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A pessoa e a doença oncológica

O que é uma doença oncológica?


 Doença crónica;
 Doença não comunicável;
 Pessoa que tem pelo menos um cancro.

Cancro
 O cancro afecta qualquer pessoa, jovens ou velhos, ricos ou pobres, homem mulher ou criança,
brancos ou negros e melhores ou piores antecedentes culturais ou de condição económica.
 Representa um enorme peso sobre doentes, famílias e a sociedade.
 Doença mais associada ao envelhecimento mas pode ser diagnosticada em qualquer idade.

 O cancro representa uma das principais causas de morte no mundo particularmente nos países
desenvolvidos.
 Em 2018, estima-se que causa 9,6 milhões de mortes.
 Muitas destas mortes podem ser evitáveis, cerca de 40% dos cancros podem ser prevenidos.

 O reflexo do cancro é mais profundo que as desordens fisiológicas e psicológicas que provoca na
pessoa, ultrapassa a esfera do individual.
 As doenças oncológicas … têm um profundo impacto nos doentes, nos familiares e na sociedade em
geral, sendo provavelmente as doenças mais temidas pela população em geral.”
 Desafios múltiplos para o enfermeiro que cuidada destes doentes e família.

A doença oncológica, no conjunto das doenças crónicas e graves, atendendo à sua:


Natureza
Enorme impacto no:
Percurso  Individuo
Tratamento  Família
 Comunidade

constitui um grave problema de Saúde Pública e um desafio constante ao desenvolvimento de


saberes/competências específicas.
A Incidência tem aumentado cerca de 3% ao ano nos últimos anos (Portugal e europa)
É atualmente a segunda causa de morte em Portugal

Cancro – conceito
“A palavra cancro é utilizada para designar uma neoplasia maligna ou, se se usar a palavra “tumor”
como sinónimo de “neoplasia” para designar um tumor maligno. Às vezes usa-se também “lesão
maligna” como sinónimo de “neoplasia” ou “tumor maligno”. De uma pessoa com cancro diz-se que
sofre de uma doença cancerosa, isto é, de uma doença crónica caracterizada pela existência de um
cancro.”

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“(…) é uma designação infeliz pela sua imprecisão, já que existem, só na espécie humana, centenas de
diferentes tipos de cancro. (…) no universo “do cancro” alberga-se uma miríade de neoplasias com
características celulares e gravidade muito distintas umas das outras.”

Segundo a OMS (2018):


 Cerca de 70% de todas as mortes por cancro acontecem em países com um baixo ou médio nível de
desenvolvimento.
 Em 2016 morreram, por cancro, 9M de pessoas no Mundo.
 Em 2018, estima-se que surjam 18,1M de novos casos de cancro e 9,6M de mortes.
 Perspectiva-se que o valor continue a aumentar – 11M, em 2030.

Cancro mais comuns:


 Pulmão  Próstata
 Mama  Pele
 Coloretal  Estomago

Causas mais comuns de morte por cancro:


 Pulmão  Fígado
 Colorectal  Mama
 Estomago

Há diferenças nas incidências de cancro dependendo da sua localização primária:


 Por sexo:
o Homem os locais mais comuns são: próstata, pulmão e o cólon e reto. A incidência de cancro do
pulmão tem vindo a diminuir.
o Mulher os locais mais comuns são: mama, pulmão e o cólon e reto. A incidência de cancro da
mama e do pulmão na mulher continuam a aumentar.
 A idade. Aos 20 anos a probabilidade é de 1%; aos 50 é de 7% (de desenvolver cancro nos próximos
10 anos); aos 60 é superior a 16% no homem e 10% na mulher. (WHO, 2011).
 Caraterísticas raciais e étnicas - pelo diagnóstico tardio; estatuto socioeconómico díspar; acesso
desigual aos cuidados de saúde.

Em Portugal
 O cancro representa a segunda maior causa de morte em Portugal.
 Aumento regular da incidência do cancro, a uma taxa constante de aproximadamente 3% ao ano.
 Regista-se também uma tendência de crescimento do número de óbitos por cancro;
 As doenças oncológicas constituem a segunda causa de morte - constituem um grave problema de
Saúde Pública e um desafio constante ao desenvolvimento de saberes/competências específicas.

Cancros mais frequentes em Portugal


 Mulher: cancro da mama.

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 Homem: cancro da próstata.
 Nos dois sexos: cancro do colorretal.

 Colorretal  Pulmão
 Mama  Estomago
 Próstata

Para o aumento da prevalência do cancro tem contribuído:


 O aumento de novos casos diagnosticados cada vez mais cedo;
 A maior sobrevida e cura destas pessoas;
 O aumento da esperança de vida.

Uma das prioridades do Plano Nacional de Saúde é o combate ao cancro


 Vigilância epidemiológica
 Prevenção primária e secundária
 Tratamento atempado
 Cuidados paliativos

Com a finalidade:
 Diminuição da mortalidade e morbilidade por cancro;
 Melhoria da qualidade de vida e;
 Satisfação dos utentes com os cuidados recebidos.

Objetivos Prioritários
 Melhorar a vigilância epidemiológica e implementar sistemas de informação que permitam planear
estratégias, monitorizar e avaliar as medidas tomadas;
 Efetivar a prevenção primária: promoção de estilos de vida saudáveis, designadamente pelo
combate ao tabagismo e sedentarismo, e prevenção da obesidade;
 Programar e implementar em todo o país programas de rastreio organizados, para os cancros do
colo do útero, da mama e do cólon e reto;
 Implementar a Rede Referenciação Integrada em Oncologia (RRIO) e organizar a Gestão da Espera.

Prevenção oncológica
 Prevenção primária – Adopção de medidas que assegurem que o cancro não se venha a
desenvolver, isto é, visa eliminar os factores de risco ou o afastamento do ser humano à sua
exposição (corresponde à profilaxia).
 Prevenção secundária e terceária – Detecção e tratamento precoce do cancro, cuja génese não
pode ser evitada na sua fase inicial.
Estão incluídas as medidas dirigidas à identificação de lesões pré-cancerosas ou cancros in situ.

Estratégias de prevenção - o cancro pode ser reduzido e controlado por:

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 Implementação de estratégias baseadas na evidência de prevenção do cancro;
 Vacinação contra HPV e vírus da hepatite B;
 Controlo dos riscos ocupacionais;
 Reduzir a exposição à radiação solar.

A deteção precoce – identificação de duas componentes de esforço:


 Diagnóstico precoce - conhecimento dos primeiros sinais e sintomas de modo a facilitar o
diagnóstico e tratamento antes que a doença evolua. Relevante em contextos de baixos recursos
onde a maioria das pessoas são diagnosticadas em estádios muito tardios.
 A aplicação sistemática de testes de rastreio em populações assintomáticas.

O rastreio do cancro permite o diagnóstico precoce da doença ainda em fase


subclínica e tem como objectivo reduzir a mortalidade por esta doença.
O PNPCDO recomenda o rastreio para as doenças:
 Cancro do colo do útero;
 Cancro da mama;
 Cancro do cólon e reto.
(o rastreio conduziu a uma redução das taxas de mortalidade da ordem dos 80%, 30% e 20%
respectivamente)

Cancro do colo do útero


 A infeção por Papillomavírus Humano (HPV) é transmitida durante as relações sexuais ou apenas por
contacto genital.

Medidas de detecção precoce e rastreio


 Exame ginecológico e citológico – entre os 20 e 30 anos e até aos 60; no início das relações sexuais
(pode prevenir até 80% dos casos de cancro do colo do útero)
 Vacinação - O Programa Nacional de Vacinação prevê a vacinação aos treze anos.
 Uso de preservativo – reduz o risco; não confere proteção total pela presença do vírus na pele em
redor da região genital.

Cancro da mama
Medidas de detecção precoce e rastreio
 Auto- exame da mama mensalmente;
 Mamografia cada 2 anos em mulheres entre os 50 e 69 nos; A LPCC aconselha a partir dos 45 anos;
 Mulheres com história familiar de cancro da mama devem começar o rastreio mais cedo e com uma
frequência maior.

Cancro do cólon e recto


Medidas de detecção precoce e rastreio

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 Valorização de alterações dos hábitos intestinais (obstipação ou diarreia sem razão aparente e/ou
fezes muito escuras, perda de sangue pelo recto);
 Observação do intestino através de colonoscopia ou sigmoidoscopia;
 Pesquisa de sangue oculto nas fezes dos 50 aos 74 anos.

Metas de Saúde a 2020 – Programa Nacional para as doenças oncológicas – 2017

Desígnios para 2017

Intervenção de enfermagem na Prevenção:


Educar para a saúde: ações educativas para o público em geral e seletivas para grupos alvo
 Eliminar/reduzir a exposição a fatores de risco
 Aderir aos programas de rastreio

Tratamento do cancro
Conjunto das intervenções incluindo apoio emocional, cirurgia, radioterapia, quimioterapia que têm
como objectivos:
 Cura da doença;

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 Prolongar a vida;
 Promover a qualidade de vida da pessoa.

A decisão sobre o tratamento depende:


 Tipo de cancro;
 Estadiamento da doença;
 Outras patologias associadas; condição clinica da pessoa;
 As opções individuais de cada doente.

Antes do tratamento pondera-se:


 As condições do tumor (localização, tamanho e tipo histológico);
 A cinética das células (taxa de crescimento e agressividade, invasão e potencial metastático);
 Variáveis associadas à pessoa (saúde geral, estado imunológico e qualidade de vida).

Cirurgia, Radioterapia, Quimioterapia, Hormonoterapia, Imunoterapia, Transplantes e outras


terapêuticas complementares, usadas isoladamente ou em associação

A cirurgia e a pessoa com doença oncológica


 A cirurgia é a abordagem de tratamento do cancro mais antiga e continua a desempenhar um papel
primordial, particularmente nos tumores sólidos.
 A indicação cirúrgica depende do estádio do tumor, da sua localização e das condições do doente.

Recessões cirúrgicas
 Local (ex. pequeno tumor da pele)
 Radial: Tumores invasivos sem metástases ganglionares
 Radial com linfadenectomia – remoção dos gânglios linfáticos
 Extensa ou múltipla: se o tumor invadiu mais de 1 orgão
 Multilante: Alterações de imagem (ex. recessão e membros, mama, face …)

Cirúrgica – finalidade
 Diagnóstico e determinação do estadio de desenvolvimento do tumor – biópsia para identificação
do tipo de tumor e grau de diferenciação celular;
 Preventiva – lesões pré cancerosas ou com potencial de se tornarem malignas. Ex. pólipos do tubo
digestivo, displasia mamária, lesões pré-cancerosas da pele;
 Curativa – quando é possível a recessão do tumor e da cadeia linfática. Por vezes é muito mutilante;
 Paliativa – com o objectivo de melhorar a qualidade de vida, evitar complicações e aliviar a
sintomatologia;
 Tratamento adjuvante - em situação de emergência oncológica ou controlo da dor.

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Cuidados de enfermagem
Além dos cuidados gerais comuns a qualquer cirurgia, na cirurgia oncológica é importante valorizar
alguns aspetos.
 O estado psicológico;
 A aceitação de cirurgias mutiladoras;
 O estado geral: nutricional, imunológico, hematológico.

Regra geral estes doentes apresentam alterações que podem comprometer o sucesso do tratamento.
Uma abordagem multidisciplinar é fundamental.

A avaliação diagnostica: preparação prioritária da pessoa para a cirurgia.


 História: condição de saúde prévia; cirurgia prévia; reacções á anestesia e aos produtos sanguíneos;
prévia quimioterapia e exposição à radiação; mediação habitual e suplementos vitamínicos e
naturais; alergias; história familiar e social pertinente incluindo disponibilidade clinica para o
autocuidado; identificação de cuidadores potenciais e plano para o autocuidado pós alta
 Exame físico – cardiovascular, pulmonar, hematológico, gastrointestinal, renal, endócrino,
tegumentar
 Avaliação psicossocial e disponibilidade do cuidador

Definição de problemas e
identificação de Planeamento e implementação
resultados
 Posicionamento apropriado, proteção e contenção;
 Reavaliação com reposicionamento; duração de tempo na sala de operações;
 Checklist de segurança cirúrgica;
Risco de lesão peri-operatória
 Manutenção de ambiente e campo cirúrgico em condições de assepsia, administração de
por
antibioterapia.
posicionamento;
 Não fumar pelo menos 1 semana antes da cirurgia;
 Otimização do tratamento da asma, DPOC, e insuficiência cardíaca congestiva;
 Auscultação pulmonar periódica;
Trocas gasosas prejudicadas:  Tosse e respiração profunda, espirometria de incentivo e percussão, se necessários;
 Reposicionamento, deambulação precoce;
 Avaliar saturação de O2 e administração de O2, se prescritos.
Mobilidade física  Deambulação precoce;
prejudicadas/diminuídas  Estimular ao auto-cuidado;
 Disponibilidade de equipamento médico se necessário para apoiar reabilitação.

Avaliação frequente;
Reavaliação com a administração de medicação;
Assegurar adequada medicação que vá ao encontro das necessidades pré e pós-
operatórias;

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Dor aguda; dor crónica Medicação para facilitar a atividade, toilette pulmonar;
Medidas de conforto não farmacológicas (reposicionamento, massagem, roupas frias ou
quentes / calor ou frio; distração; imagens, …)
Início precoce de nutrição enteral, se adequado;

Desequilíbrio nutricional Permitir escolha de alimentos e horário das refeições e snacks;


Nutrição parenteral se o doente não ingere calorias necessárias num prazo de 7 a 14 dias.
Avaliação frequente corporal da integridade da pele;

Integridade da pele Tratar feridas cirúrgicas;

prejudicada Troca de drenagens;


Proteger áreas de pressão pelo posicionamento e produtos de apoio;
Manter roupa de cama livre de humidade e dobras.
Medicação profiláctica;

Risco de tromboembolismo Compreensão sequencial das extremidades de baixa pressão;

venoso Deambulação precoce;


Calf pumping.
Risco de resiliência Educação do doente e família sobre cirurgia e doença;
comprometida Educação do doente e família sobre expectativas de recuperação e planeamento futuro.
RE – o doente e família ou Facilitar verbalização de interesses, desejos, planos de vida e objetivos; promover a
cuidador devem perceção do doente e família da nova normalidade e objetivos pós-operatórios;
verbalizar compreensão do Facilitar o estabelecimento de metas realistas.
processo de doença,
tratamento cirúrgico,
expectativas de recuperação
e plano de cuidados.

RADIOTERAPIA
A Radioterapia e a pessoa com doença oncológica
 Radioterapia é a utilização controlada de radiações ionizantes de grande energia, para fins
terapêuticos (destrói a capacidade de crescimento e multiplicação das células cancerígenas).
 Ocupa um lugar importante no tratamento oncológico. Nos últimos anos, o leque de atuação foi
muito alargado. Aproximadamente 60% dos doentes tratados por cancro são tratados com RT
nalgum momento do curso da doença.
 Objectivos:
 Cura;
 Controlo - do crescimento e disseminação do tumor;
 Paliação – controlo de sintomas como a dor por metástases ósseas;
 Tratamento de tumores ulcerantes e sangrantes.

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Indicações da radioterapia
Abordagem terapêutica
Pré-operatório – visa reduzir o tamanho do tumor; aumentar o potencial de remoção da totalidade do
tumor; erradicar a doença subclínica que possa existir para além do campo cirúrgico e erradicar gânglios
linfáticos com potencial de desenvolvimento da doença.
Intra-operatória – visa controlar a recorrência local do tumor (ex: cancros abdominais localmente
avançados – gástrico, pâncreas; bexiga colorrectal)
Pós-operatório - visa erradicar qualquer tumor residual ou doença subclínica.

Métodos de administrada de radiação


 Tratamento local
1. Teleterapia: tratamento por fonte externa de radiação. Acelerador linear (raio X ou feixe de
eletrões) e cobalto 60 (raios gama).
 Definir dose a administrar ao doente a partir do exterior do corpo
 Tratamento – o processo:
 Consulta do doente com oncologista e enfermeiro
 Simulação:
 É feita avaliação por Rx para criar uma imagem do volume definido a tratar;
 Facilita a decisão para a posição e área de tratamento;
 Outros problemas podem ser identificadas antes do tratamento;
 Marcas de tratamento colocadas na pele ou dispositivos de imobilização;
 Tomografia computorizada;
 Planeamento do tratamento:
 Pelo radio oncologista, dosimetrista e físico;
 Baseado na patologia tumoral, localização, radiossensibilidade do tumor e tecidos normais
na área de tratamento;
 Tratamento efetuado por terapeutas de radiação;
 A prescrição inclui:
 Dose diária ou total de radiação;
 Instruções específicas do feixe de administração e;
 Número de campos/áreas corporais de radiação a serem tratados.
 Avaliação inicial: fatores que influenciam comunicação efetiva; história e avaliação física;
avaliação psicológica; fatores que podem influenciar efeitos colaterais de RT
 Educação do doente: expetativas com o tratamento e efeitos colaterais
 Gestão de evolução semanal: evolução do estado do doente e o que é que esta a sentir
(efeitos colaterais)

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 Avaliação follow-up: resposta do doente ao tratamento e monitorizar a lesão a lonngo
prazo ou efeitos colaterais tardios
 Avaliação inicial:
 Identificar as necessidades de ensino/conhecimento que a pessoa detém;
 Identificar se há outras doenças;
 Determinar o estado nutricional
 Estado da pele
 Idade: o sistema imunitário declina com a idade e a regeneração da medula óssea, demora
mais tempo
 Preparação e ensino:
 Nº de tratamentos, regime (ambulatório) e periodicidade do tratamento (diário),
 Simulação: identificados pontos onde incide a radiação, que são marcados na pele do
doente; definido o posicionamento do doente durante os tratamentos; feitos dispositivos
de imobilização para o doente (plástico ou gesso), se necessário; identificadas áreas a
proteger e feitas as proteções de chumbo que são colocadas no aparelho cada vez que o
doente realiza tratamento;
 Área objeto de radiação – cuidados com a marcação do campo (tinta);
 O que acontece no tratamento – não sente dor; irá permanecer sozinho na sala;
possibilidade do uso de dispositivos de imobilização.

2. Braquiterapia ou Terapia por fonte radioativa - partículas beta ou raios gama partir de
fontes seladas radioativas
 Taxa de dosagem: alta ou baixa
 Tipo: intracavitária; intersticial; intraluminal. O tratamento de tumores com fontes radioativas
colocadas temporária ou definitivamente adjacentes ao tumor (intracavitária ou de aplicação
superficial) no tumor (intersticial) ou lúmen (intraluminal)
 Principal vantagem - capacidade para disponibilizar alta dose de radiação para um pequeno
volume de tumor - administração de uma dose limitada aos tecidos normais adjacentes; pode
ser administrada num período de vários dias ou em poucos minutos.

Intervenção do enfermeiro nas várias fases de Tratamento


Avaliação inicial – fatores que influenciam comunicação efetiva; história e avaliação física; avaliação
psicológica; fatores que podem influenciar os efeitos colaterais de RT;
 Educação do doente – expectativas do tratamento e feitos colaterais
 Gestão de evolução semanal – evolução do estado do doente e dos efeitos colaterais
 Avaliação de follow-up - avaliar a resposta do doente ao tratamento e monitorizar a lesão a longo
prazo ou efeitos colaterais tardios.

Reações decorrentes do tratamento:


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 Precoces: aparecem após o início do tratamento, melhoram geralmente com terapêutica
sintomática e desaparecem algumas semanas após a irradiação.
 Locais: (Cutâneas).
 Sistémicas: fadiga; anorexia; náuseas e vómitos; dor e depressão; supressão da medula óssea;
cefaleias.

 Tardias: podem aparecer 3 meses após a irradiação, habitualmente dentro de 2 anos ou, por vezes,
até 5 anos.
 Torácico: pneumonia com dispneia e tosse; fibrose pulmonar; fratura de costelas; esclerose do
topo pulmonar
 Abdomino-pélvico: sigmoidites; aperto da sigmoide; retite com dores abdominais e tenesmo;
fraturas do colo do fémur; perturbações sexuais.

Terapia por fonte radioativa ou radiofarmacoterapia (ou fontes não seladas): partículas beta e
raios gama a partir de fontes radioativas não seladas.
 Material radioativo administrado por via IV, oral ou numa cavidade corporal.
 Resulta na captação de elementos radioativos em várias partes do corpo dependendo do elemento e
forma pelo qual é administrado. A radioatividade pode ser razoavelmente distribuída
uniformemente por todo o corpo ou pode concentrar-se em órgão específicos.

Se RT por fontes não seladas


 Preparação e ensino (Conhecimento não demonstrado sobre precaução de segurança):
 Uma semana antes do internamento ajustar a dieta: não comer marisco, conservas ou peixe do
mar, reduzir o consumo de sal ou alimentos que contenham iodo;
 Isolamento (temporário - 4 a 5 dias).
 Restrição dos contactos pelo facto de estar radioativo. O enfermeiro permanece no quarto apenas
o tempo necessário à realização das intervenções e enquanto permanecer em isolamento não terá
visitas;
 Preparação e ensino sobre:
 Efeitos secundários mais comuns: ardência cervical; náuseas, vómitos (raramente)
 Inicio da hidratação 2h após a ingestão da cápsula (o iodo é eliminado através da urina , fezes e
suor) – 2 litros/id
 Necessidade de colocar limão na língua durante alguns segundos, uma hora após as refeições,
repetindo de 30 em 30 min ou chupar rebuçados de limão;
 Realizar o seu autocuidado - Banho diário e mudança de roupa /2id;
 Trazer material para se distrair – (ex. leitura, TV);
 Caso vomite deve fazê-lo para a sanita ou saco de plástico – chamar imediatamente o enfermeiro.
 Descarregar a sanita duas ou três vezes após cada utilização.
 Instruir o doente/família sobre os cuidados a ter após a alta/segurança:
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 Dormir em quarto individual;
 Usar casa de banho individual;
 Evitar o contacto com crianças e mulheres grávidas;
 Restringir os contactos sociais.

Cuidados na promoção da segurança dos profissionais:


Princípios vitais à segurança dos profissionais:
 ALARA (as low as reasonably achievable) - tão baixa quanto razoavelmente realizável;
 Tempo;
 Distância; Organização a prestação de cuidados:
 Barreira de proteção  Limitar o tempo de contacto direto com o doente;
 Tempo de contacto e distância – de acordo com as diretrizes de
segurança da radioatividade;
 Esclarecer o doente sobre o motivo de limitar o tempo de contacto e
a distância – minimiza ansiedade e confusão;
 Usar barreira de proteção;
 Usar dosímetro – sinalizador do grau de exposição cumulativa à
radiação.

Cuidados na promoção da segurança: pessoas, profissionais e ambiente


No tratamento por teleterapia o doente não fica radioativo.
 Doente em tratamento por braquiterapia ou radiofármacos emite radioatividade;
 Doente com implantes temporário – radioativo no período em que a fonte está instalada;
 Doente com implantes permanentes* – pode ter alta com precauções mínimas;

* São fontes com semivida muito curta, são fracas emissoras – a exposição radioativa para o meio externo e outras
pessoas é muito baixo.

Principais Focos de intervenção nos cuidados de enfermagem ao doente submetido a


radioterapia
Défice de conhecimentos
 Em que consiste o tratamento
 Que é indolor
 Efeitos secundários mais comuns
 Cuidados a ter

Respostas do doente ao tratamento:


 Fadiga e mal estar
 Efeitos no tecido hematopoiético

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 Efeitos locais de acordo com a área e intensidade (radiodermite- eritema, edema, descamação,
necrose, alopécia).

Variam com:
 Idade, Tipo de radiação, Dose
 Tempo de duração do tratamento
 Condições nutricionais do doente

Quimioterapia
Quimioterapia
 A quimioterapia é a utilização de substâncias químicas com atividade citotóxica, com o objetivo de
tratar pessoas com doença oncológica, de forma isolada (monoquimioterapia) ou combinada
(poliquimioterapia).

Mecanismo de ação: A quimioterapia funciona ao nível celular por uma interrupção no ciclo celular.
Modifica a divisão celular das células normais bem como das neoplásicas.

Abordagens em quimioterapia
 Monoquimioterapia – uso de um único agente antineoplásico. O uso persistente aumenta a
probabilidade dos clones resistentes ao fármaco surgirem.
 Poliquimioterapia –uso de dois ou mais agente antineoplásico para produzir um resultado sinergético
contra as células tumorais.
 Quimioterapia regional – uso da quimioterapia num local específico do tumor ex; espaço pleural,
cavidade peritoneal – reduz a intensidade da toxicidade sistémica.
 Administração de altas doses de quimioterapia com terapia de suporte.

Recurso à terapia em situação de:


 Cura: como modalidade de tratamento única ou em combinação com outras modalidades.
 Controlo: Prologar a qualidade de vida quando a cura não é possível
 Paliativa: Promover o conforto quando a cura e o controlo não são possíveis. Alívio dos sintomas.

Administração - o tratamento pode considerar-se:


 Sistémico – O agente é administrado por via endovenosa (a mais utilizada) periférica ou central
(cateter parcial ou totalmente implantado), oral, subcutânea e intramuscular.
 Local e Regional – O agente é aplicado diretamente numa artéria ou cavidade.
 Intra-arterial – ex. tratamento de metástases hepáticas
 Intracavitária – intra-pleural, intraperitoneal e intra-vesical

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Vias de administração
 Oral (Drogas de boa absorção intestinal) – cuidado no contacto e ambiente;
 Subcutânea ou intramuscular (Pouco frequente);
 Intravenosa (preferencialmente CVC);
 Intratecal (tumores do SNC);
 Intra-cavitária: Intra-peritoneal, Intravesical, Intrapleural (Esvaziamento prévio) .

A quimioterapia por cateter totalmente implantado


Surgiu no início da década 80.
Veio melhorar a qualidade de vida do doente por apresentar maior conforto na administração dos
medicamentos, menor necessidade de manipulações e menor índice de infeções.

Cuidados de enfermagem:
 Ao local;
 Na punção do cateter;
 Na administração de terapêutica;
 Colheita de sangue;
 Heparinização do cateter;
 Gestão das complicações mais frequentes;
 Consultar guia.

A quimioterapia Intravesical
A indicação principal é o carcinoma de bexiga superficial e carcinoma in situ.
 Recomenda-se restrição hídrica de 8 a 12 horas antes da aplicação.
 O doente está algaliado e o medicamento é administrado sob infusão contínua gota a gota ou em
bólus com seringa.
 O doente é orientado para reter o volume o maior tempo possível e mudar de posição a cada 10 a 15
minutos, de forma a permitir o contato com toda a parede vesical. (Em geral, o período de
permanência é de uma a duas horas).
 Ocorrem com frequência dor e urgência urinária durante o período de permanência do
medicamento devido à irritação local. 

NOTA: Recomenda-se uma restrição hídrica de 8 a 12 horas antes da aplicação. A droga é injetada via sonda
vesical, diluída em 20 a 60 ml de água destilada ou soro fisiológico 0,9% sob infusão contínua gota a gota ou em
bolus com seringa. Em seguida o cateter pode ser retirado ou ocluído e o paciente orientado para reter o volume o
maior tempo possível e mudar de posição a cada 10 a 15 minutos, de forma a permitir o contato da droga com toda
a parede vesical. Em geral, o período de permanência é de uma a duas horas. Ocorrem com frequência dor e
urgência urinária durante o período de permanência do medicamento devido à irritação local. 

Classificação de fármacos quimioterápicos em função da ação na fase do ciclo celular


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Agentes inespecíficos
 Efeitos citotóxicos major ocorrem em todas as fases do ciclo celular (em replicação, proliferação e
repouso -G0);
 São mais efetivos se administrados em bólus;
 Os efeitos citotóxicos expressam-se quando há tentativa de divisão celular.

Agentes específicos
 Maior toxicidade exercidas sobre as células em divisão ativa em fases
 Específicas durante todo o ciclo celular (replicação ou proliferação G1, S1, G2 ou M).
 Não são ativos na fase G0;
 Mais eficazes em doses divididas ou em infusão contínua;
 Os efeitos citotóxicos ocorrem durante o ciclo celular e expressam-se na
 Reparação ou divisão celular.

Classificação de fármacos quimioterápicos - mecanismos de ação


 Agentes alquilantes – inespecíficos, induzem quebras nas cadeias de DNA;
 Nitrosureias – inespecíficos, induzem quebras nas cadeias de DNA;
 Fármacos de platina – inespecíficos, ligam-se ao DNA inibindo a replicação ou ao RNA codificando
erroneamente a informação;
 Antimetabólitos – específicos da fase S;
 Inibidores mitóticos – específicos da fase G2 e M;
 Taxanes – específicos, interferem na mitose durante as fases G2 e M;
 Alcalóides de vinca – específicos da fase M, inibem a mitose;
 Inibidores da topoisomerase – específicos;
 Corticosteróides – inespecíficos; rompem a membrana celular, inibem síntese de proteínas
 Terapia hormonal – inespecíficos:
 Antiestrógenos – fixam-se aos recetores do estrógeno modulando-os negativamente e Inibindo o
crescimento tumoral;

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 Estrogenos – interferem nos recetores hormonais e proteínas;
 Inibidores da aromatase - inibem a enzima que converte os androgénios adrenais em
 Estrogénios;
 Outros.

Classificação dos citostáticos quanto à toxicidade local


 Vesicantes - agentes capazes de provocar destruição do tecido e ulceração local quando há
extravasamento – necrose (ex. – cisplatina, vimblastina).
 Irritantes – agentes causadores de dor, flebite ou irritação no local da injeção ou ao longo da linha
da veia (ex. – carmustina, fluorouracilo).
 Não agressivos – geralmente não causam problemas quando há extravasamento (ex. –
ciclofosfamida, metrotexato).

Exige o cumprimento de 1 conjunto de normas (rígidas) na manipulação e administração tendo em


vista a segurança da pessoa, dos profissionais e do ambiente.

Resposta(s) ao tratamento por quimioterapia


Efeitos secundários mais comuns:
 Alterações na produção de componentes do sangue: susceptibilidade à infeção;
 Alopécia;
 Anorexia;
 Neuropatia periférica;
 Fadiga e mal-estar;
 Toxicidade ao nível dos vários sistemas (cardíaco, metabólico, pulmonar, renal,
reprodutor…);
 Náuseas e vómitos;
 Alterações dermatológicas - pele seca; fotossensibilidade; …
 Mucosite;
 Diarreia, obstipação;

Proteção dos Profissionais


 Os trabalhadores de saúde, que manipulam drogas citotóxicas podem estar expostos a baixas
doses do fármaco por contato direto - absorção, inalação e ingestão, mas também indireto pelo
que devem:
 Ser implementadas normas de segurança gerais e individuais para a preparação, administração e
tratamento de resíduos tóxicos e supervisionar o seu cumprimento.
 Possuir conhecimentos adequados sobre esta terapêutica – formação dos profissionais;
 Registar o nº de doses preparadas e o tempo de exposição;

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 Realizar vigilância médica periódica (6 em 6 meses);
 Exclusão dos profissionais de risco.
 A preparação e administração de fármacos deve ser evitada pelos enfermeiros que constituam
grupos de risco:
 Mulheres grávidas ou a amamentar;
 Mulheres com história de aborto;
 Profissionais com história de doença oncológica;
 Profissionais que trabalhem com radiações ionizantes;
 Profissionais com problemas alérgicos ou com o sistema imunitário comprometido.

Fatores intervenientes no risco associado ao profissional


 Propriedades químicas do citostático;
 Suscetibilidade do profissional;
 Hábitos tabágicos, dietéticos e contato com outros tóxicos;
 Nº e tempo de exposição e efeito cumulativo das mesmas.

Riscos associados à manipulação

Riscos Locais Sistémicos

Curto  Dermatites (+ frequentes na região do  Alterações neurológicas;


Prazo punho e espaços interdigitais);  Vertigens e tonturas;
(agudos)  Inflamação dos olhos e outras mucosas;  Náuseas, vómitos e dores abdominais;
 Hiperpigmentação;  Mal-estar e cefaleias;
 Reação alérgica.  Tosse;
 Alopecia;
 Coriza, rubor da face, urticária e
prurido.

Longo  Carcinogénese
Prazo  Mutagénese
 Teratogénese

A pessoa e a resposta ao tratamento – De Radioterapia e Quimioterapia

RESPOSTA DA PESSOA Á RADIOTERAPIA EXTERNA


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As respostas são muito variáveis dependem de:
 Área corporal tratada
 Volume do tecido irritado Áreas de proeminência óssea, lesões cirúrgicas,
 Do fracionamento; pregas de pele, estão em maior risco de lesão da pele
 Da dose total; pelo aumento da humidade, temperatura e falta de
 Do tipo de radiação; arterialização.
 Da suscetibilidade individual da pessoa.

PODEM SER CLASSIFICADAS EM


Precoces: Aparecem após o início do tratamento, melhoram geralmente com terapêutica sintomática e
desaparecem algumas semanas após a irradiação.
 Locais: Cutâneas (Pele – eritema, perda capilar; Mucosa – atrofia, secura, ulceração; Intestino –
diarreia, sangramento, perda de muco; Bexiga – atrofia epitelial, hematúria)
 Sistémicas: Efeitos no tecido hematopioético (fadiga; anorexia; náuseas e vómitos; dor e
depressão; supressão da medula óssea; cefaleias.)

Tardias: Podem aparecer 3 meses após o tratamento, habitualmente dentro de 2 anos ou, por vezes,
até 5 anos.
 Torácico: Pneumonia com dispneia e tosse; fibrose pulmonar; fratura de costelas; esclerose do
topo pulmonar

 Abdomino-pélvico: Sigmoidites; aperto da sigmóide; retite com dores abdominais e tenesmo;


fraturas do colo do fémur; perturbações sexuais.

NOTA:
 O rastreio inicia-se a partir dos 50 anos, contudo quando existem casos de cancro da mama na família,
as mulheres por volta dos 45 anos já começam a fazer rastreio;
 Relativamente ao tratamento, cada caso é estudado, e só a partir daí é que se vai decidir por onde se
começas:
o Se é preferível a cirurgia ou o tratamento;
o Ou se é preferível as 3 coisas.

EFEITOS CUTÂNEOS DA RADIAÇÃO


 O eritema da pele pode variar de moderado a intenso;
 Á medida que o tratamento é instituído, a pele pode tornar-se seca, irritada e ocorre descamação;
 Avaliar semanalmente, 3 critérios – objetivos, subjetivos e de gestão.

CLASSIFICAÇÃO DO ERITEMA:
 Grau 1 – hipersensibilidade; eritema folicular moderado; descamação seca; epilação; alteração da
pigmentação; edema assintomático;

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 Grua 2 – eritema intenso; alopecia; pigmentação; ulceração de derme; descamação seca acentuada +
edema sintomático;
 Grau 3 – edema, alopecia permanente, úlcera ou necrose subcutânea; eritema; descamação húmida
com fibrina
 Grau 4 –

FOCO ERITEMA
Diagnostico de enfermagem conhecimento não demonstrado em grau elevado

classificação

 Grau 0 – sem reação


 Grau 1 – hipersensibilidade; eritema folicular moderado; descamação seca; epilação; alteração da
pigmentação; edema assintomático.
 Instruir sobre motorização do eritema;
 Instruir sobre banho diária (lavar área que vai ser sujeita a radiação, com agua morna e secar com
uma toalha (sem esfregar) – atenção à pressão da água);
 Instruir sobre a aplicação de bepanthene creme ou biafine (3h antes do tratamento)
 Instruir sobe medidas preventivas (exposição sola – proteger área; uso de roupas largas e de
algodão; aumentar a ingestão hídrica; evitar o uso de: cintos apertados e soutien; adesivos; redes;
zinco; iodopovidona; talco …)
 Grau 2 – eritema intenso; alopecia; pigmentação; ulceração da derme
 Grau 3
 Instruir sobre monotorização do eritema
 Instruir sobre banho diário
 Grau 4 - Destruição extensa, necrose tecidular ou dano muscular, ósseo ou das estruturas de suporte com ou
sem destruição da pele.

FADIGA MUSCULAR
 É um tipo de sensação com as seguintes caraterísticas: sensação de mal-estar ….

Intervenções de enfermagem
 Instruir sobre a identificação das limitações;
 Negociar com o doente a realização de um plano para as atividades (gestão do esforço, mas evitar a
inatividade);
 Ajudar o doente a planear as atividades de forma a programar períodos de repouso. Repousar após o
tratamento;
 Assistir o doente nas atividades em que sente dificuldade para as executar;
 Aconselhar recurso a “ajuda” e meios ou diapositivos auxiliares.

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A PESSOAS E A RESPOSTA AO TRATAMENTO POR QUIMIOTERAPIA
Diagnostico de enfermagem
 Conhecimento não demonstrado
 Não adesão ao regime terapêutico

Intervenções
 Informar sobre o procedimento: em que consiste e vantagens;
 Orientar sobre os efeitos secundários (imediatos, a curto e a longo prazo);
 Gestão do ambiente – permitir o acompanhamento de um familiar.

Orientar sobre os efeitos secundários (imediatos, a curto e a longo prazo)


Curto prazo: Alopécia (perda temporária, voltará a crescer após o términus da quimioterapia)
 Incentivar a pessoa a cortar o cabelo;
 Informar sobre uso de perucas, lenços, turbantes, antes de ocorrer a perda de cabelo;
 Usar champô e condicionador suave;
 Evitar o uso de secador, prender os cabelos, escovas agressivas para o cabelo;
 Encorajar o uso de pincel para pintar as sobrancelhas e de pestanas artificiais;
 Evitar tratamentos capilares com substâncias químicas agressivas (Ex. pintar, aumenta o ritmo de
queda do cabelo).

Intervenções de enfermagem (1ª consulta)


Foco de intervenção de enfermagem: Medos, duvidas e desconhecimento sobre o tratamento e os
efeitos secundários

 Acolher: ouvir, esclarecer, apoiar, mobilizar conhecimentos do doente/familiar);


 Explicar o que se vai passar durante o tratamento:
o Visita as instalações, mostrar circuitos, horários;
o Apresentar equipa…
 Explicar efeitos secundários esperados, como minimizar os efeitos e melhorar a tolerâncias
 Reforçar estratégias de adesão ao tratamento estabelecer relação de ajuda

O diagnostico da doença provoca na família um conjunto de mudanças e alterações quer nas rotinas,
regras e rituais familiares, quer na redistribuição

FALTA COISAS

Acolhimento
Ambiente
 Acolhedor;
 Calmo;
 Limpo;
 Respeitar a privacidade  permite a expressão de sentimentos.
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FALTA COISAS

ANOREXIA PROGRESSVA
 Agrava por: Alteração do paladar, boca seca, ingestão, cansaço, distensão abdominal;
 Ocasionada por: Alterações hormonais, no metabolismo dos glícidos e hidratos de carbono,
alterações da mucosa gástrica e intestinal retardam a digestão e ocasionam alterações do apetite;
 Intervenções de enfermagem:
o Evitar tomar refeições sozinhos (negociar o que pode ser + positivo);
o Evitar alimentos gordurosos, desagradáveis ao paladar, bebidas gaseificadas, de difícil deglutição
o Refrescar a boca antes das refeições;
o Procurar ingerir 1/3 das calorias ao pequeno almoço (refeição mais tolerada ao dia)
o Encorajar o doente a comer mesmo quando não tem fome
o Alimentos e receias novas
o Encorajar o doente a descansar antes das refeições – ajuda a coordenar as energias necessárias à
alimentação.
 Monitorizar e registar semanalmente o peso.

NEUTROPENIA
Diagnostico: conhecimento não demonstrado … sobre

Toxicidade hematológica – leucopenia; trombocitopenia; anemia /… sobre medidas de proteção


individual

Intervenções de enfermagem
Pessoas com suscetibilidade à infeção (neutropenia* < 1000/mm^3) instruir pessoa/família sobre:
o Importância de uma correta higiene pessoal (especialmente boca e períneo)
o Necessidade e, como evitar, fontes de infeção, (ex. contacto com familiares ou visitas com infeções,
aglomerados de pessoas, locais fechados)
o Avaliar a secura da boca: usar saliva artificial se necessário;
o Despiste de sinais e sintomas de infeção (febre, tosse, dor de garganta, arrepios, micção dolorosa) –
avaliação de locais de sondas, cateteres e de solução de continuidade
o Necessidade de evitar: ingestão de vegetais crus, frutas e ovos; ter plantas e flores na cama ou perto,
contacto com animais; imunização.

ANEMIA
Intervenções de enfermagem:
Pessoas com anemia* instruir sobre:
 Suplementos nutricionais vitamínicos, ferro e acido folicovigilancia de sinais de hemorragia
 Dificuldade respiratória (sinais)
 Elevação da cabeceira da cama
 Importância de períodos de repouso ao longo do dia
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Substituir no desempenho de atividades

*NOTA: pode ser prescrito administração de Oxigenoterapia, transfusão sanguínea, modificadores de


resposta biologia (Ex eritropoietina)

BAIXA DE PLAQUETAS
Pessoa com trombocitopenia* (< 50000/mm^3) instruir sobre:

 Cuidados preventivos de lesão da pele e mucosas – máquina de barbear, escova dentes macia,
consistência e temperatura de alimentos
 Suscetibilidade associada à automedicação com analgésicos, injeções e técnicas invasivas
 Os efeitos da terapêutica anticoagulantes e vasodilatador – suspender
 Despiste de sinais e sintomas de hemorragias

*Nota: pode ser prescrita transfusão de concentrado de plaquetas por risco de hemorragia (SNC,
gastrointestinal ou respiratória)

Aula 3 TP (Prof. Amélia) – 06.12.2018

CASO 1
 Sr. José, de 55 anos, diagnosticado com o carcinoma no colo descendente;

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 Não devemos relembrar nunca ao doente o que ele devia ter feito e não fez (neste caso a
colonoscopia);
 Sintomatologias: Melemas, cólicas, náuseas, vómitos, obstipação, dor abdominal, diarreia, Mucosite
(estomatite, gastrite, colite – todas elas são de origem química, que criam alterações bastante
rápidas e significativas), neuropatia periférica, alterações gastrointestinais.

FOCO: Mucosite, dor


Diagnóstico: Conhecimento não demonstrado do… sobre mucosite/estomatite há atrofia do epitélio,
destruição da camada basal da mucosa e inibição da resposta celular – ulceração que se manifesta 2 a
10 anos apos a administração.

Intervenções de enfermagem:
1. Inspeção oral para despiste de ulcerações (uso de próteses);
2. Bochecha profiláticos;
3. Realização da higiene oral após as refeições e ao deitar;
4. Utilização de escovas de dentes macias e pasta de dentes com fluor;
5. Uso de nistatina oral (mycostatin) ou outro antibiótico consoante prescrição;
6. Ingestão de dieta mole, fria e com alimentos não irritantes;
7. Aumento da ingestão de líquidos
8. Dieta hipercalórica, hiperproteica e hipervitaminada (se o doente conseguir ingerir um copo de
batido será mais rico que um copo de leite);
9. Evitar irritante químicos (álcool, condimentos,…) e físicos (alimentos duro, quentes,…).

FOCO: Náuseas e vómitos


 Náuseas e vómitos é dos sintomas mais temidos pelas pessoas que fazem quimioterapia;
 Incidência relacionada com o potencial emético da droga citotóxica, mas também com a dose, via e
velocidade de administração, combinação de citostáticos.
 Pode causar irritação gástrica e intestinal, provocando náuseas e até mesmo o vómito.

Intervenções de enfermagem:
1. Informar para a ingestão de antieméticos, conforme prescrição (30 minutos antes das refeições)
2. Fazer refeições quentes e frequentes (5-6 refeições diárias);
3. Beber líquidos nos intervalos das refeições (bebidas insipidas);
4. Evitar alimentos com gorduras excessivas, fritos, condimentados e doces);
5. Procurar ingerir alimentos (de fácil digestão) mornas ou à temperatura ambiente);
6. Evitar deitar-se com o estomago cheio – repousar sentado apos as refeições;
7. Procurar permanecer em ambientes arejados, tranquilos, livres de odores fortes;
8. Proporcionar e aconselhar higiene oral;
9. Controlo da ingestão hídrica (se vómitos intensos).

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FOCO: Obstipação
 Frequente na administração de alcaloides de vinca, analgésicos apiáceos;
 Também por motilidade diminuída, diuréticos anticolinérgicos, antidepressivos, laxantes em excesso,
dieta pobre m fibras, hipercalcemia e hipocaliemia;

*Intervenções de enfermagem:
1. Aumento do consumo rico em alimentos ricos em fibra
2. Aumento do consumo diário de líquidos
3. Importância do consumo de sumos de fruta fresca e líquidos quentes ao pequeno almoço
4. Adoção de medidas para um regime de eliminação intestinal diária (Ex. mobilidade física);
5. Ingestão de medicação prescrita – emolientes das fezes, laxantes.

*NOTA: Pode ainda ser necessário enema de limpeza ou remoção de fecalomas.

FOCO: Diarreia
 Sintoma de Mucosite do trato gastrointestinal

Intervenções de Enfermagem:
1. Ingestão de dieta de baixo teor em resíduos, elevado valor proteico e calórico; alimentos risco em
potássio;
2. Evitar alimentos/bebidas irritantes ou estimulantes de peristaltismo;
3. Hidratação aumentada (fluidos com eletrólitos), evitar álcool e café;
4. Necessidade da realização de cuidados de higiene perianal apos cada dejeção (não é uma medida
para a diarreia);
5. Medicação antidiarreica e barreira protetora.

FOCO: Neuropatia periférica


 Pode incluir manifestações a nível sensorial, motor e/ou disfunção autonómica, com intensidade
variável, poderá implicar reajuste terapêutico
 A sintomatologia pode regredir ou permanecer apos o tratamento
 Diagnostico – conhecimento não demonstrado … sobre neuropatia periférica …/ sobre medidas de
segurança.

Intervenções de enfermagem:
1. Identificar dificuldades de coordenação e equilíbrio:
 Orientar para a prevenção de quedas e acidentes;
2. Identificar alterações sensitivas:
 Cuidados com os pés e mãos (as pessoas devem andar sempre de dia e de noite de luvas finas –
eles são muito sensíveis as coisas frias);
 Temperaturas extremas;

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3. Despistar disfunção autonómica (alterações respiratórias, digestivas, eliminação):
 Avaliar impacto na qualidade de vidas;
 Adotar medidas de compensação.

CASO 2
 Prof. António, de 65 anos, diagnosticado com carcinoma da prostata;

FOCO: Braquiterapia protática


 Instruir o doente sobre o que é a braquiterapia protática:
 Inserção de pequenos recipientes de material radioativos dentro da prostata;
 Raquianestesia – Agulhas inseridas pelo períneo, através das quais se introduzem as sementes;
 Internamento: 2 a 3 dias.

 Resposta:
 Cansaço;
 Irritação da micção/cistite;
 Impotência sexual.

 Instruir o doente sobre hormonoterapia por cancro da prostata:


 Diminuição do desejo sexual;
 Cansaço;
 Impotência;
 Perda de apetite;
 Aumento de peso;
 Afrontamentos (vão diminuir com o tempo).

 Quando as pessoas estão em tratamento prolongado:


 Diarreia;
 Náuseas;
 Osteoporose;
 Sensibilidade e/ou crescimento das mamas;
 Sensação de formigueiro nas mãos e nos pés.

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