Você está na página 1de 24

AÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DAS DST

AÇÕES DE ENFERMAGEM NA
PREVENÇÃO DAS DST (ABORDAGEM
SINDRÔMICA)
CONSIDERAÇÕES GERAIS:

A prevenção, estratégia básica para o controle da transmissão das DST e do HIV, dar-se-á por meio
da constante informação para a população geral e das atividades educativas que priorizem: a percepção de
risco, as mudanças no comportamento sexual e a promoção e adoção de medidas preventivas com ênfase
na utilização adequada do preservativo.
Nos últimos anos, principalmente após o início da epidemia de aids, as DST readquiriram importância
como problemas de saúde pública. Entretanto, alguns fatos negativos têm sido percebidos no contexto da
atenção às DST em nosso país:
• são escassos os dados epidemiológicos relativos às DST;apenas a aids, a sífilis congênita e a sífilis na
gestação são de notificação compulsória;
• os portadores de DST continuam sendo discriminados nos vários níveis do sistema de saúde.
• populações prioritárias como adolescentes, profissionais do sexo, homo e bissexuais, travestis entre
outros, têm pouca acessibilidade aos serviços.
• o atendimento é muitas vezes inadequado, resultando em segregação e exposição a situações de
constrangimento.Tal fato se dá, por exemplo, quando usuários têm que expor suas queixas em locais sem
privacidade (recepções) ou a funcionários despreparados. Essas situações contribuem para afastá-los dos
serviços de saúde;
• a irregularidade na disponibilização de medicamentos específicos contribui para que desacreditem os
indivíduos com DST, dos serviços de saúde;
• pouquíssimas unidades são capazes de oferecer resultados de testes conclusivos, no momento da
consulta. A conseqüência mais evidente dessa situação de baixa resolutividade dos serviços é a busca de
atendimento em locais nos quais não seja necessário se expor, nem esperar em longas filas, ou seja: as
farmácias comerciais.

1- Princípios para adequada atenção às DST

Os princípios básicos para atenção às DST, como em qualquer processo de controle de epidemias,
são os seguintes:
• interromper a cadeia de transmissão: atuando objetivamente nos elos que formam essa corrente, ou
seja, detectando precocemente os casos,
tratando os infectados, e seus parceiros, adequada e oportunamente.
• prevenir novas ocorrências: por meio de aconselhamento específico, durante o qual as orientações
sejam discutidas conjuntamente, favorecendo a compreensão e o seguimento das prescrições,
contribuindo, assim, de forma mais efetiva, para a adoção de práticas sexuais mais seguras.

13 2-Estratégias para adequada atenção e Prevenção

As atividades de aconselhamento das pessoas com DST e seus parceiros durante o atendimento
são fundamentais, no sentido de buscar que os indivíduos percebam a necessidade de maior cuidado,
protegendo a si e a seus parceiros, prevenindo assim a ocorrência de novos episódios. Deve-se sempre
enfatizar a associação existente entre as DST e a infecção pelo HIV. Deve-se, ainda, estimular a adesão
ao tratamento, explicitando a existência de casos assintomáticos ou pouco sintomáticos, também
suscetíveis a graves complicações. A promoção e disponibilização de preservativos deve ser função de
todos os serviços, desta forma, a assistência pode se constituir em um momento privilegiado de
prevenção.

3- Detecção de casos

Tão importante quanto diagnosticar e tratar o mais precocemente possível os portadores sintomáticos é
realizar a detecção dos portadores assintomáticos. Entre as estratégias que poderão suprir essa importante
lacuna estão ,os rastreamentos de DST assintomáticas, em especialmente síflis, gonorréia e clamídia em
gestantes e/ou adolescentes, serviços que executam atendimento ginecológico, em especial os de
planejamento familiar, de pré-natal e os serviços de prevenção do câncer ginecológico.
Algumas mudanças na orientação dos profissionais de saúde para que passem a fazer assistência
integral aos usuários são de fundamental importância pois, com isso, pessoas em situação de risco teriam
oportunidade para diagnóstico e/ou aconselhamento.
1
4-Tratamento imediato

O tratamento deve ser instituído no momento da consulta, preferencialmente com medicação por via
oral e em dose única, ou com o menor número possível de doses. A utilização de alguns fluxogramas
desenvolvidos, testados e já validados, provê a possibilidade de tratamento imediato e a ruptura imediata
da cadeia de transmissão. Nesta abordagem, são pesquisados os sinais e sintomas que, agrupados,
forneçam o diagnóstico de uma síndrome. O tratamento visará, então, aos agentes etiológicos mais
comuns na síndrome em questão. A implementação desta assistência, deve incluir a coleta de material
para a realização do diagnóstico etiológico em laboratório local ou de referência, aconselhamento para
redução de risco, tratamento de parceiros, orientações para adesão aos tratamentos fracionados,
promoção e disponibilidade de preservativos.

175- Atendimento

O tempo de espera deverá ser o menor possível, devendo ser aproveitado para realização de ações
de educação em saúde individual e coletiva, através de vídeos educativos, dinâmicas de grupo,
abordagens de questões de cidadania, entre outras. A anamnese do paciente, a identificação das
diferentes vulnerabilidades e o exame físico são os principais elementos diagnósticos das DST.
O atendimento do paciente com DST visa curar as infecções possíveis, cessar os sintomas,
colaborando para evitar as complicações advindas da(s) DST e interromper a cadeia de transmissão.
Portanto, uma única consulta deve prover diagnóstico, tratamento e aconselhamento, além do acesso aos
insumos de prevenção, quando necessários.
Os exames laboratoriais devem ser colhidos na mesma oportunidade, sempre que possível, mas a
conduta não deve ser postergada aguardando seus resultados. Os exames laboratoriais, quando
realizados, vão confirmar a adequação dos tratamentos prescritos e contribuir na vigilância do perfil
etiológico das diferentes síndromes clínicas e da sensibilidade aos medicamentos preconizados.
Nesta etapa, também se recomenda vacinação contra hepatite B para todos os portadores de DST
com menos de 30 anos, exceto em zonas endêmicas, onde só está indicada para os indivíduos suscetíveis
identificados por sorologia.
É necessário assegurar um ambiente de privacidade para a consulta, tempo e disponibilidade interna
do profissional para o diálogo, assegurando para o cliente o caráter confidencial das informações.
O aconselhamento, a avaliação de situações de risco e a educação para saúde das pessoas com
DST e seus parceiros são atividades nas quais vários profissionais podem atuar, além de médicos(as) e
enfermeiros(as).
Fluxogramas de conduta específicos, desenvolvidos e testados nacional e internacionalmente, são os
instrumentos que auxiliarão o profissional que realiza o atendimento e serão apresentados nos capítulos
seguintes para cada síndrome clínica: úlcera genital, corrimento uretral masculino, corrimento feminino e
dor pélvica. Os fluxogramas contêm as informações básicas necessárias ao manejo dos pacientes. Para
usá-lo, o profissional identifica a síndrome que se encontra no topo do quadro e segue os passos, tomando
as decisões de acordo com os achados clínicos.
Após o .fluxograma de cada síndrome, são apresentadas as notas explicativas correspondentes a
cada polígono de decisão e ação. Informações mais específicas sobre as doenças abrangidas por cada
síndrome são oferecidas imediatamente após as notas de esclarecimento de cada fluxograma.
Diferentemente dos homens, entre as mulheres é comum observar a presença da infecção sem ou com
poucos sintomas ou queixas. Nestes casos, o fluxograma pode ser aplicado ao serem identificados sinais
ao exame genital, apesar de se esperar uma menor sensibilidade.
No atendimento de DST, os profissionais de saúde devem conhecer a anatomia e fisiologia do trato
genital masculino e feminino e um exame clínico e genital minuciosos são recomendados. Durante o exame
físico, devem ser feitas as coletas das secreções e material de lesões para exame laboratorial, sempre que
disponíveis, incluindo o material para a colpocitologia oncológica.
A consulta clínica se completa com a prescrição e orientação para tratamento, as ações
complementares (oferta e realização da triagem sorológica para sífilis, HIV, além de hepatite B e C se
possível, precedidas de aconselhamento) e o seguimento. Nas ações complementares, recomenda-se a
vacinação contra hepatite B para indivíduos abaixo de 30 anos (idade limitada pela redução da resposta
imunogênica). Para as regiões endêmicas, como a região Norte, recomenda-se a sorologia para hepatite B
prévia e vacinação dos suscetíveis. A vacina está disponível nas unidades básicas de saúde. O
aconselhamento para redução de risco, as intervenções para adesão ao tratamento e a estratégia de
comunicação e tratamento de parceiros complementam as ações.
2
6- Aconselhamento

Aconselhamento é um diálogo baseado em uma relação de confiança que visa proporcionar à pessoa
condições para que avalie seus próprios riscos, tome decisões e encontre maneiras realistas de enfrentar
seus problemas relacionados às DST/HIV/Aids. É um instrumento importante para a quebra na cadeia de
transmissão das DST porque auxilia o cliente a compreender a relação existente entre o seu
comportamento e o problema de saúde que está apresentando e a reconhecer os recursos que tem para
cuidar da sua saúde e evitar novas infecções. Implica na participação ativa do cliente no processo
terapêutico e na promoção de um diálogo no qual a mensagem do profissional é contextualizada pelas
características e vivências do primeiro e o sucesso depende da qualidade da interação, da troca entre
ambos.
Há necessidade de conversar sobre aspectos da intimidade do indivíduo, com suas práticas sexuais,
a dinâmica de seus relacionamentos, fidelidade própria e dos parceiros, violência e coerção sexual. Deve-
se procurar entender as idéias do indivíduo a respeito de riscos, doença e saúde. O cliente deverá ser visto
como um todo, incluindo sentimentos, crenças, valores, determinantes das práticas de risco e atitudes
(adesão) diante do tratamento prescrito.
Preconceito, juízos de valor e imposição de condutas. deverão ser evitados, e o diálogo franco deve
ser garantido. Caso contrário, pode ocorrer omissão de informações necessárias para avaliar a real
gravidade da doença, auxiliando o cliente a compreender a relação existente entre o seu comportamento e
o problema de saúde que está apresentando e a reconhecer os recursos que tem para cuidar da sua saúde
e evitar novas infecções. Implica na participação ativa do cliente no processo terapêutico e na promoção de
um diálogo no qual a mensagem do profissional é contextualizada pelas características e vivências do
primeiro e o sucesso depende da qualidade da interação, da troca entre ambos.

7- Oferta de preservativos

O uso de preservativos, masculinos ou femininos, por pessoas sexualmente ativas é o método mais
eficaz para a redução do risco de transmissão do HIV e de outros agentes sexualmente transmissíveis. É o
único método que oferece dupla-proteção, ou seja, protege o risco de transmissão do HIV e outras DST,
assim como a contracepção. A disponibilidade do preservativo distribuído pelo sistema público de saúde,
nem sempre supre as necessidades dos
usuários. Assim, é importante fortalecer a idéia de co-responsabilidade no suprimento deste insumo para o
cuidado da saúde sexual e reprodutiva por parte de homens e mulheres.
A oferta do preservativo feminino amplia as possibilidades de prevenção para as mulheres,
considerando as dificuldades de o parceiro aceitar usar o preservativo masculino.
A eficácia e segurança do preservativo dependem de uso correto e constante em todas as relações
sexuais, além da técnica de uso e conservação, próprias deste insumo.
O uso regular aperfeiçoa a técnica de utilização, reduzindo a freqüência de ruptura e escape,
aumentando sua eficácia. Devem ser promovidos e disponibilizados como parte da rotina de atendimento.

8- Exame físico

Observar pele, particularmente a palma das mãos, plantas dos pés; mucosas orofaríngea e dos
genitais e palpar os gânglios de todos os segmentos corporais (cabeça, tronco e membros). Quaisquer
lesões (ulceradas ou não, em baixo ou alto relevo, hiperêmica, hipercrômica, circular, irregular, circinada
etc.), no abdômen, dorso, couro cabeludo, e principalmente, na região perineal, deverão ser anotadas e
correlacionadas com a história em questão.
Doenças como a síflis podem ter, além da região genital, outros locais de infecção. A gonorréia pode
apresentar formas diferentes da enfermidade abrangendo regiões não-genitais (ex.: faringite, osteoartrite,
conjuntivite, etc.).
Assim como essas observações, muitas outras poderiam ser feitas, já que as DST não devem ser
procuradas por sinais isolados, mas sim por um conjunto de informações e de dados clínicos que possam
sugerir o diagnóstico.

8.1-Exame genital masculino

3
Para uma melhor inspeção, tanto da região inguinal quanto dos órgãos genitais externos, o cliente
deverá estar em pé, com as pernas afastadas, e o clínico sentado. Para a região ano-retal, o paciente
deverá curvar-se para frente, afastando as nádegas com suas próprias mãos ou, melhor ainda, deitado em
decúbito lateral com leve anteflexão do tronco e da coxa não encostada na maca.
Observar e palpar cadeias ganglionares e quaisquer outras tumorações. Notar possíveis desvios do
eixo peniano, aberturas anômalas da uretra, assimetria testicular, processo inflamatório da bolsa escrotal.
Sempre que possível, efetuar o toque retal à procura de tumorações e saliências, além de alterações da
próstata.

8.1.2- Exame genital feminino

Pelas próprias características femininas, o ginecologista ou clínico, necessitará contar com a total
cooperação da paciente. Para tanto, deverá captar sua confiança, descrevendo todos os procedimentos a
serem realizados, ressaltando o fato de que todo o material a ser utilizado é esterilizado. O exame deve ser
realizado com a paciente em posição ginecológica.
No exame estático, deve-se observar a disposição dos pêlos, conformações anatômicas (monte de
Vênus, grandes e pequenos lábios, clitóris, hímen, períneo, borda anal), distrofias, discromias, tumorações,
ulcerações etc.
Para o exame dinâmico, utilizar luvas de procedimento, descartáveis; deve-se colocar os dedos
indicador e médio na região que corresponde às glândulas de Bartholin (aproximadamente às 5 e 7 horas)
e tracioná-las para baixo e para fora. Com isso pode-se entreabrir a vulva, que ficará completamente
exposta, solicitando-se à paciente para aumentar a pressão intra-abdominal.
O exame especular deverá ser feito, após breve explicação sobre o instrumento à paciente. As
coletas dos materiais deverão ser feitas antes de qualquer lubrificação ou limpeza, devendo ser evitada, a
colocação de vaselina no especulo. Observar coloração e pregueamento vaginal, além do aspecto do colo
uterino, principalmente do muco cervical; observar presença de secreções, tumorações, ulcerações e
roturas. Caso haja secreção e/ou lesões ulcerativas ou vegetantes, proceder a coleta de material para
análise. Em seguida, limpar o orifício externo do colo com ácido acético 5% e fazer o teste de Schiller
(lugol) para evidenciar lesões do colo e ectopias.
O toque vaginal também deverá ser previamente explicado à paciente e realizado com luva estéril.
Deve-se usar inicialmente o dedo indicador para deprimir o períneo e então os dedos médios e indicador
(previamente lubrificados), procurando sentir a elasticidade vaginal, presença de tumorações e/ou abaulamentos,
consistência e tamanho do colo e aberturas do canal cervical. Movendo-se o colo para um lado e outro podendo
evidenciar-se processos inflamatórios.
Após todas estas manobras é que se deve tocar com a outra mão a parede abdominal da paciente,
sempre respeitando os movimentos respiratórios e aproveitando a expiração para a palpação profunda. A
mão vaginal empurra o colo e o útero para cima para que o fundo do mesmo possa ser palpado entre a
mão abdominal e a vaginal. Durante a palpação, notar seu tamanho, consistência, mobilidade.

259-9909999988899999- Abordagem dos parceiros sexuais

O ideal é que os parceiros sejam trazidos para aconselhamento, diagnóstico e tratamento pelos
próprios clientes. No caso do não comparecimento dos parceiros convidados, outras atividades poderão ser
desenvolvidas, de acordo com as possibilidades de cada serviço. Pode-se realizar a comunicação por
correspondência ou busca consentida, por meio de profissionais habilitados, por equipe de vigilância
epidemiológica ou de saúde da família da área de abrangência.

9.1- Princípios da convocação de parceiros

Para que se rompa a cadeia de transmissão das DST, é fundamental que os contatos sexuais dos
indivíduos infectados sejam tratados. O profissional deve aconselhar o cliente sobre:
• a natureza confidencial de suas informações;
• a possibilidade de parceiros sem sintomas estarem infectados;
• a possibilidade de reinfecção do paciente se o parceiro não fizer o tratamento, assim como as
conseqüências do não tratamento tanto para o para seus parceiro como outros contatos.
• formas de transmissão e risco da infecção;
• a necessidade de evitar contato sexual até que seja tratado e/ou aconselhado;
• na impossibilidade de evitar contato sexual, a necessidade de uso consistente do preservativo.

4
Qualquer que seja o método usado na comunicação, essa deve ser confidencial, ausência de
coerção, proteção contra discriminação e legalidade da ação.

9.2- Procedimentos para comunicação de parceiros

Serão considerados parceiros, para fins de comunicação ou convocação, os indivíduo com quem o
cliente relacionou-se sexualmente entre 30 e 90 dias, segundo a tabela abaixo, excluindo-se os parceiros
de mulheres com corrimento por vaginose bacteriana e candidíase. O uso de cartões para convocação de
parceiros sexuais é recomendado e serão emitidos cartões de convocação para todos os parceiros
identificados pelo cliente.

MMMMMM
9.3- Manejo clínico de parceiros
MMMMMMMMMM
Ao chegar no serviço de saúde, o parceiro deve ser considerado um portador da mesma síndrome ou
doença para a sua condição clínica . que acometeu o cliente-índice, mesmo que não apresente nenhum
sintoma ou sinal, e receber o mesmo tratamento recomendado

3110- Abordagem sindrômica das DST


Uma síndrome é constituída por um grupo de sintomas referidos pelo paciente e sinais que podem ser
observados durante o exame.
As principais características da abordagem sindrômica são:
• classificar os principais agentes etiológicos, segundo as síndromes clínicas por eles causados;
• utilizar fluxogramas que ajudam o profissional a identificar as causas de uma determinada síndrome;
• indicar o tratamento para os agentes etiológicos mais freqüentes na síndrome;
• incluir a atenção dos parceiros, o aconselhamento e a educação sobre redução de risco, a adesão ao
tratamento e o fornecimento e orientação para utilização adequada de preservativos;
• incluir a oferta da sorologia para sífilis, hepatites e para o HIV.

5
O principal objetivo da abordagem sindrômica é facilitar a identificação de uma ou mais dessas
síndromes para então manejá-las de forma adequada. Uma vez treinado, o profissional de saúde poderá
usar os fluxogramas com facilidade, tornando possível a assistência aos portadores de DST em qualquer
serviço de saúde, onde ele então terá acesso à orientação, educação, aconselhamento, oferecimento de
testes para sífilis, hepatites e para o HIV e o tratamento já na sua primeira consulta.

11- Passos para o uso dos fluxogramas

1. Comece perguntando ao paciente sobre os sinais e sintomas que ele(a) apresenta.


2. Procure o fluxograma apropriado.
3. O quadro do problema clínico geralmente leva a um quadro de ação, o qual pede que você examine o
paciente e/ou colha a história clínica.
4. A seguir, vá para o quadro de decisão. Após colher a história e examinar o paciente, você deve ter a
informação necessária para escolher SIM ou NÃO.
5. Dependendo da escolha, poderá haver outros quadros de decisão e ação.

6
12

12.1- TRATAMENTO

História ou evidência de lesões vesiculosas?

Esse quadro de decisão mostra a necessidade de se investigar a possibilidade da ulceração ou


ulceraçõesserem decorrentes de um episódio de herpes genital; a evidência ou história de vesículas
agrupadas em “cacho” sobre base eritematosa, cujo aparecimento foi precedido de aumento de
sensibilidade, ou ardência, ou prurido, ou sintomas uretrais (dor ou ardência), especialmente com história
de recorrência das lesões, é suficiente para o diagnóstico.

Tratar herpes genital:

- 1° episódio de herpes genital, iniciar o tratamento o mais precocemente possível com:


• Aciclovir 200 mg, 4/4 hs, 5x/dia, por 7 dias ou 400 mg, VO, 8/8 horas, por 7 dias
ou
• Valaciclovir 1 g, VO, 12/12, horas por 7 dias; ou
• Famciclovir 250 mg, VO, 8/8 horas, por 7 dias.

7
-Nas recorrências de herpes genital, o tratamento deve ser iniciado de preferência ao aparecimento dos
primeiros pródromos (aumento de sensibilidade, ardor, dor, prurido) com:
• Aciclovir 400 mg, VO, 8/8 horas, por 5 dias (ou 200 mg, 4/4hs, 5x/dia, 5 dias);
ou
• Valaciclovir 500 mg, VO, 12/12 horas, por 5 dias; ou 1 g dose única diária, 5 dias
ou
• Famciclovir 125 mg, VO, 12/12 horas, por 5 dias.

-Casos recidivantes (6 ou mais episódios/ano) podem se beneficiar com terapia supressiva:


• Aciclovir 400 mg, 12/12 hs, por até 6 anos ou
• Valaciclovir 500 mg por dia por até 1 ano; ou
• Famciclovir 250 mg 12/12 hs por dia por até 1 ano.

Tratamento para sífilis e cancro mole


Como o diagnóstico laboratorial imediato raramente está disponível, recomenda-se o tratamento
presuntivo para as duas causas mais freqüentes de úlcera genital, a sífilis primária e o cancro mole:

Se
a lesão ou
lesões tiverem
mais de 4
semanas, deve-
se suspeitar de
donovanose,
linfogranuloma
venéreo ou
neoplasias.
Encaminhar o
paciente ou, se
houver
condições,
realizar biópsia
para investigar.
Ao mesmo
tempo, iniciar
tratamento para
donovanose,
com:
• Doxiciclina
100 mg, VO,
12/12 horas por,
no mínimo, 3
semanas ou até
cura clínica; ou
• Eritromicina (estearato) 500 mg, VO, de 6/6 horas por, no mínimo, 3 semanas ou até a cura clínica; ou
• Sulfametoxazol/Trimetoprim (800 mg e 160 mg), VO, 12/12 horas por, no mínimo, 3 semanas, ou até a
cura clínica; ou
• Tetraciclina 500 mg, de 6/6 horas, durante 3 semanas ou até cura clínica ; ou
• Azitromicina 1 g VO em dose única, seguido por 500mg VO/dia por 3 semanas ou até cicatrizarem as
lesões

Aconselhar, oferecer anti-HIV, VDRL e hepatites, enfatizar adesão ao tratamento, notificar, convocar
parceiros e agendar retorno:
- Considerar com o paciente a possibilidade de associação de mais de uma DST, o que é muito freqüente.
--Explicar sobre a importância de realizar a sorologia para sífilis e hepatites e vacinar contra hepatite B.
8
-Considerar a associação entre as DST e a infecção pelo HIV. Fazer o aconselhamento pré-teste e oferecer
a realização de sorologia anti-HIV.
- concluir o tratamento mesmo se os sintomas ou sinais tiverem desaparecido.
-interromper as relações sexuais até a conclusão do tratamento e o desaparecimento dos sintomas.

12.2- DESCRIÇÃO DE ALGUMAS DOENÇAS QUE CAUSAM ÚLCERAS

12.2.1- Sífilis: causada pelo Treponema pallidum,

-Primária- 1.ª Fase (cancro duro)- O cancro duro é uma lesão erosada ou ulcerada, geralmente única,
indolor, com bordos endurecidos, fundo liso, brilhante e secreção serosa escassa. A lesão aparece entre 10
e 90 dias (média de 21) após o contato sexual infectante. É acompanhada de adenopatia regional não
supurativa, móvel, indolor e múltipla. No homem, a lesão aparece com maior freqüência na glande e sulco
bálano-prepucial.
Na mulher, dificilmente é detectada nesta fase; quando aparece é mais comumente observada nos
pequenos lábios, paredes vaginais e colo uterino. Pela localização, pode passar despercebida. São raras,
porém ocorrem, as lesões de inoculação em outras áreas que não a genital. A lesão é altamente infectante,
sempre rica em treponemas.

Sífilis Secundária – 2.ª Fase- De 6 a 8 semanas do aparecimento do cancro duro e após sua
cicatrização espontânea, podem ocorrer lesões cutâneo-mucosas, não ulceradas, geralmente
acompanhadas de micropoliadenopatia generalizada e, ocasionalmente, de artralgias, febrícula, cefaléia e
adinamia. Mais raramente observa-se comprometimento hepático e até ocular, como uveíte. Também são
lesões ricas em treponemas como o cancro duro, mas já existem anticorpos circulantes, em seus maiores
títulos, que permitem a identificação sorológica da infecção.
Dentre estas lesões, são comuns:
• manchas eritematosas (roséolas), de aparecimento precoce, podendo formar exantema morbiliforme;
• pápulas de coloração eritemato-acastanhada, lisas a princípio e posteriormente escamosas, conhecidas
como sifílides papulosas. Sua localização nas superfícies palmo-plantares sugere fortemente o diagnóstico
de sífilis no secundarismo;
• alopécia, mais observada no couro cabeludo e nas porções distais das sobrancelhas;
41
Sífilis Terciária – 3.ª Fase- Ocorre vários anos após o contágio.Podem ser afetados: pele, coração,
ossos e cérebro, podendo levar à morte. A sífilis tardia pode ter sinais e sintomas após 3 a 12 anos de
infecção, principalmente lesões cutâneo-mucosas (tubérculos ou gomas), neurológicas (tabes dorsalis,
demência), cardiovasculares (aneurisma aórtico) e articulares (artropatia de Charcot). Na maioria das
vezes, entretanto, são assintomáticas. Não se observam treponemas nas lesões e as reações sorológicas
têm títulos baixos.

Sífilis Congênita- Transmitida ao bebê, durante a gravidez, o bebê pode morrer (aborto ou parto
prematuro) ou nascer com defeitos físicos.

12.2.2- Herpes Genital- É uma virose transmitida predominantemente pelo contato sexual (inclusive oro-
genital). A transmissão pode-se dar, também, pelo contato direto com lesões ou objetos contaminados.
Caracteriza-se pelo aparecimento de lesões vesiculosas que, em poucos dias rompem-se e transformam-
se em pequenas úlceras, precedidas de sintomas de ardência, prurido e dor. As feridas podem durar de 1 a
3 semanas e desaparecem, mesmo sem tratamento. É necessário que haja solução de continuidade, pois
não há penetração do vírus em pele ou mucosas íntegras. A recorrência das lesões pode estar associada a
febre, exposição à radiação ultravioleta, traumatismos, menstruação, estresse físico ou emocional,
antibioticoterapia prolongada e imunodeficiência. A dor pode ser aliviada com analgésicos e anti-
inflamatórios. O tratamento local consiste em: solução fisiológica ou água boricada a 3%, para limpeza das
lesões. Não existe tratamento que proporcione a cura definitiva do herpes genital, mas os antivirais são
eficientes em reduzir a duração do episódio e reduzir as recidivas, além de reduzir a transmissão vertical e
horizontal. Deve haver retorno após uma semana para avaliação.

9
12.2.3- Cancro Mole- É uma afecção de transmissão exclusivamente sexual, provocada pelo
Haemophilus ducreyi, Caracteriza-se por lesões múltiplas (podendo ser única) e habitualmente dolorosas,
muito mais freqüentes no sexo masculino. Denomina-se também de cancróide, cancro venéreo, cancro de
Ducrey. O período de incubação é geralmente de 3 a 5 dias, podendo se estender por até 2 semanas. O
risco de infecção sexual é de 80%. São lesões dolorosas, geralmente múltiplas devido à auto-inoculação. A
borda é irregular, apresentando contornos eritemato-edematosos e fundo irregular, recoberto por exsudato
necrótico, amarelado, com odor fétido que, quando removido, revela tecido de granulação com
sangramento fácil.

12.2.4-Linfogranuloma Venéreo- É uma doença infecciosa de transmissão exclusivamente sexual,


caracterizada pela presença de bubão inguinal, com período de incubação entre 3 e 30 dias. A evolução da
doença ocorre em 3 fases: lesão de inoculação, disseminação linfática regional e seqüelas. A lesão de
inoculação inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem deixar seqüela.
Freqüentemente localiza-se, no homem, no sulco coronal, frênulo e prepúcio; na mulher, na parede vaginal
posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa. O comprometimento ganglionar evolui
com supuração e .fistulização por orifícios múltiplos, que correspondem a linfonodos individualizados,
parcialmente fundidos numa grande massa. A lesão da região anal pode levar à proctite e proctocolite
hemorrágica. O contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Pode
ser acompanhado de sintomas gerais: febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese
noturna e meningismo. A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital, que na mulher é denominada
estiômene.

12.2.5-Donovanose- Doença crônica progressiva que acomete preferencialmente pele e mucosas das
regiões genitais, perianais e inguinais. A donovanose (granuloma inguinal) é freqüentemente associada à
transmissão sexual, embora os mecanismos de transmissão não sejam bem conhecidos, com
contagiosidade baixa. O período de incubação é de 30 dias a 6 meses. O quadro clínico inicia-se com
ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo e
de sangramento fácil. A ulceração evolui lenta e progressivamente, podendo se tornar vegetante ou úlcero-
vegetante. Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Não há adenite na donovanose,
embora raramente possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase
sempre unilaterais. Na mulher, a forma elefantiásica é observada quando há predomínio de fenômenos
obstrutivos linfáticos. A localização extragenital é rara e, quase sempre, ocorre a partir de lesões genitais
ou perigenitais primárias.

13- CORRIMENTO URETRAL

Anamnese e exame físico:

Esse quadro de ação indica que é necessário fazer a anamnese e examinar o paciente para
determinar se ele tem corrimento uretral ou outro sinal de DST. Ao exame físico, com o prepúcio retraído,
verificar se o corrimento provém realmente do meato uretral. Se não houver corrimento, solicitar ao
paciente que ordenhe a uretra, comprimindo o pênis da base à glande. Se mesmo assim não se observar o
corrimento, sendo a história consistente, mantenha a conduta.

10
Diploc
ocos
GRAM

negativos intracelulares presentes?

Esse quadro de decisão indica que se houver exame bacterioscópico disponível durante a consulta,
deve-se questionar o paciente sobre a utilização prévia de antibióticos ou sobre uma eventual micção
imediatamente
anterior à coleta do material, o que poderia comprometer sua qualidade. Se nenhuma dessas
possibilidades ocorreu, e estando presentes diplococos Gram negativos intracelulares, faz-se o diagnóstico
de gonorréia, não se podendo, porém, descartar a possibilidade de coinfecção pela clamídia, cujo
diagnóstico laboratorial exige técnicas demoradas e raramente disponíveis. Recomenda-se, sempre, o
tratamento concomitante para as duas infecções.

Tratar Clamídia e Gonorréia

11
Tratar só Clamídia
Esse quadro de ação indica que se estiverem ausentes os diplococos intracelulares, deve-se tratar o
paciente apenas para clamídia como indicado no quadro acima. Aconselhar, oferecer anti-HIV, VDRL e
hepatites, enfatizar a adesão ao tratamento, notificar, buscar parceiros e agendar retorno.

ATENÇÃO: no retorno, em caso de persistência do corrimento ou recidiva, tratar com:

Abordagem etiológica

13.1- Uretrite gonocócica

É um processo infeccioso e inflamatório da mucosa uretral causado pela Neisseria gonorrhoeae (diplococo
Gram negativo intracelular). Consiste num dos tipos mais freqüentes de uretrite masculina. É
essencialmente transmitida pelo contato sexual. O período de incubação é curto, de 2 a 5 dias. O risco de
transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato . O sintoma mais precoce da uretrite é uma
sensação de prurido na fossa navicular que vai se estendendo para toda a uretra. Após um a três dias o
doente já se queixa de ardência miccional (disúria), seguida por corrimento, inicialmente mucóide que, com
o tempo, vai se tornando, às vezes, mais abundante e purulento. Em alguns pacientes pode haver febre e
outras manifestações de infecção aguda sistêmica. Se não houver tratamento, ou se esse for tardio ou
inadequado, o processo se propaga ao restante da uretra, com o aparecimento de polaciúria e sensação de
peso no períneo; raramente há hematúria no .canal da micção. Dentre as complicações da uretrite
gonocócica no homem destacam-se: balanopostite, prostatite, epididimite, artrite, meningite, faringite,

12
pielonefrite, miocardite, pericardite, septicemia. A conjuntivite gonocócica em adultos não é um quadro raro
e ocorre basicamente por auto-inoculação.
O diagnóstico diferencial é realizado com os agentes e/ou processos causadores das uretrites não
gonocócicas (UNG), clamídia, micoplasma, ureaplasma e trichomonas. Desconforto uretral também pode
acompanhar quadros de candidíase e herpes genital.

5353
13.2- Uretrite não gonocócica

São denominadas uretrites não gonocócicas (UNG) as uretrites sintomáticas cujas bacterioscopias
pela coloração de Gram e/ou cultura são negativas para o gonococo. Vários agentes têm sido
responsabilizados por essas infecções: Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma
hominis, Trichomonas vaginalis, dentre outros. A C. trachomatis é o agente mais comum de UNG. É uma
bactéria, obrigatoriamente intracelular, que também causa o tracoma, a conjuntivite por inclusão no recém-
nascido e o linfogranuloma venéreo. A transmissão se faz pelo contato sexual (risco de 20% por ato),
sendo o período de incubação, no homem, de 14 a 21 dias. Estima-se que dois terços das parceiras
estáveis de homens com UNG hospedem a C. trachomatis no endocérvix. Podem reinfectar seu parceiro
sexual e desenvolver quadro de DIP (Doença Inflamatória Pélvica) se permanecerem sem tratamento.
53

13
Realizar anamnese incluindo os critérios de risco para identificação das mulheres com maior
possibilidade de infecção cervical por gonococo e/ou clamídia. A presença de qualquer critério é suficiente
para indicar tratamento. Nestes casos, mesmo na ausência dos sinais clínicos para cervicite ao exame
ginecológico, a paciente será considerada como portadora assintomática e deve receber o tratamento.
Se houver mucopus endocervical (teste do cotonete positivo) ou colo friável ou dor à mobilização do
colo ou presença de algum critério de risco, recomenda-se o tratamento como cervicite (gonorréia e
clamídia).
Não havendo exame microscópico disponível no momento da consulta, utilizar os critérios de Amsel,
que exige disponibilidade de .ta de pH e KOH 10%, sendo 3 de 4 critérios suficientes para diagnóstico:
• Corrimento branco acinzentado
• pH> 4.7
• Teste aminas positivo
• Clue cells > 20% (exige microscopia)

14
.

Valores acima de 4,5 sugerem tricomoníase e/ou vaginose acteriana. Se o teste de pH for normal
(entre 4 e 4,5) e teste das aminas for negativo, é preciso investigar uma possível causa .fisiológica e/ou não
infecciosa, conforme descrito anteriormente. Se a microscopia é disponível, o conteúdo vaginal pode ser
visualizado a fresco, com KOH a 10%, ou corado em esfregaço pelo método de Gram.
• presença de clue-cells (células chaves) e/ou a ausência de lactobacilos: vaginose bacteriana;
• microorganismos flagelados móveis: tricomoníase;
• hifas ou micélios birrefringentes semelhantes a um caniço e esporos de leveduras: candidose.

Não estando disponíveis a medida do pH vaginal e o teste das aminas, e sendo visualizado o corrimento
vaginal durante o exame especular, a paciente deve ser tratada para todas as possíveis enfermidades que
causam, mais comumente, vulvovaginites infecciosas: tricomoníase, vaginose bacteriana e candidose.

AGENTE 1ª OPÇÃO 2ª OPÇÃO GESTANTE APÓS O


3° MÊS .

15
AGENTE 1ª OPÇÃO 2ª OPÇÃO GESTANTES
APÓS O 3° MÊS

14- Tricomoníase

Parceiros: tratar junto com a paciente, durante o mesmo tempo e com o mesmo medicamento em dose
única.

Portadoras do HIV: devem ser tratadas com os mesmos esquemas recomendados acima.

Lembrar que apenas a tricomoníase é uma DST. A vaginose bacteriana e a candidíase são
infecções endógenas.

Observações:

• Durante o tratamento com qualquer dos medicamentos sugeridos acima, deve-se evitar a ingestão de
álcool (efeito antabuse, devido interação de derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar,
náuseas, tonturas, “gosto metálico na boca”).
• A tricomoníase vaginal pode alterar a classe da citologia oncológica. Por isso, nos casos em que houver
alterações morfológicas celulares e tricomoníase, deve-se realizar o tratamento e repetir a citologia após 3
meses, para avaliar se as alterações persistem.
• Durante o tratamento, devem ser suspensas as relações sexuais.
• Manter o tratamento se a paciente menstruar.
• Entre as causas de corrimento vaginal, a tricomoníase é a única que se transmite sexualmente. Assim, só
nesses casos, se justificam as ações complementares de controle de DST que incluem:
aconselhar, oferecer testes VDRL, anti-HIV, sorologia para Hepatite B e C. Enfatizar adesão ao tratamento,
convocar parceiro(s), notificar, agendar retorno.

15- Vaginose bacteriana-: Parceiros não precisam ser tratados.

]16- Candidíase
O tratamento sistêmico deve ser feito somente nos casos recorrentes ou de difícil controle. Nesses
casos, devem-se investigar causas sistêmicas predisponentes. Tratar com:
• Fluconazol 150 mg, VO, dose única; ou
16
• Itraconazol 200 mg, VO, de 12/12h, só duas doses;
ou
• Cetoconazol 400 mg, VO, por dia, por 5 dias.

16.1- Parceiros: não precisam ser tratados, exceto os sintomáticos. Alguns autores recomendam o
tratamento oral de parceiros apenas para os casos recidivantes.

Em mulheres com candidíase recidivante (4 ou mais episódios por ano) devem ser investigados
outros fatores predisponentes: diabetes, imunodepressão, inclusive a infecção pelo HIV, uso de corticóides
e outros.

Encorajar apenas a paciente portadora de cervicite ou tricomoníase a comunicar a todos os seus


parceiros sexuais do último mês, para que possam ser atendidos e tratados. Fornecer à paciente, cartões
de convocação para parceiros, devidamente preenchidos. Essa atividade é fundamental para se romper a
cadeia de transmissão, e para evitar que a paciente se reinfecte.

17- DESCRIÇÃO DE ALGUMAS DOENÇAS QUE CAUSAM


CORRIMENTOS

17.1- Gonorréia, Esquentamento, Blenorragia ou Fogagem


17
Doença infecto-contagiosa que se caracteriza pela presença de abundante secreção (corrimento)
purulenta pela uretra no homem e vagina e/ou uretra na mulher. Este quadro frequentemente é precedido
por prurido (coceira) na uretra e disúria. Em alguns casos podem ocorrer sintomas gerais, como a febre.
Nas mulheres os sintomas são mais brandos ou podem estar ausentes (maioria dos casos).

Agente
Neisseria gonorrhoeae

Complicações/Consequências
Abôrto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo peso, endometrite pós-parto. Doença Inflamatória
Pélvica. Infertilidade. Epididimite. Prostatite. Pielonefrite. Meningite. Miocardite. Gravidez ectópica.
Septicemia, Infecção ocular (ver foto abaixo) , Pneumonia e Otite média do recém-nascido. Artrite aguda
etc.

Transmissão
Relação sexual. O risco de transmissão é superior a 90%, isto é, ao se ter um relacionamento sexual com
um(a) parceiro(a) doente, o risco de contaminar-se é de cerca de 90%. O fato de não haver sintomas (caso
da maioria das mulheres contaminadas), não afeta a transmissibilidade da doença.

Período de incubação: 2 a 10 dias

17.2- Infecção por Clamídia, Uretrite ou cervicite inespecífica, Uretrite não gonocócica
(UNG).

Doença infecto-contagiosa dos órgãos genitais masculinos ou femininos. Caracteriza-se pela presença
(pode não ocorrer) de secreção (corrimento) uretral escassa, translúcida e geralmente matinal. Um ardor
uretral ou vaginal pode ser a única manifestação. Raramente a secreção pode ser purulenta e abundante. Se
não tratada, pode permanecer durante anos contaminando as vias genitais dos pacientes. É importante saber
que mesmo a pessoa assintomática (portadora da doença mas sem sintomas) pode transmiti-la.

Agente
Chlamidia trachomatis.

Complicações/Consequências
Epididimite, proctite, salpingite e sua sequelas (infertilidade), conjuntivite de inclusão, otite média, tracoma,
linfogranuloma venéreo, bartolinite, Doença Inflamatória Pélvica etc

Período de Incubação
1-2 semanas a 1 mes ou mais.

Tratamento
Antibiótico oral e local (na mulher)

17.3- Infecção por Trichomonas Uretrite ou vaginite por Trichomonas, Tricomoníase vaginal
ou uretral, Uretrite não gonocócica (UNG).

Doença infecto-contagiosa do sistema gênito-urinário do homem e da mulher. No homem causa uma


uretrite de manifestações em geral discretas, podendo, eventualmente ser ausentes em alguns e muito
intensas em outros. É uma das principais causas de vulvovaginite da mulher adulta podendo porém, cursar
com pouca ou nenhuma manifestação clínica. Pode permanecer assintomática no homem e, na mulher,
principalmente após a menopausa. Na mulher, pode acometer a vulva, a vagina e a cérvice uterina,
causando cervicovaginite.
18
Agente
Trichomonas vaginalis (protozoário).

Sintomatologia:
Corrimento abundante, amarelado ou amarelo esverdeado, bolhoso;
• prurido e/ou irritação vulvar;
• dor pélvica (ocasionalmente);
• sintomas urinários (disúria, polaciúria);
• hiperemia da mucosa, com placas avermelhadas (colpite difusa e/ou focal, com aspecto de framboesa);
• teste de Schiller aspecto “tigróide”

Complicações/Consequências
Vaginite.

Período de incubação: 10 a 30 dias, em média.

Tratamento
Antibiótico oral e local (na mulher)

17.4- Candidíase ou Monilíase.

A candidíase, especialmente a candidíase vaginal, é uma das causas mais frequentes de infecção
genital. Caracteriza-se por prurido (coceira), ardor, dispareunia (dor ao coito) e pela eliminação de um
corrimento vaginal em grumos, semelhante à nata do leite. Com frequência, a vulva e a vagina encontram-
se edemaciadas (inchadas) e hiperemiadas (avermelhadas). As lesões podem estender-se pelo períneo,
região perianal e inguinal (virilha). No homem apresenta-se com hiperemia da glande e prepúcio e
eventualmente por um leve edema e pela presença de pequenas lesões puntiformes (em forma de pontos),
avermelhadas e pruriginosas. Não é uma doença de transmissão exclusivamente sexual. Existem fatores
que predispõe ao aparecimento da infecção : diabetes melitus, gravidez, uso de contraceptivos
(anticoncepcionais) orais, uso de antibióticos e medicamentos imunosupressivos (que diminuem as defesas
imunitárias do organismo), obesidade, uso de roupas justas etc.

Agente
Candida albicans e outros.

Sinais e sintomas: dependerão do grau de infecção e da localização do tecido inflamado; podem se


apresentar isolados ou associados, e incluem:
• prurido vulvovaginal (principal sintoma, e de intensidade variável); .
• ardor ou dor à micção;
• corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (“leite coalhado”);
• hiperemia, edema vulvar, fissuras e maceração da vulva;
• dispareunia;
• fissuras e maceração da pele; e
• vagina e colo recobertos por placas brancas ou branco acinzentadas, aderidas na mucosa.

17.5- Infecção por Gardnerella ou Vaginite inespecífica ou Vaginose bacteriana

A gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte da flora vaginal normal (ver explicação abaixo) de
20 a 80% das mulheres sexualmente ativas. Quando, por um desequilíbrio dessa flora, ocorre um
predomínio dessa bactéria (segundo alguns autores em associação com outros germes como bacteróides,
mobiluncus, micoplasmas etc), temos um quadro que se convencionou chamar de vaginose bacteriana.
Usa-se esse termo para diferenciá-lo da vaginite, na qual ocorre uma verdadeira infecção dos tecidos
vaginais. Na vaginose, por outro lado, as lesões dos tecidos não existem ou são muito discretas,
19
caracterizando-se apenas pelo rompimento do equilíbrio microbiano vaginal normal.
A vaginose por gardnerella pode não apresentar manifestações clínicas (sinais ou sintomas). Quando
ocorrem, estas manifestações caracterizam-se por um corrimento homogêneo amarelado ou acinzentado,
com bolhas esparsas em sua superfície e com um odor ativo desagradável. O prurido vaginal é citado por
algumas pacientes mas não é comum. Após uma relação sexual, com a presença do esperma (de pH
básico) no ambiente vaginal, costuma ocorrer a liberação de odor semelhante ao de peixe podre.
No homem pode ser causa de uretrite e, eventualmente, de balanite (inflamação do prepúcio e
glande). A uretrite é geralmente assintomática e raramente necessita de tratamento. Quando presentes os
sintomas restringem-se a um prurido (coceira) e um leve ardor (queimação) miccional. Raramente causa
secreção (corrimento) uretral. No homem contaminado é que podemos falar efetivamente que se trata de
umaDST.
FLORA MICROBIANA NORMAL : Nosso organismo, a partir do nascimento, entra em contacto com
germes (bactérias, virus, fungos etc) os quais vão se localizando na pele e cavidades (boca, vagina, uretra,
intestinos etc) caracterizando o que se chama de Flora Microbiana Normal. Normal porque é inexorável e
porque estabelece um equilíbrio harmônico com o nosso organismo.
Existem condições em que este equilíbrio pode se desfazer (outras infecções, uso de antibióticos, 'stress',
depressão, gravidez etc) e determinar o predomínio de um ou mais de seus germes componentes,
causando então o aparecimento de uma infecção.

Agente
Gardnerella vaginalis.

Período de Incubação: De 2 a 21 dias.

Sinais e sintomas:
• corrimento vaginal com odor fétido, mais acentuado após o coito e durante o período menstrual;
• corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso; dor às
relações sexuais (pouco freqüente);

17.6- Infecção por Ureaplasma ou Uretrite inespecífica ou Uretrite não gonocócica (UNG).

Doença infecto-contagiosa dos órgãos genitais e urinários masculinos ou femininos. Caracteriza-se


pela presença (pode não ocorrer) de secreção (corrimento) uretral escassa, translúcida e geralmente
matinal. Um ardor uretral ou vaginal pode ser a única manifestação. Quando não tratada, pode permanecer
durante anos contaminando as vias genitais dos pacientes. É importante saber que mesmo a pessoa
assintomática (portadora da doença mas sem sintomas) pode transmiti-la.

Agente
Ureaplasma urealyticum.

Período de Incubação
10 a 60 dias.

20
Tratamento para DIP

18- Infecção pelo papilomavírus humano (HPV) ou condiloma acuminado ou verruga


genital ou crista de galo.

21
Agente etiológico
O Papilomavírus Humano (HPV) é um DNA-vírus não cultivável do grupo papovavírus. Atualmente são
conhecidos mais de 100 tipos, 20 dos quais podem infectar o trato genital.

Quadro clínico
Na forma clínica condilomatosa as lesões podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas e de tamanho
variável, localizando-se, mais freqüentemente, no homem, na glande, sulco bálano-prepucial e região
perianal, e na mulher, na vulva, períneo, região perianal, vagina e colo. Menos freqüentemente podem estar
presentes em áreas extragenitais como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea. Dependendo do
tamanho e localização anatômica, podem ser dolorosos, friáveis e/ou pruriginosos.

Tratamento
O objetivo principal do tratamento da infecção pelo HPV é a remoção das remoção das lesões
condilomatosas, o que leva a cura da maioria dos pacientes. Nenhuma evidência indica que os tratamentos
disponíveis erradicam ou afetam a história da infecção natural do HPV. Se deixados sem tratamento, os
condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados, ou aumentar em tamanho ou número. Os
tratamentos disponíveis para condilomas são: ácido tricloroacético (ATA), crioterapia, eletrocoagulação,
podofilina, podo.lotoxina , imiquimod , interferon, vaporização a laser e exérese cirúrgica. Fatores que
podem influenciar a escolha do tratamento são: tamanho, número e local da lesão; além de sua morfologia
e preferência do paciente, custos, disponibilidade de recursos, conveniência, efeitos adversos e a
experiência do profissional de saúde. Em geral, verrugas localizadas em superfícies úmidas e/ou nas áreas
intertriginosas respondem melhor à terapêutica tópica (ATA, podofilina) que as verrugas em superfícies
secas.

Opções terapêuticas

• Podofilotoxina 0,15% creme: indicada para autoaplicação, tem o mecanismo de ação semelhante ao da
podofilina. O efeito máximo é alcançado entre 3 e 5 dias após a aplicação. Aplica-se duas vezes ao dia,
somente sobre as lesões, por 3 dias. Se necessário, o ciclo poderá ser repetido por não mais que 4 vezes,
com intervalos de 4 dias de repouso. O volume do medicamento não deve ultrapassar 0,5ml por dia. Áreas
superiores a 10 cm2 devem ter o tratamento realizado pelo médico assistente. Está contra-indicado o uso
em crianças e mulheres grávidas. Irritação no local da aplicação poderá ocorrer porém são de leve
intensidade na maioria dos casos, tendendo a minimizar em intensidade com a repetição do uso. Lavar a
área das lesões antes da aplicação, assim como a pele sã em caso de contato acidental, com água e
sabão.
Interferon: reprime a multiplicação virótica, inibindo a multiplicação celullar e a proliferação epitelial. O
intereferon é mais indicado como tratamento adjuvante em lesões persistentes ou recidivantes sobretudo
em imunodeprimidos. Não há relatos de teratogenicidade, porem a droga deve ser evitada na gravidez e na
amamentação . Deve se evitada na também em pacientes cardiopatas, hepatopatas e renais crônicos.
Podem ser usados por forma sistemica (intramuscular, endovenosa ou subcutânea), intralesional ou tópica.
Os efeitos colaterais mais comuns são estado gripal (astenia, febre, calafrios, cefaléia, mialgia e artralgia).
O tratamento deve ser monitorado com hemograma e bioquimico. O custo elevado da droga e os efeitos
colaterais limitam a sua utilização.

• Podofilina 10-25% em solução alcoólica ou em tintura de Benjoim : A podofilina contém uma


série de substâncias com ação antimitótica. Além da irritação local, sua absorção em grandes quantidades
pode ser tóxica para o coração, rins e sistema nervoso. Nunca usar durante a gravidez. Aplicar em cada
verruga, e deixar secar. Repetir semanalmente se necessário. Recomenda-se a utilização de até 0,5 ml em
cada aplicação ou a limitação da área tratada a 10 cm2 por sessão. Outros sugerem que a solução seja
retirada por lavagem em 1-4 horas depois da aplicação.

Ácido tricloroacético (ATA) a 80-90% em solução alcoólica : O ATA é um agente cáustico que
promove destruição dos condilomas pela coagulação química de seu conteúdo protéico. Aplicar pequena
quantidade somente nos condilomas e deixar secar, após o que a lesão ficará branca. Deve ser aplicada
com cuidado, deixando secar antes mesmo do paciente mudar sua posição para que a solução não se
espalhe. Se a dor for intensa, o ácido pode ser neutralizado com sabão ou bicarbonato de sódio ou talco.
Repetir semanalmente se necessário. Esse método poderá ser usado durante a gestação, quando a área
lesionada não for muito extensa. Do contrário, deverá ser associado a exérese cirúrgica.
22
• Eletrocauterização ou Eletrocoagulação ou Eletrofulguração : utiliza um eletrocautério para
remover ou fulgurar lesões isoladas. Exige equipamento específico e anestesia local. Não se aplica nas
lesões vaginais, cervicais e anais, visto que o controle da profundidade do efeito é difícil, podendo levar à
necrose tecidual extensa e estenose em estruturas tubulares, como canal anal e vagina. Sempre deve ser
realizado após anestesia local.

Criocauterização ou Crioterapia ou Criocoagulação : promove a destruição térmica por dispositivos


metálicos resfriados por CO2 (criocautérios), por meio de equipamento específico e elimina as verrugas por
induzir citólise térmica. É útil quando há poucas lesões ou nas lesões muito ceratinizadas. Podem ser
necessárias mais de uma sessão terapêutica, respeitando um intervalo de 1 a 2 semanas. Raramente
necessita anestesia. Pode facilitar o tratamento se há muitas lesões ou uma extensa área envolvida.

Vaporização a laser: Método que pode ser empregado em ambulatório com anestesia local e que
apresenta bons resultados em lesões vulvares, freqüentemente queratinizadas e que muitas vezes não
respondem adequadamente a agentes químicos. Apresenta um bom resultado no tratamento de lesões
vaginais, pois possibilita a intervenção em áreas de difícil manejo por outros métodos, como por exemplo,
lesões em fórnices e nas pregas vaginais. Produz escassa perda sangüínea e bons resultados estéticos,
principalmente na vulva e vagina. A necessidade de treinamento especial do médico e o alto custo do
equipamento, limitam o seu uso.

Exérese cirúrgica: é método apropriado para o tratamento de poucas lesões quando é desejável exame
histopatológico do espécime. Os condilomas podem ser retirados por meio de uma incisão tangencial com
tesoura delicada, bisturi ou cureta. A hemostasia pode ser obtida por eletrocoagulação. Normalmente a
sutura não é necessária. Esse método traz maiores benefícios aos pacientes que tenham grande número
de lesões ou extensa área acometida, ou ainda, em casos resistentes a outras formas de tratamento.

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ


23
DISCIPLINA: ENFERMAGEM EM DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
PROF. IACÍ PROENÇA PALMEIRA

AÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO


DAS DST

1° Semestre de 2007

24

Você também pode gostar