Você está na página 1de 6

A PESSOA E A RESPOSTA AO TRATAMENTO

NUTRIÇAO ENTERAL E PARENTAL


Alimentação/Nutrição
Alimentação – Meio pelo qual o indivíduo obtém os produtos para seu consumo, é a ingestão de
substâncias que propiciam a nutrição do organismo. É um processo voluntário e consciente.

Nutrição – Conjunto de processos em que o organismo capta e transforma os alimentos que precisa
para assegurar sua manutenção, desenvolvimento orgânico e produção de energia. É um processo
involuntário e inconsciente.

Nutrição
Necessidades nutricionais:
 Idade;
 Composição corporal;
 Estado fisiológico (gravidez, saúde, doença).

 Proporção adequada de nutrientes (macro e micro);


 Quantidade e forma de fornecimento

Necessidades energéticas
Variam consoante o estado clínico

 55% hidratos de carbono;


 30% lípidos;
 15% proteínas.

Valores de referência
 Energia: 25-35 Kcal /Kg peso/dia;
 Proteínas: 1,3-1,5 g/Kg peso/dia;
 Lípidos: 0,7-1,5 g/kg peso/dia;
 Água: 30-50 ml/Kg peso/dia.

Algoritmo para a via de administração de nutrientes

*Tempo mínimo para reavaliação


Nutrição Enteral
 Administração de terapêutica nutricional através de sonda colocada no estômago, duodeno ou jejuno.

Sonda:
 Nasogástrica;
 Nasointestinal:
 Nasoduodenal;
 Nasojejunal;
 Gastrostomia;
 Jejunostomia.

Soluções:
 Artesanais;
 Industriais;
 Alta osmolaridade (diarreia osmótica);
 Baixa osmolaridade (maiores volumes de solução).

Administração:
 Contínua (12-24h);
 Bólus.

Cuidados à pessoa com ostomia de alimentação:


 Refeições fracionadas;
 Dieta líquida ou pastosa temperatura ambiental;
 Hidratação com 1000ml/24h (bólus ≤ 200ml).

Material
 Seringa de 100ml;
 Prolongador para adaptar à sonda gastrostomia (?).

Técnica de Administração
1. Posicionamento Fowler (30-45º), durante e após 1h;
2. Avaliar estase gástrica (≥ 50 ml adiar administração);
3. Administrar água 10-20ml antes e após a alimentação;
4. Administrar lentamente (> 15 min) sem pressão, temperatura ambiente, com seringa de 100ml;
5. Não administrar medicação c/ a alimentação;
6. Quando retirar o prolongador dobrar sonda;
7. Após administração lavar e secar o prolongador.

 Estoma;
 Limpeza diária com soro fisiológico ou água;
 Secar com compressas;
 Colocar compressas secas entre a pele e o “botão” da gastrostomia;
 Registos.

Complicações:
Mecânicas:
 Obstrução;
 Laceração da asa do nariz, alterações esfincterianas;
 Incorreto posicionamento da sonda e exteriorização.
Gastrointestinais:
 Diarreia;
 Obstipação;
 Náuseas;
 Cólicas abdominais.
Respiratórias e metabólicas:
 Pneumonia de aspiração;
 Hiperglicemia;
 Desequilíbrios hidroeletrolíticos.

Nutrição Parental
 Nutrição parentérica (NP)é a oferta de nutrientes por via Endovenosa (NIC, 2008).

Formulas:
 Nutrição Parenteral Total (NPT) – Formulas nutricionais completas, todos os nutrientes numa única
bolsa;
 Nutrição Parenteral Parcial (NPP) - fórmulas nutricionais não completas.

Vias de administração:
 Cateter periférico (veias antecubitais e cefálica):
 Soluções de osmolaridade ≤ 800 mOsm/l;
 Doentes com peso ≥ 45 Kg;
 Duração da administração ≤ 7 dias;
 Cateteres venosos centrais (subclávia, jugular e femural):
 Soluções hipertónicas;
 Administração > 7 dias.

Avaliação da necessidade de NP:


Dados antropométricos:
 Peso, altura (IMC):
 Perda de 2%, 5% ou 10% em 1 semana, 1 mês ou 6 meses;
 Prega cutânea ou circunferência braquial;
 Balanço hídrico.
Análise bioquímica.
 Hemograma, glicose, ureia, creatinina, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, albumina,
colesterol total/HDL e LDL, triglicéridos, transaminases (AST e ALT), gama-glutamiltranspeptidase
(GGT) e fosfatase alcalina.

Componentes das soluções


Macronutrientes:
 75% hidratos de carbono/dextrose (5-10g/Kg/dia);

 Lípidos/ácidos gordos (1g/Kg peso/dia);

 Proteínas/aminoácidos (<1,5-2,0 g/Kg peso/dia).

Micronutrientes:
 Oligoelementos/Elementos traço (Fe, Cu, Zn,…);

 Vitaminas (hidro e lipossolúveis);

 Eletrólitos (Ca, Mg, Na, K, P e Cl).

Água.

Indicações:
 Doentes em risco de desnutrição ou jejum prolongado;
Ex.: pós-operatório, pancreatite.
 Doentes com incapacidade de absorção dos nutrientes por via oral ou enteral:
 Obstrução;
 Doença inflamatória intestinal;
 Vómitos incoercíveis efeitos secundários graves de quimio e radioterapia;
 Doentes com hipermetabolismo;
Ex.: grandes queimados, infeções.

Orientações internacionais para o uso de NP em doentes adultos e contextos clínicos

ORGANIZAÇÃO POPULAÇÃO

 Cirurgia;
 Terapia intensiva em adulto;
 Insuficiência renal em adulto;
ESPEN (Sociedade Americana de Nutrição  Gastroenterologia, pâncreas e hepatologia;
Parenteral e Enteral)  Oncologia não cirúrgica;
 Cardiologia e pneumologia;
 Geriatria;
 Nutrição parenteral domiciliar em adultos.

SCCM (Sociedade Americana de Medicina


 Adultos em situação crítica
Intensiva)
 Insuficiência renal aguda e crónica;
ASPEN (Sociedade Europeia de Nutrição  Tratamento oncológico e transplante de células
Clínica e Metabolismo) hematopoiéticas;
 Hiperglicemia em adulto.

Preparação:
 Ambiente (Onde preparar?);  Assegure-se que a bolsa está
à temperatura ambiente.
 Profissional:
 Use sempre uma técnica
 Preparação cirúrgica das mãos; asséptica.

 Paramentação; Abrir a sobrebolsa Enrolar a bolsa

 Soluções:
 Técnica asséptica;
 Proteção da luz.
Misturar o Adicionar Perfundir
conteúdo, micronutrientes,
Não iniciar NP se glicémia capilar >300mg/dl invertendo a se necessário
1º dia bolsa pelo
menos 3x
 Administrar 50% das necessidades calculadas;
 Administrar a solução a velocidade constante nas 1ªs24h;

Se bem tolerada
 Progredir para 100% das necessidades no dia seguinte.

Complicações
1. Preparação/conservação/ administração e manutenção das soluções:
 Infeção:
oFlebite nas CVP;
o> R cateterismo femural;
 Obstrução;
 Deslocamento do cateter;
 Embolia gasosa e tromboembolismo (> R femural);
 Pneumotorax e hemotórax.

2. Metabólicas e desequilíbrios eletrolíticos


 Hipo/hiperglicémia e hiperlipidemia;
 Colelitíase e colestase;
 Desequilíbrios do eletrolíticos,…;
oAcidose metabólica;
 Reação anafilática;

Intervenções de Enfermagem na pessoa com NP:


 Técnica asséptica na introdução e manuseamento do cateter;
 Técnica asséptica na preparação e manuseamento das soluções;
 Seleção do sistema para bomba infusora;
 Validar prescrição da NP e fórmula;
 Reservar um dos lúmens do CVC exclusivamente para NP;
 Conectar o sistema à bomba de infusão e regular velocidade de perfusão;
 Manter ritmo de perfusão constante;
 Monitorizar local de inserção do cateter, despiste de sinais e sintomas de infiltração e flebite;
 Se NP em CVP substituir cateter entre 48-72h;
 Monitorizar sinais de infeção sistémica;
 Monitorizar sinais vitais, peso e balanço hídrico;
 Monitorizar glicemia capilar (6/6h estabilizada diária);
 Administrar insulina (glicemia 100-150 mg/dl);
 Lavagem das mãos com sabão neutro seguida de fricção com SABA antes do manuseamento do CVC;
 Técnica asséptica na substituição do sistema 24/24h ou suspeita de contaminação ou alteração da
solução;
 Técnica asséptica na substituição de prolongadores e torneiras cada 72 horas. Desinfetar os acessos
das torneiras com álcool a 70% durante 10-15s e deixar secar;
 Manter os acessos das torneiras tapados quando não estão a ser utilizados;
 Técnica asséptica (luvas estéreis e máscara) na substituição do penso:
 48/48h (penso com compressa);
 7 dias (penso transparente);
 Sempre que húmido, com sangue ou desfeito;
 Sol. Al. de Clorohexidina 2%;
 Datar penso;
 Não adicionar qualquer terapêutica à sol. de NP e exclusividade da via
 Registos:

 Tipo de nutrição;

 Local da perfusão;

 Velocidade da perfusão;

 Volume perfundido;

 Caraterísticas do local de inserção do cateter e do penso;

 Reações do doente.

Você também pode gostar