respostas for NÃO, repetir o tratamento.

50
VIOLAÇÃO SEXUAL E ITS

Queixa de violação sexual

Historia Clínica e exame físico

Não Orientação
Evidencia de penetração?

Sim
Não Sim
Ocorrência há menos de 72 h? Suspeita Gravidez**?

Sim

Serologia para HIV e Sífilis • Solicitar BetaHCG* (Teste de Gravidez)


Colecta de secreções vaginais • Apoiar a paciente na sua decisão de
manter ou interromper a gravidez

Profilaxia de ITS - Observação directa da toma de medicamentos * Se disponível


1. Penicilina benzatínica 2.4milhões UI IM Dose Única
2. Ciprofloxacina 500mg VO Dose Única ** Se já houver
3. Metronidazol 2g VO Dose Única menstruado
4. Azitromicina 1g VO Dose Única *** Só em jejum.
1h antes ou 2h
depois refeição
Quimioprofilaxia do HIV por 1 mês
1. Zidovudina 300mg +
Lamivudina150mg 1cp de 12/12 h
2. Indinavir 400mg 2cp de 8/8h***
• Encaminhar para providências legais
• Encaminhar para apoio psicológico
Contracepção de emergência • Vacina Hepatite B (1 e 6 meses)
1. Microgynon 4comp 2 x dia/1 dia • Reavaliar em 3 meses (Exame
ou ginecológico, Serologia HIV e sífilis)
2. Lo-feminal 4comp 2 x dia/1 dia

Profilaxia Hepatite B
1. Vacina hepatite B (Engerix B) 1 dose IM adulto*

51
VIOLAÇÃO SEXUAL E ITS

NOTAS EXPLICATIVAS
QUEIXA DE VIOLAÇÃO SEXUAL
Neste quadro de entrada do algoritmo está descrita a principal queixa do paciente
ao apresentar-se à consulta. Define-se como estupro o acto de constranger a mulher
de qualquer idade ou condição à conjunção carnal, por meio de violência ou grave
ameaça. Do ponto de vista jurídico é crime previsto no artigo 393 do Código Penal.
O estupro deve ser diferenciado do atentado violento ao pudor, que consiste em
constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a praticar ou permitir que
se pratique acto libidinoso diverso da conjunção carnal.

 Abuso sexual inclui todas as formas de coerção sexual (emocional, física e


económica) contra um indivíduo. Pode ou não incluir violação. Todo o tipo de
contacto sexual não voluntário é considerado abuso.
 Violação é definida como o uso de coerção física ou emocional, ou assustar
para coagir, com vista a penetrar a criança, adolescente, ou adulto
vaginalmente, oralmente ou analmente, contra a sua vontade.

O atendimento às vítimas de abuso sexual deve ser imediato e deve considerar os


aspectos médicos, jurídicos e psicológicos que a condição envolve. Deve-se proceder
a documentação e tratamento do trauma físico, das DST, HIV/SIDA, avaliação do
risco de gravidez, colheita de exames de interesse forense e intervenção sobre o
processo de crise.

HISTÓRIA E EXAME FÍSICO

Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente
interrogando-o sobre:
 A data e a hora aproximada da agressão
 A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais)
 Antecedentes de ITS
 Data da última menstruação
 Avaliar a possibilidade de gravidez prévia

O exame físico sempre deve incluir:

 Inspecção da região genital: examinar a genitália externa, afastar os lábios


vaginais, visualizar o intróito vaginal, examinar a vagina. Avaliar sinais de
penetração e a extensão das lesões. Inspeccionar períneo e ânus

52
EVIDÊNCIA DE PENETRAÇÃO
Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar sinais de penetração
vaginal e/ou anal.

OCORRÊNCIA HA MENOS DE 72 HORAS


Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar o tempo decorrido
desde a agressão. Se a agressão ocorreu a mais de 72 horas deve-se investigar a
possibilidade da paciente estar em risco de gravidez e apoiá-la na sua decisão de
manter ou interromper a gravidez.

COLECTA DE SECREÇÕES VAGINAIS, SEROLOGIA PARA HIV E


SÍFILIS

Este quadro de acção indica que a colheita de material deverá ser feita
imediatamente na 1ª observação. Deve-se realizar exame vaginal com espéculo e
com uma zaragatoa colher as secreções vaginais. Colocar a zaragatoa em frasco
contendo soro fisiológico, para posterior envio ao laboratório de análises clínicas
para pesquisa de ITS, se houver disponibilidade laboratorial. A colheita e
armazenamento do material biológico do conteúdo vaginal também devem ser
realizados para a pesquisa de espermatozóides. Deve-se fazer teste rápido de HIV e
teste para sífilis.

PROFILAXIA DE ITS
Este quadro de acção indica que devem ser utilizados os medicamentos nas doses
recomendadas. (Não esperar os resultados dos exames laboratoriais colhidos para
iniciar o uso dos medicamentos abaixo). Deve-se fazer a observação directa da toma
de medicamentos.

1. Penicilina benzatínica 2.4milhões UI IM Dose Única


2. Ciprofloxacina 500mg VO Dose Única
3. Metronidazol 2g VO Dose Única
4. Azitromicina 1g VO Dose Única

QUIMIOPROFILAXIA DO HIV
Este quadro de acção indica que devem ser utilizados os medicamentos nas doses
recomendadas durante 1 mês. Indinavir deve ser tomado em jejum ou 1 hora antes
ou 2 h depois da refeição

Durante 1 mês
1. Zidovudina 300mg + Lamivudina150mg de 12/12 h
2. Indinavir 400mg de 8/8 h

53
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

Este quadro de acção indica que devem ser utilizados os medicamentos nas doses
recomendadas, escolhendo-se um dos dois. A contracepção de emergência só deve
ser realizada em mulheres após a menarca (aquelas que já ficaram menstruadas)

1. Microgenon 4comp 2 x dia/1 dia


ou
2. Lo-feminal 4 comp 2 x dia/1 dia

PROFILAXIA DA HEPATITE B

Este quadro de acção indica que deve ser aplicada a primeira dose da vacina de
Hepatite B. Se houver disponibilidade de Imunoglobulina Hiperimune, esta deve ser
aplicada (HBIG 0,06-0,08 mg/Kg IM)

1. Vacina hepatite B (Engerix B) 1 dose IM adulto

ENCAMINHAR PARA PROVIDÊNCIAS LEGAIS


ENCAMINHAR PARA APOIO PSICOLÓGICO
RETORNO PARA REAVALIAÇÃO EM 3 MESES

Este quadro de acção indica que após o atendimento imediato da vítima, deve-se
proceder aos encaminhamentos legais decorrentes do crime conforme previsto no
código penal. Lembrar que o trauma emocional do abuso sexual resulta da violência
em si e também do medo de gravidez ou de ter adquirido uma ITS, inclusive o HIV.
A reacção imediata é de medo persistente, perda de auto-estima e dificuldade de
relacionamento. Os efeitos psicológicos crónicos do abuso sexual enquadram-se no
distúrbio de stress pós-traumático.

Após três meses da agressão a paciente deverá retornar para novo exame
ginecológico completo e realização dos testes de HIV e sífilis. No retorno, deve-se
tratar a ITS diagnosticada, se for o caso, de acordo com o algoritmo específico.

54
SIFILIS CONGÉNITA

Mãe RPR positivo na gravidez


Suspeita clínica de sífilis congénita
 Pais RPR positivos
 Raio X alterações de ossos longos
 Criança com RPR positivo
 Hepatoesplenomegalia
 Pseudo paralisia dos membros
 Anemia
 Rinite sifilítica
 Rágades
Mãe foi tratada adequadamente?
 Penicilina benzatínica 2,4
milhões UI x 3 doses E
 Tratamento realizado até 30
Não
dias antes do parto E
 Parceiro sexual tratado
adequadamente E
 Nenhum novo parceiro sexual

Tratar com:
Sim Penicilina cristalina50 mil
Não UI/Kg/dose IV 2 x dia/10 dias
Exame da criança OU
é normal? ** Penicilina G Procaína 50 mil
UI/Kg/dose IM 1 x dia/10 dias
Sim Referir se não puder internar
Controle depois de 6 meses
Tratar a criança com * A mãe precisa ter recebido
Penicilina benzatínica 50 mil UI/Kg IM apenas 1 dose de penicilina para
Dose Única ser considerada tratada
adequadamente para úlcera
Controle de RPR em 6 meses genital (sífilis primária)

** Somente usar em crianças com


mais de 1 mês de vida

RPR positivo aos 6 Não


Acompanhamento
meses de idade?

Sim
Tratar com:
Penicilina Benzatínica 50 mil UI/Kg IM Dose Única
Controle de RPR em 6 meses (se positivo, referir)

55
SÍFILIS CONGÉNITA

NOTAS EXPLICATIVAS
MÃE RPR POSITIVO NA GRAVIDEZ OU
SUSPEITA CLÍNICA DE SÍFILIS CONGENITA

São duas entradas neste algoritmo: Mãe com exame de RPR positivo durante a
gravidez ou criança com suspeita clínica de sífilis congénita.

MÃE FOI TRATADA ADEQUADAMENTE

Este quadro de decisão indica que é necessário fazer a história clínica da mãe
durante a gestação interrogando-a sobre:

 Tratamento realizado com penicilina benzatínica 2,4 milhões UI em três


doses.
 OBS: A mãe tratada por úlcera genital (sífilis primária) na gravidez só
necessita receber uma dose de penicilina benzatínica 2,4 milhões UI para ser
considerada como tratada adequadamente.
 Tratamento realizado até 30 dias antes do parto
 Parceiro sexual também tratado com três doses de Penicilina benzatínica
 Nenhum novo parceiro sexual

Se alguma das respostas for Não – tratar a criança com penicilina cristalina 50 mil
UI/Kg peso/dose IV 2 x dia por 10 dias ou se a criança tiver mais de 1 mês de vida:
Penicilina G procaína 50 mil UI/Kg/dose IM 1 x dia durante 10 dias.
Se não for possível o internamento referir a criança.
Se todas as respostas forem SIM – seguir o algoritmo.

EXAME DA CRIANÇA É NORMAL

Este quadro de decisão indica que é necessário realizar cuidadoso exame físico da
criança procurando evidenciar os seguintes sinais ou sintomas:
 Baixo peso, prematuridade, renite sanguinolenta, coriza ou obstrução nasal,
osteocondrite, periostite ou osteíte, choro ao manuseio, hepatomegalia,
esplenomegalia, alterações respiratórias/pneumonia, icterícia, anemia severa,
hidropsia, edema, pseudoparalisia dos membros, fissura peribucal, condiloma
plano, penfigo palmo-plantar e outras lesões cutâneas.

TRATAR COM PENICILINA BENZATÍNICA


Este quadro de acção indica que na ausência de sinais ou sintomas sugestivos de sífilis
congénita deve-se usar Penicilina Benzatínica 50 mil UI/Kg x 1 Intra Muscular.

RPR POSITIVO AOS 6 MESES DE IDADE


Este quadro de decisão indica que é necessário fazer o controle do RPR aos seis
meses de idade. Se este exame for positivo deve-se refazer o tratamento com
Penicilina Benzatínica 50 mil UI/Kg x 1 Intra Muscular e fazer controle de RPR em 6
meses. Se positivo, referir.

56
CRIANÇA COM SUSPEITA CLÍNICA DE SÍFILIS CONGÉNITA

Este é o segundo quadro de entrada neste algoritmo. Nele são referidas as principais
condições da criança ao apresentar-se à consulta. A presença de algumas dessas
alterações indica que a criança deve ser tratada como sífilis congénita.

TRATAR COM PENICILINA CRISTALINA

Este quadro de acção indica que na presença de uma das alterações descritas deve-se
usar Penicilina Cristalina 50 mil UI/Kg/dose IV 2 x dia por 10 dias. Em crianças com
mais de 1 mês de vida, em vez de Penicilina Cristalina pode-se tratar com Penicilina
G Procaína 50 mil UI/Kg/dose IM 1 x dia por 10 dias. Fazer controle em 6 meses.
Referir se não puder internar

57
OFTALMIA NEONATAL

Queixa de edema ou secreção ocular

História clínica
e exame físico

Inchaço ou Não
Controle, se necessário
secreção ocular?

Sim
Tratar a criança com:
1. Kanamicina 25 mg/Kg IM Dose Única
2. Tetraciclina pomada oftálmica 3 x dia
3. Eritromicina suspensão VO 50mg/Kg divididos em 4 doses/dia por 14 dias

Tratar pais como Gonorréia e Clamídia


1. ciprofloxacina 500mg VO Dose Única
2. Azitromicina 1g VO Dose Única

 Notificar o caso
 Aconselhamento ITS/HIV
 Controle em 3 dias

Houve melhoria Não


da criança após Referir
3 dias?

Sim
Continuar o tratamento para Clamídia
(completar 14 dias)

58
OFTALMIA NEONATAL

NOTAS EXPLICATIVAS
QEIXA DE EDEMA OU SECRECAO OCULAR

Neste quadro de entrada do algoritmo está descrita a principal queixa da mãe em


relação ao recém-nascido, no primeiro mês de vida, usualmente contraída durante o
nascimento, a partir do contacto com secreções genitais maternas contaminadas. A
oftalmia neonatal pode levar a cegueira.

HISTÓRIA E EXAME FÍSICO

Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente
interrogando a mãe sobre:
 Início do aparecimento dos sintomas
 Como evoluíram os sintomas
 Tratamentos já efectuados
 Antecedentes de ITS na mãe e no pai

Os achados objectivos do exame físico incluem:


 Secreção ocular que pode ser purulenta
 Eritema e edema da conjuntiva
 Edema e eritema das pálpebras

INCHAÇO OU SECREÇÃO OCULAR


Este quadro de acção mostra a necessidade de se investigar a possibilidade de
oftalmia neonatal por Gonorréia e/ou Clamídia

TRATAR A CRIANÇA PARA GONORREIA E CLAMÍDIA


Este quadro de acção indica que deve-se utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas para o recém-nascido. A conjuntivite pode ser um sinal de uma
infecção neonatal generalizada.

GONORREIA E CLAMÍDIA (criança)


1. Kanamicina – 25 mg/Kg peso IM. Dose Única
2. Tetraciclina pomada oftálmica 3xdia
3. Eritromicina Susp. – 50 mg/Kg peso, divididos em 4 doses/dia por 14 dias
VO
Deve-se iniciar o tratamento o mais precocemente possível

59
TRATAR OS PAIS COMO GONORREIA E CLAMÍDIA
Este quadro de acção indica que deve-se utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas para os pais

GONORREIA CLAMÍDIA
Ciprofloxacina Azitromicina
500 mg via oral + 1 g via oral
Dose Única Dose Única

CONTROLE EM TRÊS DIAS, ACONSELHAMENTO PARA HIV/ITS

Neste quadro de acção é importante:

 Marcar retorno do recém-nascido para acompanhamento em três dias


 Considerar a associação entre as diferentes ITS especialmente o HIV.
Aconselhar a mãe e oferecer-lhe a possibilidade de realizar o teste para o
HIV e sífilis, sempre que for possível.
 Registar e notificar o caso

HOUVE MELHORIA
Este quadro de decisão indica que se houve melhoria do quadro clínico da criança, o
tratamento deve continuar até completar 14 dias.

PROFILAXIA DA OFTALMIA NEONATAL


A profilaxia ocular para o recém-nascido no período neonatal deve ser feita de
rotina, preferencialmente na primeira hora após o nascimento. Deve-se utilizar o
medicamento abaixo, na dose recomendada

PROFILAXIA DA OFTALMIA NEONATAL


1. Nitrato de prata/Argirol a 1% - aplicação única na primeira hora após o nascimento
ou
2. Tetraciclina pomada oftálmica – aplicação única na primeira hora após o nascimento

60
ESCROTO INCHADO

Queixa de dor ou edema no testículo


ou escroto

História e exame físico

História de trauma ou Sim URGÊNCIA.


início súbito da dor, ou Referir para avaliação
torção do testículo? cirúrgica imediatamente

Não
Evidência de inchaço Não Outra doença Não
ou dor no testículo ou genital?
escroto?

Sim
Sim Usar algoritmo
específico

Tratamento para Gonorreia e Clamídia


1. Ciprofloxacina 500 mg VO Dose Única
2. Azitromicina 1g VO Dose Única

•Repouso no leito
•Elevação dos testículos •Aconselhamento HIV/ITS
•Compressa fria •Oferta de preservativo
•Aconselhamento HIV/ITS
•Oferta de preservativo
•Convocação de parceiro
•Notificação do caso
•Retorno para controle no 3º dia

61
ESCROTO INCHADO

NOTAS EXPLICATIVAS

QUEIXA DE INCHAÇO OU DOR NO TESTÍCULO OU ESCROTO


Neste quadro de entrada do algoritmo está descrita a principal queixa do paciente
ao apresentar- se à consulta.

HISTÓRIA E EXAME FÍSICO

Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente
interrogando-o sobre:
 A data do início dos sintomas
 Como evoluíram os sintomas (aparecimento súbito ou gradual?)
 História de trauma testicular
 História de corrimento uretral
 A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais, parceira com corrimento vaginal)
 Tratamentos já efectuados
 Antecedentes de ITS

O exame físico sempre deve incluir:


 Inspecção da superfície cutânea
 Exame da boca e da garganta
 Procura de linfadenopatia na região cervical, axilar e inguinal
 Inspecção da região genital: com o prepúcio retraído verificar se há
corrimento proveniente do meato uretral. Se não houver corrimento
solicitar ao paciente que ordenhe a uretra, comprimindo o pénis da base à
glande
 Inspecção cuidadosa do escroto para verificar vermelhidão, edema, dor à
palpação e presença de tumoração. Os achados podem ser unilaterais.

HISTÓRIA DE TRAUMA RECENTE, DOR OU TORÇÃO TESTICULAR

Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar a possibilidade da


ocorrência de traumatismo ou torção testicular. A torção testicular deve ser
suspeitada quando ocorrer dor súbita. Estes casos são uma urgência cirúrgica e
devem ser referidos imediatamente.

EVIDÊNCIA DE INCHAÇO OU DOR NO TESTÍCULO OU ESCROTO

Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar a possibilidade de


síndroma de corrimento uretral actual, evidenciado pelo exame e inspecção do
meato uretral ou recente. A associação de corrimento uretral actual ou recente
deve ser sempre investigada, principalmente em homens com menos de 35 anos de
idade. Esta doença pode levar a infertilidade se não for tratada adequadamente.

62
TRATAR GONORREIA E CLAMÍDIA
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas

GONORREIA CLAMÍDIA
Ciprofloxacina Azitromicina
500 mg via oral
Dose Única
+ 1 g via oral
Dose Única

REPOUSO, ELEVAÇÃO TESTICULAR, COMPRESSA FRIA,


ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, OFERTA DE
PRESERVATIVO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS

Neste quadro de acção é importante:

 Recomendar que o paciente mantenha repouso no leito com elevação dos


testículos
 Colocar compressa fria
 Considerar a associação entre as diferentes ITS, especialmente o HIV.
 Aconselhar o paciente e oferecer-lhe a realização do teste para o HIV e sífilis,
sempre que for possível.
 Registar e notificar o caso
 Oferecer preservativos ao paciente orientando e demonstrando o uso
 Instruir o paciente a interromper as relações sexuais ate o desaparecimento
dos sintomas e finalização do tratamento
 Encorajar o paciente após a cura a usar preservativo em todas as relações
sexuais ou adoptar outras formas de sexo mais seguro
 Encorajar o paciente a comunicar a todas as suas parceiras sexuais dos
últimos dois meses para que possam ser atendidas e tratadas. Esta actividade
é fundamental para se romper a cadeia de transmissão e para evitar que o
paciente se reinfecte.
 Marcar retorno para controle de cura em 3 dias e conhecimento dos
resultados dos exames solicitados. Considerar a necessidade de referenciar o
paciente em caso de piora dos sintomas
 Tratar outra ITS diagnosticada de acordo com o algoritmo específico.

63
BALANITE

Queixa de inchaço ou prurido no


prepúcio?

História e Exame
Físico

Retracção do Não Tratamento para Gonorreia e Clamídia


prepúcio? 1. Ciprofloxacina 500mg VO Dose Única
2. Azitromicina 1g VO Dose Única

Sim

Úlcera ou corrimento Sim Usar o algoritmo apropriado


ao exame?

Não

Tratamento para candidíase


Clotrimazol creme 1% - 2 x dia /7 dias
* Investigar Diabetes mellitus

•Aconselhamento HIV/ITS
•Oferta de preservativo
•Notificação do caso
•Convocação de parceira
* investigar Diabetes mellitus

64
BALANITE

NOTAS EXPLICATIVAS

QUEIXA DE INCHAÇO OU PRURIDO NO PREPÚCIO


Neste quadro de entrada do algoritmo está descrita a principal queixa do paciente
ao apresentar- se à consulta. Às vezes pode queixar-se de “membro inchado”.

HISTÓRIA E EXAME FÍSICO


Este quadro de acção indica que é necessário fazer a historia clínica do paciente
interrogando-o sobre:
 A data do início dos sintomas
 Como evoluíram os sintomas
 A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais)
 Tratamentos já efectuados
 Antecedentes de ITS

O exame físico sempre deve incluir:


 Inspecção da superfície cutânea
 Exame da boca e da garganta
 Procura de linfadenopatia na região do pescoço, axilar e inguinal
 Inspecção da região genital: com o prepúcio retraído verificar se há
vermelhidão da glande e do prepúcio, erosões e por vezes secreções brancas.
Deve-se distinguir essas secreções do corrimento proveniente do meato
uretral. A pele pode apresentar descamação e eritema. A má higiene é um
factor predisponente, especialmente nos homens não circuncisados

RETRACÇÃO DO PREPÚCIO
Este quadro de decisão mostra a necessidade de se realizar o exame com o prepúcio
retraído, com a finalidade de evidenciarmos outras lesões sugestivas de ITS. Se não
for possível fazer a retracção prepucial recomenda-se o tratamento para gonorréia e
Clamídia

TRATAR GONORREIA E CLAMÍDIA


Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas

GONORRÉIA CLAMÍDIA
Ciprofloxacina Azitromicina
500 mg via oral
Dose Única
+ 1 g via oral
Dose Única

PRESENÇA DE ÚLCERA OU CORRIMENTO URETRAL


Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar a possibilidade da
ocorrência de corrimento uretral ou úlcera genital. Nesses casos deve-se fazer o
tratamento de acordo com o algoritmo específico de cada uma das síndromes.

65
TRATAMENTO PARA CANDIDÍASE
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas, se não houver evidência de corrimento uretral ou úlcera.

CANDIDÍASE
Clotrimazol creme 1%
2 x dia por 7 dias

ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, OFERTA DE


PRESERVATIVO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS

Neste quadro de acção é importante:

 Considerar a associação entre as diferentes ITS, especialmente o HIV.


Aconselhar o paciente e oferecer-lhe a realização do teste para o HIV e sífilis,
sempre que for possível.
 Investigar história familiar e queixas sugestivas de Diabetes mellitus
 Registrar e notificar o caso;
 Oferecer preservativos ao paciente orientando e demonstrando o uso
 Instruir o paciente a interromper as relações sexuais até o desaparecimento
dos sintomas e finalização do tratamento;
 Encorajar o paciente após a cura a usar preservativo em todas as relações
sexuais ou adoptar outras formas de sexo mais seguro;
 Encorajar o paciente a comunicar a todas as suas parceiras sexuais do ultimo
mês para que possam ser atendidas e tratadas. Esta actividade é fundamental
para se romper a cadeia de transmissão e para evitar que o paciente se
reinfecte;
 Marcar retorno para controle de cura em 7 dias e conhecimento dos
resultados dos exames solicitados, inclusive o de Diabetes mellitus;
 Tratar outra ITS diagnosticada de acordo com o algoritmo específico.

66
BUBÃO (ADENOPATIA INGUINAL)

Queixa de inchaço ou
tumefacção na virilha

Usar algoritmo específico


História e Exame
Físico

Sim
Presença de Não Outra doença Não
Adenopatia inguinal? genital?

Sim
Não Tratamento para Linfogranuloma Venéreo e
Presença de úlcera Cancróide
ao exame? 1. Doxiciclina 100mg VO 2xdia/21 dias
2. Azitromicina 1g VO Dose Única
Sim Grávidas:
1. Eritromicina 500mg VO 4xdia/14 dias
•Os bubões flutuantes devem ser aspirados

Tratamento para Cancróide e Sífilis


1. Azitromicina 1g VO Dose Única
2. Penicilina Benzatínica 2,4 milhões IM

Tratamento para
Linfogranuloma venéro se
adenopatia persitir após 7 •Aconselhamento HIV/ITS
dias •Possibilidade de testagem HIV e sífilis
•Oferta de preservativos
•Notificação do caso
•Convocação de parceiros
•Controlo aos 7 dias se sintomático

67
BUBÃO/ADENOPATIA INGUINAL

NOTAS EXPLICATIVAS

QUEIXA DE INCHAÇO OU TUMEFACÇÃO NA VIRILHA


Neste quadro de entrada do algoritmo está descrita a principal queixa do paciente
ao se apresentar à consulta. A tumefacção pode ser uni ou bilateral.

HISTÓRIA E EXAME FÍSICO


Este quadro de acção indica que é necessário fazer a historia clínica do paciente
interrogando-o sobre:

 A data do inicio dos sintomas


 Como evoluíram os sintomas
 A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais)
 Tratamentos já efectuados
 Antecedentes de ITS, especialmente de ulceração genital, que pode ter
ocorrido em 1 a 6 semanas antes do bubão.

O exame físico sempre deve incluir:

 Inspecção da superfície cutânea;


 Exame da boca e da garganta;
 Procura de linfadenopatia na região do pescoço, axilar e inguinal;
 Inspecção da região genital: no homem, com o prepúcio retraído verificar se
há presença de úlcera genital. Na mulher, examinar a genitália externa, afastar
os lábios vaginais, visualizar o intróito vaginal, examinar a vagina. Exame com
espéculo: examinar o fundo de saco vaginal e colo uterino. Inspeccionar
períneo e ânus.

PRESENÇA DE ADENOPATIA INGUINAL


Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar a possibilidade da
ocorrência de tumefacção inguinal, uni ou bilateral. O comprometimento ganglionar
evolui com supuracção e fistulizacção por orifícios múltiplos, que correspondem a
linfonodos individualizados, parcialmente fundidos em uma grande massa. No início
pode ser indolor, mas na fase de flutuação é doloroso.

PRESENÇA DE ÚLCERA GENITAL


Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar a possibilidade da
ocorrência de ulcerações na região genital. Na ausência de úlcera após o exame
deve-se tratar para Linfogranuloma Venéreo e Cancróide. Se for evidenciada a
presença de Úlcera deve-se tratar para Cancróide e Sífilis

68
TRATAMENTO PARA LINFOGRANULOMA VENÉREO E CANCRÓIDE

Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas

LINFOGRANULOMA CANCRÓIDE
VENÉREO Azitromicina
Doxiciclina
100mg VO
+ 1g via oral
dose única
2xdia/21 dias

GESTANTES: deve-se utilizar os seguintes medicamento nas doses recomendadas


LINFOGRANULOMA CANCRÓIDE
VENÉREO Azitromicina
Eritromicina
500mg VO
+ 1g via oral
dose única
4xdia/21 dias

TRATAMENTO PARA CANCRÓIDE E SÍFILIS


Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas

SÍFILIS CANCRÓIDE
Penicilina Azitromicina
Benzatínica
2,4 milhões IM
+ 1g via oral
dose única
Dose Única

PERSISTÊNCIA DA ADENOPATIA APÓS 7 DIAS


Este quadro de acção indica que se for comprovada a persistência da adenopatia
após 7 dias de tratamento deve-se fazer o tratamento para Linfogranuloma Venéreo
com o medicamento abaixo nas doses recomendadas

LINFOGRANULOMA
VENÉREO
Doxicilina
100mg VO
2xdia/21 dias

OBS: os bubões flutuantes devem ser aspirados.

69
ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, OFERTA DE
PRESERVATIVO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS

Neste quadro de acção é importante:

 Considerar a associação entre as diferentes ITS, especialmente o HIV.


Aconselhar o paciente e oferecer-lhe a realização do teste para o HIV e sífilis,
sempre que for possível.
 Registar e notificar o caso;
 Oferecer preservativos ao paciente orientando e demonstrando o uso;
 Instruir o paciente a interromper as relações sexuais ate o desaparecimento
dos sintomas e finalização do tratamento;
 Encorajar o paciente após a cura a usar preservativo em todas as relações
sexuais ou adoptar outras formas de sexo mais seguro;
 Encorajar o paciente a comunicar a todas as suas parceiras sexuais do último
mês para que possam ser atendidas e tratadas. Esta actividade e fundamental
para se romper a cadeia de transmissão e para evitar que o paciente se
reinfecte;
 Marcar retorno para controle de cura em 7 dias e conhecimento dos
resultados dos exames solicitados;
 Tratar outra ITS diagnosticada de acordo com o algoritmo específico.

70
Capitulo 5
Abordagem Etiológica do
Paciente com ITS
INFECÇÕES GONOCÓCICAS

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

É um processo infeccioso e inflamatório causado pela bactéria Neisseria gonorrhoeae,


um diplococo Gram negativo intracelular que pode infectar diferentes superfícies
mucosas. Pode causar infecções localizadas ou disseminadas tanto no homem quanto
na mulher

 Infecções localizadas: uretra, endocervix e recto mais comummente, porém


também pode causar faringite, conjuntivite. Complicações locais no homem
incluem epididimite (Escroto Inchado), estenose uretral e prostatite. Na
mulher podem causar bartholinite e salpingite (DIP).
 Infecções disseminadas: embora menos frequentes podem causar artrites,
tipicamente atingindo pequenas e medias articulações, meningite gonocócica e
endocardite.

QUADRO CLÍNICO

No homem, a apresentação clínica mais frequente é a uretrite gonocócica. O


sintoma mais precoce é uma sensação de prurido uretral. Após 1 a 3 dias do
contacto sexual suspeito, o doente já se queixa de disúria, seguida por corrimento,
inicialmente mucoso que com o tempo vai se tornando mais abundante e purulento.
Em alguns pacientes pode haver febre e outras manifestações de infecção aguda.

Dentre as complicações da uretrite gonocócica destacam-se: balanopostite,


prostatite, epididimite, estenose uretral, artrite, meningite, faringite, pieolonefrite,
miocardite, pericardite, septicemia. A conjuntivite gonocócica em adultos não é um
quadro raro e ocorre basicamente por auto-inoculação.

71
Na mulher, a cervicite ou endocervicite gonocócica frequentemente é
assintomática. Podem ocorrer alguns sintomas genitais leves como corrimento
vaginal, dispareunia ou disúria. Mesmo assim, a mulher portadora poderá vir a
apresentar as complicações de uma cervicite gonocócica não tratada.
Ocasionalmente o ducto de Bartholin é atingido, seja inicialmente ou por
continuidade, levando a formação de abcesso agudo e doloroso. O colo uterino fica
habitualmente edemaciado, sangrando facilmente ao toque da espátula; as vezes é
possível visualizar a presença de muco ou pus no orifício externo do colo. Uma
cervicite prolongada, sem o tratamento adequado pode se estender ao endométrio e
as trompas, causando doença inflamatória pélvica (DIP) sendo suas principais
sequelas: esterilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crónica

A conjuntivite gonocócica, tanto neonatal como em adultos, é caracterizada por


edema palpebral e secreção purulenta profusa. O período de incubação é curto, em
torno de 1-4 dias e se não tratada pode provocar danos visuais severos incluindo
cegueira. A conjuntivite do recém-nascido ocorre mais frequentemente na primeira
semana de vida, usualmente contraída durante o seu nascimento, a partir do
contacto com secreções genitais maternas contaminadas.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O exame de amostras uretrais, colhidas por meio de zaragatoa, coradas pela


coloração Gram, constitui em excelente método diagnóstico para o homem. O
achado de Diplococos Gram negativos intracelulares típicos faz o diagnóstico em
homens. Em mulheres, o método ideal para o diagnóstico da cervicite gonocócica é a
cultura do gonococo em meio selectivo (Tayer-Martin), a partir de amostras
endocervicais. A coloração pelo Gram não é recomendada para o diagnóstico de
infecção cervical.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Deve ser realizado com os agentes e/ou processos causadores das uretrites não
gonocócicas.

TRATAMENTO
 Uretrite e Cervicite: Ciprofloxacina 500 mg via oral dose única.
ou
Cefixime 400 mg via oral dose única
ou
Kanamicina 1 g IM dose única

72
Observações:

1. Ciprofloxacina é contra-indicada na gravidez e não é recomendado o seu uso em


crianças e adolescentes.
2. Tratar sempre todas as parceiras de pacientes como uretrite gonocócica.
3. Deve-se considerar a existência de infecção associada por Clamydia trachomatis
ou Trichomonas vaginalis. Caso um desses ocorra deve-se utilizar o tratamento
indicado no capitulo anterior.

 Oftalmia neonatal: Ceftriaxone 50 mg/kg IM dose única

 DIP: ceftriaxone 250 mg IM dose única


ou
ciprofloxacina 500 mg oral 2 x dia por 14 dias

 Epididimite: Ciprofloxacina 500 mg via oral dose única


ou
Cefixime 400 mg via oral dose única
ou
Kanamicina 1g IM dose única

GRÁVIDAS

A infecção gonocócica na gestante poderá estar associada a um maior risco de


prematuridade, rotura prematura de membrana, perdas fetais, retardo de
crescimento intra-uterino e febre puerperal. No recém-nascido, a principal
manifestação clínica é a conjuntivite, podendo haver ainda septicemia, artrite,
abcessos de couro cabeludo, pneumonia, meningite, endocardite e estomatite.

 Tratamento: Cefixime 400 mg via oral em dose única.


 Profilaxia do recém-nascido: Solução de Nitrato de Prata a 1%
ou
Tetraciclina a 1% colírio

73
INFECÇÕES POR CLAMÍDIA

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

É um processo infeccioso e inflamatório causado pela bactéria Chlamydia trachomatis,


obrigatoriamente intracelular. É o agente mais comum da Uretrite não Gonocócica,
mas também causa o Tracoma, a conjuntivite por inclusão do recém-nascido e o
Linfogranuloma Venéreo. Na mulher pode ser causa de endocervicite e Doença
Inflamatória Pélvica (DIP)

QUADRO CLÍNICO

A uretrite caracteriza-se pela presença de corrimentos mucóides, discretos, com


disúria leve e intermitente. A uretrite subaguda é uma forma de apresentação
frequente, entretanto, em alguns casos, o quadro clínico pode simular clinicamente
os da infecção gonocócica. As uretrites causadas por C. Trachomatis podem evoluir
para estenose uretral, prostatite, epididimite, balanites, conjuntivites (por auto-
inoculação) e a Síndrome de Fiessinger-Leroy-Reiter caracterizada pela tríade
uretrite-conjuntivite-artrite. O período de incubação é maior do que o da gonorréia,
variando de 1 a 3 semanas, podendo ser ainda maior. É frequente a associação com a
infecção gonocócica.

A conjuntivite por clamídia pode acometer adultos e recém-nascidos. É bem


menos severa do que a gonocócica e o período de incubação varia de 5 a 14 dias. A
profilaxia ocular logo após o nascimento geralmente não é efectiva.

O Linfogranuloma Venéreo ou Bubão é uma doença de transmissão


exclusivamente sexual, caracterizada pela presença de bubão inguinal, com período
de incubação entre 3 e 30 dias. A doença evolui em três fases: lesão de inoculação,
disseminação linfática regional e sequelas.

Inicia-se por pápula, pústula ou ulceração indolor, que desaparece sem deixar
sequelas. Frequentemente não é notada pelo paciente e raramente é observada pelo
médico. Essa lesão pode ocorrer em diversas partes da genitália interna ou externa.
No homem a linfadenopatia inguinal desenvolve-se entre 1 a 6 semanas após a lesão
inicial sendo geralmente unilateral. Na mulher, a localização da adenopatia depende
do local de inoculação. O comprometimento ganglionar evolui com supuração e
fistulização por orifícios múltiplos que correspondem a linfonodos individualizados,
parcialmente fundidos em uma grande massa. Pode provocar sintomas gerais como
febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese nocturna e
meningismo.

Na mulher, a cervicite por clamídia frequentemente é assintomática, porém pode


haver secreção cervical muco-purulenta. Também pode progredir para salpingite,
DIP, infertilidade, gravidez ectópica e dor crónica no baixo ventre.
As sequelas mais graves são as decorrentes do acometimento do recto. A obstrução
linfática crónica leva a elefantíase genital. Podem ocorrer fístulas retais, vaginais,
vesicais e estenose rectal.

74
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico laboratorial é de alto custo e complexidade. Na maioria dos casos o


diagnóstico é feito com bases clínicas, não sendo rotineira a comprovação
laboratorial. O diagnóstico de linfogranuloma venéreo deve ser considerado em
todos os casos de adenite inguinal, elefantíase genital, estenose uretral ou retal. A
cultura e isolamento da clamídia é feito a partir do aspirado do linfonodo e de
material obtido da uretra ou endocérvix , porém é de baixa positividade.

TRATAMENTO

 Uretrite e cervicite: Azitromicina 1 g via oral dose única


ou
Doxiciclina 100 mg 2 x dia durante 7 dias, via oral

 Conjuntivite: Eritromicina xarope 50 mg/kg/dia divididos em 4 doses


por 14 dias.

 DIP: Doxiciclina 100 mg 2 x dia por 14 dias, via oral


ou
Ciprofloxacina 500 mg via oral 2 x dia por 14 dias

Epididimite: Azitromicina 1 g via oral dose única


ou
Doxiciclina 100 mg 2 x dia por 7 dias, via oral

Linfogranuloma venéreo: Doxiciclina100 mg 2 x dia por 21 dias, via


oral
os bubões que se tornarem flutuantes devem ser aspirados
com agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente.

GRÁVIDAS:

Azitromicina 1 g via oral dose única.


Profilaxia do recém-nascido: Solução de Nitrato de Prata a 1%
ou
Tetraciclina a 1% colírio

75
SÍFILIS ADQUIRIDA

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

A sífilis é uma doença infecciosa, sistémica, de evolução crónica, sujeita a surtos de


agudização e períodos de latência. É causada pelo Treponema pallidum, espiroqueta de
transmissão predominantemente sexual ou materno-fetal, podendo produzir a forma
adquirida ou congénita da doença, respectivamente. A forma adquirida pode ser
transmitida também por transfusão de sangue contaminado.

QUADRO CLÍNICO

A sífilis adquirida pode ser classificada de acordo com o tempo de evolução em


recente (menos de 1 ano) ou tardia. Sífilis recente compreende os estágios primário,
secundário e latente recente; e a sífilis adquirida tardia se refere aos estágios latente
tardio e terciário.

A sífilis primária caracteriza- se por úlcera de inoculação, geralmente única e pouco


dolorosa. As manifestações clínicas da sífilis secundária incluem manchas
eritematosas (roséolas), pápulas de coloração eritemato-acastanhada, lisas a princípio
e posteriormente escamosas conhecidas como sifílides papulosas, que se localizam na
superfície palmo-plantar e sugerem fortemente o diagnóstico de sífilis secundária;
placas nas mucosas; e lesões pápulo-hipertroficas, também chamadas de condiloma
plano.

No estágio de sífilis latente, seja ela recente ou tardia não há manifestações clínicas e
portanto o seu diagnóstico é feito por meio de testes serológicos. Uma infecção de
mais de dois anos de duração sem evidência clínica de lesões treponêmicas é
classificada como sífilis latente tardia. Sua duração é variável, e seu curso poderá ser
interrompido por sinais e sintomas da forma secundária ou terciária. A sífilis em seus
estágios recentes tem maior infectividade, porém responde melhor ao tratamento.
Após a resolução das lesões cutâneas primárias ou secundárias, alguns pacientes
experimentam recorrência cutânea. As lesões surgem em menor número, são mais
induradas e também são contagiosas.

Os sinais e sintomas da sífilis terciária geralmente ocorrem após 3 a 12 anos de


infecção, principalmente por lesões cutâneo-mucosas (tubérculos ou gomas),
neurológicas (“tabes dorsalis”, demência), cardiovasculares (aneurisma aórtico) e
articulares (artropatia de Charcot).

As mulheres grávidas devem ser consideradas um grupo especial de alta prioridade


para controle, diagnóstico e tratamento da sífilis, pois esta continua sendo uma
importante causa de morbi-mortalidade perinatal, apesar da facilidade de técnicas
para diagnóstico e baixo custo do tratamento. (Particularmente pela necessidade de
detectar possíveis reinfecções após tratamento.)

76
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 Pesquisa directa (campo escuro)


O diagnóstico de sífilis primária geralmente é feito com base no quadro clínico
apresentado pelo paciente, embora a ulceração possa ser facilmente confundida com
ulcerações de outras etiologias. Como recurso laboratorial pode ser feita a pesquisa
directa do treponema, porém este exame exige técnica específica de colecta para
microscopia em campo escuro.

 Serologia Não Treponémica


RPR (Rapid Plasm Reagin) ou VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) são
exames qualitativos e quantitativos importantes para o diagnóstico e seguimento
pós-terapêutico, devendo ser solicitado sempre que se suspeitar do diagnóstico de
sífilis em qualquer de suas fases, para todos os pacientes portadores de ITS e no pré-
natal. Esses testes não são específicos para sífilis e resultados falso positivos podem
ocorrer.
Tornam-se positivos em torno de seis semanas após a infecção. Por isso, uma grande
percentagem de pacientes com sífilis primária (ulceração) apresentam resultados
negativos a testes não treponémicos. Por via de regra os títulos são mais altos na
fase secundária da doença. Após o tratamento há queda dos títulos, podendo,
eventualmente, negativar. Porém, o tratamento adequado pode resultar em
persistência de títulos positivos.

 Serologia Treponémica
O FTA-Abs (Fluorescent Treponema Antigen Absorvent) e o TPHA (Treponema
pallidum hemaglutinação) são testes qualitativos e importantes para a confirmação
dos testes não treponémicos, se estiverem disponíveis. Em geral tornam-se reactivos
a partir do 15o dia da infecção e podem permanecer positivos mesmo após o
tratamento adequado. Assim, a interpretação dos testes serológicos para o
diagnóstico de sífilis deve ser cuidadosa. O quadro seguinte deve ser observado para
a interpretação desses resultados.

Interpretação dos resultados dos testes serológicos para sífilis

RPR Qualitativo RPR Quantitativo TPHA


Infecção activa + >1:8 +
Sífilis Latente + Sempre <1:4 +
Falso Positivo + Geralmente <1:4 -
Tratamento + ou - 2 títulos +
adequado decrescentes

Observação:
1. Quando não houver disponibilidade de um teste adicional, todos os pacientes
com RPR positivo devem ser tratados.
2. Testes serológicos não são utilizados para diagnóstico de pacientes com
ulcera genital (usar algoritmo especifico).

77
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

 Sífilis primária: cancróide, herpes genital, donovanose,


linfogranuloma venéreo.
 Sífilis secundária: farmacodermias, doenças exantemáticas não
vesiculosas, hanseníase virchowiana e colagenoses.

TRATAMENTO

 Sífilis primária: Penicilina benzatínica 2,4 milhões UI dose única.


Em caso de alergia a penicilina: Usar doxiciclina 100 mg 2 x dia por 14
dias

 RPR positivo: Penicilina benzatínica 2,4 milhões UI por semana IM x


3 semanas
Em casos de alergia a penicilina: Usar doxiciclina 100 mg 2 x dia por
28 dias

GRÁVIDAS

Usar o mesmo esquema terapêutico. Aquelas com história comprovada de


alergia à penicilina, devem ser dessensibilizadas. Na impossibilidade, deve ser
administrado Eritromicina nas doses:

500mg VO 4 x dia por 4 semanas

PORTADOR DO HIV

Portadores do HIV podem ter a história natural da sífilis modificada, desenvolvendo


neuro-sífilis mais precoce e facilmente. Para esses pacientes é indicada a punção
lombar para que se possa definir o esquema terapêutico mais apropriado.

78
SIFILIS CONGÉNITA

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

É uma infecção causada pela disseminação hematogénica do Treponema pallidum, da


grávida para seu bébé. A transmissão pode ocorrer em qualquer fase da gestação. É
frequente a ocorrência de morte perinatal das crianças infectadas.
A sífilis durante a gravidez pode ocasionar aborto espontâneo, morte fetal,
prematuridade, feto hidrópico, recém-nascidos sintomáticos e recém-nascidos
assintomáticos.

QUADRO CLÍNICO

A sífilis congénita, da mesma forma que a sífilis adquirida apresenta dois estágios:
precoce – quando as manifestações clínicas são diagnosticadas até o segundo ano de
vida – e tardia, após esse período.
Na sífilis congénita precoce os sinais e sintomas aparecem até ao segundo ano de
vida e os principais são: baixo peso, renite sanguinolenta, coriza, obstrução nasal,
prematuridade, osteocondrite, periostite ou osteíte, choro ao manuseio,
esplenomegalia, hepatomegalia, alterações respiratórias/pneumonia, icterícia, anemia
severa, hidropsia, edema, pseudoparalisia dos membros, fissura peribucal, condiloma
plano, pênfigo palmo-plantar e outras lesões cutâneas.
Na sífilis congénita tardia, os sinais e sintomas surgem a partir dos 2 anos de vida:
tíbia em lâmina de sabre, fronte olímpica, nariz em sela, dentes incisivos medianos
superiores deformados (dentes de Hutchinson), mandíbula curta, arco palatino
elevado, queratite intersticial, surdez neurológica, dificuldade de aprendizagem.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Se a mãe foi tratada com penicilina durante a gestação o risco de ocorrência de sífilis
congénita é mínimo. Recém-nascidos não infectados podem apresentar anticorpos
maternos transferidos via placentária. Nesses casos, em geral, o teste será reagente
até os primeiros seis meses de vida. Por esse motivo o diagnóstico de sífilis
congénita exige a realização de um elenco de exames que permitam a classificação
clínica do caso para que a terapia adequada seja instituída. Todas as crianças nascidas
de mãe com serologia positiva devem ser examinadas do nascimento até o sexto
mês de vida, em intervalos mensais, até que se confirme que o teste serológico é
negativo.

79
TRATAMENTO
Todo recém-nascido de mãe com teste RPR positivo durante a gestação e que não
tenha utilizado penicilina benzatínica, ou com parceiro sexual que não foi tratado
adequadamente ou com novo parceiro sexual, deve ser tratado com:

Penicilina cristalina 50 mil UI/Kg/dose IV 2 vezes por dia por 10 dias.

Esse mesmo esquema terapêutico deve ser utilizado se há suspeita clínica de sífilis
congénita.

Se a mãe foi adequadamente tratada durante a gravidez, o exame da criança ao


nascimento é normal e não há suspeita clínica de sífilis congénita, o recém-nascido
deve ser tratado com:

Penicilina benzatínica 50 mil UI/Kg em dose única, via IM

80
CANCRÓIDE
CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO
É uma infecção de transmissão exclusivamente sexual, causada pelo Haemophilus
ducrey. Caracteriza-se por lesões múltiplas, mas também podendo ser única, e
habitualmente dolorosas. O período de incubação usualmente é inferior a 1 semana.

QUADRO CLÍNICO

São lesões dolorosas, geralmente múltiplas devido à auto-inoculação. No homem as


localizações mais frequentes são no frênulo e sulco bálano-prepucial. Na mulher, é
frequente a ocorrência na face interna dos pequenos e grandes lábios. Há
envolvimento da cadeia ganglionar inguinal ou femural unilateral, na maioria dos
casos. No início ocorre tumefacção sólida e dolorosa, evoluindo para liquefacção e
fistulização, tipicamente por orifício único.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Na prática, o diagnostico de cancróide é clínico. A pesquisa directa de esfregaços de
secreção da base da úlcera, corados pelo Gram não é específica. A cultura é um
método diagnóstico mais sensível, porém de difícil realização.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Deve ser feito com todas as outras infecções de transmissão sexual que causam
ulcerações genitais, assim como lesões traumáticas infectadas.

TRATAMENTO
Azitromicina 1 g via oral dose única
ou
Ciprofloxacina 500 mg oral 2 x dia por 3 dias

GRÁVIDAS
Tratar com azithromycina 1 g via oral dose única

PORTADOR DO HIV
Pacientes com teste de HIV positivo devem ser monitorados cuidadosamente visto
que podem necessitar de maior tempo de tratamento. Assim como pacientes que
não responderem bem a terapia instituída deverão ser investigados sobre ocorrência
de infecção pelo HIV.

81
HERPES GENITAL

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

A Herpes Genital é causada pelo vírus Herpes simplex (HSV), que é transmitido
predominantemente pelo contacto sexual (inclusive oro-genital) com período de
incubação de 3 a 14 dias, no caso de primo infecção sintomática. Embora o HSV
tipos 1 e 2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do
tipo 2 nas lesões genitais, e do tipo 1 nas lesões periorais. Essas lesões caracterizam-
se por causar quadros agudos, seguidos de longos períodos de latência e reactivação.
Também pode ser transmitido por contacto directo com lesões ou objectos
contaminados.

QUADRO CLÍNICO

A infecção pode não produzir sintomas. Em casos de lesões sintomáticas é frequente


um período prodrómico com aumento de sensibilidade, formigueiro, mialgias,
ardência ou prurido antecedendo o aparecimento das lesões.
No homem, as localizações mais frequentes são na glande e prepúcio. Na mulher,
nos pequenos lábios, clítoris, grandes lábios e colo do útero. As lesões inicialmente
se manifestam com pápulas eritematosas de 2 a 3 mm, seguindo-se de vesículas
agrupadas com conteúdo citrino, que se rompem dando origem a ulcerações. Pode
estar presente adenopatia inguinal dolorosa bilateral. As lesões cervicais uterinas,
geralmente subclinícas, podem estar associadas a corrimento genital aquoso. No
homem pode haver secreção uretral hialina, acompanhada de ardor ao urinar.

Podem ocorrer sintomas gerais, como febre e mal-estar. Provocando ou não


sintomatologia, após a infecção primária, o HSV ascende pelos nervos periféricos,
penetra nos núcleos das células ganglionares e entra em estado de latência. Após a
infecção primária, os pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12
meses pró reactivação do vírus. A recorrência das lesões pode estar associada a
episódios de febre, exposição a radiação ultra-violeta, traumatismos, menstruação,
stress físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada e imunodeficiência. O
quadro clínico das recorrências é menos intenso e também é precedido de
pródromos característicos. A resolução dessas ulcerações geralmente ocorre em 10
a 14 dias. Pode ocorrer infecção bacteriana secundária, o que mascara o quadro
clínico característico.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

A anamnese e o exame físico são os meios fundamentais para o diagnóstico dessa


infecção. O diagnóstico laboratorial tem limitações e não se justifica como rotina.

82
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Deve ser feito com o cancróide, sífilis, linfogranuloma venéreo, donovanose e as


ulcerações traumáticas.

TRATAMENTO

 Sintomático: a dor pode ser aliviada com analgésicos e anti-inflamatórios.


Limpeza das lesões com solução fisiológica ou água boricada a 3%.
 Especifico: Aciclovir 400 mg via oral 3 x ao dia por 7 dias.

GRÁVIDAS

Deve ser considerado o risco de complicações obstétricas, particularmente se a


primo-infecção ocorrer durante a gravidez e especialmente no final da gravidez.
As complicações são numerosas, sendo porém pequeno o risco de contaminação
fetal durante a gestação. Nos primeiros meses de gestação pode causar aborto
espontâneo.

O maior risco de transmissão do vírus ao feto dá-se no momento da passagem deste


pelo canal do parto, mesmo na forma assintomática. A infecção herpética neonatal
consiste em quadro grave, que exige cuidados especializados.

PORTADOR DO HIV

Esses pacientes podem apresentar episódios mais prolongados e mais graves,


envolvendo grandes áreas da região perianal, escrotal ou peniana. As lesões são
dolorosas e atípicas, tornando difícil o diagnóstico clínico. Recomenda-se tratamento
utilizando aciclovir por 7 dias

83
VERRUGA GENITAL (CONDILOMA ACUMINADO)

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

Doença infecciosa de transmissão frequentemente sexual, também conhecida como


condiloma acuminado ou verruga genital. É causada pelo Papiloma Vírus Humano
(HPV). Actualmente são conhecidos vários subtipos desse vírus, muitos deles de alto
poder oncogênico.

QUADRO CLÍNICO

A maioria das infecções é assintomática ou inaparente. Podem apresentar-se


clinicamente sob a forma de lesões exofíticas. A infecção pode também assumir uma
forma denominada subclínica, visível apenas sob técnicas de magnificação e após
aplicação de reagentes, como o ácido acético. Este vírus ainda é capaz de estabelecer
uma infecção latente em que não existem lesões clinicamente identificáveis ou
subclínicas, apenas sendo detectável seu DNA por meio de técnicas moleculares em
tecidos contaminados. Não é conhecido o tempo em que o vírus pode permanecer
nesse estado, e quais factores são responsáveis pelo desenvolvimento de lesões. O
vírus pode permanecer por muitos anos no estado latente e, após este período,
originar novas lesões. Assim, a recidiva de lesões pelo HPV está muito mais
provavelmente relacionada à activação de reservatórios próprios de vírus do que à
reinfecção pelo parceiro sexual.

Os condilomas, dependendo do tamanho e localização anatómica, podem ser


dolorosos, friáveis e/ou pruriginosos. Quando presentes no colo uterino, vagina,
uretra e ânus, também podem ser sintomáticos. Menos frequentemente podem estar
presentes em áreas extragenitais como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Na forma clínica as lesões podem ser únicas ou múltiplas, localizadas ou difusas e de
tamanho variável, localizando-se mais frequentemente no homem, na glande, sulco
bálamo-prepucial e região perianal. Na mulher, na vulva, períneo, região perianal,
vagina e colo. Pacientes que tem verrugas genitais podem estar infectados
simultaneamente com vários tipos de HPV. Os tipos 6 e 11 raramente se associam
com carcinoma invasivo de células escamosas da genitália externa

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico é basicamente clínico, podendo ser confirmado por biópsia, embora


isto raramente seja necessário.

TRATAMENTO

A remoção das lesões não significa que a infecção esteja curada. Nenhum tratamento
é completamente satisfatório. O objectivo principal do tratamento da infecção pelo
HPV é a remoção das verrugas sintomáticas. Se deixados sem tratamento, os
condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados, ou aumentar em tamanho
ou número.

84
Os tratamentos disponíveis para os condilomas são: crioterapia, eletrocoagulação,
podofilina, ácido tricoloacético e exérese cirúrgica. Factores que podem influenciar
na escolha de algum desses métodos são o tamanho, o número e local da lesão, além
da sua morfologia e preferência do paciente, custos, disponibilidade de recursos e a
experiência do profissional de saúde.

Planificar o tratamento juntamente com o paciente é importante porque muitos


pacientes necessitarão de mais de uma sessão terapêutica. Deve-se mudar de opção
terapêutica quando um paciente não melhorar substancialmente depois de três
aplicações, ou se as verrugas não desaparecerem completamente após seis sessões.

O balanço entre risco e benefício do tratamento deverá ser analisado no decorrer


do processo para evitar tratamento excessivo.

 Podofilina 0,5% em solução ou gel 2 x dia por 3 dias. Deve ser aplicada uma
pequena quantidade sobre os condilomas e deixar secar. Deve-se
recomendar ao paciente lavar abundantemente a área tratada 4 horas depois,
sob o risco de provocar dermatite irritativa severa. Nunca usar durante a
gravidez ou em lesões mucosas, como as do colo do útero, vagina, meato e
anorectais.

 Ácido tricloroacético a 80-90% em solução alcoólica: Aplicar pequena


quantidade sobre os condilomas e deixar secar, após a lesão assumir aspecto
branco. Repetir semanalmente se necessário. Essa solução é muito fluida,
comparada a água e pode-se espalhar rapidamente, se aplicadas em excesso,
causando dano às áreas adjacentes às lesões. Se a dor for intensa, o ácido
pode ser neutralizado com sabão ou bicarbonato de sódio.

GRÁVIDAS

Nas gestações, as lesões condilomatosas podem atingir grandes proporções, seja


pelo aumento da vascularização, seja pelas alterações hormonais e imunológicas que
ocorrem neste período.
Nunca usar podofilina durante qualquer fase da gravidez.

A aplicação de ácido tricloroacético pode ser utilizada durante a gestação, quando a


área lesionada não for muito extensa. De contrário, este deverá ser associado a
exérese cirúrgica.

PORTADOR DO HIV

Pessoas imunodeprimidas devido à infecção pelo HIV, ou por outras razões, podem
não responder ao tratamento para o HPV e podem acontecer recidivas mais
frequentes. O carcinoma escamoso pode surgir mais frequentemente em
imunodeprimidos, valorizando a biópsia de lesões neste grupo de pacientes. O
tratamento para esses pacientes deve basear-se nos mesmos princípios acima
referidos.

85
INFECÇÃO PELO HIV/SIDA

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é causada pelo vírus de


imunodeficiência humana (HIV), pertencente à classe dos retrovírus. Os retrovírus
são conhecidos pelos seus longos períodos de incubação. Quando o HIV infecta o
corpo, tem um longo período de incubação (latência clínica) e, finalmente aparecem
os sinais e sintomas do SIDA.
Existem dois tipos de HIV que causam o SIDA: HIV-1 e HIV-2. Em todo o mundo, o
HIV-1 é o mais comum, enquanto que o HIV-2 é encontrado predominantemente na
África Ocidental e também em Angola e Moçambique. Vários subtipos de HIV-1
foram identificados. Uma pessoa pode ser co-infectada com subtipos diferentes. No
País, o HIV-1 é o mais frequente.

FORMAS DE TRANSMISSÃO E PREVENÇÃO

As principais formas de transmissão do HIV são: sexual, sanguínea (em receptores de


sangue e hemoderivados não testados e em usuários de drogas injectáveis) e
perinatal (transmissão da mãe para o filho durante a gestação, parto ou por
aleitamento materno). Além dessas formas mais frequentes, pode ocorrer também a
transmissão ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em profissionais da
área da saúde que sofrem ferimentos com instrumentos pérfuro-cortantes
contaminados com sangue de pacientes infectados pelo HIV.

Transmissão Sexual:

É a forma mais comum de transmissão do HIV/SIDA. A transmissão do HIV/SIDA


ocorre através da via vaginal, oral, anal ou rectal. É a forma mais comum de
transmissão do HIV/SIDA. Factores de Risco para a Transmissão Sexual:

Sexo não protegido

O risco de adquirir HIV por cada encontro sexual depende, em parte, do grau ou da
probabilidade do parceiro estar infectado. Este risco varia de acordo com a
prevalência de HIV na área e com o tipo de comportamento de risco de cada
parceiro potencial. Por exemplo, uma prevalência de 17% significa que 17 de 100
pessoas estão infectadas.

86
Múltiplos parceiros sexuais

A probabilidade de uma pessoa adquirir uma infecção de transmissão sexual é, em


geral, proporcional ao número de parceiros sexuais que a pessoa teve nos anos
recentes.

Episódio recente de Infecções Transmitidas Sexualmente (ITS)

Existem evidências crescentes de que a presença de outra doença de transmissão


sexual num ou em ambos os parceiros aumenta o risco de transmissão de HIV.
Ulceração genital, como aquela que ocorre no cancróide, sífilis, ou na infecção viral
por herpes simplex, aumenta a probabilidade à infecção aos indivíduos não infectados
e aumenta ainda a infecciosidade naqueles indivíduos já infectados.

Vias de transmissão, factores de risco e estratégias para prevenir a


infecção pelo HIV

Transmissão sexual
O sémen, secreções vaginais, e/ou sangue de uma pessoa infectada com o HIV entra na
outra pessoa durante o contacto sexual vaginal, anal ou oral.
Factores de risco Estratégias de prevenção
 Sexo não protegido (sem  Promover comportamento e
preservativo) com uma pessoa práticas sexuais mais seguros e
infectada. responsáveis.
 Múltiplos parceiros sexuais  Prática do sexo seguro (uso de
 Episódio recente de infecção de preservativo)
transmissão sexual  Adiar o início das relações sexuais.
 Ser fiel/monogamia mútua:
reduzindo o número de parceiros
sexuais.
 Tratamento atempado de infecções
de transmissão sexual
 Teste de HIV em pessoas com ITS
 Abstinência.
A presença de outra infecção sexualmente transmitida aumenta o risco de
infecção por HIV

Tanto a mulher como o homem são vulneráveis a transmissão sexual.

Prevenção da Transmissão Sexual na População HIV positiva


Mesmo que ambos parceiros estejam infectados deve-se continuar o uso de
preservativo de modo a prevenir novas infecções. Existem vários tipos de HIV. A re-
infecção ocorre quando um indivíduo obtém mais (ou diferentes) tipos de HIV no
seu organismo. Práticas sexuais seguras, incluindo o uso de preservativo, oferecem
protecção contra a re-infecção. Também fornecem protecção contra outras
infecções de transmissão sexual.

87
Transmissão Sanguínea:
(em receptores de sangue e hemoderivados não testados e em usuários de drogas
injectáveis)

Transmissão de sangue-para-sangue
Factores de risco Estratégias de prevenção
 Exposição a objectos cortantes  Minimizar o uso de seringas e
como seringas, agulhas e outros agulhas
equipamentos cirúrgicos não  Não partilhar equipamento
esterilizados. cirúrgico.
 Escarificações ou tatuagens com  Usar equipamento cirúrgico
material contaminado. esterilizado.
 Exposição ao sangue ou produtos  Praticar as normas de
de sangue (transfusão do sangue) biosegurança.
 Uso de agulhas, seringas ou  Uso do sangue devidamente
equipamento para injectar, analisado.
contaminados.  Teste de HIV
 Partilha ou reutilização do  Abster-se de uso de drogas e de
equipamento de injecção drogas injectáveis.
 Não partilhar equipamento de
injecção.

A transmissão a pessoas pode ocorrer através do material contaminado pelo HIV e


reutilizado, sem desinfecção ou esterilização adequada. A transmissão e a
disseminação entre os usuários de drogas injectáveis podem ocorrer rapidamente e
destes para os seus parceiros sexuais, através de relações sexuais não protegidas.

Transmissão Perinatal
(transmissão da mãe para o filho durante a gestação, parto ou por aleitamento
materno).
Esta é a via mais importante de transmissão do HIV/SIDA às crianças e é também
conhecida como transmissão vertical. Estima-se que esta forma de transmissão
seja responsável por cerca de 90% de casos de HIV/SIDA em crianças. A transmissão
do vírus de mães infectadas para as crianças, sem nenhuma medida de prevenção,
ocorre entre 25-50%. Essa transmissão pode ocorrer durante a gravidez (20% das
infecções ocorrem nesse período), trabalho de parto e parto (cerca de 60% das
infecções ocorrem durante o parto) e aleitamento materno (cerca de 20%).

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Transmissão de mãe infectada para o seu filho durante a gravidez,
trabalho de parto e parto, e durante a amamentação.
Factores de risco Estratégias de prevenção
 Carga viral alta durante  Prevenção da infecção pelo HIV (contacto
a gravidez. sexual).
 Trabalho de parto  Prevenção da gravidez não desejada entre
invasivo. as mulheres infectadas com o HIV
 Não usar profilaxia anti-  Prevenção da transmissão de HIV das
retroviral. mulheres infectadas para os seus filhos
 Provisão de cuidados e apoio às mulheres
infectadas, seus filhos e famílias.

Prevenção da transmissão de mãe infectada para o seu filho


A transmissão vertical (TV) pode ser prevenida evitando que as mulheres portadoras
de HIV/SIDA engravidem. Outra forma de prevenção é através da consciencialização
e encorajamento para a realização do teste anti HIV voluntário nas mulheres.

Está comprovado que o HIV/SIDA não se transmite através:


Um aperto de mão ou outro contacto casual com um doente com HIV/SIDA;
Contactos pessoais, como beijo no rosto, abraço, carícias, aperto de mão,
dormir juntos.
Contactos sociais como no ambiente de trabalho, escola, cinema, teatro,
autocarro, restaurante, sauna, piscina, praia, etc.
Contactos intra-domiciliários como a partilha de cozinha, refeitório, louças ou
talheres, paredes, portas, assentos das sanitas, sabonete, toalha ou lençol.
Contactos profissionais como a partilha do escritório, utensílios, computadores,
telefones ou outros utensílios do escritório.
Contacto com os seguintes líquidos corporais como lágrimas, saliva, suor ou
urina.
Picada de mosquitos, pulgas, piolhos, percevejos ou outros insectos;
Tosse ou espirro.

89
QUADRO CLÍNICO

Há vários sistemas para descrever a história natural do HIV/SIDA. O sistema


desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é um sistema simples que
classifica a infecção pelo HIV em adultos e adolescentes em 4 estádios clínicos.
Algumas semanas depois que a pessoa contrai a infecção pelo HIV, pode sentir-se
doente com o “síndrome retroviral agudo”.

 Primeiro estádio: assintomático


Muito poucas pessoas apresentam o “síndrome retroviral”. Este síndrome consiste
de sintomas, como febre, erupção cutânea, úlceras orais e/ou genitais, inchaço dos
gânglios linfáticos, dor de garganta, mialgia e fadiga. Estes sinais e sintomas,
geralmente ocorrem duas a quatro semanas após a infecção, desaparecem alguns dias
depois. Frequentemente são confundidos com um resfriado comum. É raro que esta
síndrome seja diagnosticada como infecção aguda com HIV. Normalmente, o doente
não se sente muito mal e não faz uma consulta. Mesmo que se faça consulta,
raramente se faz o diagnóstico.
É importante saber que, durante este estádio, o teste do HIV (o teste dos anticorpos
contra HIV) não dá um resultado positivo, mesmo que a pessoa já esteja infectada.
Apesar do teste de HIV ser negativo ou indeterminado, a pessoa está infectada e
pode transmitir o vírus a outras pessoas. Este período é conhecido como “janela
imunológica”.

 Segundo Estádio: sintomas menores


Este estádio leva alguns anos, em torno de oito a dez anos, é conhecido como
período de latência. A pessoa vivendo com HIV é capaz de transmitir o HIV
principalmente a seus parceiros sexuais ou através das doações de sangue, uso das
mesmas agulhas para os injectáveis, ou durante a gravidez e parto para o recém-
nascido.
As pessoas podem ter perda de peso involuntária geralmente menor de 10% do peso
corporal, manifestações cutâneas, tais como dermatite seborreica, molusco
contagioso, micoses recorrentes, prurido, herpes zoster e infecções do tracto
respiratório superior (bronquite, otite e amigdalite recorrente).
Nas crianças, o período assintomático é mais curto. Muitas crianças apresentam a
doença antes de 2 anos de idade, embora algumas possam permanecer saudáveis por
vários anos.

 Terceiro Estádio: Sintomático do HIV (sintomas severos)


Neste estádio, uma pessoa aparece doente e apresenta sintomas severos, devido a
uma imunodeficiência moderada. A pessoa vivendo com o HIV pode apresentar uma
ou mais infecções oportunistas. Essas infecções oportunistas são causadas por
microrganismos que normalmente se encontram no corpo e que provocam doença
na pessoa com um sistema imunológico deficiente ou fraco. Estas infecções são
muitas vezes severas e às vezes fatais. A profilaxia, tratamento das infecções
oportunistas e o tratamento com anti-retrovirais ajudam a manter as células CD4+ e
prolongar o tempo de vida das pessoas infectadas.
Os sintomas mais frequentes neste estádio incluem perda de peso maior de 10%,
diarréia crónica, febre há mais de um mês, e também, doenças específicas como

90
candidíase oral, tuberculose pulmonar, infecções bacterianas graves recorrentes
(pneumonia). A candidíase vulvovaginal é muito comum nas mulheres mas numa
mulher com HIV+ pode ser recorrente e resistente à terapia.

 Quarto Estádio: SIDA


Neste estádio, o nível de imunidade é muito baixo. Apresentam-se várias doenças
que são indicadores do SIDA. Aparecem cancros oportunistas como, o Sarcoma de
Kaposi, bem como infecções oportunistas como, cryptococose neuromeníngea,
toxoplasmose cerebral. Outras manifestações incluem: pneumocystose pulmonar,
candidíase esofágica, herpes simplex de mais de um mês de duração, tuberculose
extra pulmonar.
Há duas manifestações indicadoras de SIDA causadas pelo próprio HIV. Uma é o
síndrome caquético, perda de mais de 10% do peso e, a outra é a diarréia crónica
por mais de 30 dias ou febre crónica.

EVOLUÇÃO DO HIV/SIDA

A nível individual, uma pessoa vivendo com HIV nos primeiros anos sente-se bem
e parece normal. Depois de alguns anos, o vírus destrói os linfócitos CD4 e seu
número diminui. Com uma imunodeficiência progressiva, a pessoa pode ter
manifestações menores e mais tarde os sintomas são severos. Finalmente, aparecem
as doenças indicadoras de SIDA e isto sucede no quarto estádio. Uma pessoa
vivendo com HIV/SIDA nem sempre tem todas as manifestações da doença. Cada
pessoa tem a sua própria evolução do HIV/SIDA.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Diagnóstico clínico do HIV/SIDA


No diagnóstico clínico devem ser tomados em conta as manifestações clínicas
segundo os estádios do HIV descritos pela OMS, assim como os factores
epidemiológicos seguintes:

1. Comportamento actual ou progresso


Toxicodependentes para drogas endovenosas
Muitos parceiros sexuais
Parceiro(s) sexual com SIDA ou portador do vírus HIV
Relações sexuais homossexuais masculinas
2. Antecedentes de úlcera genital recente

3. Antecedentes de transfusão de sangue, plasma ou outros derivados do sangue


não testados previamente ou, mesmo que testados, quando procedentes de
região com elevada prevalência de infecção por HIV.

4. Antecedentes de escarificação, tatuagem, circuncisão ou perfuração do lóbulo da


orelha com instrumentos não esterilizados.

91
Observação:
Os pacientes suspeitos de infecção pelo HIV devem ser encorajados a realizar o
teste de HIV nos locais de referência

Diagnóstico Laboratorial

A infecção pelo HIV pode ser diagnosticada pela detecção de anticorpos contra o
vírus, antígenos virais (DNA e RNA viral) ou por cultura. O teste padrão é o da
serologia que detecta anticorpos contra o vírus. Esse teste é o utilizado, no nosso
meio, nos laboratórios de referência de hospitais, banco de sangue e ATS do País.
Os testes do HIV utilizados são Determine e UNIGOLD.

Algumas questões são importantes em relação aos testes de detecção de anticorpos


contra o HIV, especialmente no primeiro estádio: o teste de HIV dá resultado
negativo porque a produção de anticorpos no corpo da pessoa infectada começa
mais tarde, geralmente depois de 6 semanas da infecção, variando de indivíduo para
outro. O teste do HIV, utilizado nos laboratórios do País, detecta os anticorpos do
HIV depois de três meses da infecção.

Interpretação do resultado do teste anti HIV


Os resultados do teste do HIV podem ser positivos, negativos ou indeterminados.

Caso o teste seja indeterminado, este deve ser repetido após 21 ou 30 dias, pois o
indivíduo pode encontrar-se no período de janela imunológica. No caso de dúvida, o
teste deve ser repetido após três meses da última exposição suspeita.

Se o resultado for positivo Se o resultado for negativo


 Significa que a pessoa está infectada e  Geralmente significa que a pessoa não
pode infectar os outros. foi exposta ao vírus do HIV.
 A pessoa é infectada, mas pode não  O resultado pode ser um falso
ter SIDA. negativo. A pessoa foi exposta ao
 A maioria das pessoas infectadas vírus e infectada, mas encontra-se no
pode desenvolver o SIDA num período de “janela imunológica”.
período de 2 a 10 anos a partir do
período de infecção.

Nas pessoas HIV positivas

Nos portadores de HIV, outros testes de laboratório devem ser solicitados antes do
início do tratamento com anti-retrovirais, ou para controle do tratamento, e para
decidir a profilaxia medicamentosa e prevenir as infecções oportunistas. Estes testes
são realizados somente nos laboratórios especializados:

1. A contagem de linfócitos CD4 que mede o número de linfócitos CD4 e


indica a magnitude do dano do HIV no sistema imunológico. Esse é o teste
convencional para determinar o estádio da doença e tomar a decisão sobre o

92
tratamento com anti-retrovirais e a profilaxia das infecções oportunistas

Primeiro estádio: Muitas vezes, a contagem de células CD4 é normal (acima de


500/µL); portanto, não há imunodeficiência;
Segundo estádio: A contagem de células CD4 varia entre 500 a 350/µL, quer dizer
que a pessoa infectada apresenta uma imunodeficiência leve.
Terceiro estádio: A contagem de linfócitos CD4 varia entre 350 a 200/µL,
imunodeficiência moderada;
A contagem dos linfócitos CD4 é menor de 200/µL, imunodeficiência grave.

2. O teste de quantificação de HIV plasmático (carga viral), que mede a


quantidade do vírus no sangue.

TRATAMENTO

A terapia anti HIV é uma área complexa, sujeita a constantes mudanças. As


recomendações deverão ser revistas periodicamente com o objectivo de incorporar
novos conhecimentos gerados pelas pesquisas clínicas. Sendo assim, definir o
momento do início da terapia anti-retroviral e qual a melhor combinação a ser
instituída deve ser atribuição de clínicos com experiência no manejo desses
pacientes. Os demais profissionais que acompanham o paciente devem contribuir
para que:

Seja estabelecido o diagnóstico inicial, encaminhando o paciente a um serviço


especializado;
Seja feito o tratamento precoce e adequado das ITS;
Seja realizada a suspeita clínica de uma infecção pelo HIV ou SIDA;
A adesão ao tratamento seja satisfatória;
Os pacientes com ITS passem a adoptar práticas preventivas para evitar a infecção
pelo HIV, ou, se já estiver infectado, evitar a sua reinfecção e a transmissão do vírus
para seus parceiros.

GRÁVIDAS

Nas mulheres com teste anti HIV positivo que estejam já grávidas a abordagem é
diferente. Também nesse caso são adoptados esquemas específicos para a redução
da transmissão vertical. A escolha de esquema depende do nível da unidade sanitária
e do acesso da gestante ao hospital de referência.

93
TRICOMONÍASE

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO


É uma infecção causada pelo Trichomonas vaginalis (protozoário flagelado). Sua
principal forma de transmissão é a sexual. Pode permanecer assintomática no
homem e na mulher, principalmente após a menopausa.

QUADRO CLÍNICO

Na mulher pode acometer a vulva, vagina e cérvix uterina, causando cervicovaginite.


Caracteriza-se por corrimento abundante, amarelado ou esverdeado, com bolhas e
com mau cheiro. Pode causar prurido e/ou irritação vulvar. O achado de tricomonas
em exames de rotina impõe o tratamento da mulher e também do seu parceiro
sexual, já que se trata de uma ITS frequentemente assintomática.

No homem pode causar uretrite transitória. Classicamente os pacientes referem


corrimento discreto especialmente pela manhã e períodos intermitentes de irritação
uretral. Pode ocorrer balanite, especialmente em homens não circuncidados.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Para o diagnóstico laboratorial utiliza-se o exame directo a fresco da secreção


vaginal. Colhe-se uma gota do corrimento e coloca-se sobre a lâmina com uma gota
de solução fisiológica e observa-se ao microscópio. A presença de parasitas
flagelados movimentando-se activamente entre as células epiteliais e os leucócitos
confirma o resultado. A cultura é muito difícil de ser realizada pois requer meio
específico e condições de anaerobiose.

TRATAMENTO

 Metronidazol 2 g via oral dose única.


ou
 Metronidazol 500 mg via oral 2 x dia por 7 dias

Deve-se evitar a ingestão de álcool, que se ingerido, pode ocasionar um quadro


consequente a interacção deste com derivados imidazólicos, que se caracteriza por
mal-estar, náuseas, tonturas e gosto metálico na boca

GRÁVIDAS
A infecção pode estar associada a rotura prematura de membranas, prematuridade e
baixo peso à nascença, especialmente em mulheres sintomáticas
Deve-se evitar o uso de metronidazol no primeiro trimestre da gravidez

PORTADOR DE HIV
Pacientes infectados pelo HIV devem ser tratados com os esquemas referidos.

94
VAGINOSE BACTERIANA

CONCEITO E AGENTES ETIOLÓGICOS

É uma síndrome clínica resultante da substituição da flora vaginal normal por alta
concentração de bactérias anaeróbias, tais como Gardnerella vaginalis e Mycoplasma
hominis. O mecanismo dessa alteração microbiana não está totalmente esclarecido. A
Vaginose Bacteriana (VB) é uma infecção endógena do trato reprodutivo. O
tratamento dos parceiros sexuais não tem demonstrado benefícios.

QUADRO CLÍNICO

Embora o corrimento seja o sintoma mais frequente, quase a metade das mulheres
com VB são assintomáticas. Quando presente, o corrimento tem cor acinzentada,
aspecto cremoso e odor fétido, mais acentuado depois do coito e no período
menstrual.

DIAGNÓSTICO

É realizado por critérios clínicos e se confirma quando estiverem presentes três dos
seguintes critérios ou apenas os dois últimos:

 Corrimento vaginal homogéneo, geralmente acinzentado e de quantidade


variável.
 pH vaginal maior do que 4,5
 Teste das aminas positivo: em uma lâmina de vidro, misture a secreção
vaginal com 1 ou 2 gotas de hidróxido de potássio a 10%. Na presença de
vaginose bacteriana, ocorre liberação de aminas com odor fétido, semelhante
ao odor de peixe estragado.
 Presença de “clue cells” (células epiteliais recobertas por bactérias aderidas a
sua superfície) ao exame bacterioscópico, associado à ausência de
lactobacilos.

TRATAMENTO

 Metronidazol 2 g via oral dose única.


ou
 Metronidazol 500 mg via oral 2 x dia por 7 dias

Recomenda-se a eliminação ou redução de factores predisponentes tais como uso de


anticépticos/antibióticos em preparações vaginais ou duchas vaginais

95
GRÁVIDAS

Mulheres grávidas sintomáticas devem ser tratadas, pois há evidências de efeitos


adversos na gravidez, tais como ruptura prematura de membranas, parto prematuro
e baixo peso. Não é recomendado o despiste de BV em grávidas assintomáticas sem
história de parto prematuro. Grávidas com sintomas recorrentes devem ser tratadas
de novo.

 Metronidazol 2 g via oral dose única (somente depois de completado o 1º


trimestre)
ou
 Metronidazol 500 mg via oral 2 x dia por 7 dias (somente depois de
completado o 1º trimestre)

PORTADORA DO HIV/SIDA

Pacientes portadoras do HIV devem ser tratadas com os esquemas acima referidos.

96
CANDIDÍASE VULVOVAGINAL

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

É uma infecção da vulva e vagina, causada por um fungo comensal que habita a
mucosa vaginal e a mucosa digestiva. Esse fungo cresce quando o meio torna-se
favorável para o seu desenvolvimento. A maioria dos casos é causada pela Cândida
albicans. A candidíase vulvovaginal geralmente não é adquirida sexualmente,
especialmente as mulheres. Os factores predisponentes dessa doença são:

 Gravidez
 Diabetes mellitus
 Obesidade
 Uso de contraceptivos orais de alta dosagem
 Uso de antibióticos, corticóides ou imunossupressores
 Hábitos de higiene e vestiário inadequado que diminuem a ventilação e
aumentam a humidade e o calor local
 Contacto com substancias irritantes ou que causem alergias
 Imunodeficiência, inclusive a infecção pelo HIV

QUADRO CLÍNICO

A apresentação clínica nas mulheres geralmente são irritação vulvar e corrimento


vaginal, porem muitas podem ser assintomática. O principal sintoma é prurido
vaginal, que pode ter intensidade variável. Também podem causar ardor ou dor à
micção, corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto de “leite coalhado”.
Hiperemia e edema vulvar também podem ocorrer. A vagina e o colo ficam
recobertos por placas brancas aderidas à mucosa.

A candidíase genital em homens é frequentemente assintomática. Mas também pode-


se manifestar como balanite que varia de irritação da glande até inflamação intensa.
Raramente há uretrite.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O exame directo a fresco de secreções vaginais, uretrais ou da área prepucial, revela


a presença de micélios birrefrigentes e/ou esporos, pequenas formações
arredondadas birrefringentes. A cultura só tem valor quando realizada em meios
específicos. O achado de cândida em outros exames em uma paciente assintomática
não permite o diagnóstico de infecção clínica e, portanto, não justifica o tratamento.

97
TRATAMENTO

 Homens: Clotrimazol creme 1% 2 x dia por 7 dias


 Mulheres: Clotrimazol 500 mg via vaginal. Dose única
ou
 Nistatina óvulos: 1 óvulo intravaginal à noite por 14 dias

GRÁVIDAS

A Candidíase vulvovaginal é muito frequente no transcorrer da gravidez, podendo


apresentar recidivas pelas condições propícias que se estabelecem nesse período.
Tratamento: Clotrimazol 500 mg via vaginal

PORTADORA DO HIV/SIDA

Clotrimazol 500 mg via vaginal x 3 dias

98
PEDICULOSE PUBIANA (CHATO)

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

A pediculose do púbis é usualmente adquirida por adultos através de contacto


sexual. Embora a infestação seja mais comummente restrita à região púbica e peri-
anal, pode-se espalhar para axila, coxas, região peitoral e até para sobrancelhas e
cílios, mas nunca para o couro cabeludo. É causada pelo Phthirus púbis.

QUADRO CLÍNICO

A queixa principal do paciente é prurido intenso. O sintomas surgem de 1 a 2


semanas após a infestação. O piolho adulto e as lêndeas são encontrados fixados aos
pêlos das regiões afectadas. Podem ocorrer lesões de urticária, vesículas e máculas
pigmentadas após as picadas do piolho.

DIAGNÓSTICO

É facilmente feito pelo achado dos piolhos e das lêndeas aderidos aos pêlos.

TRATAMENTO

 Lindane 1% loção ou creme, uso tópico


ou
 Benzoato de Benzila loção a 25%, uso tópico

GRÁVIDAS

Lindane não deve ser usado em mulheres grávidas ou lactantes

99
SARNA (ESCABIOSE)

CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO

Doença infecciosa da pele causada por um ácaro, cuja penetração na pele é visível
sob a forma de pápulas ou vesículas ou de sulcos lineares diminutos que contem os
ácaros e seus ovos. É transmitido por contacto corporal directo, seja sexual, seja por
proximidade, entre pessoas morando ou trabalhando juntas por muito tempo, como
em creches e escolas.

QUADRO CLÍNICO

Os sintomas iniciam em 4 a 6 semanas após a infestação. Prurido é o sintoma


principal, sendo de intensidade variável, geralmente mais intenso à noite e ao
amanhecer. As lesões, eritemato-papulosas e escoriadas predominam nos espaços
interdigitais, na face anterior dos pulsos e cotovelos, axilas, cintura, coxas, genitais,
no abdómen e na parte inferior das nádegas. Infecção secundária, geralmente
consequência da escoriação, é a complicação mais frequente mas, impétigo e
foliculite também podem ocorrer.

DIAGNÓSTICO

Geralmente é feito pela clínica, mas pode ser confirmada em exame microscópico de
material obtido das lesões não escoriadas.

TRATAMENTO

As aplicações tópicas em todo o corpo, do pescoço para baixo, devem ser realizadas
após banho e lavadas após 24 horas. As roupas de cama e de uso pessoal devem ser
bem lavadas, expostas ao sol e passadas ao ferro. Todas as pessoas que convivem no
mesmo ambiente devem ser tratadas. O prurido algumas vezes persiste por várias
semanas após o tratamento. Deve-se repetir o tratamento após uma semana.

 Lindane 1% loção ou creme, uso tópico


ou
 Benzoato de Benzila loção a 25%, uso tópico

GRÁVIDAS
Lindane não deve ser usado em mulheres grávidas ou lactantes

PORTADOR DO HIV
Podem apresentar manifestações extremamente severas da doença.
 Ivermetina 6 mg via oral, dose única

100
CAPITULO 6
A Melhoria da Gestão do
Programa de ITS

REGISTO E NOTIFICAÇÃO DAS ITS

Para o bom controle das ITS na comunidade é necessário o tratamento efectivo dos
pacientes sintomáticos e seus contactos sexuais, utilizando-se os algoritmos
elaborados e os medicamentos recomendados. Eles são simples e proporcionam a
possibilidade de tratamento precoce, o que impede novas infecções e quebra da
cadeia de transmissão, em uma única visita ao serviço. A compra de medicamentos
na qualidade e na quantidade adequada àquela realidade deve ser bem planificada, de
modo que não faltem os medicamentos necessários para tratar sindromicamente os
casos diagnosticados.

O registo dos casos e contactos atendidos em uma unidade sanitária e a notificação


de alguns deles, definidos como de notificação compulsória, permitem quantificar a
necessidade de medicamentos a serem usados para uma determinada unidade de
tempo (semana, mês ou ano). Além disso, também ajudam a conhecer como essas
doenças se distribuem na comunidade, permitindo que as autoridades sanitárias
planifiquem acções de controle cada vez mais adequadas.

O registo do caso atendido e de seus contactos deve ser diário, à medida que o
atendimento estiver sendo feito. Deve-se utilizar os formulários específicos do livro
de registo de atendimento da Unidade Sanitária (em anexo). Essas actividades fazem
parte da vigilância Epidemiológica, que se define como um conjunto de actividades
que permite reunir a informação indispensável para conhecer, a cada momento, o
comportamento ou a história natural de uma doença e detectar ou prever mudança
que possa ocorrer por alteração dos factores que a condicionam. Tem a finalidade
de recomendar, em bases científicas, as medidas oportunas que levem à prevenção e
ao controle dessa mesma doença.

As principais atribuições do serviço de vigilância epidemiológica são:

 Reunir toda a informação necessária e actualizada


 Processar, analisar e interpretar os dados
 Recomendar a implantação e/ou implementação das actividades
pertinentes ao controle imediato, ou a longo prazo, da doença.

101
Pode-se afirmar, que a vigilância epidemiológica presta-se em termos gerais, a
subsidiar no plano político, o estabelecimento das linhas de planificação dos serviços
de saúde; e em termos mais particulares, a orientar o plano de gestão, definindo as
medidas de impacto das intervenções implementadas.
Devido a importância da epidemia de HIV/SIDA em Moçambique, é fundamental que
seja feito o registo dos casos encaminhados para aconselhamento pré-teste, assim
como para os serviços de assistência a pessoas com HIV/SIDA.

SUPERVISÃO TÉCNICA

Para que o atendimento a pessoas com ITS seja de qualidade é necessário que a
unidade sanitária disponha de infrastrutura adequada, profissionais capacitados,
instrumentos e equipamentos, materiais para a realização do exame genital e colecta
de material para exame, materiais informativos e educativos, preservativos e
medicamentos em quantidade suficiente para serem oferecidos a todos os pacientes
atendidos.

LISTA PARA CONTROL DO CONSULTÓRIO

INFRASTRUTURA EQUIPAMENTO E MATERIAL


Privacidade Marquesa
Limpeza Espéculo
Iluminação Pénis de madeira
Preservativos
Protocolo de tratamento
Panfletos educativos
Livro de registro
Fichas de notificação de caso
Balança
Luvas
Solução para desinfecção
Protocolo de encaminhamento
para outro serviço de saúde

102
LISTA DE CONTROLE PARA FARMÁCIA

MEDICAMENTO PRESENTE AUSENTE


Azitromicina
Aciclovir
Ceftriaxone
Cefixime
Ciprofloxacina
Clotrimazol
Doxiciclina
Eritromicina xarope
Metronidazol
Nitrato de Prata solução
Penicilina Benzatina
Podofilina
Penincilina cristalizada

Além da disponibilidade da infrastrutura adequada e dos equipamentos,


materiais e medicamentos disponíveis, é fundamental que se observe e
acompanhe o processo de atendimento dos indivíduos que procuram a
consulta. Essa observação não deve ser punitiva e nem somente para controle,
mas deve, essencialmente, servir para redireccionar as actividades que estão
sendo realizadas, de modo a responder ao protocolo de atendimento definido
para o nível daquela unidade sanitária.

103
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL DE SAÚDE


Sexo Masculino Feminino
Nível Superior Médio
Básico Elementar

CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE
Sexo Masculino Feminino
Idade > 15 anos 15 a 19
anos
20 a 49 anos > 50 anos
Estado Civil Casado Solteiro
Temcompanheiro Outros
Queixa de DTS Sim Não

HISTÓRIA CLÍNICA
Pergunta sobre inicio
e duração dos Sim Não
sintomas?
Pergunta sobre
recentes contactos Sim Não
sexuais de risco?
Pergunta sobre uso de
preservativo na última Sim Não
relação sexual?

EXAME FÍSICO
Faz inspecção genital Sim Não
do doente?
No homem, faz Sim Não
retracção do
prepúcio?
Na mulher faz exame Sim Não
especular?
Na mulher faz exame Sim Não
bimanual?

EXAME LABORATORIAL
Solicita análise de Sim Não
RPR?
Se sim, o resultado é Sim Não
no mesmo dia

DIAGNÓSTICO
Sindrómico
Etiológico

104
MEDICAMENTOS PRESCRITOS
1. 2.
3. 4.
ACONSELHAMENTO
O doente é instruído sobre a
importância de fazer o Sim Não
tratamento completo?
Investiga outros sintomas Sim Não
de DTS?
O doente é informado sobre Sim Não
o risco da infecção pelo
HIV/SIDA?
Instrui sobre o uso do Sim Não
preservativo?
Demonstram o uso correcto
do preservativo? Sim Não
Entregam preservativos ao Sim Não
doente?
Convocam o(s) parceiros Sim Não
sexuais?
Há uma boa comunicação
entre o profissional e o Sim Não
doente?
Há privacidade durante a Sim
consulta?

COMENTÁRIOS:
__________________________________________________________

__________________________________________________________

__________________________________________________________

DATA: _____/_____/_____ DISTRITO: ________________________

UNIDADE SANITÁRIA: ______________________________________

NOME DO SUPERVISOR: ____________________________________

105
ANEXOS

106
Corrimento uretral

Corrimento vaginal

107
Úlcera genital

108
Sífilis congénita

109
Cancróide

Herpes genital

110
Condiloma acuminado

Candidiase vulvovaginal

111
DROGAS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DAS ITS
Síndroma Etiologia 1a linha 2a linha 3a linha Gravidez Outros
Corrimento Ciprofloxacina Cefixime Cefixime
Kanamicina
Vaginal 500 mg via 400mg via 400mg via
Gonorreia 1g IM dose
oral dose oral dose oral dose
única
única única única
Doxiciclina
Azitromicina Azitromicina
100mg 2xdia
Clamídia 1g via oral 1g via oral
por 7 dias via
dose única dose única
oral
Metronidazol
Tricomoníase Metronidazol Evite usar
500 mg via
e Vaginose 2g via oral no primeiro
oral 2xdia por
bacteriana dose única trimestre
7 dias
HIV/SIDA:
Nistatina
Clotrimazol Clotrimazol Clotrimazol
óvulos 1
Candidíase 500 mg via 500 mg via 500mg via
óvulo vaginal
vaginal vaginal vaginal por
por 14 dias
3 dias
Corrimento Ciprofloxacina Cefixime
Kanamicina
Uretral 500 mg via 400mg via
Gonorreia 1g IM dose
oral dose oral dose
única
única única
Doxiciclina
Azitromicina
100mg 2xdia
Clamídia 1g via oral
por 7 dias via
dose única
oral
Metronidazol
Metronidazol
500 mg via
Tricomoníase 2g via oral
oral 2xdia por
dose única
7 dias
Úlcera Genital Alergia a
Penicilina penicilina:
Benzatínica Eritromicina
Sífilis 2,4 milhões 500mg
UI IM dose 4xdia por
única 14 dias, via
oral
Ciprofloxacina
Azitromicina Azitromicina
500mg via
Cancróide 1g via oral 1g via oral
oral 2xdia por
dose única dose única
3 dias
HIV/SIDA:
Aciclovir Aciclovir
400mg via 400mg na
Herpes
oral 3xdia por mesma
7 dias dose por 7
dias
Dor no Baixo Ciprofloxacina
Ventre Kanamicina Ceftriaxone 500mg via
Gonorreia 2 mg IM dose 250mg IM oral 2xdia por
única dose única 14 dias E
metronidazol
Ciprofloxacina
Doxiclina
500mg via
100mg 2xdia
Clamídia por 14 dias
oral 2xdia por
14 dias E
via oral
metronidazol
Ciprofloxacina
Metronidazol
500mg via
500mg 2xdia
Anaeróbios por 14 dias
oral 2xdia por
14 dias E
via oral
metronidazol

112
Síndroma Etiologia 1a linha 2a linha 3a linha Gravidez Outros
Ciprofloxacina Cefixime Kanamici
500mg via 400mg via na 1g IM
Escroto Inchado Gonorreia
oral dose oral dose dose
única única única
Doxiciclina
Azitromicina
100mg
Clamídia 1g via oral
2xdia por 7
dose única
dias
Clotrimazol
creme a 1%
Balanite Candidíase
2xdia por 7
dias
Doxiciclina
100mg 2xdia
Bubão Clamídia
por 21 dias
via oral
Penicilina
cristalina
50mil
Sífilis congénita Treponema
UI/Kg/dose
2xdia por 10
dias IV
Ceftriaxone
Oftalmia neonatal Gonorreia 50mg/Kg IM
dose única
Eritromicina
xarope
50mg/Kg/por
Clamídia
dia divididos
em 4 doses
por 14 dias
Solução de Tetraciclina
Profilaxia do Gonorreia
Nitrato de pomada a
recém-nascido e Clamídia
prata a 1% 1x 1% 1x

Síndroma Etiologia 1a linha 2a linha 3a linha Gravidez Outros


Verrugas Genitais HPV Podofilina
0,5% solução
ou gel, 2xdia
por 3 dias
RPR Positivo sem Sífilis Penicilina Alergia a
úlcera ou exantema Benzatínica penicilina:
2,4 milhões Eritromicina
UI IM 500mg
1xsemana 4xdia por
por 3 14 dias, via
oral
semanas

113
GLOSSÁRIO

Acolhimento Prática do trabalhador de saúde que visa receber bem


o indivíduo que procura o serviço de saúde, com uma
atitude receptiva de apoio e boas vindas.
Aconselhamento Um processo de escuta activa, dinâmico, de confiança
entre o trabalhador de saúde e o indivíduo que procura
o serviço que, além de fornecer informações sobre
prevenção e tratamento das ITS, também propicia uma
reflexão conjunta sobre estratégias para a diminuição
do risco de infecção.
Algoritmos É uma sequência lógica de decisões e acções que
devem ser seguidas para chegar a determinado fim
Cadeia de Mecanismos e comportamentos envolvidos na
transmissão transmissão de uma infecção de um indivíduo para
outro
Cordão espermático Estrutura do aparelho genital masculino que contém os
vasos sanguíneos, nervos dos testículos e o ducto
deferente
DIP Doença Inflamatória Pélvica
Disúria Dor ou dificuldade para urinar
Epidídimo é um pequeno ducto contornado que fica por trás do
testículo, no escroto, condutor do esperma do testículo
até à glândula prostática
Escutar activamente Postura em que a pessoa estimula e acolhe o discurso
do outro, interagindo sem colocar juízos de valor. Ter
uma atitude de escuta em que a fala e a iniciativa do
paciente seja valorizada.
Infertilidade Incapacidade de conceber. Usualmente é confirmada
após 12 meses de actividades sexuais sem gravidez e
sem uso de qualquer método contraceptivo.
ITS Infecção de Transmissão Sexual
ITS recidivantes Infecção de Transmissão Sexual que apresentam
sinais e sintomas regularmente ao longo do tempo
Órgãos anexiais Ovários, trompas de Falópio e estruturas de suporte
dos órgãos genitais internos da mulher.
Práticas sexuais Formas diferentes de uma “acção sexual”. Essa
“acção”, prática ou atracção de cada um, pode
manifestar-se através da expressão hetero, homo e
bissexual.
Sinais Anormalidades indicativas de doença identificadas
pelo trabalhador de saúde durante o exame do
paciente
Sintomas Anormalidades indicativas de doença que são
referidas pelo paciente, mas não podem ser
observadas directamente.

114
REFERÊNCIAS
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prevention and control of syphilis in maternal and child health programs. Edited
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World Health Organization (WHO). Management of sexually transmitted infections:
a manual for health workers. 2005
World Health Organization (WHO). Guidelines for the management of sexually
transmitted infections. 2003

116

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