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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE

ANA LIDIA DE SANTANA DOS SANTOS

RESUMOS SOBRE CÂNCER COLORRETAL E DE PRÓSTATA

Trabalho apresentado ao componente


curricular Propedêutica da Atenção e dos
Cuidados Básicos em Saúde, ofertado no
Centro de Ciências da Saúde (CCS), da
Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia (UFRB), sob orientação da docente
Clara Maia Bastos.

SANTO ANTÔNIO DE JESUS


2023
CANCER COLORRETAL

Segundo o Instituto Nacional do Câncer - INCA – o câncer colorretal, também chamado


câncer de intestino ou câncer de cólon e reto, “abrange os tumores que se iniciam no intestino
grosso, chamado cólon, e no reto” (BRASIL, 2022, online). Tratável e curável, principalmente
quando se há um diagnóstico precoce e anterior a uma possível metástase, em 90% dos casos,
desenvolve-se a partir de pólipos surgidos na parede intestinal ou retal. Essas massas de tecido
podem ser benignas – quando há uma baixa probabilidade de se desenvolverem em câncer -,
adenomatosas – com uma maior probabilidade de serem pré-cancerosas – ou carcinomas, ou
seja, malignas, constituídas em um tumor que já caracteriza um câncer colorretal. Quanto
maiores forem essas lesões, maiores são os riscos de serem ou se tornarem cancerosas.
O câncer de cólon e reto tem como principais fatores de risco questões genéticas, hábitos
não saudáveis de alimentação/nutrição e sedentarismo. Pessoas com sobrepeso ou obesidade
apresentam maior risco de desenvolverem tal patologia, pois há uma relação entre esse excesso
de gordura corporal e maiores níveis de insulina, com consequente crescimento celular e
inibição da apoptose, a morte programada e necessária das células. Ademais, gordura corporal
em demasia leva a um estado de inflamação crônica do intestino. Tudo isso, aumenta as chances
de desenvolverem-se pólipos intestinais, os quais tendem a levar à carcinogênese.
Consumir carnes processadas aumenta as chances de desenvolvimento de câncer
colorretal em pessoas com predisposição genética, pois seu processo de produção gera aminas
heterocíclicas e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, perigosos para tais indivíduos.
Estima-se que o consumo de 50g/dia aumenta em 18% o perigo de se desenvolver esse câncer.
Carne vermelha em excesso também entra como fator de risco, pois, além da carne vermelha
processada propiciar o acúmulo de gordura corporal dado o seu alto teor de gordura saturada,
estudos apontam que quanto maior for a ingestão da carne vermelha in natura, maior a
probabilidade do desenvolvimento de câncer de intestino. Isso pode estar associado ao fato de
que esses alimentos são ricos em ferro-heme, que, apesar de essencial ao organismo humano,
quando presente em demasia pode levar à formação de compostos N-nitrosos e de formas
alcenais citotóxicas oriundas da peroxidação lipídica.
A ingestão de mais de 30 gramas de álcool diariamente e o tabagismo também se
caracterizam fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal, com a relação do
primeiro hábito à patologia se dando pelo fato do etanol e do seu produto no organismo, o
acetaldeído, serem oncogênicos e com o fato do etanol servir de solvente e facilitar a entrada
de outros agentes causadores de câncer nas células. Como apontado anteriormente, histórico de
câncer de intestino ou pólipos adenomatosos também aumentam o risco de desenvolvimento da
doença. Síndrome de Lynch, síndrome de polipose associada ao MUTYH e exposição ao ar e
água contaminados com substâncias cancerígenas também elevam as chances de formação
desse câncer.
Quanto ao quadro clínico do câncer colorretal, seus sintomas costumam tardar a
aparecer, caracterizando-se, portanto, como uma patologia que se desenvolve assintomática até
atingir um estágio mais avançado - o que torna seu tratamento e cura muito mais complicados.
Tendo em vista essa característica, alguns dos sinais que podem alertar algo errado no intestino
são: fadiga, fraqueza, melena ou hematoquezia – que são as fezes escuras com ou sem sangue,
o que, junto aos sintomas anteriores, pode ser indicativo de hemorragia oculta, comum nesse
tipo de câncer - sangramento retal ou anal – sobretudo ao defecar -, cólicas, dores abdominais
intensas ou dor ao sentar-se.
Ainda tratando dos sintomas, pode-se incluir náuseas, vômitos, perdas de peso
inexplicáveis, anemia – principalmente após os 50 anos – e diarreia ou urgência para defecar
com pouco volume fecal. Há ainda os sintomas obstrutivos, como massa abdominal palpável,
sensação de não ter esvaziado o intestino mesmo após evacuar, afilamento de fezes e prisão de
ventre de surgimento recente, os quais podem indicar tumor no cólon esquerdo em fase inicial.
Isso indica algo importante de se destacar nesse tipo de câncer, que é a diferente sintomatologia
a depender do local em que se desenvolva. Quando no cólon descendente, ou esquerdo, a
obstrução pode aparecer logo no início de seu desenvolvimento por conta de sua posição e da
característica do material que por lá passa, enquanto no ascendente é muito difícil que os
mesmos sintomas apareçam até que esteja bem desenvolvido.
Pessoas que apresentem sintomas característicos ou apresentem risco alto ou moderado
de desenvolverem essa patologia devem realizar exames preventivos com certa frequência.
Entre esses, estão os exames de fezes, a sigmoidoscopia, a colonografia por tomografia
computadorizada – TC –, a radiografia e principalmente a colonoscopia, que costuma ser o
principal exame a apontar presença de tumores no intestino. Detectado um pólipo na parede
intestinal do usuário, este deve ser retirado durante a própria colonoscopia ou procedimento
cirúrgico e prossegue-se com a realização de exame histopatológico do mesmo.
Ao confirmar que se trata de um pólipo adenomatoso ou maligno, costuma-se prosseguir
com a realização de uma TC abdominal ou ressonância magnética, TC de tórax, uma radiografia
torácica, exame proctológico e exames laboratoriais, tanto para entender o estágio e dimensão
da patologia quanto para avaliar a efetividade do tratamento que estará sendo realizado. São
realizados também exames genéticos para detecção da síndrome de Lynch ou de polipose. Em
alguns casos específicos, opta-se pela realização da tomografia por emissão de pósitrons.
Buscando evitar o surgimento de um câncer colorretal, além dos exames preventivos
citados, deve-se seguir as recomendações típicas da medicina de estilo de vida. É indicada uma
alimentação saudável, rica em fibras – a OMS recomenda a ingestão de 25 a 30 gramas de fibras
diariamente aos adultos –, composta prioritariamente por alimentos in natura ou minimamente
processados, sobretudo de origem vegetal. Esses alimentos combatem fatores de risco
associados ao surgimento desse câncer e têm ação protetiva em diferentes estágios da
carcinogênese. O consumo de laticínios e cálcio dentro de um padrão saudável também é
desejada, pois diminuem as chances do desenvolvimento dessa doença. Estudos apontam que a
realização de atividades físicas regulares é um importante fator de prevenção para o câncer de
cólon e redução da mortalidade do câncer colorretal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

29/5 – Dia Mundial da Saúde Digestiva: “Prevenção do câncer colorretal”. Biblioteca Virtual
em Saúde, 2022. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/29-5-dia-mundial-da-saude-
digestiva-prevencao-do-cancer-colorretal/. Acesso em 28 out. 2023.

BRASIL. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Câncer de intestino. [Brasília]: INCA, 2022.
Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/intestino. Acesso em: 28
out. 2023.

CÂNCER colorretal. Hospital Israelita Albert Einstein, 2020. Disponível em:


https://www.einstein.br/doencas-sintomas/cancer-colorretal. Acesso em: 28 out. 2023.

NGUYEN, Minhhuyen. Câncer colorretal. Manual MSD, 2021a. Disponível em:


https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/tumores-do-sistema-
digestivo/c%C3%A2ncer-colorretal#v35603670_pt. Acesso em: 28 out. 2023.

NGUYEN, Minhhuyen. Pólipos no cólon e no reto. Manual MSD, 2021b. Disponível em:
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/tumores-do-sistema-
digestivo/p%C3%B3lipos-no-c%C3%B3lon-e-no-reto. Acesso em: 28 out. 2023.
CÂNCER DE PRÓSTATA

O câncer de próstata é caracterizado pela multiplicação anormal de células da próstata,


as quais vêm a formar um tumor. Por ser um órgão do sistema reprodutor masculino, afeta
diretamente somente pessoas com próstata, sendo bom lembrar que se tratam de homens cis,
mulheres trans, travestis, algumas pessoas não-binárias e intersexo, sendo difícil encontrar
informações que levem em consideração essa diversidade. Falando puramente de sexo
biológico, no Brasil, é o segundo tipo de câncer que mais afeta os homens, ficando atrás somente
do câncer de pele não melanoma, e ao considerar ambos os sexos, continua a ser o mais comum
em números absolutos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer - INCA - e o Instituto Oncoguia,
quase 30% dos casos de câncer em homens correspondem ao de próstata, estimando-se que
cerca de 72 mil casos novos devem ser descobertos entre 2023 e 2025.
Assim como outras formas de câncer, é uma patologia tratável e com altas chances de
cura quando descoberta em uma fase inicial, sendo que quanto mais cedo se inicia o tratamento
dela, menos invasivos são os métodos que necessitam ser utilizados. Acontece que a maioria
dos casos se desenvolve de forma lenta e silenciosa, tanto que mais pessoas morrem com o
câncer de próstata do que dele, levando o manejo terapêutico em algumas situações - a exemplo
de pessoas muito idosas ou alguns jovens com características específicas - a consistir na simples
espera com vigilância ativa de sua evolução. O lado negativo é que surgir e se desenvolver
silenciosamente não a impede de ser violenta e a faz ser percebida normalmente em estágios
mais avançados, o que a levou a ceifar a vida de quase 16 mil brasileiros no ano de 2020
Um de seus principais fatores de risco é a idade, visto que 75% dos casos de câncer de próstata
no Brasil acometem pessoas com mais de 65 anos e estudos apontam que nos Estados Unidos,
a cada década de vida, a incidência dessa doença aumenta, atingindo números que variam de
15 a 60% da população masculina entre 60 e 90 anos. Questões genéticas como o parentesco
próximo a alguém que desenvolveu essa patologia antes dos 60 anos ou alterações nos genes
BRCA 1 e 2 e no ATM levam indivíduos a se enquadrarem no grupo de risco, devendo realizar
exames preventivos ainda mais cedo.
Ainda tratando dos fatores de risco, temos o excesso de gordura corporal que pode não estar
atrelado ao surgimento da doença em si – apesar de alguns de seus mecanismos poderem
influenciar na carcinogênese -, mas tem relação com casos mais graves da mesma, a exposição
ocupacional a substâncias cancerígenas, como aminas aromáticas, arsênio, escape de veículos,
fuligem, entre outras associadas a essa patologia. Indivíduos acometidos pela síndrome de
Lynch têm uma maior chance de desenvolver alguns tipos de câncer, estando o de próstata e o
colorretal entre eles. Não se sabe ao certo qual a relação, mas pessoas negras têm maior
probabilidade de serem acometidos por esse câncer.
Apesar de costumar ter um desenvolvimento silencioso, seu quadro clínico pode se assemelhar
ao da hiperplasia benigna da próstata ou da prostatite. Entre os sinais e sintomas mais
frequentes, tem-se os decorrentes de obstrução do colo vesical, como complicações ao urinar,
com jatos fracos, intermitentes ou uma dificuldade para começar ou parar, gotejamento terminal
ou sensação de bexiga cheia mesmo após terminar de urinar, assim como da obstrução ureteral,
a exemplo de dores no flanco, cólicas e disfunção renal ou até hidronefrose, que é a dilatação
do rim decorrente do acúmulo de urina. O usuário também pode apresentar uma maior
necessidade durante o dia e à noite, dor ao urinar, disfunção erétil e sangue na urina ou no
sêmen. Em casos de metástases osteoblásticas, há compressão da coluna, fraturas patológicas,
dores ósseas - normalmente, porém não limitada à região pélvica - que levam a uma dificuldade
de caminhar, anemia e caquexia.
Para investigar a existência ou não de um tumor maligno na próstata, são feitos comumente
dois exames: de toque retal – ETR – e o de PSA, que consiste em um exame de sangue no qual
é medida a quantidade de antígeno prostático específico, o PSA, uma proteína produzida pela
próstata. Endurações pétreas ou nódulos palpados no ETR ou exame retal digital podem ser
indicativos de câncer ou de outras doenças prostáticas, assim como altos níveis de PSA no
organismo, que também podem ser decorrentes de alterações benignas na próstata. Por esse
motivo, costuma-se comparar o resultado desses dois exames e, havendo suspeita, indica-se a
realização de ressonância nuclear magnética multiparamétrica para visualização de lesões
suspeitas.
O diagnóstico e a graduação são dados a partir de estudo histopatológico do tecido, o
qual é obtido normalmente por biópsia transretal ou transperineal com agulha guiada à próstata
por ultrassom. Em alguns casos, há confirmação de câncer após avaliação de tecido retirado
durante uma cirurgia de hiperplasia benigna da próstata. Para realizar o estadiamento da
patologia, costuma-se solicitar tomografia computadorizada – TC –, ressonância magnética,
ecodoppler colorido e cintilografia óssea para avaliar se os ossos foram afetados. Ainda para
determinação do tamanho dos tumores, dos focos de metástase e das possibilidades de recidivas,
pode-se aplicar a TC por emissão de pósitrons - PET-TC – com base em antígeno prostático
específico da membrana – PSMA.
Tendo em vista suas características e seus fatores de risco e objetivando sua prevenção,
antes de tudo deve-se adotar um estilo de vida saudável para diminuir as chances não só do
desenvolvimento desse câncer como de outras doenças crônicas não transmissíveis. É
recomendada uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, diminuição
da ingestão de gorduras – sobretudo as de origem animal – do consumo de bebidas alcóolicas
e evitar o tabagismo, tudo isso aliado a uma prática regular de exercícios físicos com intensidade
ao menos moderada, o que colabora muito, entre outras coisas, para a manutenção de um IMC
adequado. Além disso, pessoas com próstata devem realizar consultas com urologista
habitualmente após os 50 anos de idade, sendo indicado que realizem a partir dos 45 quando o
histórico familiar indica casos prévios de câncer de próstata, para que o profissional solicite os
exames preventivos supracitados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Câncer de próstata. [Brasília]: INCA, 2023.
Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/prostata. Acesso em: 28
out. 2023.

CHANDRASEKAR, Thenappan. Câncer de próstata. Manual MSD, 2022. Disponível em:


https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-
geniturin%C3%A1rios/c%C3%A2nceres-geniturin%C3%A1rios/c%C3%A2ncer-de-
pr%C3%B3stata. Acesso em 28 out. 2023.

ONCOGUIA. Próstata. Radar do Câncer, 2023. Disponível em:


https://www.radardocancer.org.br/cancer-prostata. Acesso em: 29 out. 2023.

PARANÁ. Secretaria da Saúde. Câncer de Próstata. Curitiba: Secretaria da Saúde, [s.d.].


Disponível em: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Cancer-de-prostata. Acesso em: 28 out.
2023.

PFIZER. Câncer de próstata. Pfizer, [2022]. Disponível em: https://www.pfizer.com.br/sua-


saude/oncologia/cancer-de-prostata. Acesso em: 28 out. 2023.

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