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Ministério de Saúde
Programa Nacional de Combate às ITS/HIV/SIDA
Infecções de Transmissão Sexual (ITS) podem estar presentes sem sintomas, mas
podem ter consequências severas a longo prazo tais como infertilidade, gravidez
ectópica, doença crónica e morte. Em fetos e recém nascidos a clamídia, a gonorreia
e a sífilis podem causar condições severas que muitas vezes ameaçam a vida.
Infecções com Papiloma Vírus Humano aumentam a probabilidade de desenvolver o
carcinoma do colo de útero, que é a segunda causa de morte por cancro em
mulheres ao nível mundial (cerca de 240.000 mulheres por ano). Um diagnóstico
correcto de uma ITS é essencial para a provisão de tratamento adequado e efectivo,
(OMS, 2006).
Para que a abordagem das ITS tenha êxito, é necessário que todas as Unidades
Sanitárias do País estejam envolvidas na melhoria do diagnóstico e tratamento,
incluindo a extensão das formações à todos os níveis de serviços, tais como
Consultas Externas, Consultas de Saúde Materno-Infantil, Serviços Amigos do
Adolescente e Jovem, Maternidade, Internamento de Medicina e Triagem, de modo a
atingir todos os provedores envolvidos no diagnóstico e tratamento das ITS.
Este manual espelha a revisão e actualização dos algoritmos que foi feita em
Moçambique em 2005, para assegurar que se ofereça melhor qualidade de
atendimento e tratamento aos utentes, em conformidade com as recomendações da
OMS e tomando em conta os desafios da SADC em relação à abordagem sindrómica
e os esforços nacionais na Prevenção e Combate ao HIV/SIDA.
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G r u p o d e tr a b a lh o
Dra. Felisbela Gaspar (MISAU)
Dr. Rui Bastos (MISAU)
Dr. Avertino Barreto (MISAU)
Dra. Elena Folgosa (Faculdade de Medicina, UEM)
Dra. Isabel Nhatave (Policy Project)
Dra. Maria Teresa Seabra Soares de Britto e Alves
(Universidade Federal de Maranhão, Brasil)
Dr. Fulgencio Sambola (Universidade de Ghent)
Dr. Wouter Arrazola de Onate (Universidade de Ghent)
Dr. Celso Mondlane (FHI)
Dra. Sílvia Gurrola (FHI)
Mathew Westmark (CDC)
Dra. Lucy Ramirez (CDC)
Dra. Lori Newman (CDC)
Dra. Irene Benech (CDC)
Ute Zurmuehl (Consultora Comunicação)
Este manual foi produzido no âmbito do Acordo Cooperativo No U62/CCU023345 entre o Ministério
de Saúde de Moçambique, Programa Nacional de Combate de ITS/HIV/SIDA e o Departamento de
Serviços Humanos/Centros de Controle e Prevenção (CDC), Centro Nacional para HIV, ITS e
Prevenção de Tuberculose (NCHSTP), Programa Global de SIDA (GAP) do Governo dos EUA.
O conteúdo e da responsabilidade dos autores e não necessariamente representa a opinião do CDC.
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Conteúdo
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 5
O QUE É UM ALGORITMO? 6
COMO USAR UM ALGORITMO? 7
VANTAGENS DOS ALGORITMOS 7
CORRIMENTO URETRAL 36
CORRIMENTO URETRAL 37
ÚLCERA GENITAL NO HOMEM E NA MULHER 40
CORRIMENTO VAGINAL 44
DOR NO BAIXO VENTRE 49
VIOLAÇÃO SEXUAL E ITS 52
SÍFILIS CONGÉNITA 56
OFTALMIA NEONATAL 59
ESCROTO INCHADO 62
BALANITE 65
BUBÃO/ADENOPATIA INGUINAL 68
ANEXOS 106
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Capítulo 1 Introdução
Sabe-se que a luta contra a infecção pelo HIV/SIDA passa, necessariamente por um
controle eficaz das outras ITS, pois hoje em dia está
claramente reconhecido que as relações sexuais ITS
desprotegidas podem transmitir tanto o HIV quanto Infecções de
as outras ITS já conhecidas. Além disso, a existência Transmissão Sexual é
de uma ITS pode aumentar o risco da pessoa infectar o termo actualmente
indicado pela OMS,
alguém ou ser infectado pelo vírus HIV, se não forem pois incorpora as
tomadas algumas precauções como a prática do sexo infecções
seguro. Muitas vezes a pessoa com ITS não apresenta assintomáticas
sinais e sintomas de doença. Quando são identificados
sinais e sintomas de alguma das ITS, dizemos que essa pessoa tem uma DTS. O
homem e a mulher podem apresentar sintomas e sinais diferentes para uma mesma
doença.
Hoje, a existência de uma ITS resulta em consequências graves a longo prazo, como
também traduz-se em alto risco de contrair uma doença como a SIDA, tanto para o
indivíduo quanto para seu(s) parceiro(s) sexual(is), com graves consequências
familiares. Por serem doenças de longo curso e muitas vezes sem sintomas é
importante que sejam esclarecidas quais práticas sexuais colocam o indivíduo em
risco de contrair uma ITS. Também é importante reforçar que uma pessoa pode
frequentemente ter mais de uma ITS e que o fato de ter tido uma dessas doenças não
o protege de adquiri-las de novo. Um indivíduo que tem ITS mais de uma vez tem
práticas sexuais que o colocam em risco de contrair o HIV.
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exposição a situações de constrangimento tanto para o profissional quando para o
doente. Isso acontece quando os pacientes têm que expor seus problemas em locais
sem privacidade ou a profissionais mal preparados que, muitas vezes, demonstram
seus próprios preconceitos ao emitirem juízos de valor. Essas situações ferem a
confidencialidade, discriminam as pessoas com ITS e contribuem para afastá-las dos
serviços de saúde.
Para muitas ITS as técnicas laboratoriais para o diagnóstico não estão disponíveis ou
as unidades sanitárias não são capazes de oferecer resultados de testes conclusivos
no momento da consulta, fazendo com que o paciente tenha que vir outra vez ao
serviço e enfrentar longas filas de espera pelo atendimento.
Este Guia está organizado de modo a permitir que o trabalhador de saúde possa
consultá-lo de maneira fácil, de modo a seguir as normas e protocolos definidos pelo
Ministério da Saúde. Também é uma actualização e substitui o Guia para Tratamento
das ITS em Moçambique publicado pelo Ministério da Saúde em 1999. Essas normas
estão apresentadas em forma de algoritmos para cada uma das principais síndromes.
O objectivo destes algoritmos é tentar prover, em uma única consulta o diagnóstico,
tratamento e aconselhamentos adequados. Não há impedimento para que exames
laboratoriais sejam colhidos ou oferecidos. A conduta, no entanto, não poderá
depender da disponibilidade desses exames.
O QUE É UM ALGORITMO?
Algoritmos são as ferramentas essenciais da abordagem sindrómica. Permitem que
profissionais de saúde diagnostiquem e tratem pacientes com ITS no primeiro
atendimento, fornecendo orientação sobre os tratamentos recomendados.
Um algoritmo é uma árvore de decisões e acções. Ele orienta o profissional por meio
de quadro de decisões, indicando as acções que precisam ser tomadas. Cada decisão
ou acção tem como referência uma ou mais rotas que levam a outro quadro, com
outra decisão ou acção. Os aspectos mais importantes para o diagnóstico e
tratamento do paciente não serão esquecidos, se forem seguidos cada um dos passos
propostos no algoritmo.
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COMO USAR UM ALGORITMO?
Ao conhecer os sintomas de um paciente, o profissional de saúde consulta o
algoritmo correspondente à queixa e trabalha com as decisões e acções sugeridas
pelo instrumento:
Queixa principal
Quadro de acção
Quadro de decisão
Tratamento
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Incentivar o uso apropriado dos serviços de saúde, cessando os sintomas e
queixas do paciente o mais precocemente possível, aumentando a
credibilidade do serviço e o bem estar do paciente.
Reduzir o risco de reinfecção.
Reduzir a transmissão das ITS.
Para garantir o manejo eficiente das ITS os algoritmos devem ser adaptados ao nível
de desenvolvimento dos serviços de saúde. A possibilidade de uso dos algoritmos é
determinada por:
Presença de laboratórios.
Disponibilidade de infraestrutura para exame físico (sala de exame com
privacidade, mesa de exame, espéculos adequados, luvas, iluminação e
equipamento para esterilizar os espéculos com regularidade).
Nível de treino do pessoal (por exemplo: eles estarão aptos a realizar exames
com espéculos?).
Acesso a uma unidade de saúde com maior nível de complexidade de atenção
– unidade sanitária de referência.
Medicamentos disponíveis nas unidades.
Tempo disponível da equipe para atender o paciente.
Capacidade do profissional de saúde em realizar aconselhamento para
pacientes com ITS e HIV.
Percepções culturais e locais acerca das ITS e comportamento dos
profissionais de saúde.
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Capítulo 2
Determinantes da
Epidemiologia das ITS
A compreensão dos determinantes da epidemiologia de ITS é importante na
planificação de uma abordagem de múltiplas facetas para seu controle, reconhecendo-
se assim as limitações de qualquer intervenção simples.
Deve-se ressaltar que a maioria dos casos de ITS curáveis em mulheres causa
infecções sub-clínicas ou assintomáticas. A gonorreia, por exemplo, normalmente
causa sintomas nos homens, o que lhes permite procurar tratamento, enquanto que
nas mulheres, com frequência ou a doença é assintomática ou tem sintomas
menores. Os recursos diagnósticos disponíveis, mesmo em países desenvolvidos,
para a triagem rotineira de mulheres assintomáticas, ou mesmo para o teste de
mulheres sintomáticas, são limitados.
Estenose Uretral
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Resultados adversos da gravidez e consequências neonatais
Câncer Cervical
A infecção pelo HIV é mais facilmente adquirida e transmitida pela via sexual na
presença de outra ITS, especialmente em casos de úlcera genital. A transmissão
sexual do HIV ocorre da mesma maneira que outras ITS e a prevenção das ITS
também previne a transmissão sexual do HIV. O tratamento efectivo das ITS diminui
a quantidade de vírus presente nas secreções genitais, diminuindo o risco da
transmissão.
CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS
Além das complicações das ITS para a saúde individual, também é importante
observar as consequências sociais penosas dos casos de ITS não tratados, sofridas
principalmente por mulheres de países em desenvolvimento. Muitas são
estigmatizadas socialmente e sofrem prejuízos pessoais devido à infertilidade e
gravidez interrompida (involuntariamente), podendo resultar em divórcio ou em
comercialização do sexo.
Aliados ao impacto da fertilidade surgem conflitos significativos entre os casais, suas
famílias que ficam a par da situação e os amigos que fazem parte de seu sistema de
suporte. Existe ainda o peso psicológico e emocional da perda de confiança e a
consequente energia despendida pelos parceiros para retomar relações harmoniosas.
O número de incidentes de violência, de comportamentos agressivos ou de
represália devido à descoberta de uma ITS ainda não foi documentado. O que
podemos apreender com a experiência é que as ITS trazem consequências
emocionais para as pessoas envolvidas, incluindo a depressão e seus efeitos médicos
e sociais.
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CARACTERÍSTICAS DAS ITS
As ITS representam, em todo o mundo, problemas de difícil controle e graves
consequências, especialmente infecções por gonococo e clamídia. A atenção a essas
doenças dá-se principalmente nas Unidades Sanitárias
de todos os níveis, desde a rede primária de saúde até ITS curáveis:
a quaternária. Também pode acontecer, uma pessoa Gonorréia, infecção por Clamídia,
ter duas ou mais ITS e contaminar os seus parceiros Sífilis, Cancróide, Tricomoníase e
sexuais com ambas as doenças. Deve-se sempre ter síndromes relacionadas
em mente que uma pessoa com ITS significa que seu(s) ITS não curáveis:
parceiro(s) sexual(is) também poderá(ão) estar com a SIDA, Herpes, Condiloma
doença e precisa(m) ser tratado(s).
Os agentes etiológicos e síndromes associadas às ITS
são diversificados. Estas podem, em geral, ser separadas em ITS para as quais existe
tratamento para erradicar a infecção, e aquelas para as quais ainda não existe
tratamento que erradique a infecção, (ou seja, todas as ITS virais, incluindo a Infecção
pelo HIV/SIDA). Porém, mesmo para as infecções não curáveis há tratamentos que
melhoram os sintomas do paciente. Este manual detalha as estratégias utilizadas
actualmente na prevenção tanto das ITS curáveis quanto das não-curáveis, através de
mudanças de comportamento e do uso de preservativos, e apresenta estratégias
práticas e inovadoras para o diagnóstico precoce e tratamento das ITS.
SÍNDROME
AGENTES PRIMÁRIOS
Corrimento Uretral N. gonorrhoeae, C. trachomatis, T. vaginalis, M. genitalium
Escroto Inchado N. gonorrhoeae, C. trachomatis
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A MAGNITUDE DO PROBLEMA EM MOÇAMBIQUE
O Sistema Nacional de Vigilância das ITS em Moçambique notificou, em 2003,
484.093 casos de ITS. Das ITS notificadas, cerca de 35% foram úlceras genitais, 24%
corrimentos uretrais e 41% corrimentos vaginais. Cerca de 7% das mulheres grávidas
foram seropositivas ao RPR (teste de sífilis), em 2003. Um estudo realizado em 1999,
baseado na população de mulheres de áreas rurais no sul de Moçambique, mostrou
altas prevalências de ITS: tricomoníase 31%, sífilis 15%, gonorréia 13%, e clamídia 8%.
Dados de 1992, também do sul de Moçambique, mostraram taxas similarmente
elevadas de infecção em mulheres adultas: 24% de tricomoníase, 15% de sífilis, 12%
de gonorréia, e 12% de clamídia.
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Tabela 1 - Taxas ponderadas de prevalência do HIV provinciais,
regionais e nacional. Atribuição, Moçambique, 2001-2004
A análise do plano de tratamento das primeiras normas sobre o controle das ITS
utilizando a abordagem sindrómica, elaboradas pelo Ministério da Saúde de
Moçambique, indica que a sífilis e o cancróide eram prioritárias para o tratamento de
lesões ulcerativas. O resultado do referido estudo, realizado em 2003/2004
demonstra uma mudança no perfil etiológico dessas lesões. Dos homens e mulheres
com úlceras genitais, os testes efectuados sugeriram sífilis em 8%, cancróide em 7% e
herpes em 64%, percentagem bastante elevada, mesmo quando consideramos que em
26% dos casos não foi possível identificar o agente etiológico da lesão ulcerada.
Esses achados podem levantar uma importante questão para estudo, se consideramos
o contexto actual da prevalência do HIV na população deste país. O impacto das
demais ITS na transmissão sexual do HIV foi inicialmente suspeitado a partir de
estudos epidemiológicos, que demonstravam que pessoas com uma ITS, ulcerativa ou
não, pareciam ser mais susceptíveis a adquirir a infecção pelo HIV. Estudos
subsequentes mostraram que a inflamação uretral e endocervical, causada pelas ITS
não-ulcerativas, aumenta a libertação genital de células infectadas pelo HIV, e assim,
provavelmente, aumenta a capacidade de um(a) paciente infectado(a) pelo HIV, de
infectar as demais pessoas.
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Uma vez que os factores de risco para as ITS são os mesmos para a infecção pelo
HIV/SIDA, o diagnóstico de ITS em um paciente pode ser sugestivo também de
infecção pelo HIV. Esse facto determina a necessidade de investigar sempre a
associação potencial do quadro apresentado com a infecção pelo HIV, especialmente
quando em presença de sintomatologia não condizente com o quadro clássico de
uma ITS ou em casos de falha de tratamento.
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Capitulo 3
Cuidados a um Paciente com
ITS
Cuidar de um paciente com uma infecção de transmissão sexual não é uma
intervenção simples em virtude de que essas doenças geralmente estão associadas a
comportamentos considerados socialmente condenáveis, suas complicações e
sequelas não são associadas com a ITS de base e ainda, há o desconhecimento de sua
exacta magnitude. Cuidar de um paciente com ITS envolve não somente a terapia
anti-microbiana adequada para obter a cura ou controle da infecção, mas também o
aconselhamento para redução do risco desse paciente à infecção pelo HIV.
História clinica
Exame físico geral e em particular da região genital
Diagnóstico correcto
Tratamento efectivo e precoce
Avaliação do risco de infecção pelo HIV
Encaminhamento, teste e aconselhamento para pacientes em risco de infecção
pelo HIV
Aconselhamento sobre práticas sexuais mais seguras
Promoção e oferta de preservativo
Investigação e tratamento dos parceiros sexuais
Registo e Notificação do caso
Se necessário, avaliação de infecção repetida ou persistente
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ABORDAGENS NA ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES COM ITS
As estratégias nacionais de controle das ITS são: a prevenção; a detecção precoce de
casos; e o tratamento imediato dos portadores em todos os níveis de assistência. A
abordagem sindrómica tem a finalidade de instituir precocemente o tratamento dos
casos e de seus parceiros e dessa forma cessar as queixas dos pacientes e
interromper a cadeia de transmissão.
Cada uma dessas formas de se abordar um paciente com ITS tem vantagens e
desvantagens que devem ser analisadas de forma a definir a política local de controle
das ITS. O Programa de Controle das ITS/HIV/SIDA de Moçambique recomenda o
uso de duas abordagens: a etiológica em serviços que disponham de facilidades
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laboratoriais, mais frequentes nos níveis de atenção terciários e quaternários; e a
abordagem sindrómica, em unidades sanitárias de nível primário ou secundário.
A abordagem sindrómica não é de uso exclusivo para as ITS. Várias outras doenças
infecciosas também se servem dessa
abordagem, especialmente nos casos em que
o quadro se apresenta grave, determinando Vantagens da Abordagem
atenção terapêutica imediata com um ou mais Sindrómica:
anti-microbianos, visando dar cobertura aos rapidez no atendimento;
principais agentes etiológicos responsáveis maior cobertura na rede básica;
oportunidade de introdução de
pelo quadro. Embora esse não seja o caso da
medidas preventivas;
maioria das pessoas com ITS, esses indivíduos padronização do tratamento;
frequentemente enfrentam situações que satisfação da clientela;
exigem uma abordagem terapêutica imediata, proporcionar abordagem diagnóstica
pois, é alta a possibilidade desse indivíduo não e tratamento racional em locais de
mais retornar à consulta, se não se sentir acesso laboratorial restrito.
melhor, já que é portador de uma condição
clínica cujo modo de aquisição o torna alvo
fácil de discriminação e marginalização.
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Se houver laboratório na Unidade Sanitária, deve-se realizar a colheita prévia de
amostras para os exames laboratoriais disponíveis, indicados para confirmação
diagnóstica e orientação do esquema terapêutico a ser mantido. Entretanto, a
participação do laboratório não deve servir para ocasionar atraso ao início do
tratamento. Assim, a abordagem sindrómica pode ser a abordagem prioritária em
unidades sanitárias de níveis de complexidade diferentes.
A principal limitação da abordagem sindrómica no contexto de um programa de
controle de ITS é a não cobertura dos pacientes com infecção sub-clínica ou
assintomáticos e dos pacientes que não costumam procurar os serviços de saúde,
apesar de sintomáticos.
Um grande desafio para o controle efectivo das ITS em determinada população deve-
se ao facto de que um grande número de pessoas com ITS não procura os serviços
de saúde, ou por não apresentarem sintomas ou por motivos variáveis. Dentre esses
motivos podemos citar a dificuldade em marcar consulta, falta de recursos para
deslocamento até a unidade sanitária, vergonha, medo, preconceito, não percepção
dos sinais e sintomas, dentre outros. Na figura abaixo, o Diagrama de Piot, procura
esclarecer essa relação de um modo gráfico, para melhor visualização e
entendimento.
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DIAGRAMA DE PIOT
Percebem os sintomas
Procuram atendimento
Diagnóstico correcto
Tratamento
Cura
Parceiros
Esse diagrama mostra-nos que muitas pessoas com ITS não procuram tratamento
porque são assintomáticas ou tem poucos sintomas ou, ainda, não percebem esses
sintomas como algo errado na sua saúde. Outros, mesmo apresentado sintomas,
preferem procurar tratamentos alternativos, tradicionais ou em farmácias ou tratar a
si próprios. Dentre aqueles que procuram uma unidade sanitária muitos podem não
ter o diagnóstico ou tratamento feitos correctamente, ou mesmo não tomarem os
medicamentos conforme indicado. Finalmente, uma pequena proporção das pessoas
com ITS é curada e se previnem de novas infecções pelo controle adequado de seus
parceiros sexuais.
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um melhor manejo clínico de casos (que é o foco tradicional), aponta para uma
abordagem mais eficiente e para melhor controle das ITS. Essa abordagem demanda
uma maior atenção para os aspectos sócio-comportamentais das ITS, assim como para
o contexto político, além dos serviços de atendimento à saúde mais voltados para o
paciente.
O atendimento imediato de uma ITS não é apenas uma acção curativa, mas também, é
principalmente, uma acção preventiva da transmissão do HIV e do surgimento de
outras complicações. O quadro abaixo resume os passos necessários para um
controle adequado das ITS nas unidades sanitárias de qualquer nível de complexidade:
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COMO PREVENIR AS ITS
A melhor forma de prevenir uma ITS é evitar a exposição. Assim, a possibilidade de
uma pessoa se expor às ITS pode ser reduzida pela adopção das seguintes medidas:
Para que essa interacção seja efectiva, é importante que se cuide da forma como
acontece o processo de comunicação. As pessoas se
comunicam de diferentes maneiras. Algumas vezes, Comunicação verbal ou
comunicam-se mediante gestos, sinais, ou certa postura audível é aquela em que as
corporal, a que chamamos de comunicação não verbal ou pessoas se comunicam pela
não audível; e outras, através da palavra, à qual chamamos palavra falada.
de comunicação verbal ou audível. Quando trabalhamos Comunicação não verbal ou
nos serviços de saúde há que tomar em conta a linguagem não audível, aquela em que as
pessoas se comunicam pelos
verbal e não verbal na interacção com os doentes, isto é, gestos, maneira de ficar em pé,
saber “escutar” ambas as formas de comunicação e, saber sentados, expressões faciais e
que a sua própria linguagem corporal, gestual, tom de mesmo pelo silêncio.
voz, palavras específicas estão a comunicar alguma
emoção ao doente. O fato de estar consciente fará com que a relação do profissional
com o doente seja de qualidade, contando assim com um indivíduo satisfeito com o
serviço oferecido.
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Os principais objectivos do aconselhamento são:
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OS PROCEDIMENTOS BÁSICOS DO ACONSELHAMENTO
INCLUEM:
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HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO
Algumas pessoas com ITS têm sintomas e procuram tratamento nas unidades
sanitárias, enquanto outras não o fazem. Investigar activamente a existência e o
reconhecimento de sinais e sintomas é uma forma efectiva de reduzir os danos
causados pelas ITS e prevenir a infecção pelo HIV. Em mulheres, infecções
assintomáticas e silenciosas podem ser tão sérias quanto as sintomáticas. Sífilis,
gonorréia e clamídia têm consequências graves e frequentemente são assintomáticas
ou têm sinais e sintomas discretos. Nos homens, a presença de sinais e sintomas são
mais frequentes, porém, estes comummente os ignoram, se não são muito severos.
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GUIÃO BÁSICO PARA UMA BOA ANAMNESE
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Os pacientes devem ser examinados nas mesmas condições de privacidade usadas
para a colecta da história clínica. Eles devem-se sentir seguros de que ninguém irá
entrar na sala quando estiver sendo examinado(a). O exame físico deve incluir:
Sinais vitais
Antes de iniciar o exame certifique-se que há privacidade. Solicite que a mulher dispa
as suas roupas, deite-se de costas na mesa do exame e dobre os joelhos. Mantenha-a
coberta com um lençol. Após explicar o que irá fazer, coloque uma luva e inicie a
inspecção, sempre sob boa iluminação. Examine atentamente a área genital externa,
incluindo períneo e ânus, procurando por corrimento, edema, irritação cutânea,
verrugas, úlceras ou feridas. Sempre que encontrar alguma alteração que não tiver
sido referida pela paciente pergunte o que é e há quanto tempo apareceu. Pergunte
também se já usou algum tratamento para isso. Se houver corrimento ou alguma
lesão anote as suas características como tamanho, aspecto da lesão e dor à palpação,
assim como côr, cheiro e quantidade do corrimento.
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Exame Especular
Exame Bimanual
Este exame também deverá ser previamente explicado para a paciente e realizado
com luva estéril, sem necessidade de ser do tipo cirúrgico.
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forma, o ângulo em relação ao colo e a vagina e a possível sensibilidade da
paciente a esta manobra.
6. Palpe os órgãos anexiais. Insira os dedos vaginais lateralmente ao colo até o
fundo, tracionando as estruturas na pelve com a mão abdominal.
Normalmente essas estruturas são difíceis de sentir, especialmente em
mulheres obesas ou após a menopausa. Deve-se procurar por tumorações ou
alterações de sensibilidade, assim como identificar tamanho, forma e
consistência do que for palpado.
7. Quando terminar limpe e desinfecte suas luvas se forem reutilizáveis. Lave
suas mãos com água e sabão.
Antes de iniciar o exame da área genital diga ao paciente todos os passos que você vai
fazer, de modo a obter a sua confiança e colaboração. Para uma melhor inspecção,
tanto da região inguinal quanto dos órgãos genitais externos, o paciente deverá estar
em pé, com as pernas afastadas e o profissional de saúde sentado. Sempre que
encontrar alguma alteração que não houver sido referida pelo paciente pergunte o
que é e há quanto tempo apareceu. Pergunte também se já usou algum tratamento
para isso, ou se já teve isso antes.
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Todos os passos citados anteriormente, anamnese, exame físico, colecta de secreções
e material para a realização do diagnostico etiológico, oferecimento para a realização
do diagnostico serológico da infecção pelo HIV e sífilis e o aconselhamento, também
devem fazer parte da rotina do atendimento de pessoas do sexo masculino. No
entanto, lembramos que a realização do exame para a detecção da infecção pelo HIV
deve ocorrer se o profissional for capacitado para realizar o aconselhamento pré e
pós-teste.
Ao final da consulta, após explicar o problema identificado e a conduta, oriente-o
sobre os passos a seguir após a consulta e se é preciso continuar com o tratamento
em casa. Além disso, faça algumas perguntas para verificar o entendimento do que foi
dito e se o entendimento do paciente não for o esperado, explique novamente.
29
O tipo de luva a ser utilizado, depende do sector hospitalar. Por exemplo, o pessoal
de limpeza utiliza luvas de borrachas ou de limpeza e não luvas cirúrgicas.
As luvas devem ser utilizadas quando se prever contacto com sangue e fluídos
corporais, mucosas ou pele não íntegra, para manuseio de itens ou superfícies sujas
com sangue e fluídos e para punção venosa ou outros acessos vasculares.
As luvas deverão ser trocadas após contacto com cada paciente. Em procedimentos
cirúrgicos recomenda-se o uso de luvas reforçadas (de maior espessura) ou, na sua
falta, de duas luvas para reduzir o risco de exposições em acidentes pérfuro-
cortantes.
Calçando as luvas
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Enquanto estiver a segurar a luva, escorregar a outra mão dentro da
luva. Apontando os dedos da luva para o chão irá manter os dedos
abertos pela força da gravidade. Cuidado para não tocar qualquer
coisa. Segurar a luva acima da cintura irá ajudar.
Se a primeira luva não estiver colocada correctamente, esperar para
fazer qualquer ajuste ou correcção quando a segunda estiver colocada
(depois poderá usar os dedos esterilizados de uma luva para ajustar a
porção esterilizada da outra).
Para pegar a segunda luva, escorregar os dedos da mão com luvas
entre a parte dobrada e a porção esterilizada da segunda luva. Isto é
muito importante para evitar contaminar a luva que foi colocada na
primeira mão com a mão que está sem luva.
Colocar a segunda luva na mão que está descoberta, puxando-a firme
através da parte dobrada.
Não tentar ajustar os punhos uma vez que as luvas estejam colocadas,
já que pode acabar por contaminá-las.
Ajustar a posição dos dedos da luva até que a luva esteja
confortavelmente ajustada.
Manter sempre as mãos com luvas acima do nível da cintura e à frente
para evitar contaminação acidental.
Se uma luva tiver sido contaminada, parar e perguntar a si mesma se a
luva irá tocar um instrumento esterilizado ou contaminado, as
membranas mucosas ou tecidos esterilizados. Se a resposta for
positiva, deverá ou retirar a luva e colocar outra, ou pôr outra luva
esterilizada sobre a luva contaminada.
Ao retirar as luvas, evitar que a superfície que esteja esterilizada entre
em contacto com as suas mãos (o exterior das luvas está agora
contaminado).
Primeiro, descontaminar colocando as duas mãos com luvas em
solução de cloro a 0,5%. Depois, retirar as luvas, colocando a parte de
dentro para fora. Deitar as luvas no lixo ou deixe que as luvas fiquem
imersas na solução por 10 minutos se vão ser processadas.
Lembrar que:
Quando se utilizam as luvas, não se deve realizar outras actividades com as
mãos.
O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos.
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Lavagem das mãos
É o processo de remoção mecânica de sujeira, de restos da pele e da redução de
microrganismos transitórios. A lavagem das mãos deve ser realizada usando sabão
simples e água limpa.
Para a lavagem higiénica das mãos devem ser seguidos os seguintes passos:
32
lavagem com água e sabão, os instrumentos devem ser enxaguados com água corrente
e limpa.
A secagem do material deve ser feita ao ar ou utilizando uma toalha limpa. A secagem
evita a interferência da humidade com a esterilização e garante a manutenção do
material.
33
Os instrumentos devem ferver por 20 minutos, a contar do momento
um item adicional é colocado depois que o processo 11 12 1 11 12 1
8
2
4
3 9
10
8
2
4
3
novamente.
7 6 5 7 6 5
34
Capitulo 4
Abordagem Sindrómica do
Paciente com ITS
35
CORRIMENTO URETRAL
Sim
Corrimento Não Não
Outra ITS?
presente?
Sim
Aconselhamento HIV/ITS
Tem suspeita Não Possibilidade de testagem para HIV e sífilis
de SIDA? Oferta de preservativos
Investigar disúria
Sim
Aconselhamento pré-teste
Solicitação do teste HIV
Encaminhamento de acordo
com o resultado
Convocação de parceiros
Notificação do caso
Controlo aos 7 dias, se sintomático
36
CORRIMENTO URETRAL
Notas explicativas
PACIENTE COM QUEIXA DE CORRIMENTO URETRAL OU DISÚRIA
Este é o quadro de entrada do algoritmo. Nele estão referidas as principais queixas
do paciente ao apresentar-se à consulta
Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente,
interrogando-o sobre:
A data do início dos sintomas
Como evoluíram os sintomas
A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais, história de parceira com corrimento vaginal)
Tratamentos já efectuados
Antecedentes de ITS
* Lembrar que metronidazol deve ser tomado pelo menos 6 horas depois dos
outros fármacos, com a refeição, preferencialmente ao deitar-se e sem ingerir
bebidas alcoólicas pelas próximas 24 horas
SUSPEITA DE SIDA
37
anemia. Na presença dessas alterações deve-se fazer o aconselhamento pré-teste,
encaminhar o paciente para o laboratório e agendar o retorno.
GONORRÉIA (resistente)
Cefixime
400 mg via oral
Dose Única
38
ÚLCERA GENITAL NO HOMEM E NA MULHER
Sim
Úlcera genital Não Não
Outra ITS?
ao exame?
Sim
Tratamento para Sífilis, Cancróide e
Herpes
Suspeita clínica de SIDA? Sim 1. Penicilina benzatínica 2,4 milhões IM
Ou HIV positivo? Dose única
Ou último mês de gravidez? 2. Azitromicina 1g VO Dose Única
3. Aciclovir 400mg VO 3 x dia/7 dias
Não
Convocação do parceiro
Notificação do caso
Controlo ao 7º dia, se sintomático
Aconselhamento HIV/ITS
Se possível, testar para HIV e sífilis
Oferta de preservativos
39
ÚLCERA GENITAL NO HOMEM E NA MULHER
NOTAS EXPLICATIVAS
PACIENTE COM QUEIXA DE ÚLCERA GENITAL OU VESÍCULAS
Este é o quadro de entrada do algoritmo. Nele estão referidas as principais queixas
do paciente ao apresentar-se à consulta.
40
EVIDÊNCIA DE ÚLCERA GENITAL AO EXAME
Este quadro de decisão mostra a necessidade de se confirmar a presença de
ulcerações pela inspecção da região genital. Lembrar que o aspecto das lesões pode
ser alterado em presença de infecção pelo HIV
SÍFILIS CANCRÓIDE
Penicilina Benzatínica Azitromicina
2,4 milhões IM + 1g via oral
Dose Única Dose Única
41
ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, ADESÃO AO
TRATAMENTO, DISTRIBUIÇÃO PRESERVATIVO, NOTIFICAÇÃO DO
CASO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS, RETORNO
42
CORRIMENTO VAGINAL
Não
Exame com Não Exame externo para
espéculo possível? identificar outras ITS
Queixa de Não
prurido vaginal?
Sim
Sim
Tratamento para
1. Gonorréia
2. Clamídia
3. Vaginose Bacteriana/tricomoníase
4. Candidíase
Corrimento amarelo?
Tratamento para
Ou corrimento com Sim 1. Gonorréia
cheiro anormal?
2. Clamídia
Ou corrimento cervical
3. Vaginose Bacteriana/tricomoníase
mucopurulento?
Não
Queixa de Não Tratamento para
prurido vaginal? 1. Vaginose Bacteriana/tricomoníase
Sim
Tratamento para
1. Vaginose Bacteriana/tricomoníase
2. Candidíase
43
CORRIMENTO VAGINAL
NOTAS EXPLICATIVAS
44
TRATAR GONORRÉIA, CLAMÍDIA E VAGINOSE BACTERIANA/
TRICOMONÍASE
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.
45
EXAME ESPECULAR SEM CORRIMENTO AMARELO OU CHEIRO
ANORMAL OU CORRIMENTO CERVICAL MUCOPURULENTO COM
QUEIXA DE PRURIDO VAGINAL
Este quadro de decisão indica que há queixa de prurido vaginal mas não foi
confirmado corrimento com as características descritas acima, após a realização do
exame especular.
TRATAR VAGINOSE BACTERIANA/TRICOMONÍASE E CANDIDÍASE
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas.
VAGINOSE CANDIDIASE
BACTERIANA/ Clotrimazol
TRICOMONIASE
Metronidazol
+ 500 mg via vaginal
Dose Única
2 g via oral
Dose Única
46
ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, ADESÃO AO
TRATAMENTO, DISTRIBUIÇÃO PRESERVATIVO, NOTIFICAÇÃO DO
CASO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS, RETORNO
GONORRÉIA (resistente)
Cefixime
400 mg via oral
Dose Única
GESTANTES
Tratar Gonorréia em mulheres grávidas utilizando o medicamento abaixo nas doses
recomendadas. O metronidazol pode ser usado em qualquer idade gestacional.
GONORRÉIA (Grávidas)
Cefixime
400 mg via oral
Dose Única
47
DOR NO BAIXO VENTRE
Urgência cirúrgica?
Ou hemorragia vaginal?
Ou gravidez?
Referir para serviço
Ou atraso menstrual?
Sim de urgência com
Ou dor ao toque abdominal?
atendimento cirúrgico
Ou aborto recente?
e/ou ginecológico
Ou massa pélvica?
Ou exame com espéculo
impossível?
Não
Corrimento amarelo?
Ou corrimento com cheiro Não
anormal?
Ou dor anexial?
Ou dor ao toque cervical?
Sim
Aconselhamento HIV/ITS
Testar para HIV e sífilis, se possível
Oferta de preservativo
Convocação do parceiro
Notificação do caso
Controlo no 3º dia, se sintomático
Aciclovir 400mg VO 3 x dia/7 dias
48
DOR NO BAIXO VENTRE
NOTAS EXPLICATIVAS
PACIENTE COM QUEIXA DE DOR NO BAIXO VENTRE
Este é o quadro de entrada do algoritmo. Nele estão referidas as principais queixas
do paciente ao apresentar-se à consulta. Mulheres sexualmente activas que
apresentam queixa de dor no baixo ventre devem ser avaliadas para o diagnóstico de
DIP – Doença Inflamatória Pélvica.
HISTÓRIA CLÍNICA
Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente com
a finalidade de afastar outras doenças que necessitam de abordagem específica em
serviços de referência, interrogando-a sobre:
Urgência cirúrgica?
Ou hemorragia vaginal?
Ou gravidez?
Ou atraso no período menstrual?
Ou dor ao toque abdominal?
Ou aborto recente?
Ou massa pélvica?
Ou exame com espéculo impossível?
EXAME FÍSICO
Examinar a genitália externa e região anal, separar os lábios vaginais e visualizar o
intróito vaginal. Introduzir o espéculo para examinar a vagina, suas paredes, fundo de
saco e colo uterino. Em seguida realizar o exame pélvico bimanual. Ao toque vaginal,
pesquise hipersensibilidade do fundo de saco, dor a mobilização do colo ou anexos, e
a presença de massas ou colecções.
CORRIMENTO AMARELO? OU
CORRIMENTO COM CHEIRO ANORMAL? OU
DOR ANEXIAL? OU
DOR AO TOQUE CERVICAL?
49
TRATAR GONORRÉIA, CLAMÍDIA E ANAERÓBIOS
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas. Deve-se iniciar o tratamento o mais precocemente possível.
50
VIOLAÇÃO SEXUAL E ITS
Não Orientação
Evidencia de penetração?
Sim
Não Sim
Ocorrência há menos de 72 h? Suspeita Gravidez**?
Sim
Profilaxia Hepatite B
1. Vacina hepatite B (Engerix B) 1 dose IM adulto*
51
VIOLAÇÃO SEXUAL E ITS
NOTAS EXPLICATIVAS
QUEIXA DE VIOLAÇÃO SEXUAL
Neste quadro de entrada do algoritmo está descrita a principal queixa do paciente
ao apresentar-se à consulta. Define-se como estupro o acto de constranger a mulher
de qualquer idade ou condição à conjunção carnal, por meio de violência ou grave
ameaça. Do ponto de vista jurídico é crime previsto no artigo 393 do Código Penal.
O estupro deve ser diferenciado do atentado violento ao pudor, que consiste em
constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a praticar ou permitir que
se pratique acto libidinoso diverso da conjunção carnal.
Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente
interrogando-o sobre:
A data e a hora aproximada da agressão
A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais)
Antecedentes de ITS
Data da última menstruação
Avaliar a possibilidade de gravidez prévia
52
EVIDÊNCIA DE PENETRAÇÃO
Este quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar sinais de penetração
vaginal e/ou anal.
Este quadro de acção indica que a colheita de material deverá ser feita
imediatamente na 1ª observação. Deve-se realizar exame vaginal com espéculo e
com uma zaragatoa colher as secreções vaginais. Colocar a zaragatoa em frasco
contendo soro fisiológico, para posterior envio ao laboratório de análises clínicas
para pesquisa de ITS, se houver disponibilidade laboratorial. A colheita e
armazenamento do material biológico do conteúdo vaginal também devem ser
realizados para a pesquisa de espermatozóides. Deve-se fazer teste rápido de HIV e
teste para sífilis.
PROFILAXIA DE ITS
Este quadro de acção indica que devem ser utilizados os medicamentos nas doses
recomendadas. (Não esperar os resultados dos exames laboratoriais colhidos para
iniciar o uso dos medicamentos abaixo). Deve-se fazer a observação directa da toma
de medicamentos.
QUIMIOPROFILAXIA DO HIV
Este quadro de acção indica que devem ser utilizados os medicamentos nas doses
recomendadas durante 1 mês. Indinavir deve ser tomado em jejum ou 1 hora antes
ou 2 h depois da refeição
Durante 1 mês
1. Zidovudina 300mg + Lamivudina150mg de 12/12 h
2. Indinavir 400mg de 8/8 h
53
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA
Este quadro de acção indica que devem ser utilizados os medicamentos nas doses
recomendadas, escolhendo-se um dos dois. A contracepção de emergência só deve
ser realizada em mulheres após a menarca (aquelas que já ficaram menstruadas)
PROFILAXIA DA HEPATITE B
Este quadro de acção indica que deve ser aplicada a primeira dose da vacina de
Hepatite B. Se houver disponibilidade de Imunoglobulina Hiperimune, esta deve ser
aplicada (HBIG 0,06-0,08 mg/Kg IM)
Este quadro de acção indica que após o atendimento imediato da vítima, deve-se
proceder aos encaminhamentos legais decorrentes do crime conforme previsto no
código penal. Lembrar que o trauma emocional do abuso sexual resulta da violência
em si e também do medo de gravidez ou de ter adquirido uma ITS, inclusive o HIV.
A reacção imediata é de medo persistente, perda de auto-estima e dificuldade de
relacionamento. Os efeitos psicológicos crónicos do abuso sexual enquadram-se no
distúrbio de stress pós-traumático.
Após três meses da agressão a paciente deverá retornar para novo exame
ginecológico completo e realização dos testes de HIV e sífilis. No retorno, deve-se
tratar a ITS diagnosticada, se for o caso, de acordo com o algoritmo específico.
54
SIFILIS CONGÉNITA
Tratar com:
Sim Penicilina cristalina50 mil
Não UI/Kg/dose IV 2 x dia/10 dias
Exame da criança OU
é normal? ** Penicilina G Procaína 50 mil
UI/Kg/dose IM 1 x dia/10 dias
Sim Referir se não puder internar
Controle depois de 6 meses
Tratar a criança com * A mãe precisa ter recebido
Penicilina benzatínica 50 mil UI/Kg IM apenas 1 dose de penicilina para
Dose Única ser considerada tratada
adequadamente para úlcera
Controle de RPR em 6 meses genital (sífilis primária)
Sim
Tratar com:
Penicilina Benzatínica 50 mil UI/Kg IM Dose Única
Controle de RPR em 6 meses (se positivo, referir)
55
SÍFILIS CONGÉNITA
NOTAS EXPLICATIVAS
MÃE RPR POSITIVO NA GRAVIDEZ OU
SUSPEITA CLÍNICA DE SÍFILIS CONGENITA
São duas entradas neste algoritmo: Mãe com exame de RPR positivo durante a
gravidez ou criança com suspeita clínica de sífilis congénita.
Este quadro de decisão indica que é necessário fazer a história clínica da mãe
durante a gestação interrogando-a sobre:
Se alguma das respostas for Não – tratar a criança com penicilina cristalina 50 mil
UI/Kg peso/dose IV 2 x dia por 10 dias ou se a criança tiver mais de 1 mês de vida:
Penicilina G procaína 50 mil UI/Kg/dose IM 1 x dia durante 10 dias.
Se não for possível o internamento referir a criança.
Se todas as respostas forem SIM – seguir o algoritmo.
Este quadro de decisão indica que é necessário realizar cuidadoso exame físico da
criança procurando evidenciar os seguintes sinais ou sintomas:
Baixo peso, prematuridade, renite sanguinolenta, coriza ou obstrução nasal,
osteocondrite, periostite ou osteíte, choro ao manuseio, hepatomegalia,
esplenomegalia, alterações respiratórias/pneumonia, icterícia, anemia severa,
hidropsia, edema, pseudoparalisia dos membros, fissura peribucal, condiloma
plano, penfigo palmo-plantar e outras lesões cutâneas.
56
CRIANÇA COM SUSPEITA CLÍNICA DE SÍFILIS CONGÉNITA
Este é o segundo quadro de entrada neste algoritmo. Nele são referidas as principais
condições da criança ao apresentar-se à consulta. A presença de algumas dessas
alterações indica que a criança deve ser tratada como sífilis congénita.
Este quadro de acção indica que na presença de uma das alterações descritas deve-se
usar Penicilina Cristalina 50 mil UI/Kg/dose IV 2 x dia por 10 dias. Em crianças com
mais de 1 mês de vida, em vez de Penicilina Cristalina pode-se tratar com Penicilina
G Procaína 50 mil UI/Kg/dose IM 1 x dia por 10 dias. Fazer controle em 6 meses.
Referir se não puder internar
57
OFTALMIA NEONATAL
História clínica
e exame físico
Inchaço ou Não
Controle, se necessário
secreção ocular?
Sim
Tratar a criança com:
1. Kanamicina 25 mg/Kg IM Dose Única
2. Tetraciclina pomada oftálmica 3 x dia
3. Eritromicina suspensão VO 50mg/Kg divididos em 4 doses/dia por 14 dias
Notificar o caso
Aconselhamento ITS/HIV
Controle em 3 dias
Sim
Continuar o tratamento para Clamídia
(completar 14 dias)
58
OFTALMIA NEONATAL
NOTAS EXPLICATIVAS
QEIXA DE EDEMA OU SECRECAO OCULAR
Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente
interrogando a mãe sobre:
Início do aparecimento dos sintomas
Como evoluíram os sintomas
Tratamentos já efectuados
Antecedentes de ITS na mãe e no pai
59
TRATAR OS PAIS COMO GONORREIA E CLAMÍDIA
Este quadro de acção indica que deve-se utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas para os pais
GONORREIA CLAMÍDIA
Ciprofloxacina Azitromicina
500 mg via oral + 1 g via oral
Dose Única Dose Única
HOUVE MELHORIA
Este quadro de decisão indica que se houve melhoria do quadro clínico da criança, o
tratamento deve continuar até completar 14 dias.
60
ESCROTO INCHADO
Não
Evidência de inchaço Não Outra doença Não
ou dor no testículo ou genital?
escroto?
Sim
Sim Usar algoritmo
específico
•Repouso no leito
•Elevação dos testículos •Aconselhamento HIV/ITS
•Compressa fria •Oferta de preservativo
•Aconselhamento HIV/ITS
•Oferta de preservativo
•Convocação de parceiro
•Notificação do caso
•Retorno para controle no 3º dia
61
ESCROTO INCHADO
NOTAS EXPLICATIVAS
Este quadro de acção indica que é necessário fazer a história clínica do paciente
interrogando-o sobre:
A data do início dos sintomas
Como evoluíram os sintomas (aparecimento súbito ou gradual?)
História de trauma testicular
História de corrimento uretral
A história dos contactos sexuais recentes (número de parceiros, uso do
preservativo, práticas sexuais, parceira com corrimento vaginal)
Tratamentos já efectuados
Antecedentes de ITS
62
TRATAR GONORREIA E CLAMÍDIA
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas
GONORREIA CLAMÍDIA
Ciprofloxacina Azitromicina
500 mg via oral
Dose Única
+ 1 g via oral
Dose Única
63
BALANITE
História e Exame
Físico
Sim
Não
•Aconselhamento HIV/ITS
•Oferta de preservativo
•Notificação do caso
•Convocação de parceira
* investigar Diabetes mellitus
64
BALANITE
NOTAS EXPLICATIVAS
RETRACÇÃO DO PREPÚCIO
Este quadro de decisão mostra a necessidade de se realizar o exame com o prepúcio
retraído, com a finalidade de evidenciarmos outras lesões sugestivas de ITS. Se não
for possível fazer a retracção prepucial recomenda-se o tratamento para gonorréia e
Clamídia
GONORRÉIA CLAMÍDIA
Ciprofloxacina Azitromicina
500 mg via oral
Dose Única
+ 1 g via oral
Dose Única
65
TRATAMENTO PARA CANDIDÍASE
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas, se não houver evidência de corrimento uretral ou úlcera.
CANDIDÍASE
Clotrimazol creme 1%
2 x dia por 7 dias
66
BUBÃO (ADENOPATIA INGUINAL)
Queixa de inchaço ou
tumefacção na virilha
Sim
Presença de Não Outra doença Não
Adenopatia inguinal? genital?
Sim
Não Tratamento para Linfogranuloma Venéreo e
Presença de úlcera Cancróide
ao exame? 1. Doxiciclina 100mg VO 2xdia/21 dias
2. Azitromicina 1g VO Dose Única
Sim Grávidas:
1. Eritromicina 500mg VO 4xdia/14 dias
•Os bubões flutuantes devem ser aspirados
Tratamento para
Linfogranuloma venéro se
adenopatia persitir após 7 •Aconselhamento HIV/ITS
dias •Possibilidade de testagem HIV e sífilis
•Oferta de preservativos
•Notificação do caso
•Convocação de parceiros
•Controlo aos 7 dias se sintomático
67
BUBÃO/ADENOPATIA INGUINAL
NOTAS EXPLICATIVAS
68
TRATAMENTO PARA LINFOGRANULOMA VENÉREO E CANCRÓIDE
Este quadro de acção indica que devemos utilizar os medicamentos nas doses
recomendadas
LINFOGRANULOMA CANCRÓIDE
VENÉREO Azitromicina
Doxiciclina
100mg VO
+ 1g via oral
dose única
2xdia/21 dias
SÍFILIS CANCRÓIDE
Penicilina Azitromicina
Benzatínica
2,4 milhões IM
+ 1g via oral
dose única
Dose Única
LINFOGRANULOMA
VENÉREO
Doxicilina
100mg VO
2xdia/21 dias
69
ACONSELHAMENTO, TESTAGEM PARA HIV E SÍFILIS, OFERTA DE
PRESERVATIVO, CONVOCAÇÃO DE PARCEIROS
70
Capitulo 5
Abordagem Etiológica do
Paciente com ITS
INFECÇÕES GONOCÓCICAS
QUADRO CLÍNICO
71
Na mulher, a cervicite ou endocervicite gonocócica frequentemente é
assintomática. Podem ocorrer alguns sintomas genitais leves como corrimento
vaginal, dispareunia ou disúria. Mesmo assim, a mulher portadora poderá vir a
apresentar as complicações de uma cervicite gonocócica não tratada.
Ocasionalmente o ducto de Bartholin é atingido, seja inicialmente ou por
continuidade, levando a formação de abcesso agudo e doloroso. O colo uterino fica
habitualmente edemaciado, sangrando facilmente ao toque da espátula; as vezes é
possível visualizar a presença de muco ou pus no orifício externo do colo. Uma
cervicite prolongada, sem o tratamento adequado pode se estender ao endométrio e
as trompas, causando doença inflamatória pélvica (DIP) sendo suas principais
sequelas: esterilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crónica
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Deve ser realizado com os agentes e/ou processos causadores das uretrites não
gonocócicas.
TRATAMENTO
Uretrite e Cervicite: Ciprofloxacina 500 mg via oral dose única.
ou
Cefixime 400 mg via oral dose única
ou
Kanamicina 1 g IM dose única
72
Observações:
GRÁVIDAS
73
INFECÇÕES POR CLAMÍDIA
QUADRO CLÍNICO
Inicia-se por pápula, pústula ou ulceração indolor, que desaparece sem deixar
sequelas. Frequentemente não é notada pelo paciente e raramente é observada pelo
médico. Essa lesão pode ocorrer em diversas partes da genitália interna ou externa.
No homem a linfadenopatia inguinal desenvolve-se entre 1 a 6 semanas após a lesão
inicial sendo geralmente unilateral. Na mulher, a localização da adenopatia depende
do local de inoculação. O comprometimento ganglionar evolui com supuração e
fistulização por orifícios múltiplos que correspondem a linfonodos individualizados,
parcialmente fundidos em uma grande massa. Pode provocar sintomas gerais como
febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese nocturna e
meningismo.
74
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
TRATAMENTO
GRÁVIDAS:
75
SÍFILIS ADQUIRIDA
QUADRO CLÍNICO
No estágio de sífilis latente, seja ela recente ou tardia não há manifestações clínicas e
portanto o seu diagnóstico é feito por meio de testes serológicos. Uma infecção de
mais de dois anos de duração sem evidência clínica de lesões treponêmicas é
classificada como sífilis latente tardia. Sua duração é variável, e seu curso poderá ser
interrompido por sinais e sintomas da forma secundária ou terciária. A sífilis em seus
estágios recentes tem maior infectividade, porém responde melhor ao tratamento.
Após a resolução das lesões cutâneas primárias ou secundárias, alguns pacientes
experimentam recorrência cutânea. As lesões surgem em menor número, são mais
induradas e também são contagiosas.
76
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Serologia Treponémica
O FTA-Abs (Fluorescent Treponema Antigen Absorvent) e o TPHA (Treponema
pallidum hemaglutinação) são testes qualitativos e importantes para a confirmação
dos testes não treponémicos, se estiverem disponíveis. Em geral tornam-se reactivos
a partir do 15o dia da infecção e podem permanecer positivos mesmo após o
tratamento adequado. Assim, a interpretação dos testes serológicos para o
diagnóstico de sífilis deve ser cuidadosa. O quadro seguinte deve ser observado para
a interpretação desses resultados.
Observação:
1. Quando não houver disponibilidade de um teste adicional, todos os pacientes
com RPR positivo devem ser tratados.
2. Testes serológicos não são utilizados para diagnóstico de pacientes com
ulcera genital (usar algoritmo especifico).
77
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
TRATAMENTO
GRÁVIDAS
PORTADOR DO HIV
78
SIFILIS CONGÉNITA
QUADRO CLÍNICO
A sífilis congénita, da mesma forma que a sífilis adquirida apresenta dois estágios:
precoce – quando as manifestações clínicas são diagnosticadas até o segundo ano de
vida – e tardia, após esse período.
Na sífilis congénita precoce os sinais e sintomas aparecem até ao segundo ano de
vida e os principais são: baixo peso, renite sanguinolenta, coriza, obstrução nasal,
prematuridade, osteocondrite, periostite ou osteíte, choro ao manuseio,
esplenomegalia, hepatomegalia, alterações respiratórias/pneumonia, icterícia, anemia
severa, hidropsia, edema, pseudoparalisia dos membros, fissura peribucal, condiloma
plano, pênfigo palmo-plantar e outras lesões cutâneas.
Na sífilis congénita tardia, os sinais e sintomas surgem a partir dos 2 anos de vida:
tíbia em lâmina de sabre, fronte olímpica, nariz em sela, dentes incisivos medianos
superiores deformados (dentes de Hutchinson), mandíbula curta, arco palatino
elevado, queratite intersticial, surdez neurológica, dificuldade de aprendizagem.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Se a mãe foi tratada com penicilina durante a gestação o risco de ocorrência de sífilis
congénita é mínimo. Recém-nascidos não infectados podem apresentar anticorpos
maternos transferidos via placentária. Nesses casos, em geral, o teste será reagente
até os primeiros seis meses de vida. Por esse motivo o diagnóstico de sífilis
congénita exige a realização de um elenco de exames que permitam a classificação
clínica do caso para que a terapia adequada seja instituída. Todas as crianças nascidas
de mãe com serologia positiva devem ser examinadas do nascimento até o sexto
mês de vida, em intervalos mensais, até que se confirme que o teste serológico é
negativo.
79
TRATAMENTO
Todo recém-nascido de mãe com teste RPR positivo durante a gestação e que não
tenha utilizado penicilina benzatínica, ou com parceiro sexual que não foi tratado
adequadamente ou com novo parceiro sexual, deve ser tratado com:
Esse mesmo esquema terapêutico deve ser utilizado se há suspeita clínica de sífilis
congénita.
80
CANCRÓIDE
CONCEITO E AGENTE ETIOLÓGICO
É uma infecção de transmissão exclusivamente sexual, causada pelo Haemophilus
ducrey. Caracteriza-se por lesões múltiplas, mas também podendo ser única, e
habitualmente dolorosas. O período de incubação usualmente é inferior a 1 semana.
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Na prática, o diagnostico de cancróide é clínico. A pesquisa directa de esfregaços de
secreção da base da úlcera, corados pelo Gram não é específica. A cultura é um
método diagnóstico mais sensível, porém de difícil realização.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Deve ser feito com todas as outras infecções de transmissão sexual que causam
ulcerações genitais, assim como lesões traumáticas infectadas.
TRATAMENTO
Azitromicina 1 g via oral dose única
ou
Ciprofloxacina 500 mg oral 2 x dia por 3 dias
GRÁVIDAS
Tratar com azithromycina 1 g via oral dose única
PORTADOR DO HIV
Pacientes com teste de HIV positivo devem ser monitorados cuidadosamente visto
que podem necessitar de maior tempo de tratamento. Assim como pacientes que
não responderem bem a terapia instituída deverão ser investigados sobre ocorrência
de infecção pelo HIV.
81
HERPES GENITAL
A Herpes Genital é causada pelo vírus Herpes simplex (HSV), que é transmitido
predominantemente pelo contacto sexual (inclusive oro-genital) com período de
incubação de 3 a 14 dias, no caso de primo infecção sintomática. Embora o HSV
tipos 1 e 2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do
tipo 2 nas lesões genitais, e do tipo 1 nas lesões periorais. Essas lesões caracterizam-
se por causar quadros agudos, seguidos de longos períodos de latência e reactivação.
Também pode ser transmitido por contacto directo com lesões ou objectos
contaminados.
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
82
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
TRATAMENTO
GRÁVIDAS
PORTADOR DO HIV
83
VERRUGA GENITAL (CONDILOMA ACUMINADO)
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
TRATAMENTO
A remoção das lesões não significa que a infecção esteja curada. Nenhum tratamento
é completamente satisfatório. O objectivo principal do tratamento da infecção pelo
HPV é a remoção das verrugas sintomáticas. Se deixados sem tratamento, os
condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados, ou aumentar em tamanho
ou número.
84
Os tratamentos disponíveis para os condilomas são: crioterapia, eletrocoagulação,
podofilina, ácido tricoloacético e exérese cirúrgica. Factores que podem influenciar
na escolha de algum desses métodos são o tamanho, o número e local da lesão, além
da sua morfologia e preferência do paciente, custos, disponibilidade de recursos e a
experiência do profissional de saúde.
Podofilina 0,5% em solução ou gel 2 x dia por 3 dias. Deve ser aplicada uma
pequena quantidade sobre os condilomas e deixar secar. Deve-se
recomendar ao paciente lavar abundantemente a área tratada 4 horas depois,
sob o risco de provocar dermatite irritativa severa. Nunca usar durante a
gravidez ou em lesões mucosas, como as do colo do útero, vagina, meato e
anorectais.
GRÁVIDAS
PORTADOR DO HIV
Pessoas imunodeprimidas devido à infecção pelo HIV, ou por outras razões, podem
não responder ao tratamento para o HPV e podem acontecer recidivas mais
frequentes. O carcinoma escamoso pode surgir mais frequentemente em
imunodeprimidos, valorizando a biópsia de lesões neste grupo de pacientes. O
tratamento para esses pacientes deve basear-se nos mesmos princípios acima
referidos.
85
INFECÇÃO PELO HIV/SIDA
Transmissão Sexual:
O risco de adquirir HIV por cada encontro sexual depende, em parte, do grau ou da
probabilidade do parceiro estar infectado. Este risco varia de acordo com a
prevalência de HIV na área e com o tipo de comportamento de risco de cada
parceiro potencial. Por exemplo, uma prevalência de 17% significa que 17 de 100
pessoas estão infectadas.
86
Múltiplos parceiros sexuais
Transmissão sexual
O sémen, secreções vaginais, e/ou sangue de uma pessoa infectada com o HIV entra na
outra pessoa durante o contacto sexual vaginal, anal ou oral.
Factores de risco Estratégias de prevenção
Sexo não protegido (sem Promover comportamento e
preservativo) com uma pessoa práticas sexuais mais seguros e
infectada. responsáveis.
Múltiplos parceiros sexuais Prática do sexo seguro (uso de
Episódio recente de infecção de preservativo)
transmissão sexual Adiar o início das relações sexuais.
Ser fiel/monogamia mútua:
reduzindo o número de parceiros
sexuais.
Tratamento atempado de infecções
de transmissão sexual
Teste de HIV em pessoas com ITS
Abstinência.
A presença de outra infecção sexualmente transmitida aumenta o risco de
infecção por HIV
87
Transmissão Sanguínea:
(em receptores de sangue e hemoderivados não testados e em usuários de drogas
injectáveis)
Transmissão de sangue-para-sangue
Factores de risco Estratégias de prevenção
Exposição a objectos cortantes Minimizar o uso de seringas e
como seringas, agulhas e outros agulhas
equipamentos cirúrgicos não Não partilhar equipamento
esterilizados. cirúrgico.
Escarificações ou tatuagens com Usar equipamento cirúrgico
material contaminado. esterilizado.
Exposição ao sangue ou produtos Praticar as normas de
de sangue (transfusão do sangue) biosegurança.
Uso de agulhas, seringas ou Uso do sangue devidamente
equipamento para injectar, analisado.
contaminados. Teste de HIV
Partilha ou reutilização do Abster-se de uso de drogas e de
equipamento de injecção drogas injectáveis.
Não partilhar equipamento de
injecção.
Transmissão Perinatal
(transmissão da mãe para o filho durante a gestação, parto ou por aleitamento
materno).
Esta é a via mais importante de transmissão do HIV/SIDA às crianças e é também
conhecida como transmissão vertical. Estima-se que esta forma de transmissão
seja responsável por cerca de 90% de casos de HIV/SIDA em crianças. A transmissão
do vírus de mães infectadas para as crianças, sem nenhuma medida de prevenção,
ocorre entre 25-50%. Essa transmissão pode ocorrer durante a gravidez (20% das
infecções ocorrem nesse período), trabalho de parto e parto (cerca de 60% das
infecções ocorrem durante o parto) e aleitamento materno (cerca de 20%).
88
Transmissão de mãe infectada para o seu filho durante a gravidez,
trabalho de parto e parto, e durante a amamentação.
Factores de risco Estratégias de prevenção
Carga viral alta durante Prevenção da infecção pelo HIV (contacto
a gravidez. sexual).
Trabalho de parto Prevenção da gravidez não desejada entre
invasivo. as mulheres infectadas com o HIV
Não usar profilaxia anti- Prevenção da transmissão de HIV das
retroviral. mulheres infectadas para os seus filhos
Provisão de cuidados e apoio às mulheres
infectadas, seus filhos e famílias.
89
QUADRO CLÍNICO
90
candidíase oral, tuberculose pulmonar, infecções bacterianas graves recorrentes
(pneumonia). A candidíase vulvovaginal é muito comum nas mulheres mas numa
mulher com HIV+ pode ser recorrente e resistente à terapia.
EVOLUÇÃO DO HIV/SIDA
A nível individual, uma pessoa vivendo com HIV nos primeiros anos sente-se bem
e parece normal. Depois de alguns anos, o vírus destrói os linfócitos CD4 e seu
número diminui. Com uma imunodeficiência progressiva, a pessoa pode ter
manifestações menores e mais tarde os sintomas são severos. Finalmente, aparecem
as doenças indicadoras de SIDA e isto sucede no quarto estádio. Uma pessoa
vivendo com HIV/SIDA nem sempre tem todas as manifestações da doença. Cada
pessoa tem a sua própria evolução do HIV/SIDA.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
91
Observação:
Os pacientes suspeitos de infecção pelo HIV devem ser encorajados a realizar o
teste de HIV nos locais de referência
Diagnóstico Laboratorial
A infecção pelo HIV pode ser diagnosticada pela detecção de anticorpos contra o
vírus, antígenos virais (DNA e RNA viral) ou por cultura. O teste padrão é o da
serologia que detecta anticorpos contra o vírus. Esse teste é o utilizado, no nosso
meio, nos laboratórios de referência de hospitais, banco de sangue e ATS do País.
Os testes do HIV utilizados são Determine e UNIGOLD.
Caso o teste seja indeterminado, este deve ser repetido após 21 ou 30 dias, pois o
indivíduo pode encontrar-se no período de janela imunológica. No caso de dúvida, o
teste deve ser repetido após três meses da última exposição suspeita.
Nos portadores de HIV, outros testes de laboratório devem ser solicitados antes do
início do tratamento com anti-retrovirais, ou para controle do tratamento, e para
decidir a profilaxia medicamentosa e prevenir as infecções oportunistas. Estes testes
são realizados somente nos laboratórios especializados:
92
tratamento com anti-retrovirais e a profilaxia das infecções oportunistas
TRATAMENTO
GRÁVIDAS
Nas mulheres com teste anti HIV positivo que estejam já grávidas a abordagem é
diferente. Também nesse caso são adoptados esquemas específicos para a redução
da transmissão vertical. A escolha de esquema depende do nível da unidade sanitária
e do acesso da gestante ao hospital de referência.
93
TRICOMONÍASE
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
TRATAMENTO
GRÁVIDAS
A infecção pode estar associada a rotura prematura de membranas, prematuridade e
baixo peso à nascença, especialmente em mulheres sintomáticas
Deve-se evitar o uso de metronidazol no primeiro trimestre da gravidez
PORTADOR DE HIV
Pacientes infectados pelo HIV devem ser tratados com os esquemas referidos.
94
VAGINOSE BACTERIANA
É uma síndrome clínica resultante da substituição da flora vaginal normal por alta
concentração de bactérias anaeróbias, tais como Gardnerella vaginalis e Mycoplasma
hominis. O mecanismo dessa alteração microbiana não está totalmente esclarecido. A
Vaginose Bacteriana (VB) é uma infecção endógena do trato reprodutivo. O
tratamento dos parceiros sexuais não tem demonstrado benefícios.
QUADRO CLÍNICO
Embora o corrimento seja o sintoma mais frequente, quase a metade das mulheres
com VB são assintomáticas. Quando presente, o corrimento tem cor acinzentada,
aspecto cremoso e odor fétido, mais acentuado depois do coito e no período
menstrual.
DIAGNÓSTICO
É realizado por critérios clínicos e se confirma quando estiverem presentes três dos
seguintes critérios ou apenas os dois últimos:
TRATAMENTO
95
GRÁVIDAS
PORTADORA DO HIV/SIDA
Pacientes portadoras do HIV devem ser tratadas com os esquemas acima referidos.
96
CANDIDÍASE VULVOVAGINAL
É uma infecção da vulva e vagina, causada por um fungo comensal que habita a
mucosa vaginal e a mucosa digestiva. Esse fungo cresce quando o meio torna-se
favorável para o seu desenvolvimento. A maioria dos casos é causada pela Cândida
albicans. A candidíase vulvovaginal geralmente não é adquirida sexualmente,
especialmente as mulheres. Os factores predisponentes dessa doença são:
Gravidez
Diabetes mellitus
Obesidade
Uso de contraceptivos orais de alta dosagem
Uso de antibióticos, corticóides ou imunossupressores
Hábitos de higiene e vestiário inadequado que diminuem a ventilação e
aumentam a humidade e o calor local
Contacto com substancias irritantes ou que causem alergias
Imunodeficiência, inclusive a infecção pelo HIV
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
97
TRATAMENTO
GRÁVIDAS
PORTADORA DO HIV/SIDA
98
PEDICULOSE PUBIANA (CHATO)
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
É facilmente feito pelo achado dos piolhos e das lêndeas aderidos aos pêlos.
TRATAMENTO
GRÁVIDAS
99
SARNA (ESCABIOSE)
Doença infecciosa da pele causada por um ácaro, cuja penetração na pele é visível
sob a forma de pápulas ou vesículas ou de sulcos lineares diminutos que contem os
ácaros e seus ovos. É transmitido por contacto corporal directo, seja sexual, seja por
proximidade, entre pessoas morando ou trabalhando juntas por muito tempo, como
em creches e escolas.
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
Geralmente é feito pela clínica, mas pode ser confirmada em exame microscópico de
material obtido das lesões não escoriadas.
TRATAMENTO
As aplicações tópicas em todo o corpo, do pescoço para baixo, devem ser realizadas
após banho e lavadas após 24 horas. As roupas de cama e de uso pessoal devem ser
bem lavadas, expostas ao sol e passadas ao ferro. Todas as pessoas que convivem no
mesmo ambiente devem ser tratadas. O prurido algumas vezes persiste por várias
semanas após o tratamento. Deve-se repetir o tratamento após uma semana.
GRÁVIDAS
Lindane não deve ser usado em mulheres grávidas ou lactantes
PORTADOR DO HIV
Podem apresentar manifestações extremamente severas da doença.
Ivermetina 6 mg via oral, dose única
100
CAPITULO 6
A Melhoria da Gestão do
Programa de ITS
Para o bom controle das ITS na comunidade é necessário o tratamento efectivo dos
pacientes sintomáticos e seus contactos sexuais, utilizando-se os algoritmos
elaborados e os medicamentos recomendados. Eles são simples e proporcionam a
possibilidade de tratamento precoce, o que impede novas infecções e quebra da
cadeia de transmissão, em uma única visita ao serviço. A compra de medicamentos
na qualidade e na quantidade adequada àquela realidade deve ser bem planificada, de
modo que não faltem os medicamentos necessários para tratar sindromicamente os
casos diagnosticados.
O registo do caso atendido e de seus contactos deve ser diário, à medida que o
atendimento estiver sendo feito. Deve-se utilizar os formulários específicos do livro
de registo de atendimento da Unidade Sanitária (em anexo). Essas actividades fazem
parte da vigilância Epidemiológica, que se define como um conjunto de actividades
que permite reunir a informação indispensável para conhecer, a cada momento, o
comportamento ou a história natural de uma doença e detectar ou prever mudança
que possa ocorrer por alteração dos factores que a condicionam. Tem a finalidade
de recomendar, em bases científicas, as medidas oportunas que levem à prevenção e
ao controle dessa mesma doença.
101
Pode-se afirmar, que a vigilância epidemiológica presta-se em termos gerais, a
subsidiar no plano político, o estabelecimento das linhas de planificação dos serviços
de saúde; e em termos mais particulares, a orientar o plano de gestão, definindo as
medidas de impacto das intervenções implementadas.
Devido a importância da epidemia de HIV/SIDA em Moçambique, é fundamental que
seja feito o registo dos casos encaminhados para aconselhamento pré-teste, assim
como para os serviços de assistência a pessoas com HIV/SIDA.
SUPERVISÃO TÉCNICA
Para que o atendimento a pessoas com ITS seja de qualidade é necessário que a
unidade sanitária disponha de infrastrutura adequada, profissionais capacitados,
instrumentos e equipamentos, materiais para a realização do exame genital e colecta
de material para exame, materiais informativos e educativos, preservativos e
medicamentos em quantidade suficiente para serem oferecidos a todos os pacientes
atendidos.
102
LISTA DE CONTROLE PARA FARMÁCIA
103
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE
Sexo Masculino Feminino
Idade > 15 anos 15 a 19
anos
20 a 49 anos > 50 anos
Estado Civil Casado Solteiro
Temcompanheiro Outros
Queixa de DTS Sim Não
HISTÓRIA CLÍNICA
Pergunta sobre inicio
e duração dos Sim Não
sintomas?
Pergunta sobre
recentes contactos Sim Não
sexuais de risco?
Pergunta sobre uso de
preservativo na última Sim Não
relação sexual?
EXAME FÍSICO
Faz inspecção genital Sim Não
do doente?
No homem, faz Sim Não
retracção do
prepúcio?
Na mulher faz exame Sim Não
especular?
Na mulher faz exame Sim Não
bimanual?
EXAME LABORATORIAL
Solicita análise de Sim Não
RPR?
Se sim, o resultado é Sim Não
no mesmo dia
DIAGNÓSTICO
Sindrómico
Etiológico
104
MEDICAMENTOS PRESCRITOS
1. 2.
3. 4.
ACONSELHAMENTO
O doente é instruído sobre a
importância de fazer o Sim Não
tratamento completo?
Investiga outros sintomas Sim Não
de DTS?
O doente é informado sobre Sim Não
o risco da infecção pelo
HIV/SIDA?
Instrui sobre o uso do Sim Não
preservativo?
Demonstram o uso correcto
do preservativo? Sim Não
Entregam preservativos ao Sim Não
doente?
Convocam o(s) parceiros Sim Não
sexuais?
Há uma boa comunicação
entre o profissional e o Sim Não
doente?
Há privacidade durante a Sim
consulta?
COMENTÁRIOS:
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
105
ANEXOS
106
Corrimento uretral
Corrimento vaginal
107
Úlcera genital
108
Sífilis congénita
109
Cancróide
Herpes genital
110
Condiloma acuminado
Candidiase vulvovaginal
111
DROGAS UTILIZADAS NO TRATAMENTO DAS ITS
Síndroma Etiologia 1a linha 2a linha 3a linha Gravidez Outros
Corrimento Ciprofloxacina Cefixime Cefixime
Kanamicina
Vaginal 500 mg via 400mg via 400mg via
Gonorreia 1g IM dose
oral dose oral dose oral dose
única
única única única
Doxiciclina
Azitromicina Azitromicina
100mg 2xdia
Clamídia 1g via oral 1g via oral
por 7 dias via
dose única dose única
oral
Metronidazol
Tricomoníase Metronidazol Evite usar
500 mg via
e Vaginose 2g via oral no primeiro
oral 2xdia por
bacteriana dose única trimestre
7 dias
HIV/SIDA:
Nistatina
Clotrimazol Clotrimazol Clotrimazol
óvulos 1
Candidíase 500 mg via 500 mg via 500mg via
óvulo vaginal
vaginal vaginal vaginal por
por 14 dias
3 dias
Corrimento Ciprofloxacina Cefixime
Kanamicina
Uretral 500 mg via 400mg via
Gonorreia 1g IM dose
oral dose oral dose
única
única única
Doxiciclina
Azitromicina
100mg 2xdia
Clamídia 1g via oral
por 7 dias via
dose única
oral
Metronidazol
Metronidazol
500 mg via
Tricomoníase 2g via oral
oral 2xdia por
dose única
7 dias
Úlcera Genital Alergia a
Penicilina penicilina:
Benzatínica Eritromicina
Sífilis 2,4 milhões 500mg
UI IM dose 4xdia por
única 14 dias, via
oral
Ciprofloxacina
Azitromicina Azitromicina
500mg via
Cancróide 1g via oral 1g via oral
oral 2xdia por
dose única dose única
3 dias
HIV/SIDA:
Aciclovir Aciclovir
400mg via 400mg na
Herpes
oral 3xdia por mesma
7 dias dose por 7
dias
Dor no Baixo Ciprofloxacina
Ventre Kanamicina Ceftriaxone 500mg via
Gonorreia 2 mg IM dose 250mg IM oral 2xdia por
única dose única 14 dias E
metronidazol
Ciprofloxacina
Doxiclina
500mg via
100mg 2xdia
Clamídia por 14 dias
oral 2xdia por
14 dias E
via oral
metronidazol
Ciprofloxacina
Metronidazol
500mg via
500mg 2xdia
Anaeróbios por 14 dias
oral 2xdia por
14 dias E
via oral
metronidazol
112
Síndroma Etiologia 1a linha 2a linha 3a linha Gravidez Outros
Ciprofloxacina Cefixime Kanamici
500mg via 400mg via na 1g IM
Escroto Inchado Gonorreia
oral dose oral dose dose
única única única
Doxiciclina
Azitromicina
100mg
Clamídia 1g via oral
2xdia por 7
dose única
dias
Clotrimazol
creme a 1%
Balanite Candidíase
2xdia por 7
dias
Doxiciclina
100mg 2xdia
Bubão Clamídia
por 21 dias
via oral
Penicilina
cristalina
50mil
Sífilis congénita Treponema
UI/Kg/dose
2xdia por 10
dias IV
Ceftriaxone
Oftalmia neonatal Gonorreia 50mg/Kg IM
dose única
Eritromicina
xarope
50mg/Kg/por
Clamídia
dia divididos
em 4 doses
por 14 dias
Solução de Tetraciclina
Profilaxia do Gonorreia
Nitrato de pomada a
recém-nascido e Clamídia
prata a 1% 1x 1% 1x
113
GLOSSÁRIO
114
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