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DESNUTRIÇÃO

ENERGÉTICO -
PROTÉICA
Eugênia Mateus
Pediatra
18 de Novembro 2022
OBJECTIVOS
• Conhecer o impacto do problema.
• Fazer o diagnóstico
• Identificar sinais de alerta
• Realizar os procedimentos básicos no manuseio do paciente com DAS
SUMÁRIO
• Introdução
• Fisiopatologia
• Passos para o sucesso
• Critérios de diagnóstico
• Tratamento
• Medicamentos de rotina
• Tratamento das complicações
• DAS em < de 6meses
• Bibliografia
INTRODUÇÃO
• Doença de natureza clínico-social multifatorial cujas raízes se encontram na
pobreza.
• Acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica levando a óbito,
quando não tratada adequadamente.
• Pode começar precocemente (vida intra uterina), e frequentemente cedo na
infância (desmame precoce, privação alimentar, episódios recorrentes de
doenças infecciosas).
• Está associada à morte de 56% das crianças menores de 5 anos nos países
em desenvolvimento (PELETIER et al., 1995)
• É responsabilidade dos profissionais de saúde o atendimento à criança com
desnutrição de acordo com o conhecimento cientifico disponível.
INTRODUÇÃO
• Com a aplicação correcta do protocolo preconizado pela OMS, como
estratégia prioritária, contribuiu para a redução da mortalidade.
• A maior parte dos óbitos ocorre nas primeiras 48h de internamento
segundo a OMS.
• Afalta de diagnóstico nutricional adequado, além de ser prejudicial
para o correcto tratamento da criança, influencia os dados estatísticos
e, portanto repercute no encaminhamento das politicas e programas
para o atendimento de crianças com desnutrição.
• O sucesso no tratamento requer que ambos os problemas, clínico e
social, sejam identificados prevenidos e resolvidos.
INTRODUÇÃO
• Diante do risco de infecções cruzadas no hospital, a criança com
desnutrição grave, sempre que possível deve estar separada de outras
crianças em função da sua baixa resistência.
• Nutrição – É o processo através do qual as substâncias orgânicas e
inorgânicas são incorporadas no organismo por meio de processos
intermediários da alimentação da digestão, da absorção e da
metabolização.
• Assume especial importância nos 1ºs anos de vida.
FISIOPATOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
PASSOS PARA O SUCESSO
• Uso de critérios precisos e claros para o diagnóstico.
• Prevenção e tratamento oportuno das complicações.
• Realimentação oportuna.
• Oferta de suplementos (vitaminas e minerais)
• Restrição de hidratação venosa, apenas para pacientes com sinais de
choque, recomendação de uso de soluções com baixo teor de sódio
para evitar retenção hídrica e consequente hipervolémia que
aumentam o risco de IC.
• Uso precoce de AB para tratar infecções subclínicas.
Critérios de diagnóstico
• DAS sem edema (marasmo) – Frequente em lactentes jovens, baixa
actividade, pequeno para a idade, membros delgados, costelas
proeminentes, nádegas atofiadas, desaparecimento da bola de bichat
(aspecto envelhecido), abdómem pode ser globoso. Cabelos finos
escassos, descolorados e comportamento apático.
Critérios de diagnóstico
• DAS com edema (Kwashiorkor) – aspecto clínico caracterizado por
alterações de pele, alterações do cabelo (textura, coloração e
facilidade em se soltar do couro cabeludo), hepatomegália, ascite face
de lua (edema da face), hipoalbuminemia e/ou anasarca. Em geral
acomete crianças mais velhas (acima de 2 anos) e pode cursar com
apatia e/ou irritabilidade.
DIAGNÓSTICO
• Critérios de diagnóstico:

INDICADOR

DEP Grave Peso/Idade < - 3 escore Z

Circunferência braquial <115 mm

Edema bilateral do dorso Sinal clínico Presente


dos pés
TRATAMENTO
• Fase aguda ou fase I – f75 é o produto terapêutico utilizado nesta fase
permite iniciar a recuperação das funções metabólicas. O paciente
não deve ganhar peso nesta fase.
• Fase de transição – Evitar que o paciente ingira grande quantidade de
alimentos de forma abrupta, antes das suas funções fisiológicas
estejam restauradas. Introdução do f100 ou ATPU.. Prepara o paciente
para a reabilitação, dura 1 a 5 dias, mas pode ser mais longa
especialmente quando há patologia associada.
• Fase de reabilitação – Paciente com bom apetite e sem complicações
médicas.
MEDICAMENTOS DE ROTINA
• 1ª Linha Amoxicilina oral (50-100mg/Kg 2x/dia)/Ampicilina,
Amoxicilina+Ác. Clavulánico,
Ou Cefotaxima (IM) durante dois dias (50 mg/Kg 1x/dia)
2ª Linha – Associar gentamicina sem parar a amoxicilina ou mudar para
Ampicilina IV) durante a fase aguda.
Suspeita de infecção por estafilococos, adicionar a cloxacilina (100-
200mg/dia 3x).
Antifungicos (Nyitatina 100.000 UI Vo 4x/dia, Fluconazol 3
mg/Kg/1x/dia.
MEDICAMENTOS DE ROTINA
• Antipalúdico se PP+ ( segundo o protocolo da malária).
• Vacinação contra o sarampo
• Vitamina A – Somente em crianças com sinais de carência, porque
existe suficiente Vit.A no f75.
• Ácido fólico
• Anti helmíntico (na fase de reabilitação).
TRATAMENTO DAS
COMPLICAÇÕES
• Desidratação no marasmo
O falso diagnóstico de desidratação no marasmo é a causa de óbito mais
frequente no tratamento da DAS.
Não utilizar o protocolo padrão para o tratamento da desidratação de
crianças bem nutridas para crianças com DAS.
Não utilizar a persistência da prega cutânea para diagnosticar
desidratação no DAS.
Para o diagnóstico devem estar presentes os seguintes sinais:
Antecedentes de perdas de líquidos recentes, antecedentes de mudanças
físicas e do olhar, falta de veias superficiais visíveis.
Tratamento da desidratação
• Atenção: pulso fraco, extremidades frias, preenchimento capilar lento
(mais de 3s), alteração da consciência. preciso: Pesar a criança, marcar o
bordo hepático, registar a
• Antes de iniciar a hidratação, é frequência respiratória.
- Iniciar com RéSoMal 5ml/Kg/h nas primeiras 2 horas por via oral ou via
SNG (2% do peso corporal). 30 ml de RéSoMal podem ser administrados
por cada evacuação. Reavaliar o paciente após duas horas.
- Se continua a perda de peso:
Aumentar o RéSoMal à razão de 10ml/Kg/hora.
Reavaliar uma hora depois.
TRATAMENTO DA DESIDRATAÇÃO
• Se o seu estado não melhora:
- Então o diagnóstico de desidratação é provavelmente incorrecto.
- Administrar quer F75, quer f75 e RéSoMal alternadamente.
- Se desaparecem os sinais de desidratação.
- Parar o tratamento de hidratação e começar com f75.
- Não interromper o aleitamento materno.
- Doente inconsciente:
Lactato de Ringer com dext 5%.
TRATAMENTO DA
DESIDRATAÇÃO
• Soro fisiológico ½ concentração, isto e diluída com ½ concentração de
5% de dextrose.
• Administrar 15ml/Kg durante a primeira hora e reavaliar o estado da
criança.
• Diarreia de renutrição após admissão – Atrofia das vilosidades
intestinais leva a diminuição da absorção comprometendo a digestão,
o inicio do tratamento com f75 ocorre frequentemente um aumento
das dejecções.
• Não administrar ReSoMal para a diarreia de renutrição.
TRATAMENTO DAS
COMPLICAÇÕES
• CHOQUE
Diagnóstico: tempo de preenchimento capilar >3 seg.,extermidades
frias, pulso filiforme, palidez, alteração da consciência.
Tratamento: mobilizar menos possível o paciente, AB 3ª linha
(cefotaxima100mg/kg no 1º dia seguido por 50mg/Kg a partir do 2º dia,
ciprofloxacina VO 30mg/dia 3x + antifúngicos. Evitar hipotermia,
prevenir hipoglicémia com água açucarada pela SNG.
Administrar Oxigénio.
TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES
Choque séptico

Consciente Alteração de consciência/coma


Não administrar perfusão em
bolos
F75 por via oral ou Adm. 10ml/kg na 1ª hora de:
SNG 1(2 sol. Salina+dext.5% ou
Ringer lactato+ dext.5%
S. fis. 0,9% ou ringer lactato
Sem melhoria após 30 min

Se melhora f75
TRATAMENTO DAS
COMPLICAÇÕES
(insuficiência cardíaca)
• Diagnóstico: Deterioração física com ganho de peso, aumento da FR
- >50cpm (5-11 meses)
- >40cpm (1 a 5 anos)
- Hepatomegália
- Crepitantes
- Galope
- Morte súbita
Tratamento: suspender ingestão de líquidos (se necessário esperar 24 a
48h); Furosemida 1mg/kg
TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES
(hipotermia)
• Garantir a temperatura ambiente entre 28 a 32 graus.
• Utilizar camas de adultos para que as crianças durmam perto das
mães.
• Técnica de canguru
• Oferecer a mãe bebidas quentes.
TRATAMENTO DAS
COMPLICAÇÕES
(febre)
• Pacientes com DAS não respondem aos antipiréticos.
• Não administrar antipirético.
• Continuar tratamento sistemático
• Descobrir a criança
• Dar água
• Vigiar a temp. A cada 30min
• Fazer arrefecimento com pano húmido
• Vigiar a hipotermia.
TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES
(anemia severa)
• Diagnóstico
- Palidez
- Medir Hb
- Tratamento
Se Hb >4gr/dl se o paciente iniciou f75 há mais de 48h e menos de 14
dias adm. Uma dose de ácido fólico. Se Hb <4 gr/dl nas 1ªs 24h após
admissão, dar 10ml/Kg de concentrado de hemácias em 3 horas.
Não adm. O leite terapêutico até 3h após a hemotransfusão.
Não administrar fe na fase aguda.
TRATAMENTO DAS
COMPLICAÇÕES
(hipoglicémia)
• Diagnóstico: Assintomáticos, palidez, hipoactividade, retração da
pálpebra superior, dorme com olhos abertos, coma.
• Tratamento: pacientes conscientes água açucarada (5-10ml/kg) ou
f75. Pacientes inconscientes ou obnubilados dar água açucarada pela
SNG ou Dext. 10% 5ml/kg IV.
DAS em menores de 6m ou < de 3Kg
• Critérios de admissão: bebé muito fraco para mamar de maneira
eficaz, bebé não ganha peso, presença de edema bilateral, P/A< -3 z-
Score.
• Tratamento:
• Produtos utilizados:
F100 diluído
Leite materno
Leite de 1ª idade
F75 para bebés com edemas nutricionais.
BIBLIOGRAFIA
• Júnior D.,Burns D.,Lopez F.,Alimentação do lactente ao
Adolescente,Tratado de pediatria vol. I, 3ª edição. Manole 2014 cap.2,
pág 1990-2011.
• Marcondes E.,Vaz F.,Ramos J.,Okay Y.Alimentação da criança. Pediatria
básica, 9ª edição. Sarvier 2005 pág 61 – 101.
• Gestão Integrada da Desnutrição Aguda. MINSA 2019.

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