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Infecções

Sexualmente
Transmissíveis (IST)
Prof. Dra. Leticia Viçosa Pires
Plano de aula
1. Introdução
2. Epidemiologia
3. Primeira Campanha Nacional de Prevenção das IST
MS, 2019
4. Principais síndromes genitais agudas
5. IST úlceras
6. IST secreções
7. IST hematogênicas
8. Estratégias de prevenção e controle das IST
9. Métodos de prevenção
10. Sexo seguro
11. Mandala de Prevenção Combinada
Introdução

• O termo Infecção Sexualmente Transmissível (IST) se refere a todo o virus,


fungo, bactéria ou parasita que infecte o ser humano via contato sexual
• O termo Doença Sexualmente Transmissível (DST) se refere às síndromes
propriamente ditas, desenvolvidas a partir de uma IST
• Esta terminologia foi definda desde que se assumiu o objetivo de se
erradicar as infecções antes que as pessoas as desenvolvam

U.S. Department of Health and Human Services. 2020. Sexually Transmitted Infections National Strategic Plan for the United
States: 2021–2025. Washington, DC.
• As ISTs cometem pessoas sexualmente ativas, e recém-nascidos ou
lactentes de mães contaminadas sendo responsáveis por:
 morbidez futura na saúde feminina (infertilidade, gestação ectópica, dor
pélvica crônica)
 complicações graves na gravidez (infecções congênitas e gestacionais
complicando como bolsa-rota, trabalho de parto prematuro,
corioamnionite, endometrite puerperal)
 Prejuízos para a saúde dos lactentes (sequelas às vezes irreversíveis e
mortalidade perinatal aumentada)
 câncer anogenital e cervical
 efeitos do HIV e SIDA (inflamação suscetibiliza à infecção pelo HIV)
Epidemiologia

• O persistente aumento nas taxas de IST nos EUA constitui uma epidemia e
um problema de saúde pública para os americanos.
• Nas últimas décadas as taxas de clamídia, gonorreia e sífilis aumentaram
significativamente. Elas aumentam o risco de infecção pelo HIV
• De 2014 a 2018, clamídia aumentou 33,8%, gonorreia 78% , e sífilis
172,7%, sendo que a congênita 185,3%.
• O HPV é a IST viral mais comum no mundo, e compreende 14 milhões de
novos casos a cada ano. Ele é causa de cerca de 35.000 casos de cancer por
ano, apesar de ser prevenível com a vacina
Primeira Campanha Nacional de Prevenção das IST
MS, 2019
https://youtu.be/2hpSOEnQqqw

MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília - DF PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA


ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) 2019
Principais ISTs

Lesões e úlceras genitais Vaginites, cervicites, Hematogênicas/ Fecal-


uretrites oral
1. Sífilis 6. Vaginose bacteriana 10. Hepatite A
2. Cancróide 7. Tricomoníase 11. Hepatite B
3. Linfogranuloma venéreo 8. Gonorreia 12. Hepatite C
4. Herpes Simples 9. Clamídia 13. HIV/SIDA
5. Condilomas/ NIC 14. Zica
Clamídia
• Agente: Chlamydia trachomatis, bactéria intracelular Gram negativa, que
infecta mais de 50 milhões de novas pessoas anualmente no mundo todo. Não
tem predileção por classe social, assintomática em cerca de 70% das vezes,
transformando os portadores em grandes vetores da infecção
• Transmissível através do contato sexual ou de mucosas infectadas, tendo
predileção pelo epitélio colunar (endocérvice)
• Penetra as células como corpúsculo elementar (CE) e dentro de um vacúolo,
drena lipídeos e ATP das células (parasita) e começa a se multiplicar formando
o corpo reticular (CR). Quando exaurido, o CR se rompe, e dele saem novos CE
para infectarem novas células. Este processo leva de 36 a 96 horas dada a
grande infectividade deste agente
• Responsável por graves sequelas como Doença Inflamatória Pélvica (DIP),
infertilidade, gestação ectópica, dor pélvica crônica, e na gestação, bolsa-rota e
prematuridade, coriamnionite, endometrite puerperal, e atinge o neonato
provocando a conjuntivite de inclusão e pneumonia do recém-nascido (RN)
Clamídia

• Vários sorotipos infectam os seres humanos:


 Sorotipos de A a C são causadores do TRACOMA, lesão ocular que leva à cegueira;
 Sorotipos de D a K, causam as IST, e sequelas graves como Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade, gestação ectópica,
dor pélvica crônica, e, na gestação, bolsa-rota e prematuridade, coriamnionite e endometrite puerperal. Além disso atinge o
neonato provocando a conjuntivite de inclusão e pneumonia do recém-nascido (RN);
 Sorotipos L1, L2 e L3 são os responsáveis pelo Linfogranuloma venéreo, lesão ulcero-purulenta com adenopatia satélite
supurativa
• Período de incubação: 6 a 14 dias
• Quando sintomática, provoca secreção cervical mucopurulenta, friabilidade do colo até sintomas de DIP dentro do espectro de
gravidade
Clamídia

• Diagnóstico:
 Imunofluorescência direta,
 cultura Meio de McCoy,
 NAAT (Nucleic Acid Amplification Test)
• Tratamento: Azitromicina 1g VO DU, ou Doxiciclina 100mg VO 12/12 horas 7 dias
• Gestante: Não utilizar Tetraciclina. Eritromician 500mg VO 6/6 horas ou Amoxacilina 500mg 8/8 horas, 7 dias

“Considerando a importância e os agravos da infecção Chlamydiana, o rastreio para CT em


populações de risco (gestantes, adolescentes, pessoas com outras DST) e precedendo cirurgias
ginecológicas deveria ser implantado na rotina de todos os serviços preocupados em prevenir esta
doença e principalmente evitar as suas sequelas” FEBRASGO - Manual de Orientação em Doenças
Infectocontagiosas
Clamídia- Linfogranuloma Venéreo

• Período de Incubação: 3 a 32 dias


• Três fases:
 Inoculação: inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem deixar sequela. Muitas vezes,
não é notada; na mulher, na parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa; ›
 Fase de disseminação linfática regional: uma a 6 semanas, a linfadenopatia inguinal com fusão de vários gânglios,
formando uma massa ou “bubão. Geralmente unilateral (em 70% dos casos) e se constitui no principal motivo da
consulta. A localização da adenopatia depende do local da lesão de inoculação. Se não tratada, evolui para
necrose, com múltiplas fístulas que drenam secreção purulenta com aspecto “em bico de regador”
 Fase de sequelas: A lesão da região anal pode levar a proctite e proctocolite hemorrágica. O contato orogenital
pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Podem ocorrer sintomas gerais, como febre,
mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. Os bubões que se tornarem
flutuantes podem ser aspirados com agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. A obstrução
linfática crônica leva à elefantíase genital. Além disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais e vesicais, além de
estenose retal.
Clamídia- Linfogranuloma Venéreo
• Diagnóstico:
 Cultura em Meio de Mcoy
 Elisa
 Fixação de Complemento
 Microimunofluorescência
• Tratamento:
Tetraciclina: 500 mg de 6/6 h VO, por 2 a 4 semanas.
Azitromicina: 1 g VO, dose única. Repetir 10 dias após.
Doxiciclina 100 mg de 12/12 h VO, por 3 a 4 semanas.
Sulfadiazina 500 mg, 2 comprimidos de 6/6 h VO, por 4 semanas.
Eritromicina: 500 mg VO, de 6/6 h, por 2 a 4 semanas.
Sulfametoxazol (400 mg) e Trimetoprim (80 mg) : 2 comprimidos de 12/12 h VO, por 3 a 4 semanas
Gonorreia
• Agente: Neisseria gonorrhoeae diplococo Gram negativo, que causa cervicite e endocervicite.
Devemos atentar para as cervicites não gonocócicas causadas por tricomonas e molicutes
• Transmissível sexualmente, através do contato entre mucosas e no canal do parto.
• No recém-nascido (RN) é responsável principalmente por conjuntivite e cegueira, mas também
se relaciona com abscesso de couro cabeludo, artrite, septicemia, pneumonia, meningite,
endocardite e estomatite. Aumenta a morbimortalidade perinatal pois está diretamente
comprometida com comorbidades gestacionais
• 70 a 80% assintomática
• Quando sintomática, provoca corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, pós-coito,
dispareunia, disúria, polaciúria e evolui para as sequelas de DIP quando ascende pelo canal
cervical invadindo o trato genital superior
• Eventualmente acomete as Glândulas de Bartholin provocando Bartholinites ou Abscessos de
Bartholin
Gonorreia
• Ao exame: cérvice edemaciada, congesta, facilmente sangrante ao simples toque com espátula ou swab, eventualmente
com secreção mucopurulenta aderida

“se ao exame especular for constatada a presença de muco-pus cervical, friabilidade do colo ou teste do cotonete positivo, a
paciente deve ser tratada para gonorreia e clamídia, pois esses são os agentes etiológicos mais frequentes da cervicite
mucopurulenta ou endocervicite – inflamação da mucosa endocervical” Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para
Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)
2019protocoloclinicoinfecessexualmentetransmissveisist2019protocoloclinicoinfecessexualmentetransmissveisist2
019
• Diagnóstico:
 Bacterioscópico (Gram)
 Cultural (Meio de Thayer-Martin)
 NAAT (RT-PCR)
Gonorreia
• Tratamento:
“Recomenda-se o tratamento de ambos (N. gonorrhoeae e C. trachomatis) ao se
identificar qualquer um dos dois”. FEBRASGO - Manual de Orientação em Doenças
Infectocontagiosas

Ceftriaxona 250mg IM + Azitromicina 1g VO DU ou


Doxiciclina 100mg VO 12/12 horas 7 dias + Tianfenicol 500mg VO 12/12 horas 7dias
Gestantes: Estearato de Eritromicina 500mg VO 6/6horas 10 dias ou Probenecide 1g
VO seguido de 3,0 g VO de Amoxicilina ou 3,5 g VO de Ampicilina DU

** Na eventualidade de DIP, adequar o tratamento à gravidade da doença


Micoplasmose

• Agente: família das Mycoplasmataceae ou simplesmente


Molicutes, nas quais se inserem os gêneros Mycoplasma e
ureaplasma
• São bactérias pequenas, um pouco maior que os vírus, sem
parede celular. Só identificáveis com microscopia eletrônica,
não podem ser coradas com o método de Gram, nem
destruídas por antibióticos que destroem a parede celular.
Tem o metabolismo lento, e capacidade de provocar
infecções indolentes e crônicas
• São considerados ISTs, e as espécies Mycoplasma hominis e
Ureaplasma urealitycum são encontrados em 8 a 41% das
mulheres assintomáticas com vida sexual ativa
Micoplasmose
• Se relacionam com complicações gestacionais e perinatais, mas
como “condição de risco” para agravamento de infecções
concomitantes como gonococo e clamídia. Assim se comportam
na presença de tricomonas, HPV e HIV
• Quadro clínico semelhante ao da Clamídia, e o RT-PCR é o melhor
método de confirmação diagnóstica
• Tratamento: Azitromicina 1g VO DU, ou Doxiciclina 100mg VO
12/12 horas 7 dias ou Ciprofloxacina 500mg VO/dia 7 dias ou
Eritromicina 500mg VO 6/6 horas 7 dias nas gestantes
Sífilis

• Agente etiológico: Treponema pallidum, bactéria espiroqueta


que não cora pelo Gram, nem cresce em meio de cultura
• Também conhecida como Lues, cancro duro ou protossifiloma,
é uma doença infectocontagiosa, sistêmica e crônica,
conhecida há séculos.
• Patógeno exclusivo do ser humano, o treponema foi
identificado em 1905
• É contagioso através do contato sexual, íntimo, vertical, e no
canal do parto quando a mãe tem lesões ativas
Sífilis
• Em gestantes, a taxa de transmissão vertical de sífilis para
o feto é de até 80% , sendo maior no início do contágio e
aumentando com a persistência da doença. Isto coloca o
feto em risco de 30 a 50 % de óbito intra-útero
• Doença de apresentação multiforme e atividade oscilante
e períodos assintomáticos, que, quando não tratada,
pode evoluir para formas muito graves comprometendo
sistema nervoso e cardiovascular
• A sífilis tem fases de atividade e remissão, é altamente
contagiosa e letal, mas é altamente curável e é esta a
maior importância de seu diagnóstico.

Sífilis Congênita
Sífilis

• PRIMÁRIA
• PI: 90 dias
• Cancro duro: úlcera rica em treponemas,
geralmente única e indolor, com borda bem
definida e regular, base endurecida e fundo
limpo, que ocorre no local de entrada da
bactéria
• Adenomegalia inguinal
• Duram 6 a 7 semanas
• Maioria não notada; silencia
SECUNDÁRIA
Sífilis 6 semanas a 6 meses depois da cicatrização
do cancro duro

• Manifestações variáveis, cronologia


própria. Erupção macular eritematosa
pouco visível (roséola), principalmente no
tronco e raiz dos membros.
• As lesões cutâneas progridem para lesões
Condiloma Plano mais evidentes, papulosas
(Sifílides) eritematoacastanhadas, às vezes
disseminadas, sendo frequentes nos
genitais. Atingem a região plantar e
palmar, com descamação característica,
em geral não pruriginosa.
• Mais adiante, podem ser identificados
condilomas planos nas dobras mucosas,
especialmente na área anogenital. Estas
são as sifílides . Microadenomegalia e
sintomas sistêmicos. e falsa impressão de
cura

Sífilis Secundária
Sífilis terciária

Sífilis

Sífilis Terciária
Entre 2 e 40 anos
Destruição tecidual
e do sistema cardiovascular.
Acometimento do Sistema Nervoso (mielite transversa, tabes
Dorsalis, Demência) e do Sistema cardiovascular
Formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência a
liquefação) na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido.
As lesões podem causar desfiguração, incapacidade e até
morte.
Sífilis
• Diagnóstico:
 Bacterioscopia e Campo Escuro (padrão ouro)
 Imunofluorescência Direta
 Sorologias:
 Testes não treponêmicos: VDRL
 Testes treponêmicos: Teste rápido e FTA-Abs

VDRL FTA-ABS SIGNIFICADO

NR NR PI OU SEM DOENÇA
NR R CURADO OU PRECOCE
R NR FALSO POSITIVO
R R DOENÇA OU TRATAMENTO RECENTE
Sífilis
Sífilis Recente PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
• até 2 anos de evolução PI: 90 dias 6 semanas a 6 meses depois da cicatrização do cancro duro
Cancro duro: úlcera rica em Manifestações variáveis, cronologia própria. Erupção macular
treponemas, geralmente eritematosa pouco visível (roséola), principalmente no tronco e raiz
única e indolor, com borda dos membros. As lesões cutâneas progridem para lesões mais
bem definida e regular, base evidentes, papulosas eritematoacastanhadas, às vezes disseminadas,
endurecida e fundo limpo, sendo frequentes nos genitais. Atingem a região plantar e palmar,
que ocorre no local de com descamação característica, em geral não pruriginosa. Mais
entrada da bactéria adiante, podem ser identificados condilomas planos nas dobras
Adenomegalia inguinal mucosas, especialmente na área anogenital. Estas são as sifílides .
Maioria não notada; silencia Microadenomegalia e sintomas sistêmicos. e falsa impressão de cura

Sífilis Latente Latente Recente Latente Tardia


• Mais de 1 a 2 anos de Até 2 anos Mais de 2 anos
evolução Intercalam –se as lesões de Intercalam –se as lesões de secundarismo com períodos de silêncio
• Não se observam sintomas secundarismo com períodos (latência)
• Maioria dos diagnósticos de silêncio (latência)

Sífilis Terciária Destruição tecidual Acometimento do Sistema Nervoso (mielite transversa, tabes
• Entre 2 e 40 anos e do sistema cardiovascular. Dorsalis, Demência) e do Sistema cardiovascular
Formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência a
liquefação) na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido.
As lesões podem causar desfiguração, incapacidade e até morte.
Sífilis
Sífilis
Tratamento
Tricomoníase & Vaginose bacteriana

• A vaginose bacteriana (VB) é uma síndrome


polimicrobiana caracterizada pelo desaparecimento
dos Lactobacillus produtores de peróxido de
hidrogênio e aumento maciço de germes anaeróbios
(Gardnerella vaginalis, Mobiluncus, Bacteróides,
etc). Caracterizada pelo odor desagradável, que
piora no período menstrual e durante o coito. Não
dá outros sintomas além do odor e leucorreia
branco-acinzentadas. Embora não seja uma IST,
facilita a contaminação com seus agentes
• A tricominíase é uma IST
Tricomoníase & Vaginose bacteriana
• Tricomoníase é causada pelo protozoário
Trichomonas vaginalis, considerado IST,
provoca leucorreia esverdeada, bolhosa,
abundante, com odor fétido, e colpite difusa
(colo com aspecto de “framboesa” ou
“morango”, e, após a colocação da Solução de
Schiller, dá ao colo um aspecto “tigroide”),
dando sintomas de dispareunia, e sintomas
urinários de disúria e odinúria. Sangramento
pós-coital também é frequente.
• Ambas estão associadas a complicações do
ciclo grávido-puerperal e com infecções pós-
operatórias em ginecologia
• PI: 5 a 28 dias
• Diagnóstico: Microscopia direta, Gram e Meio
de Diamond para Tricomonas
Tricomoníase & Vaginose bacteriana

• Tratamento:
Herpes Simples (HSV)
• Os HSV tipos 1 e 2 fazem parte da família Herpesviridae, junto com
o Citomegalovírus (CMV), o vírus da varicela zoster, e o Epstein-
Barr. São todos DNA-vírus, e embora possam provocar lesões em
todo o corpo, em geral o tipo 2 acomete os genitais e o tipo 1,
região perioral
• Se manifestam como primo-infecção (mais florida, com mais
sintomas prodrômicos e sistêmicos) e surtos recidivantes
• A primo-infecção tem um PI médio de 6 dias, com sintomas gerais
e às vezes urinários. Adenopatia dolorosa em 50%. Inicia como
lesões milimétricas eritemato-papulosas, inicialmente
pruriginosas, depois dolorosas, que evoluem para vesículas de
coloração hialina, que podem romper e coalescer. Pode durar até 3
semanas. A resolução evolui sem deixar cicatrizes. Acometimento
do colo pode provocar corrimento abundante
Herpes Simples (HSV)
• HSV penetra nos nervos periféricos sensoriais e, chegando aos
gânglios sensitivos, entra em um estado de latência. As
recorrências por reativação viral são mais frequentes com o HSV2,
principalmente no primeiro ano da contaminação. Fatores
predisponentes são alterações da imunidade como infecções,
menstruação, radiação ultravioleta, estresse físico ou emocional,
antibioticoterapia prolongada, traumatismos locais, etc
• Em geral as lesões são precedidas por sensação local de
queimação ou prurido, sem sintomas sistêmicos importantes
• Na gestação, a transmissão pode ocorrer no canal do parto,
portanto, há indicação de cesariana quando a gestante apresenta
lesões ativas durante o trabalho de parto
• Diagnóstico é clínico ou por PCR das lesões e também cultura
• Diagnóstico diferencial com outras lesões ulcerativas e
traumáticas
Herpes Simples (HSV)
• Analgésicos orais e anti-inflamatórios
podem aliviar os sintomas
• Compressas com solução fisiológica e
degermante para higiene das lesões
HPV

• O Papiloma vírus humano (do inglês, human papilloma virus), é um DNA-vírus de cadeia dupla, não
encapsulado, membro da família Papovaviridae. Afeta epitélios escamosos e pode induzir uma grande
variedade de lesões cutaneomucosas. Se conhecem mais de 200 tipos de HPV, sendo que, desses,
aproximadamente 40 tipos acometem o trato anogenital. É causa de IST, e pode ser durante o parto,
com a formação de lesões cutaneomucosas em recém-nascidos ou papilomatose recorrente de laringe.
A transmissão por fômites é rara.

• É a IST mais comum do mundo

• Risco acumulado de contrair o HPV ao longo da vida: 80%


• Maioria elimina o vírus
• Maioria assintomática
HPV

• Tempo de latência da infecção à manifestação varia de meses a anos


• Manifestações clínicas:

• Verrugas genitais: de um a vários milímetros, podendo atingir vários


centímetros. Únicas ou múltiplas, achatadas ou papulosas, mas sempre
papilomatosas. Têm superfície apresenta-se fosca, aveludada ou
semelhante à da couve-flor. Podem ser cor da pele, eritematosas ou
hiperpigmentadas. Geralmente assintomáticas, mas podem ser
pruriginosas, dolorosas, friáveis ou sangrantes. As verrugas anogenitais
resultam quase exclusivamente de tipos não oncogênicos de HPV.

• Diagnóstico: Clínico, biópsia, NAAT (PCR e captura híbrida)


HPV

• Tratamento das verrugas:


• Individualizado
• Domiciliar: Imiquimode 50mg/g creme em noites altenadas (máximo 16 semanas) ou podofilotoxina creme aplicar 2x/dia 3
dias e pausa de 4 dias ( 4 ciclos)
• Ambulatorial: ácido tricloroacético (ATA) a 80 ou 90% ou podofilina solução 10 a 25% ou eletrocauterização, ou exérese
cirúrgica, ou crioterapia com Nitrogênio Líquido
HPV

• Tempo médio entre a contaminação e o desenvolvimento de um câncer


é em média 20 anos
• 5% ou menos desenvolverão lesão precursora
• Menos que 1% desenvolverá neoplasia maligna
• Associado a 99% do Ca de colo uterino, 95% de canal anal, 70% Ca de
cabeça e pescoço, 65% Ca de vagina, 50% Ca de vulva
• 9% dos cânceres nas mulheres se relacionam ao HPV

• LSIL (NICI)

• HSIL (NICII & NICIII)

• NIV

• NIVA
Schiffman 2011, Moscicki 2008
HPV
HPV 16 & 18
HPV 6 & 11
• 70% colo • 90% verrugas
• 70% ânus e reto genitais
• 70% orofaringe • Papulose
• 505 pênis respiratória
• 50% vagina /vulva

São fatores de risco para o câncer genital


• infecção persistente pelo HPV
• HIV/AIDS (imunossupressão)
• tabagismo
• Desnutrição
• Drogas, alcoolismo
• outros Jaura 2015; Group TFIS, NEJM 2007
HPV e eficácia da vacina

• Dinamarca reduziu risco de NIC II/III


significativamente
• Escócia reduziu em 29%/50%/55% NICI/ II/III
entre 20 e 21 anos
• EUA prevenção da NIC II atribuível ao HPV de
21 a 72%
• Austrália reduziu 73-93% as verrugas genitais
• Reino Unido expandiu a vacinação para
meninos em 2013
Journal of the National Cancer Institute, March 2014 (meninas desde 2007) e reduziu 77% as
infecções por HPV
HPV

Vacina HPV
19/03/2021
MS vacinará até os 45 anos
Grupos de risco
Donovanose (Granuloma Inguinal)

• Agente etiológico: Klebsiella granulomatis , bactéria Gram negativa intracelular


• PI de 8 dias a 6 meses.
• IST crônica e progressiva , que acomete pele e mucosas das regiões genitais, perianais
e inguinais.
• Pouco frequente, típica de zonas tropicais e subtropicais
• Quadro clínico: ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo
granuloso, de aspecto vermelho vivo , indolor, altamente vascularizada, e de
sangramento fácil. Evolui lentamente podendo se tornar uma lesão
úlcerovegetante ,às vezes difícil de distinguir de uma neoplasia maligna. Há
predileção pelas regiões de dobras e região perianal.
• Diagnóstico cito e histopatológico com a identificação dos “Corpúsculos de Donovan”
• O diagnóstico diferencial de donovanose inclui sífilis, cancroide, neoplasias ulceradas,
outras doenças cutâneas ulcerativas e granulomatosas.
Donovanose

• Tratamento:
Cancróide

• Agente etiológico: Coco-bacilo Gram negativo Haemophilus ducreyi


• PI de 3 a 7 dias, inicia com pequenas pápulas dolorosas que rapidamente se rompem em
úlceras rasas, com bordas irregulares que coalescem levando a destruição tecidual
acentuada. Há uma linfonodomegalia que absceda e fistuliza, e a autoinoculação forma
novas lesões. Nas mulheres pode ser assintomática quando localizada no colo e vagina.
Lesões na boca e região anal também podem ser observadas
• Diagnóstico: material corado pelo Gram em forma de “cardume de peixes” ou “vias férreas”
ou “impressões digitais”.
• O resultado negativo não exclui o diagnóstico. Após descartar as outras etiologias para
úlcera, deve-se proceder ao tratamento
• Infecção de diversas fases, de durações variáveis, dependentes da resposta
HIV & SIDA imunológica do indivíduo e da carga viral. Entre a primeira e a terceira semana após
o contágio, surgem sinais e sintomas inespecíficos da doença, configurando a fase
aguda ou primeira fase. A fase seguinte (infecção assintomática) pode durar anos,
até o aparecimento de infecções oportunistas (tuberculose, neurotoxoplasmose,
neurocriptococose) e algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma de
Kaposi). A presença desses eventos define a SIDA

• Meta 90-90-90, do MS, a qual estabelecia que, até 2020, 90% das pessoas com HIV
fossem diagnosticadas (ampliando o acesso ao diagnóstico do HIV); que 90% destas
estivessem em tratamento antirretroviral (ampliando o acesso à TARV); e, destas,
que 90% tivessem carga viral indetectável (indicando boa adesão ao tratamento e
qualidade da assistência à PVHIV), sofrerá ajustes em função da pandemia por
COVID-19.
HIV & SIDA

• A estratégia é promover o cuidado compartilhado da atenção às PVHIV


entre os serviços especializados e a Atenção Básica, com o objetivo de:

 Ampliar o acesso à saúde para as PVHIV

 Estabelecer maior vínculo destas com os serviços de saúde

 Melhorar as possibilidades de atendimento de qualidade

 Melhorar o prognóstico das PVHIV.


Hepatites

• Problema de saúde pública mundial


• 1,4 milhões de óbitos por ano por hepatites, seja pelas formas crônicas, ou pelo
hepatocarcinoma.
• Comparável à tuberculose e superior à mortalidade provocada pela SIDA (WHO, 2017)
• Hepatite A :contaminação fecal-oral, mas também sexual. Vacinar sempre.
• Hepatite B : IST, quando contraída no período perinatal traz 90% de cronicidade; se a na
primeira infância, 20% a 40% de cronicidade; se a hepatite B é contraída na adolescência e
idade adulta, essa taxa cai para 0 a 10%. Vacinar sempre
• Hepatite C: transmissão vertical, sexual menor, mais em grupos de risco. Testar sempre
Zika

• O vírus Zika é um Flavivírus capaz de causar infecção em humanos; o primeiro caso


diagnosticado no Brasil ocorreu no ano de 2015, na Região Nordeste
• O vírus pode ser transmitido por meio da picada do vetor Aedes aegypti (o mesmo mosquito
que transmite dengue, Chikungunya e febre amarela), assim como por transmissão vertical e
sexual.
• Graves sequelas neurológicas ao feto
• Não existe vacina, apenas medidas de prevenção (roupas, repelentes, preservativos)
• Diagnóstico: Sorologias, PCR
Violência Sexual & IST
• Profilaxia da hepatite B em situação de violência sexual :vítima não vacinada ou vacinação incompleta: vacinar ou
completar a vacinação. Não usar de rotina a IGHAHB, exceto se a vítima for suscetível e o responsável pela violência seja
HBsAg reagente ou de grupo de risco (drogadito, por ex). A IGHAHB deve ser aplicada até, no máximo, 14 dias após a
exposição

• Profilaxia da infecção pelo HIV em situação de violência sexual: A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) consiste no uso de
antirretrovirais, por 28 dias.

• O atendimento após a exposição ao HIV é uma urgência. A PEP deve ser iniciada o mais precocemente possível, tendo
como limite as 72 horas subsequentes à exposição. Nos casos em que o atendimento ocorrer após 72 horas da
exposição, a PEP não está mais indicada.
Educação e aconselhamento (mudança de
comportamento)
Estratégias Identificação de assintomáticas
de contaminadas

prevenção Diagnóstico e tratamento efetivo das


pacientes infectadas

e controle Avaliação, tratamento e aconselhamento


dos parceiros das pacientes infectadas
das IST
Vacinação das pacientes em risco
• Médicos e agentes de saúde exercem papel
crítico na prevenção e tratamento das ISTs
• A abordagem deve levar em consideração as
características individuais da(o) paciente e a
prevalência local da doença em questão, com
o objetivo de:
1. Tratamento com erradicação do patógeno
2. Alívio dos sinais e sintomas
3. Prevenção das sequelas
4. Prevenção da transmissão
Abstinência sexual; realizar aconselhamento e rastreamento
sorológico antes do início da atividade sexual

Vacinação (hepatite B, A e HPV)

Métodos de Preservativo masculino (HIV, clamídia, gonococo, tricomonas,

prevenção
DIP, herpes (discutível), HPV (redução de 70%)

Preservativo feminino (mais estudos são necessários)

Espermicida e diafragma não têm eficácia comprovada e


traumatizam epitélio, facilitando a infecção
Sexo seguro

• Usar preservativo
• Imunizar para HAV, HBV, e HPV
• Conhecer status sorológico para HIV do parceiro
• Testar regularmente para HIV e outras ISTs (testes rápidos
disponíveis nas redes de atenção à saúde)
• Tratar as pessoas que tem HIV
• Realizar preventivo do colo uterino
• Realizar Profilaxia Pré-exposição (PrPE) quando indicado
(tenofovir+entricitabina diariamente)
• Conhecimento e acesso à contracepção
• Realizar Profilaxia Pós-exposição (PEP) quando necessário

MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília - DF PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA ATENÇÃO INTEGRAL À
PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) 2019
Mandala de Prevenção Combinada

MS/ Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/ Departamento de Doenças de Condições Crônicas (DDCC)
e Infecções Sexualmente Transmisíveis (IST) 2019
• CDC: cdc.gov/std/default.htm
• 2018 Surveillance Report: https://www.cdc.gov/std/stats18/d efault.htm
• STD Treatment Guidelines: www.cdc.gov/std/tg2015 /default.htm
• NNPTCs: www.nnptc.org www.STDCCN.org
• National Coalition for Sexual Health: www.ncshguide.org/providers www.ncshguide.org
• FEMS Microbiology Reviews, 2021, Vol. 45, No. 1
• U.S. Department of Health and Human Services. 2020. Sexually Transmitted Infections National Strategic Plan for the United States: 2021–
2025. Washington, DC.
• U.S. Department of Health and Human Services Centers for Disease Control and Prevention National Center for HIV/AIDS, Viral Hepatitis,
STD, and TB Prevention Division of STD Prevention Atlanta, Georgia, 30329–4027
• Centers for Disease Control and Prevention: STD Surveillance 2018 National Profile
Obrigada!
STI LOCALIZAÇÃO APRESENTAÇÃO PERÍODO DE DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 1ª
GEOGRÁFICA CLÍNICA INCUBAÇÃO LINHA
BACTERIANA
SÍFILIS (Treponema global 1ª: úlcera indolor com 10 a 90 dias Microscopia em campo Benzetacil 2.4M IM (1ª,
palliidum) adenomegalia escuro (lesão) ou 2ª, latente recente)
2ª: exantema máculo- sorologias 2.4M IM/sem 3
papular semanas para latente
tardia ou desconhecida
CLAMÍDIA (Chlamydia global Cervicite 7 a 21 dias NAAT (Nucleic Acid Azitromicina 1g VO DU
trachomatis, serotipos D Uretrite Amplification Test) Ou
a K) DIP Ex.: RT-PCR (reverse Doxiciclina 100mg VO
Conjuntivite de transciption 2x/dia por 7dias
inclusão polymerase chain
Pneumonia no RN reaction) & LAMP
(loop-mediated
isothermal
amplification)
Meio de MCoy
LINFOGRANULOMA global Úlcera auto-limitada, 3 a 30 dias NAAT Doxiciclina 100mg VO
VENÉREO dolorosa Ou 2x/dia 21 dias
(Chlamydia trachomatis, Linfadenomagalia sorologias
serotipos L1, L2 e L3) dolorosa que pode
fistulizar
coloproctite
STI LOCALIZAÇÃO APRESENTAÇÃO PERÍODO DE DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 1ª
GEOGRÁFICA CLÍNICA INCUBAÇÃO LINHA

BACTERIANA
GONORREIA global Cervicite 1 a 14 dias NAAT Ceftriaxone 250mg IM
(Neisseria gonorrhoeae) Uretrite Meio de Thayer- &
DIP Martin Azitromicina 1g VO
DU
LINFOGRANULOMA Sul da África, Índia, Ulcerações genitais 4 a 28 dias Microscopia: Azitromicina 1g
INGUINAL OU Papua Guiné e extensas, ulceradas, Copúsculos de VO/semana até o
DONOVANOSE (Klebsiella Austrália granulmatosas e Donovan em desaparecimento das
granulomatis) sangrantes macrófagos lesões
Adenomegalia
dolorosa

CANCRÓIDE África, Ásia e Úlcera genital 4a7 Cultura em meio Azitromicina 1g VO


(Haemophilus ducreyi) América Central purulenta, irregular e especializado (Nairobi DU
dolorosa ou Johannesburg) Ou
Linfadenopatia PCR Ceftriaxone 250mg IM
supurativa dolorosa DU
geralmente unilateral
STI LOCALIZAÇÃO APRESENTAÇÃO PERÍODO DE DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 1ª
GEOGRÁFICA CLÍNICA INCUBAÇÃO LINHA
VIRAL
HERPES SIMPLES global >1 úlcera genital 2 a 7 dias Cultura ou Aciclovir 400mg
(Herpes vírus simplex –
HSV)
dolorosa PCR VO 8/8h ou
valaciclovir VO
1g/dia ou
famciclovir
250mg VO 8/8h
7 a 10 dias
HPV (Human papiloma global verrugas 14 a 240 dias Clinica ou Tópico ou exérese
vírus)
patologia
Zika (Zika vírus) global Febre, exantema, 3 a 14 dias Sorologia ou suporte
artralgia, PCR
conjuntivite
STI LOCALIZAÇÃO APRESENTAÇÃO PERÍODO DE DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 1ª
GEOGRÁFICA CLÍNICA INCUBAÇÃO LINHA

VIRAL
HEPATITE A Global Astenia, anorexia, 28 dias Sorologia Suporte
fadiga, icterícia
HEPATITE B Global Astenia, anorexia, 60 a 150 dias Sorologia Muitas opções
fadiga, icterícia Consultar com
especialista
HEPATITE C Global Astenia, anorexia, 15 a 50 dias Sorologia Muitas opções
fadiga, icterícia Consultar com
especialista

PROTOZOÁRIO
TRICOMONÍASE Global Descarga vaginal 5 a 28 dias NAAT Metronidazol 2g
(Trichomonas vaginalis)
Prurido e ardência VO DU ou 500mg
12/12 h VO 7 dias

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