Você está na página 1de 8

Etiologia das doenças periodontais *Quanto melhor a higiene oral, há uma maior qualidade no

biofilme, formado mais por bactérias gram-positivas, como


AULA 1 cocoides e bastonetes, ausência de bactérias gram-
negativas. Já quando em sangramento gengival (gengivite)
INTRODUÇÃO há uma mudança de qualidade das bactérias, surgindo
 A Etiologia da doença periodontal e da cárie tem uma bactérias gram-negativas, como espiroquetas.
natureza infecciosa relacionada com a placa dentária/
biofilme. O gatilho para existência da doença periodontal Evidências do experimento:
depende das bactérias orais, que geram uma agressão,
gerando uma resposta imune inflamatória no hospedeiro. 1- Gengivite é detectável de 10 a 21 dias sem controle de
Se a resposta imune for mais forte que as defesas desse biofilme.
indivíduo, a doença periodontal acaba se desenvolvendo. 2- Solução da inflamação com higiene bucal após uma
semana.
3- A placa madura passa de gram-positiva (90 a 100%)
 A doença periodontal resulta de uma interação complexa
para gram-negativa (40 a 50%).
entre o biofilme subgengival e os eventos
4- O aparecimento de MO gram-negativas precede o
imunoinflamatórios do hospedeiro que se desenvolvem nos
começo da gengivite.
tecidos gengivais e periodontais em resposta aos desafios
apresentados pelas bactérias. O dano ao tecido que resulta
da resposta imunoinflamatória é reconhecido clinicamente
 Era da placa inespecífica (1950):
como periodontite. A gengivite precede a periodontite, mas
está claro que nem todos os casos de gengivite evoluem - Placa dental era denominada com uma massa biológica
para a periodontite. Na gengivite, a lesão inflamatória fica única.
confinada à gengiva; no entanto, com a periodontite, os
processos inflamatórios se estendem e afetam também o - Doença periodontal resultante do crescimento inespecífico
ligamento periodontal e o osso alveolar. O efeito dessas da placa bacteriana  não é só o crescimento inespecífico
mudanças inflamatórias é o rompimento das fibras do da placa, a qualidade/composição desse biofilme também
ligamento periodontal, resultando na perda clínica de interfere.
inserção junto com a reabsorção do osso alveolar. - Destruição tecidual atribuída a qualquer MO;

 Evidências do biofilme como fator etiológico para - Raspagem e alisamento radicular e eliminação da bolsa;
desenvolvimento da doença periodontal:
- Higiene bucal para todos (controle de placa
- Gengivite Experimental em Humanos: Loe (1965): indiscriminado).
inaugurou a era da “placa específica”. Realizou o estudo
com estudantes de odontologia, envolvendo 3 etapas.
 Era da placa específica (1960/1970/1980) – Loesche.
1- Período preparatório: intenso controle de placa.
- Evolução infrequente de gengivite para periodontite: toda
2- Período de não controle de placa: 21 dias sem controle
gengivite precede uma periodontite, mas nem toda
da placa  desenvolvimento de gengivite experimental.
periodontite procedeu de uma gengivite.
3- Período de controle de placa: higiene bucal
- Correlação de níveis elevados de patógenos específicos
reestabelecida  reestabelecimento da saúde gengival.
com as lesões periodontais (composição do biofilme difere
entre sítios com perda progressiva de inserção e com
saúde).
- Possibilidade de cultivo e identificação de bactérias
anaeróbias  bactérias mais periodonto-patogênicas
(anaeróbias e gram—negativas).
- Eliminação específica ou redução das bactérias
possivelmente patogênicas pode ser alternativa de
tratamento.
PLACA DENTAL BACTERIANA – DEFINIÇÕES “estáticas”

 Agregados bacterianos que ocorrem sobre os dentes ou


Prova que o acúmulo de placa, é um fator etiológico para o
outras estruturas bucais sólidas - 1994
desenvolvimento de gengivite.
 Placa supragengival: localizada na coroa clínica do dente.
 Matéria alba (força de aderência do depósito) formada por
- Só visível depois de determinada espessura;
bactérias ligadas fracamente a superfícies duras associado
a restos de alimentos e células epiteliais- 1964 - Camada esbranquiçada, amarelada sobre as margens
gengivais dos dentes;
ECOSSISTEMAS BACTERIANOS BUCAIS - Verificação: Solução evidenciadora (fucsina básica)
quando em espessura fina e quando destacável pode usar
PRINCIPAIS
uma sonda exploradora ou periodontal.
 Língua  acúmulo de bactérias gera a saburra língual,
que podem produzir compostos sulfurados voláteis que
geram a halitose;
 Mucosa bucal;
 Bactérias aderentes á superfície dental, coronais a
margem gengival;
 Bactérias situadas apicais à margem gengival;
 Saliva (bactéria advindas de outros ecossistemas);
 Dente: superfície não descamável que sustenta MOs em  Placa subgengival: localizada no sulco gengival ou na
imediata proximidade com os tecidos moles do periodonto. bolsa periodontal.
Santuários anatômicos para as bactérias. - Percebida geralmente em uma sondagem periodontal.

EVIDÊNCIAS DO PAPEL PRIMÁRIO DAS BACTÉRIAS - Não visível, pode ser removida ou vista afastando tecido
NAS DOENÇAS PERIODONTAIS mole (bem inflamado).
 Infecções periodontais agudas – tratamento com
antibióticos sistêmicos da periodontite/gengivite ulcerativa
necrosante (PUN/GUN – “bocas de trincheira”). 
Atualmente, o tratamento não é feito somente com
medicamento, precisa desorganizar o biofilme.

 Relação dos níveis de placa em gengivites e


periodontites: supressão da microbiota  controle da
doença.

 Eficiência dos antibióticos no tratamento das periodontites


– Periodontite Agressiva (relacionados a tipos específicos
de bactérias).  BIOFILME DENTAL BACTERIANO:
- Comunidade microbiana indefinida associada á superfície
 Resposta imunológica do hospedeiro: títulos elevados de
do dente ou qualquer outro material duro não-descamativo
anticorpos contra patógenos específicos.
em meio aquoso natural.
 Contribuição de agentes patogênicos: endotoxinas, - Níveis inferiores: densa camada de MOs unida a uma
aminas, leucotoxinas, enzimas. matriz de polissacarídeos com outros componentes
orgânicos e inorgânicos. Aderidos ao dente.
 Estudos experimentais em animais:
- Níveis superiores: camada solta, irregular, estendendo-se
- Roedores: inoculação de patógenos humanos para para o meio circundante. Voltados para cavidade oral.
desenvolvimento da doença;
- Camada fluída: circunda o biofilme, possui uma
- Cães e primatas: colocação de ligaduras em sítios subcamada estacionária e uma camada fluída em
subgengivais – desenvolvimento da doença destrutiva em movimento.
60 dias.
- Gradientes de difusão de nutrientes e de oxigênio para as
- Imunização: tentativa contra P.g. Falhou porque a doença camadas mais profundas. As camadas mais superiores
periodontal é polimicrobiana. geralmente estão em maior contato com o oxigênio,
geralmente as bactérias que sobrevivem ás mais profundas
PLACA DENTAL BACTERIANA camadas são anaeróbias ou anaeróbias facultativas.
- Formam-se sobre todas as superfícies imersas em meio como um importante microrganismo de conexão entre as
aquoso natural. espécies colonizadoras iniciais e tardias.
- Protegem as bactérias dos agentes antimicrobianos. Os *Multiplicação das células ligadas, resultando em aumento
elementos do biofilme criam uma “barreira” para difusão de da biomassa e síntese de exopolímeros para formar a matriz
medicamentos. Por isso, não pode tratar só com do biofilme (maturação da placa).
antibióticos.
4- Formação e maturação da placa bacteriana: adsorção
Dessa forma, a placa dental bacteriana é o biofilme sequencial de MOs: Algumas das bactérias unidas
verdadeiro composto por bactérias em uma matriz sintetizam polímeros extracelulares (a matriz da placa) que
composta de polímeros extracelulares de origem bacteriana consolidam a união do biofilme. A matriz é mais do que um
e produtos do exsudato do sulco gengival e/ou saliva. mero arcabouço para o biofilme; ela consegue ligar-se a
moléculas e retê-las, incluindo enzimas, e também retardar
a penetração de moléculas com carga elétrica no biofilme.
AULA 2
EVIDÊNCIAS DO PAPEL PRIMÁRIO DAS BACTÉRIAS Em relação à composição microbiana:
NAS DOENÇAS PERIODONTAIS
 Os diferentes estágios da formação do biofilme dentário 1- Colonização inicial: cocos gram-positivos
incluem, após a higienização: anaeróbios facultativos ou aeróbios estritos.
Sacarolíticas. Após 24h, a maioria das bactérias é
cocoide (Ex: S.sanguis).
1- Deposição da película adquirida: Adsorção molecular de
proteínas salivares; 2- Cocos e bastonetes gram-positivos anaeróbios
facultativos ou aeróbios estritos agregam-se e
2- Colonização: Adesão reversível entre a superfície da
multiplicam-se. Presença de filamentos gram-
célula microbiana e a película adquirida, através da
positivos Actinomyces. Sacarolíticas
aderência seletiva de MOs isolados. As adesinas são
responsáveis pela ligação com a película adquirida e com
*espiga de milho ou em escova: coagregação de
outras bactérias.
uma bactéria filamentosa ( ex: Actinomyces) no
* primeiros colonizadores bacterianos (principalmente centro com cocos. Em escova é um bastonete com
estreptococos, p. ex., Streptococcus mitis, Streptococcus filamentosa.
oralis)  gram-positivos, aeróbias, sacarolíticas,
geralmente. 3- Receptores de superfície nos cocos e bastonetes
gram-positivos facultativos permitem a aderência
3- Sucessão bacteriana e multiplicação: de MOs gram-negativos, com pouca habilidade de
*Uma vez ligados, os colonizadores pioneiros começam a se aderir diretamente a película. Ex: Fusobacterium
multiplicar. O metabolismo dessas bactérias que se ligam nucleatum/ Prevotela intermedia  mudança do
precocemente modifica o ambiente local tornando-o, por perfil bacteriano, perfil associado a doença.
exemplo, mais anaeróbico depois do consumo de oxigênio e
do aparecimento de produtos finais do metabolismo. 4- Aumento da heterogeneidade com a maturidade da
Conforme o biofilme se desenvolve, as adesinas na placa. Colonização secundária por bactérias gram-
superfície celular dos colonizadores secundários mais negativas anaeróbias estritas proteolíticas, maior
exigentes, como os anaeróbios obrigatórios, ligam-se aos patogenicidade do biofilme, maior virulência.
receptores das bactérias já conectadas, por um processo Ex: Tannerella forsythia, Treponema denticola,
chamado coadesão, ou coagregação, e a composição do Porphyromonas gingivalis.
biofilme se torna mais diversa (um processo chamado
sucessão microbiana).  aparecimento de bactérias
anaeróbicas facultativas, gram-negativas, proteolíticas
COMPOSIÇÃO DO BIOFILME SUPRAGENGIVAL
(nutrição vem pelo fluído gengival crevicular – exsudato,
filtrado do sangue com células sanguíneas), habitam os  Bactérias (em grande número), principalmente
níveis inferiores do biofilme. colonizadores primários;
 Células epiteliais descamadas;
*Um microrganismo fundamental no desenvolvimento da  Leucócitos (PMN) - 1° linha de defesa do periodonto;
placa do biofilme é Fusobacterium nucleatum. Essa espécie  Micoplasmas;
consegue coaderir à maioria das bactérias orais e atua  Leveduras.
gengivais, deixando a gengiva edemaciada e o sulco
aprofundado,
 Desenvolvimento da placa supragengival (Loe 1995):
Sulco aprofundado, favorecendo a anaerobiose 
- 0 a 4h: formação da película adquirida, deposição inicial de bastonetes móveis e espiroquetas  placa subgengival.
MOs.
- Após 4h: película recobre áreas de retenção; já apresenta
bactérias iniciais (S.mitior ; S. sanguis ; S. mutans
Actyinomyces) ; fase cocóide.
- 8-12h: pequenos grupos de MO recobrem o dente, com
poucas áreas em exceção, há monocamadas bacterianas.
- 24h: depósitos de espessuras diversas; microcolônias de
gram-positivas com leucócitos aderidos.  anaeróbias
facultativas ou aeróbias estritas, sacarolíticas, gram-
positivas.
- 48h: incorporação de filamentos perpendiculares BIOFILME SUBGENGIVAL
(Actinomyces) e formação em “espiga de milho”.
- 9 dias: queda da oferta de oxigênio, bactérias  Biofilme subgengival: o biofilme coberto pela margem
microaerófilas e anaeróbias. gengival e banhada pelo fluido crevicular sofre mudanças
ecológicas que resultam em composição bacteriana
- 3 semanas: placa madura  fase 4 (Colonização característica de placa subgengival.
secundária por bactérias gram-negativas anaeróbias estritas
proteolíticas, maior patogenicidade do biofilme, maior  Apresenta 3 zonas:
virulência). 1- Bactérias aderentes ao dente (filamentosas e
bastonetes gram-negativos).
2- Bactérias associadas ao epitélio oral do sulco
 Formação do biofilme subgengival: (espiroquetas)  adesão frouxa.
3- Bactérias apicais (móveis – espiroquetas e bactérias
- Colonizadores tardios aparecem em períodos diversos flageladas). Relacionadas ao final do sulco gengival e
sobre a superfície dessa massa bacteriana: início do epitélio juncional.
- Porphyromonas gingivalis *móveis: sulco é um local descamável.
- Bastonetes móveis e espiroquetas.
 Não há nenhuma matriz intermicrobiana definida.

 Leucócitos estão interpostos entre o biofilme e a camada


 Sucessão microbiana: biofilme supragengival  epitelial do sulco gengival ou bolsa periodontal.
subgengival.
- Mudança do perfil microbiano de um mais associado a FUNÇÕES DA PELÍCULA ADQUIRIDA
saúde a um mais associado a doença periodontal.  Proteção da superfície do esmalte;
 Aderência de MO orais;
+ Gram-positivas Gram-negativas  Substrato a MO aderidos;
+ Cocos  bastonetes (e em um estágio tardio para  Reservatório de íons protetores;
espiroquetas).
+ Organismos imóveis móveis.
+ Anaeróbios facultativos  anaeróbios obrigatórios.
+ Espécies fermentadoras  proteolíticas.

- Biofilme supragengival localizado nas margens gengivais


vai gerar um processo inflamatório nessas margens
- IgA : opsonização de algumas bactérias.  Utilizaram 40 sondas de DNA.
- Albumina: matriz de adesão celular.
 Complexos microbianos identificadas por cor: amarelo
(Streptococos), roxo (Actinomyces, Veillonela parvula) e
GENGIVITE verde (Capnocytophaga)  espécies compatíveis com
 Consequência previsível da sucessão bacteriana (perfil hospedeiro, colonizadores primários da superfície dentária.
de saúde para doença) e maturação da placa. Bactérias geralmente gram-positivas, anaeróbias
facultativas.
 Detectável após 4 a 5 dias de acúmulo de placa
supragengival não perturbada.  Complexos microbianos laranja ( Fusobacterium
nucleatum – importante para mudança do tipo de
 Virulência e patogenicidade da placa alteram-se microbiota) , vermelho ( Porphyromonas gingivalis,
substancialmente entre placas acumuladas por 48 e 72h, Tannerella forsythia, Treponema denticola)  espécies
têm-se o aumento do número de gram-negativas, após patogênicas, predominantemente gram-negativas, mais
esse tempo já se pode apresentar sangramento gengival. detectadas em sítios doentes do que nos saudáveis,
fortemente associados a profundidade de sondagem e
 Profilaxia profissional a cada 48h inibe seu sangramento. Surge secundariamente ao aumento dos
desenvolvimento. complexos amarelo, roxo e verde.

AULA 3  Sucesso terapêutico relacionado á mudança dos perfis


microbianos subgengivais.
HIPÓTESE DA PLACA ECOLÓGICA (1990- atual)
 Introdução de novas técnicas moleculares de diagnóstico
microbiológico denominadas targeted (alvo- específico),
não dependentes de viabilidade das bactérias.

 Imunoensaios: reação em cadeia da polimerase (PCR –


Polimerase Chain Reaction); sondas de DNA; técnicas
abertas (open-ended). O meio de cultura com amostras de
biofilme, só cultivava aquelas bactérias que estavam vivas.
A pesquisa por DNA ampliou o conhecimento das bactérias.

 Tanto quantidade total de biofilme como a composição


microbiana específica podem contribuir para a transição de
saúde a doença.

 Fatores ambientais (ex: tabaco) e do hospedeiro (ex:


diabetes mellitus, desequilíbrio hormonal) podem levar a
seleção ou favorecer o crescimento de determinados
patógenos, havendo um desequilíbrio entre as proporções * Aggregatibacter actinomycetemcomitans: a depender da
das espécies benéficas e daquelas potencialmente cepa, pode ser colonizador primário ou secundário.
patogênicas, levando ao processo de disbiose na * F. nucleatum: favorece a mudança na ecologia bacteriana,
comunidade microbiana, resultando em doença. quebra da homeostase, favorecendo relações interespécie.

COMPLEXOS MICROBIANOS NA PLACA SUBGENGIVAL


METAS MICROBIOLÓGICAS DO TRATAMENTO
(SOCRANSKY 1998)
PERIODONTAL
 Introdução de conceito da presença de bactérias
 Tratamento periodontal efetivo  alteração ecológica
compatíveis com hospedeiro ou mesmo benéficas, além
profunda, reduzir as espécies do complexo vermelho e
das patogênicas, na cavidade oral.
laranja, juntamente com o aumento das bactérias benéficas
(amarelo, roxo e verde).
 Avaliação de 13.261 amostras de biofilme subgengival –
160 indivíduos com periodontite crônica e 25 com saúde
 Estabilidade clínica periodontal/ mudança ecológica do
periodontal.
ambiente bucal: redução das proporções de patógenos
(complexos vermelho e laranja) e aumento das proporções  Treponema denticola:
de bactérias associadas a saúde periodontal (complexos
amarelo, roxo e verde e espécies de Actinomyces), em - É uma bactéria espiroqueta Gram-negativa , anaeróbica
sítios rasos, profundos e outras superfícies orais, como obrigatória , móvel e altamente proteolítica.
língua, saliva e mucosa. - Treponema denticola é uma das três bactérias que formam
o Complexo Vermelho, sendo as outras duas
Porphyromonas gingivalis e Tannerella forsythia . Juntos,
eles formam os principais patógenos virulentos que causam
periodontite crônica. Ter níveis elevados de T. denticola na
boca é considerado um dos principais agentes etiológicos da
periodontite.
-O principal local de habitação de T. denticola na cavidade
oral é no sulco gengival. Essas espiroquetas se ligam a
proteínas (incluindo fibronectina e colágeno) de fibroblastos
gengivais locais, ligando-se à sua membrana plasmática.
CARACTERÍSTICAS DOS PERIODONTOPATÓGENOS
ESPECÍFICOS -Os componentes bacterianos são:
 Aggregatibacter actinomycetemcomitans:  Peptidases associadas à bainha externa
- Bastonete gram-negativo, imóvel;  Quimotripsina proteinases
- Complexo verde, mas depende da sua cepa pode ser  Tripsina proteinases
colonizador primário ou secundário;
 Atividades hemolíticas
- 5 sorotipos (a-e);
 Atividades de hemaglutinação
- Fatores de virulência: lipopolissacarídeo (endotoxina
presente em gram-negativas), leucotoxina, colagenase,  proteína da bainha externa com propriedades de
protease (aderência á IgG). formação de poros.

 Tannerella forsythia:  Afinal, o que é a doença periodontal?

- Complexo vermelho; -É uma doença inflamatória disbiótica.


- Bastonete gram-negativo, imóvel, fusiforme e anaeróbio -A doença resulta de uma sinergia e disbiose
estrito;  mesmo sendo imóvel consegue sobreviver ao polimicrobiológica, com a capacidade de perturbar o
ambiente subgengival biofilme ecologicamente em homeostase com a saúde dos
tecidos periodontais, com um potencial destrutivo
- Fatores de virulência: diversas enzimas proteolíticas inflamatório, agindo em indivíduos geneticamente
contra imunoglobulinas e complemento. Induz apoptose. predispostos, associado a fatores ambientais modificadores
da resposta imune do hospedeiro. Um fator importante é a
susceptibilidade intrínseca, depende da resposta imune
 Porphyromonas gingivalis: inflamatória de cada indivíduo. A agressão aos tecidos
periodontais é mais feita pelo sistema imune do que pelas
- Mais possui fatores de virulência, consegue se camuflar bactérias.
do sistema imunológico, aumenta o processo inflamatório.
- Bastonete gram-negativo, imóvel, pode ter formato  Patógenos “keystone” teriam a capacidade de se camuflar
cocóide e curto, anaeróbio estrito. da resposta dos hospedeiros e de causar a disbiose da
comunidade microbiana local, por aumentar a sua
- Fatores de virulência: extremamente agressivos. virulência. (ex: Fusobacterium)
Apresenta fimbrias para aderência e cápsula contra
fagocitose (contra resposta imune celular); apresenta
proteases contra anticorpos (resposta imune adquirida);
complemento; inibidores de colagenases do hospedeiro; AULA 4
colagenases; hemolisinas; inibe a migração de MINERALIZAÇÃO DA PLACA
polimorfonucleares (1° forma de defesa no sulco) por afetar  O cálculo dental, ou tártaro, representa a placa bacteriana
a produção e degradação de citocinas; invade tecidos. mineralizada, embora a formação do cálculo possa ser
induzida em animais livres de germes como resultado da - Forma-se apical á margem gengival;
precipitação de sais minerais originados da saliva . O
- Calcificação do biofilme subgengival;
cálculo supragengival localiza-se de modo coronal à
margem gengival, enquanto o cálculo subgengival é - Frequentemente é marrom ou preto (produtos do fluido
encontrado apical à margem gengival. Os cálculos supra- e sulcular gengival e sangue).
subgengival têm traços característicos. Deve ser
mencionado que o cálculo abriga continuamente placa - Não visível, pode ser encontrado por exploração tátil/
bacteriana viável sondagem subgengival (superfície rugosa). Algumas vezes,
o cálculo subgengival é percebido nas radiografias
 Cálculo supragengival; dentárias, desde que os depósitos tenham massa
suficiente. Se a margem gengival for afastada por um jato
- Placa supragengival mineralizada; de ar ou retraída com o uso de um instrumento, massa dura
calcificada marrom-escura de superfície áspera é
- Em animais germes-free, o cálculo é formado pela
visualizada em casos de inflamações da gengiva. Essa
calcificação de proteínas salivares.
massa mineralizada reflete, predominantemente, acúmulo
- Presença e quantidade resultam da quantidade de placa bacteriano misturado a produtos do líquido crevicular
bacteriana e secreção das glândulas salivares. gengival e sangue.

-O cálculo supragengival pode ser reconhecido como uma -Mineralização a partir de componentes do exsudato
massa de consistência moderada, cuja coloração varia de inflamatório da bolsa periodontal.
branco-amarelado (mais novos) a amarelo-escuro ou até
mesmo marrom. (advindo de pigmentação extrínseca –
dieta).
- O grau de formação do cálculo depende não apenas da
quantidade de placa bacteriana, mas também da secreção
das glândulas salivares. Desse modo, os cálculos
supragengivais são encontrados, predominantemente,
adjacentes aos ductos excretores das glândulas salivares
maiores, como as faces linguais dos dentes anteriores
inferiores, nas quais se encontram as aberturas dos ductos
das glândulas submandibulares, e as faces vestibulares dos  Composição do cálculo dental:
primeiros molares superiores, nas quais os ductos das
glândulas parótidas se abrem para o vestíbulo oral. As - No ser humano, a formação do cálculo é sempre
aberturas das glândulas mandibulares estão localizadas nas precedida pelo desenvolvimento do biofilme bacteriano. A
faces linguais dos dentes inferiores. matriz intermicrobiana e as próprias bactérias fornecem a
matriz para calcificação, que é desencadeada pela
precipitação dos sais minerais. A placa supragengival se
torna mineralizada em virtude da precipitação dos sais
minerais existentes na saliva, enquanto a placa subgengival
se mineraliza em decorrência dos sais minerais no
exsudato inflamatório que passa através da bolsa
periodontal. Portanto, é evidente que o cálculo subgengival
representa um produto secundário da infecção, não a causa
principal da periodontite.
- Formado de 70 a 90% de sais inorgânicos: Fosfato de
Cálcio, Carbonato de Magnésio e Fosfato de Margnésio.
- A mistura de cristas muda de acordo com a idade do
cálculo:
CaH(PO4) × 2H2O = brushita (B)  primeiro/recente
•Ca4H(PO4)3 × 2H2O = fosfato de octacálcio  camadas
mais exteriores do cálculo suprag.
•Ca5(PO4)3 × OH = hidroxiapatita (HA)  camadas internas
 Cálculo subgengival:
•β-Ca3(PO4)2 = betafosfato tricálcio (whitloquita) mais
predominante no cálculo subgengival.

 Importância clínica do cálculo:


- Cálculo não é agente primário das doenças periodontais.
Mas pode ser secundário porque a sua superfície rugosa
favorece o acúmulo/adesão de biofilme;
- A superfície mineralizada do cálculo está sempre coberta
por placa;
- Em estudos onde a placa foi removida, o epitélio juncional
foi capaz de se inserir diretamente sobre o cálculo.
- O cálculo amplifica os efeitos da placa bacteriana:
mantendo a placa em contato com os tecidos moles;
dificultando a higiene pelo paciente; retendo nutrientes e
toxinas.

 Porque não apenas remover a placa com agentes


químicos da superfície dos cálculos?
- Estudos bem controlados comprovaram que a remoção de
placa e cálculo subgengivais permite manter um estado de
saúde periodontal por longo tempo. A descontaminação da
superfície não servirá a longo prazo, já que a superfície
rugosa do cálculo favorece mais acúmulo de placa.

- Escassez de estudos de longa duração sobre os


resultados da remoção apenas da placa sobre os cálculos.

- O epitélio juncional consegue se aderir a um cálculo


subgengival descontaminado.

*Além disso, muitos indivíduos podem jamais desenvolver


periodontite, apesar de apresentarem gengivite
generalizada. A resposta imunoinflamatória do hospedeiro é
fundamental para determinar quais indivíduos
desenvolverão periodontite, e é provável que as respostas
inflamatórias sejam diferentes nos indivíduos que
desenvolvem periodontite em comparação com os que
nunca passam da gengivite

*Gengivite gravídica: Prevotella intermedia se alimenta dos


hormônios progesterona e estrógeno. Melhor época para
tratar (2° trimestre).

*Nomenclatura: Primeira letra do 1° nome maiúscula, o


segundo nome em minúsculo, e ambas as palavras devem
ser sublinhadas.

Você também pode gostar