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MINISTÉRIO DA SAÚDE

DIRECÇÃO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA


DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

CURSO DE MANEJO DA DESNUTRIÇÃO


AGUDA GRAVE EM CRIANÇAS

2017
COMPLICAÇÕES DA
DESNUTRIÇÃO AGUDA GRAVE

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COMPLICAÇÕES DA DESNUTRIÇÃO AGUDA GRAVE

1. HIPOGLICÉMIA
2. HIPOTERMIA
3. DESIDRATAÇÃO
4. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
5. CHOQUE SÉPTICO
6. ANEMIA
7. FEBRE /INFEÇÕES

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1. HIPOGLICÉMIA
É causa de morte na primeira fase de tratamento e
surge por :
• Dieta insuficiente
• Infecções que bloqueiam a Gliconeogénese

Sintomas
 Letargia,fraqueza, sonolência
 Pálpebras semi-abertas
 Irritabilidade, hipotonia, prostração,
 Perda de consciência
 Tremores, convulsões, coma
 Hipotermia, taquicardia
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1. HIPOGLICÉMIA
Diagnóstico
Clínico
Glicemia < 54g/dl ou 3mmol/l
Prevenção
• Tratamento adequado da desnutrição,
• Alimentação regular
Atenção:
• Muitas vezes não há manifestações clínicas
• O tratamento não tem efeitos adversos
• As crianças com shock séptico devem ser sempre
5 tratadas como se tivessem hipoglicémia
TRATAMENTO DA HIPOGLICÉMIA
Doente inconsciente Doente Consciente

Dose de ataque -5ml/kg de


glicose a 10 % ev
Dar 50 ml de água açucarada (5g ou
Dose manutenção de 0.6 - 1colher chá de açucar/100ml de água)
0.8ml/kg de glicose 10% por ou
minuto durante 1 hora F75 pela boca de acordo com medidas da
tabela

REAVALIAR em
1 hora Se não
Repetir a dose de ataque se
melhora
mantém hipoglicémia ou
Se melhora
Glicose 10 % 50ml por SNG ou
Iniciar F75 ou leite
materno água açucarada
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Antibioterapia de largo espectro a todas as criancas
2. HIPOTERMIA
• A termolabilidade situa-se na faixa dos 28 ° c a 32 °
c
• É causa de hipotermia, a diminuição da temperatura
ambiente ou a falta de agasalho

Diagnóstico

• T axilar < 35 ° c

• T Retal < 35,5°C


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2. HIPOTERMIA
Tratamento
1. Aquecer o ambiente 25 -30 ° C (usar aquecedor)
2. Aquecer o doente usando o método canguru
3. Envolver a criança (e a mãe) num cobertor
4. Pôr um gorro na cabeça da criança
5. Tratar hipoglicemia
6. Antibioterapia de largo espectro
7. Dar bebidas quentes a mãe
8. Controlar a temperatura do corpo durante o aquecimento
9. Não lavar as crianças gravemente doentes
10. Se necessário, lavar com água morna e secar rapidamente
11. Mudar as fraldas com frequência e evitar lençóis molhados

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3. DESIDRATAÇÃO
No doente Desnutrido

• Há diminuição da taxa de filtração Glomerular (TFG) e


consequente diminuição da excreção de Na +, ácidos e fosfatos .
• Retenção de sódio, sobrecarga da volémia e um compromisso da
função cardiovascular.
• A insuficiência cardíaca pode ser erradamente diagnosticada
como uma pneumonia.
 As crianças Desnutridas são VULNERÁVEIS ao excesso de
sódio!

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3.DESIDRATAÇÃO– Diagnóstico
Sinais de desidratação
• Os olhos encovados (Os olhos da criança marásmatica estão geralmente
encovados)
• A boca e língua (devido a atrofia das glândulas salivares)
• Prega cutânea Os Sinais clássicos da desidratação não servem
para avaliar adesidratação no doente marasmático :

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3. DESIDRATAÇÃO – Diagnóstico

• No avaliar história recente de perda de líquidos

• Avaliar história de mudança da aparência recente da criança


que inclui olhos e pele (observe os olhos e veja se as pálpebras
estão retraídas, um sinal de hiperactividade simpática)

• Verificar se o doente está inconsciente ou não

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3. DESIDRATAÇÃO – Diagnóstico
• Os doentes edematosos estão hiperhidratados e não
desidratados (embora estejam muitas vezes hipovolémicos por
choque séptico)

• Atenção aos sinais de choque:


• Pulso radial, braquial, femoral ou carotídeo fraco
• Mãos e pés frios,preenchimento capilar maior qure dois
segundos
• Perda progressiva de consciência

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3. DESIDRATAÇÃO – Diagnóstico

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3. DESIDRATAÇÃO -Tratamento
Considerações
 O tratamento de desidratação na criança com desnutrição grave
é diferente.
 Sempre que possível o paciente severamente desnutrido deve
ser rehidratado oralmente
 O ReSoMal não deve estar a completa disposição - apenas
devem ser tomados quando prescrito.
 A abordagem deve basear-se sobretudo no controle rigoroso das
variações de peso.
O usar soros EV se :
 Choque severo
• Com perda de consciência e
• Desitratação confirmada
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3. DESIDRATAÇÃO -Tratamento
Antes de iniciar o tratamento

• Marcar na pele o bordo do fígado antes de iniciar com


qualquer tratamento de rehidratação com um marcador
indelével
• O peso,
• Frequência respiratória
• Frequência cardíaca
• Frequência de pulso

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3. DESIDRATAÇÃO -Tratamento

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3. DESIDRATAÇÃO - Monitorização
 Se houver ganho de peso e deterioração do estado
geral da criança com a terapia de rehidratação:
Diagnóstico de desidratação errado.
Interromper a terapia de rehidratação e iniciar na
criança a dieta de F75.

 Se não houver melhoria do estado geral da criança,


nem reversão dos sinais clínicos:
O diagnóstico de desidratação provavelmente errado e
inicie o F75 ou alterne F75 e ReSoMal.

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3. DESIDRATAÇÃO - Monitorização
 Se continuar a haver perda de peso, deve-se:
Aumentar a ritmo de administração do ReSoMal em
10ml/kg/hora
Avalie dentro de uma hora
 Se não houver aumento de peso:
Aumentar a ritmo de administração do ReSoMal em
5ml/kg/hora
Avalie dentro de hora a hora
 Se houver melhoria clínica mas persistirem sinais de
desidratação
Continue com o tratamento até se atingir o peso
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3. DESIDRATAÇÃO - No Kwashiorkor
• Presença de edema ►retenção de sal e àgua ► Hiperhidratação

• A criança poderá estar hipovolémica

• Se a criança com Kwashiorkor tiver diarreia líquida poderá


tomar 30 ml ReSoMal por cada dejecção líquida

• Contudo se não registar melhorias a administração do ReSoMal


deve ser interrompida.

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3. DESIDRATAÇÃO - No Kwashiorkor
Interromper hidratação se:

• Atingiu o peso alvo


• Ingurgitamento das veias Jugulares (passar para F75)
• Aparece edema (hiperhidração – passar para F75)
• Aumento do tamanho do fígado em mais de 1 cm
• Fígado doloroso a palpação
• Aumento de 5 ou mais ciclos respiratórios por minuto
• Respiração ruidosa ou gemido
• Fervores nos pulmões
• Desenvolve-se um triplo ritmo
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Desidratação - Dificuldade respiratória

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4. INSUFICIÊNCIA CARDIACA
Suspeitar Se:
 Agravamento do estado geral com aumento do peso
 Aumento do tamanho do fígado.
 Fígado doloroso à palpação
 Aumento da freq.respiratória
>50/min para os de 5 a 11meses
>40/min para 1-5 anos,
ou um aumento súbito da Freq. respiratória em >5 ciclos/min).
 ”Expiração ruidosa/gemido” – sinal de “pulmões rígidos” ou
pouco distensíveis

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4. INSUFICIÊNCIA CARDIACA
Suspeitar se :
 Fervores nos pulmões
 Proeminência das veias do pescoço ou outras veias superficiais
 Rítimo de Galope
 Aumento ou reaparecimento de edema durante o tratamento
 Diminuição do nível da Hb (necessita laboratório)
 Diminuição da Hb é em geral um sinal de sobrecarga hídrica e
NÃO de perda de hemácias

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4. INSUFICIÊNCIA CARDIACA
Tratamento
 Posição semi-sentada e oxigénio
 Não dar líquidos ou alimentos até melhorar a insuficiência
cardíaca.
 Dar água açucarada se suspeita de hipoglicémia
 Dar furosemida (1mg/kg)
 Dar Digoxina dose única a 5 mcg/kg .
 Mesmo se estiver muito anémico não transfundir

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4. INSUFICIÊNCIA CARDIACA
Monitorizar
• Peso
• Frequência respiratória e auscultação
• Tamanho do fígado

• Pulso
• Ingurgitamento jugular,
• Tons cardíacos

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5. CHOQUE SÉPTICO
Causas:

• Desidratação
• Sépsis
• Insuficiência cardíaca

Manifestações clínicas:

• Pulso radial, braquial, femoral ou carotídeo fraco


• Extremidades frias
• Alteração da consciência
• Associado a hipotermia, hipoglicémia e febre
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5. CHOQUE SÉPTICO

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5. CHOQUE SÉPTICO

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5. CHOQUE SÉPTICO - Tratamento
• Antibioterapia de largo espectro
• Manter os doentes aquecidos
• Glicose oral e F75 pela SNG
• Hidratação com soros ev
• Transfusão de sangue total ou concentrado de glóbulos (10ml/kg)

Fluidoterapia:
• 15ml/kg em 1h
• Soluto de Darrow com dextrose 5% ou
• Lactato ringer com dextrose 5% ou
• Soro fisiológico a 0,45% com dextrose a 5%
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5. CHOQUE SÉPTICO
Monitorizar de 10 em 10 minutos o,
• Aumento da frequência respiratória
• Aparecimento de respiração ruidosa
• Aumento do tamanho do fígado
• Ingurgitamento venoso
• Se Persistência de extremidades frias, hipotensão arterial,
transferir para unidade de cuidados intensivos e iniciar suporte
inotrópico

Logo que o doente esteja melhor deve-se parar todo o tratamento ev


e continuar com a dieta F75
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6. ANEMIA
• Considerar anemia grave se concentração de Hemoglobina for
menor que 5.0g/l ou hematócrito menor que 12%

• Transfundir 10ml/kg de concentrado glóbulos ou sangue total


em 3h

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6. ANEMIA – Diagnostico e Tratamento

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7. Febre / Infecções
• A criança com desnutrição grave, diferente da criança
eutrófica, apresenta com frequência infecções sem
sinais clínicos evidentes, tais como febre.

• A infecção é sub-clínica (infecção oculta), e recomenda


se antibioterapia de Largo espectro desde o início do
tratamento.

• Sempre que possível, colher as culturas, antes de


iniciar a antibioticoterapia.

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7. Febre / Infecções
Tratamento da Febre
• Despir a criança
• Dar mais liquidos a beber
• Não dar Paracetamol no doente com kwashiorkor
• Arrefecimento corporal

Indicativos de infecção grave:


• Hipoglicemia,
• Hipotermia,
• letargia ou inconsciência,
• Dificuldade de mamar ou beber liquidos.
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7. Febre / Infecções
Antibióticos

• Ampicilina 100 a 200mg/Kg /dia de 6/6h IM ou IV

• Gentamicina 7,5mg/Kg/dia de 12/12h, IM ou IV

seguido de

Amoxicilina, 80mg/Kg /dia , via oral de 8 em 8 horas


durante 5 dias.
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Exercícios
Tratamento de doentes desnutrido e inconscientes com
hipoglicémia

Passo1.
 Administrar Dose de ataque - 5ml/kg de glicose a 10 % EV
em um a criança de 10 kg. Cálculo para a velocidade de
infusão de 4-6 mg de glicose/Kg de peso/minuto

Passo 2
 
Administrar Dose manutenção de 0.6 - 0.8ml/kg de glicose
10% por minuto durante 1 hora . Peso = 10 Kg
 
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Rehidratação venosa
Calcule a velocidade de infusão do Soro IV e de administração
do RESOMAL por via NG

Considerando:
 Peso da criança: 8 Kg
 Volume/Kg: 15 ml
 Tempo de infusão: 1 h
 1 ml = 20 gts

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OBRIGADA PELA
ATENÇÃO

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