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Microbiologia da Doença Periodontal

Agentes Infecciosos
Atividade 06:
https://forms.gle/iUadm4tHwFqChK4r5 2022
Conceitos básicos:
? Periodonto: componentes situados em torno do dente, que
sustentam e protegem o dente
? Compreende a gengiva, ligamento periodontal, cemento
radicular e o osso alveolar.
? Função: inserir o dente no tecido ósseo e manter a
integridade da superfície da mucosa mastigatória da cavidade
bucal.
Dois tipos de periodonto:
? periodonto de proteção: gengiva (livre e inserida)
? periodonto de inserção: demais tecidos de suporte (ligamento
periodontal, cemento, osso alveolar)
Periodonto
(MADEIRA; RIZZOLO, 2016)
Anatomia do periodonto

? O periodonto de PROTEÇÃO divide-se em gengiva livre e gengiva


inserida. Entre o dente e a gengiva livre existe uma fenda chamada de sulco
gengival, que é rico em uma substância proteica, o fluido gengival, que tem
funções de defesa.

(MADEIRA; RIZZOLO, 2016)


Anatomia do periodonto

? As fibras gengivais são uma trama de fibras que


ajudam na inserção do periodonto de proteção ao
colo do dente.
IE
? O epitélio da gengiva, no fundo do sulco gengival
(0,5 a 2 mm de profundidade) fixa-se a toda
periferia do dente, nas proximidades da junção
cemento-esmalte. É a inserção epitelial (IE), que
protege biológica e mecanicamente o fundo do
sulco gengival, e que deve ser preservada intacta.

(MADEIRA; RIZZOLO, 2016)


Anatomia do periodonto

IE

fluido gengival: rico em componentes da resposta imune inata e adaptativa (anticorpos, sistema
complemento), proteínas, hormônios, etc
Microbiologia da doença periodontal

? As doenças periodontais são infecções causadas por


micro-organismos que colonizam a superfície dentária
supragengival e subgengival.

? As relações ecológicas entre a microbiota periodontal e


o hospedeiro são benignas, mas ocasionalmente pode
ocorrer um desequilíbrio (disbiose) e a doença
periodontal se instala.

(LINDHE; KARRING; LANG, 2005)


Microbiologia da doença periodontal
? Os micro-organismos que causam as doenças periodontais residem
em biofilmes existentes nos dentes ou em superfícies epiteliais.
?
Saúde Gengival
Gengiva sadia Gengiva inflamada
(gengivite)

A gengiva livre tem cor


rósea, superfície opaca (sem ⮚Após 10 a 20 dias de
brilho) e consistência firme. acúmulo de placa:
Gengiva inserida tem vermelhidão e inchaço
aspecto de “casca de gengival (gengiva brilhante),
laranja” com tendência a
sangramento.
Saúde gengival
É definida clinicamente e histologicamente
✔ Clinicamente:
▪ Tecidos gengivais com coloração rósea
▪ Firmes
▪ Arco côncavo gengival definido
Saúde gengival
✔ Histologicamente:
▪ Ausência de infiltrado inflamatório

Gengiva sadia Gengiva inflamada (agregação


de células de defesa)
Saúde gengival

Mantida quando há manutenção de...


✔ Microbiota supra e subgengival (controle)
✔ Higiene bucal e outros métodos de profilaxia
✔ Fatores de resistência do hospedeiro
✔ Células e moléculas do sistema imune
✔ Fluxo salivar adequado
✔ Uso de medicamentos
Saúde gengival
✔ O sulco gengival abriga micro-organismos tanto no
estado de saúde quanto no estado de doença.

MAS O QUE MUDA????

✔ O que modifica é o número de micro-organismos de


determinadas espécies, que passa a ser prevalente
(lá vem a disbiose novamente!)... mas que
geralmente fazem parte da microbiota residente do
paciente...há modificação nas características da
microbiota
Saúde gengival
Distribuição de Micro-organismos na gengiva saudável
✔ Gram + : 85%
✔ Gram - : 15%
✔ Aeróbios: 75%
✔ Anaeróbios: 25%
Gengivite
✔ Proliferação de microrganismos e alteração na
característica da microbiota
✔ Ocorrem respostas às bactérias e seus produtos de
metabolismo
✔ Inflamação gengival
✔ Ocorrem mudanças:
▪ Cor e textura da gengiva
▪ Leve inchaço dos tecidos
moles (gengiva, mucosa)
▪ Sangramento
Gengivite
✔ Na inflamação ocorrem:
✔ Vasodilatação
✔ Aumento do fluxo sanguíneo
✔ Angiogênese
Gengivite (gengiva com inflamação)
Micro-organismos:
✔ Gram + : 56% (era 85% na gengiva sadia)
✔ Gram - : 44% (era 15% na gengiva sadia)
✔ Aeróbios: 59% (era 75% na gengiva sadia)
✔ Anaeróbios: 41% (era 25% na gengiva sadia)
Como recuperar a saúde gengival?
Microbiota da doença periodontal:

Na sucessão ecológica da placa bacteriana ocorre uma


transição do meio ambiente aeróbio, inicialmente
caracterizado por espécies Gram-positivas facultativas,
para um meio altamente privado de oxigênio, com a
predominância de micro-organismos Gram-negativos
anaeróbios.
Periodontite
✔ Comprometimento de vários componentes
do periodonto (além da gengiva)
✔ Extensão do processo inflamatório em
direção ao:
▪ Ligamento periodontal
▪ Cemento
▪ Osso alveolar

(LINDHE, 2005)
Periodontite
Microrganismos:
✔ Gram + : 25% (era 85% na gengiva saudável)

✔ Gram - : 75% (era 15% na gengiva saudável)

✔ Aeróbios: 10% (era 75% na gengiva saudável)

✔ Anaeróbios: 90% (era 25% na gengiva saudável)

(MARSH & MARTIN, 2005)


Gengivite e Periodontite

Nature Reviews Immunology


Periodonto saudável x Periodontite
periodonto saudável periodontite

IE

JCE

JCE: junção cemento-esmalte PS: placa subgengival IE: inserção epitelial


Gengivite x Periodontite

comprometimento comprometimento
reversível da da gengiva,
gengiva ligamentos,
cemento e até
mesmo osso
alveolar
Periodontite
✔ Destruição progressiva dos tecidos do periodonto de
proteção e de inserção
✔ Pode levar à perda dentária

raiz do dente
à mostra,
perda de
gengiva livre e
inserida,
perda de osso
alveolar
Periodontite
🞂 A doença periodontal é iniciada e mantida por fatores
provenientes da microbiota subgengival.

🞂 Algumas substâncias como enzimas bacterianas (elastases,


colagenases) podem causar injúria direta às células e aos
tecidos do hospedeiro (dano direto). Outros
componentes como toxinas bacterianas podem ativar o
processo inflamatório ou o sistema imune, o que
secundariamente danifica o periodonto (dano indireto).
Periodontite
O efeito prejudicial mais importante pode
ser da própria resposta imune do
hospedeiro aos antígenos apresentados
pelos micro-organismos

REABSORÇÃO DO OSSO
ALVEOLAR
? Sondas Periodontais

“São usadas para localizar, mensurar e


indicar as bolsas periodontais, assim
como determinar seus cursos em
superfícies dentárias individuais.”

(Pattison; Pattison, 2007)


Cálculo
? À medida que o biofilme se acumula, ocorre sua
mineralização, formando-se o cálculo.

? O cálculo não é o principal agente etiológico da Doença


Periodontal, mas é importante porque a sua superfície é
rugosa, sendo um fator retentivo de biofilme, ou seja, o
biofilme se retém mais facilmente na sua superfície.

? Ele compromete a realização de uma boa higiene e pode ser


classificado em supra e subgengival.
• Placa e cálculo sobre superfícies radiculares expostas
• Ficam incrustados nas irregularidades do cemento
• Raspagem mais trabalhosa e difícil, há necessidade de
alisamento radicular.

Cálculo formado sobre a Após raspagem e Alisamento


superfície radicular Radicular
Retração do tecido gengival
Doença periodontal
Principais bactérias
- Actinobacillus actinomycetemcomitans (A.a.)
- Porphyromonas gingivalis
- Bacteroides forsythus
A. actinomycetemcomitans

? Bastonete pequeno, imóvel, sacarolítico, Gram


negativo.
? Tem capacidade de invadir as células epiteliais da
gengiva humana, células endoteliais vasculares e
células epiteliais bucais.
? Induz a morte celular por apoptose.
? Tem sido relacionado com as formas adultas da
doença periodontal destrutiva.

(LINDHE; KARRING; LANG, 2005)


A. actinomycetemcomitans

? Em estudo com 50 adultos com periodontite


generalizada grave e 40 indivíduos com periodontite
refratária que apresentaram cultura positiva para o
A.a., utilizando debridamento mecânico e amoxicilina
e metronidazol administrados sistemicamente,
somente 1 dos 90 indivíduos ainda apresentou
cultura positiva para o A.a. após 3-9 meses de terapia
e 1 de 48 indivíduos apresentou cultura positiva após
2 anos do tratamento.

(LINDHE; KARRING; LANG, 2005)


Porphyromonas gingivalis

? Associado a um risco aumentado de gravidade e


progressão da doença periodontal.
? Bastonete anaeróbio Gram-negativo.
? Incomum ou presente em números mínimos na saúde ou
na gengivite, mas frequentemente encontrado em locais
com destruição periodontal.

(LINDHE; KARRING; LANG, 2005)


Porphyromonas gingivalis

? O A.a. e o P. gingivalis podem ser eliminados com o


tratamento mecânico apropriado e antibioticoterapia
adjuvante.
? O metronidazol sozinho afeta especificamente a
microbiota anaeróbia, incluindo o P. gingivalis e outros
microrganismos Gram negativos produtores de
pigmentos negros, mas não o A.a., que necessita da
associação com a amoxicilina.

(LINDHE; KARRING; LANG, 2005)


Bacteroides forsythus

? Associado a um risco aumentado de gravidade e


progressão da doença periodontal. Bastonete anaeróbico
Gram negativo. Mais abundante na placa subgengival.

? Observado em maior número em sítios convertidos de


periodontalmente saudáveis a doentes. Foi observado em
maior número em sítios que demonstraram
decomposição após tratamento periodontal do que em
sítios que permaneceram estáveis ou que apresentaram
ganho de inserção.

(LINDHE; KARRING; LANG, 2005)


B. forsythus

? É considerado o fator de risco microbiano mais


significativo que distingue indivíduos com periodontite
daqueles que apresentam o periodonto saudável.

? O tratamento da periimplantite com administração local


de tetraciclina foi acompanhado de uma diminuição
significativa na frequência de detecção de B. forsythus.

(LINDHE; KARRING; LANG, 2005)


outras bactérias…

✔ Prevotella intermedia: bastonete arredondado


anaeróbico Gram negativo. Muito presente na
gengivite ulcerativa necrosante aguda, também
presente em certas formas de periodontite e em
sítios progressivos de periodontites crônicas.
Gengivite gravídica.

(LINDHE; KARRING; LANG, 2005)


REFERÊNCIAS

LINDHE, J. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005.

Lindhe J, Karring T, Lang NP - Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 4ª Ed, Rio de
Janeiro:Guanabara Koogan; 2005;80-104.

MADEIRA, M. C; RIZZOLO, R. J. C. Anatomia facial com fundamentos de anatomia geral. 3 ed.


(reimpressão), São Paulo: Sarvier, 2010.

MARSH, P.; MARTIN, M. V. Microbiologia oral. 4ª ed. São Paulo: Santos. 2005. 192 p.

NEWMAN, M., G. et al. Carranza periodontia clínica. 11 ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2012.
Disponível em <
https://books.google.com.br/books?id=S61s_rCDbg0C&pg=PA63&dq=doen%C3%A7a+periodon
tal&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwj4sYfs0KnoAhVDILkGHfl6Du8Q6AEIWjAG#v=onepage&q=doen%C3
%A7a%20periodontal&f=false > Acesso em: 20/03/2020.

NISENGARD, R. J.; NEWMAN, M. G. Microbiologia oral e imunologia. 2ª ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 1997.

SCHAECHTER, M. et al. Microbiologia: mecanismos das doenças infecciosas. 3ª ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

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