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Aula 3: Biofilme dentário

Prof. Dr. Andriu Catena


Doutor em Biologia Aplicada à Saúde
BIOFILMES MICROBIANOS

• Por muito tempo foi considerado que as bactérias viviam de


forma isolada.

• No entanto, observou-se que ocorre associação, e nas


últimas décadas também uma comunicação entre as
bactérias.

Esse tipo de comportamento comunitário permite a


formação de uma estrutura multicelular complexa
denominada BIOFILME
BIOFILMES MICROBIANOS

Complexas comunidades de micro-organismos altamente


organizados embebidos em uma matriz polímero extracelular (EPS),
a qual possibilita aderência geralmente a superfícies sólidas.
BIOFILMES MICROBIANOS

NA FORMA DE BIOFILMES, OS MICRORGANISMOS APRESENTAM-SE MAIS VIRULENTOS,


AUMENTANDO O POTENCIAL PATOGÊNICO.

Dessa forma, o conhecimento sobre a formação e a estrutura dos biofilmes e sobre as


interações microbianas presentes nesse habitat são de extrema importância para o
entendimento das patologias associadas aos biofilmes (como a cárie dentária) e para a
adoção de medidas e estratégias preventivas eficientes.
BIOFILMES MICROBIANOS

Biofilme na superfície dental= Placa dental


BIOFILMES MICROBIANOS

• Primeiras observações de Biofilme dentário- Anton Van Leeuwenhoek

Descreveu um pequeno animálculo que se movimentava

em lançamento de Dardo.

Selenomonas
BIOFILMES MICROBIANOS

• Black (1886-1898)- criou o termo PLACA.

O autor dizia que para o início da cárie é


necessária a formação de uma placa
microbiana gelatinosa.
BIOFILMES MICROBIANOS
• O termo Biofilme Dentário define uma comunidade microbiana embebida por
uma matriz aglutinante e firmemente aderida sobre os dentes ou outras superfícies
bucais sólidas, tais como:

• Próteses
• Aparelhos ortodônticos
• Restaurações
• Superfícies de implantes
• Cálculo salivar (tártaro)
BIOFILMES MICROBIANOS
Na maioria das vezes, essa estrutura de BIOFILME (matriz
aglutinante e firmemente aderida) se desenvolve sobre a

PELÍCULA ADQUIRIDA

Biopelícula formada pós-eruptivamente pela adsorção de proteínas e glicoproteínas


salivares e do fluido gengival da superfície dentária

Adere ao esmalte e às outras superfícies sólidas presentes na boca, sendo


normalmente livres de bactérias.
BIOFILMES MICROBIANOS
PELÍCULA ADQUIRIDA

• Espessura: varia de 0,1 a vários micrometros;

• Remoção pela escovação é dificultada pelo fato dela não só recobrir a superfície

dentária, como também adsorver (e por vezes) penetrar na superfície do esmalte

até 3µm.
PELÍCULA ADQUIRIDA

fosfato de cálcio
cristalizado que forma
o esmalte

salivar
PELÍCULA ADQUIRIDA
PELÍCULA ADQUIRIDA

Dente limpo e polido- expondo a superfície do esmalte contendo hidroxiapatita


[fosfato de cálcio cristalizado que forma o esmalte]

Será recoberto dentro de pouco tempo pela película adquirida (após


cerca de 15 min)

A seguir começa a ser colonizada por bactérias


15 a 20% em volume-
distribuídos em uma matriz ou
glicocálice (estas ocupam 75 a
80% em volume)

Matriz EPS- Polímeros Extracelulares


Matriz EPS- Polímeros
Extracelulares
▪ Estão presentes no Biofilme dentário: polissacarídeos, células epiteliais descamadas,
leucócitos, enzimas, sais minerais, glicoproteínas salivares, proteínas, pigmentos e
restos alimentares.

▪ As microcolônias podem apresentar um único micro-organismo, entretanto, mais


frequentemente, são compostos por várias espécies bacterianas.
ADAPTAÇÃO À DENSIDADE POPULACIONAL (QUORUM SENSING)

• Tem sido demonstrado que populações bacterianas podem coordenar a expressão gênica em
resposta à densidade populacional. Esse mecanismo atua por meio da produção ou resposta ao
acúmulo de moléculas sinalizadoras (denominadas autoindutores) localizadas no biofilme dental.

• Concomitantemente ao aumento na densidade populacional bacteriana, os níveis extracelulares de


autoindutores aumentam até que quantidades suficientes sejam atingidas para ativar uma cascata
de sinais de transdução que governarão a expressão gênica.
No caso da placa dental ecológica, microrganismos potencialmente cariogênicos
estão naturalmente presentes no biofilme dental.

Entretanto, esses microrganismos são pouco competitivos e, dessa forma, estão


presentes no biofilme dental em baixas proporções.

De forma geral, quanto maior a frequência de ingestão de açúcares fermentáveis,


mais tempo o pH do biofilme permanece reduzido, o que acaba por inibir o
crescimento de microrganismos que são intolerantes ao baixo pH.

Nessa condição, microrganismos que são mais ácido-tolerantes tornam-se mais


competitivos, tendo sua proporção elevada no biofilme.
Apesar de uma potencial participação de outras bactérias no processo de
desmineralização dental, grande importância tem sido dada ao S. mutans.

Essa bactéria é tolerante ao baixo pH (aciduricidade – capacidade de suportar a


acidificação do biofilme), mantendo seu metabolismo em condições ótimas,
continuando a metabolizar os açúcares fornecidos pela dieta.

Assim, mais ácidos são produzidos como resultado desse metabolismo, e mais
reduzido torna-se o pH do biofilme, o que aumenta a suscetibilidade das superfícies
dentais a perdas minerais (desmineralização).

Além de ser ácido-tolerante, a espécie S. mutans apresenta um diferencial em


relação aos outros microrganismos do biofilme: utilizar a sacarose para a produção
de polímeros extracelulares.
Fase de Fase de acumulação Maturação Fase de
Colonização Inicial ou estruturação do biofilme dispersão
ADESINAS: Genericamente, são componentes localizados na superfície bacteriana
que apresentam a propriedade de interagir com receptores localizados em outras
bactérias ou na superfície dental.

LECTINAS: São proteínas localizadas na superfície bacteriana que desempenham o


papel de adesinas. Essas proteínas podem interagir com os oligossacarídeos, os
carboidratos e as glicoproteínas adsorvidos na superfície do dente.

FÍMBRIAS: São apêndices localizados na parede celular bacteriana. Especificamente,


fimbrias localizadas na membrana celular de Actinomyces spp. permeiam a aderência
desses microrganismos às proteínas ricas em prolina e estaterinas da película.
• Quando as condições ambientais são favoráveis, os microrganismos do biofilme crescem
formando uma comunidade.

• À medida que a comunidade se desenvolve, as características do ambiente também são


alteradas, o que culmina com alterações na composição dessa comunidade microbiana, que
também podem ser induzidas por mudanças no ambiente externo.

• Essa alteração na composição microbiana que ocorre em decorrência do tempo é chamada


sucessão microbiana.
A partir de uma microbiota de
cocos Gram positivos aeróbios,
ocorre aumento na proporção de
bastonetes Gram negativos,
especialmente bastonetes
anaeróbios e filamentos.
Consequentemente, há um aumento na diversidade das populações na comunidade, e
esse aumento continua até que ela esteja em equilíbrio com seu ambiente, o que recebe
o nome de COMUNIDADE CLÍMAX.

Essa estabilidade, representada pelo equilíbrio dinâmico entre a microbiota e as


condições ambientais locais, é denominada HOMEOSTASIA MICROBIANA.
Existem diferenças entre o tipo de biofilme dentário correlacionado com a
cárie e com a doença periodontal.

A ocorrência de doença é devida a:

▪ Efeitos nocivos de produtos derivados de MO do Biofilme


▪ Existência de MO patogênicos específicos no Biofilme
▪ Aumento de determinados MO residentes em alguns Biofilmes
Formação de Biofilmes

https://www.youtube.com/watch?v=8ncPVwbrGPw
Doença nosocomial e o biofilme dental
https://www.youtube.com/watch?v=tdyJ6cBMqhc

Placa Bacteriana Não É Sujeira


https://www.youtube.com/watch?v=yXDV8FpPDq4

Onde Se Forma A Placa Bacteriana ?


https://www.youtube.com/watch?v=eIfif1_kNvs

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