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TRATAMENTO HOSPITALAR
Complicações
Módulo 5
2ª. Parte
Versão 2012 _ baseada no protocolo versão 6.6.2
© Michael Golden & Yvonne Grellety
Os autores preservam o seu direito moral sobre esta matéria. Não pode ser alterada no seu
conteúdo, dividida ou utilizada para a formação de estudantes que pagam propinas de
instrução. Não pode ser mudada ou alterada sem fazer referência prévia aos autores. Talvez
possa ser utilizada gratuitamente na formação das equipas do UNICEF e do Ministério da
Saúde, nos países em vias de desenvolvimento.
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
– Diagnosticar as complicações
– Tratar as complicações
– Vigiar as complicações
2
COMPLICAÇOES DA DESNUTRIÇÃO
• Desidratação • Anemia
• Choque séptico • Hipotermia
• Falha Cardíaca • Hipoglicemia
• Desidratação por • Síndroma de
Hipernatremia Renutrição
• Febre • Diarreia de
• Diarreia Persistente Renutrição
• Proliferação • Dermatoses (sarna –
bacteriana do tinha, etc.)
intestino delgado –
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FICHA DE VIGILÂNCIA INTENSIVA
Nome do paciente Nº de Registo Nº Folha Diagnóstico
Idade: Nº-MAG Edema: 0 + ++ +++ Verificar sinais vitais que não tenham sido verificados na coluna "verificado" e
CRENI / sala de urgências/serviço de pediatria/ outros insira a hora na linha da "hora" (verificar somente os necessários)
Data: Enfermeira Responsável Médico Responsável - Se necessário anexar o quadro dos sinais clínicos
Observar o paciente a cada.....min/hora Início da vigilância....................Manhã/Tarde
HORA Verificado Primeira Avaliação
Exame
Nível de consciência
Peso - Kg.g
Recoloração capilar (unha) - segundos
Extremidades frias
Frequência Respiratória - por minuto
Pulsação - por minuto
Rebordo do Fígado (cm)
Fezes (líquidas/semissólidas/sólidas) - nº
Vómitos - nº Ficha de vigilância
Urina
Temperatura (Axilar / retal)
intensiva
Pálpebras retraídas / dormir de olhos abertos
Outra
Outra
Tratamento ministrado
RéSoMal.......... ..... ml
Perfusão - IV................... . ml
Sang/plaquetas...... ml
F75/água açucarada............... ml
Glicose a 10% IV ..................... ml
Oxigénio
Envelope humido
Método kanguru - aquecimento
Medicamentos
Medicamentos
Medicamentos 4
UTILIZAR UMA BALANÇA DE PRECISÃO
DE CERCA DE 5 A 10 g E DESPIR A
CRIANÇA
5
DESIDRATAÇÃO
• As crianças desnutridas são muitos sensíveis a um
excesso de sódio !
• O sinais de desidratação numa criança normal,
podem estar presentes numa criança gravemente
desnutrida NÃO desidratada – somente os
antecedentes de uma perda hídrica recente ou de
uma alteração na aparência física (nomeadamente
no olhar) podem ajudar a diagnosticar uma
desidratação. Tratar a desidratação numa criança
não desidratada é muito perigoso.
• Um falso diagnóstico de desidratação é uma das mais
frequentes causas de morte no tratamento da
desnutrição grave.
6
DESIDRATAÇÃO
• O tratamento da desidratação nas crianças
gravemente desnutridas é diferente do de uma
criança normal.
• Todos os tratamentos intravenosos são
particularmente perigosos e devem ser reservas
para certos casos graves e muito específicos.
• O RéSoMal não deve ser livremente acessível
aos doentes, mas deve ser ministrado
unicamente sob prescrição médica.
• A vigilância deve basear-se principalmente na
alteração de peso.
7
DESIDRATAÇÃO
• O gráfico que se segue demonstra a
incapacidade das crianças gravemente
emagrecidas de eliminarem o seu excesso de
sódio.
12
(% of sodium filtered)
10
Sodium excretion
0
Norm al ECF Expanded ECF
9
DESIDRATAÇÃO - DIAGNÓSTICO
• Recente alteração no olhar, notada pela mãe ou
acompanhante.
11
VIGILÂNCIA DA REIDRATAÇÃO
• Os ruídos cardíacos.
13
TRATAMENTO DA DESIDRATAÇÃO
Reidratar unicamente até à correção do
défice ponderal (medido ou estimado),
depois PARAR! – Não dar nenhuma
solução para “prevenir qualquer
recaída”
Consciente Inconsciente
IV perfusão
ReSoMal ½ Solução salina + 5% glucose
ou ½ Ringer lactato + 5% dextrose
5 ml / kg / 30min nas a 15ml/kg nas 1ªs Horas e Reavaliar
primeiras 2 horas
- Se melhorar, 15ml/kg nas primeiras 2 Horas
- Se consciente, SNG: RéSoMal
- Se NÃO melhorar
=>Choque séptico/tóxico/cardiogénico – Falha
cardíaca/hepática – paludismo cerebral – 14
intoxicação medicamentosa - acidose
• Se há perda continua de peso
– Dar RéSoMal à razão de 20 ml/kg/hora;
– Reajustar o procedimento após uma hora.
• Se o peso é estável
– Dar RéSoMal à razão de 15ml/kg/hora;
– Reajustar o procedimento hora a hora.
15
• Se aumenta de peso e o seu estado se deteriora sob o
tratamento de reidratação
– O diagnóstico de desidratação é falso.
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DIAGNÓSTICO DA DHA
HIPERNATRÉMICA
• A pele apresenta uma consistência de pasta de pão.
• Os seus olhos podem estar afundados.
• O seu abdómen pode estar plano ou retraído e a pele
sobre o abdómen enrugada como uma ameixa seca –
o doente tem ar de muito doente.
• Ele perde cada vez mais a consciência para entrar
num estado comatoso e falecer.
• As convulsões não respondem aos anticonvulsivos e,
muitas vezes são diagnosticados como suspeita de
meningite / encefalite.
• Exame laboratorial: sódio sérico > 150mmol/l.
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TRATAMENTO DA DHA
HIPERNATREMIA
Insidioso :
• A pele altera-se com o retorno ao estado natural ; o
doente mostra-se alerta e consciente.
• O aleitamento é o que há de melhor.
• Administrar 10 ml/kg/h de água açucarada em
pequenos golos e durante várias horas até que o
doente não tenha mais sede. Nesta fase o tratamento
é relativamente seguro.
• NÃO dar muita água demasiado depressa – são
necessárias muitas horas para tratar uma
desidratação hipernatremica ligeira.
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TRATAMENTO DA DHA POR
HIPERNATREMIA(1)
Se inconsciente/perda de consciência/convulsões :
• O tratamento deve ser lento – se possível vigiar o sódio
sérico: o objectivo é reduzir em 12mmol/24h afim de corrigir
uma hipernatremia mais rapidamente do que o risco de
morte por edema cerebral.
• Sem laboratório, o objectivo é corrigir os défices de água no
mínimo em 48 horas (NÃO seguir as recomendações do
tratamento IV tal como é explicado nos livros de medicina,
utilizando um soro salino para os doentes DAS).
• Prioritariamente, colocar o doente a uma humidade relativa
Termoneutra (28º - 32˚C de Tª ambiente): pulverizar água no
ar, nos locais desérticos; esta é a etapa mais importante que
não deve ser omitida.
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TRATAMENTO DA DHA
•
HIPERNATREMIA(2)
Pesar o doente com uma balança bem calibrada
(10 – 20 g de precisão) e anotar o seu peso.
• O objectivo é ter um equilíbrio hídrico de cerca
de 60 ml/kg/d
• Este é o aumento de peso de 60g/kg/d
(5g/kg/2h)
• Dar 2,5ml/kg/h de 10% de água açucarada ou de
leite materno ou de água simples.
• Colocar uma SNG
• NÃO dar F75 neste estádio.
• Nunca dar F100 ou leite da 1ª Idade.
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TRATAMENTO DA DHA
HIPERNATREMIA (3)
• Pesar o doente de 2 em 2 horas.
Se o peso está estável ou se se verifica uma
diminuição de peso:
– Arrefecer e pulverizar com água.
– Aumentar a ingestão de água açucarada para
compensar as perdas de peso (calcular em
g/h e aumentar a ingestão e acordo com
estes volumes).
Se o peso aumenta, continuar o tratamento
até que o doente retome consciência e volte a
estar alerta.
DIARREIA PERSISTENTE OU CRÓNICA
Diagnóstico :
- Aumento do número de fezes e alteração da
consistência (fezes moles) por altura da mudança de
regime ou do aumento de ingestão alimentar.
-Ausência de perda de peso: o doente não está
desidratado.
Tratamento sem perda de peso
- NÃO ADMINISTRAR RéSoMal,
- A amoxicilina (ou metronidazol – dose máxima de
10mg/kg) suprime a proliferação bacteriana do
intestino delgado.
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DIARREIA DE RENUTRIÇÃO APÓS
ADMISSÃO (1)
• O F75 vai reparar o intestino – a diarreia deve
desaparecer após alguns dias.
• NÃO UTILIZAR receitas locais inapropriadas de
F75 (receitas hiperosmolares com excesso de açúcar que
causam diarreias osmóticas).
Tratamento COM perda de peso
1- Dividir as refeições em 8 a 10 – a diarreia muitas
vezes é osmótica devido à não absorção de
hidratos de carbono.
2 – Juntar enzimas pancreáticas diretamente na
refeição imediatamente antes de ser tomada.
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DIARREIA DE RENUTRIÇÃO
APÓS ADMISSÃO (2)
1. Substituir o leite por iogurte no F75, ou pelo leite de
cabra, ou por um regime sem leite.
2. Vigiar as fezes e pesquizar qualquer presença de
muco e de sangue nas fezes devido a uma
disenteria amibiana e/ou shigelose (disenteria
bacilar).
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DIAGNOSTICO DE CHOQUE
O choque ocorre quando o debito cardiaco é
insuficiente com consequente diminuição da perfusão
dos orgãos. Isto ocorre:
31
DIAGNOSTICO DE CHOQUE
O choque deve ser diagnosticado quando há:
Ma recoloração capilar (aumento do preenchimento
capilar: ≥2secs = moderado, ≥ 3secs severa)
Alteração de consciencia /
Consciente
coma
- Não administrar perfusão em bolos
- Administrar uma solução
1/2 salina & 5% glucose
F 75 ou Ringer Lactate & 5% glucose
ou soro fisiológico 0,9% ou Ringer
Por via oral ou Lactate à 10ml/kg na primeira hora,
por SNG - Reavaliar cada 10 minutes,
- Sem melhoria após 30 minutes
REDUZIR à 4ml/kg/h
- Se melhora, F-75 ;
- Se consciente, F75 por SNG. 38
FALHA CARDÍACA – DÉBITO CARDÍACO
O CORAÇÃO ESTÁ FRACO E PODE FACILMENTE ENTRAR
EM FALENCIA
9
Cardiac output
8
7
Cardiac output (L/min/m3)
2
50 60 70 80 90 100
We ight-for-he ight (%)
39
DIAGNÓSTICO DE FALHA CARDÍACA
Diagnóstico
• Qualquer deterioração física com aumento de peso
• Qualquer aumento do volume do fígado.
• Qualquer aumento de sensibilidade do fígado.
• Qualquer aumento do ritmo respiratório
(>50/min para 5 – 11 meses e >40/min para 1- 5 anos, ou uma
hiperapneia aguda com mais de 5 respirações/min).
• Gemido expiratório: sinal de rigidez dos pulmões.
• Crepitações pulmonares.
• Veias superficiais do pescoço proeminentes.
• Ruídos cardíacos com desenvolvimento de um triplo ritmo.
• Aumento ou reaparição de edemas no decurso do tratamento.
Diminuição da concentração de HB (isto exige um exame
laboratorial) – a diminuição de Hb é em geral um sinal de sobrecarga
líquida e não a diminuição dos glóbulos vermelhos. 40
AFLIÇÃO RESPIRATÓRIA
Pesar diariamente
41
TRATAMENTO DA FALHA CARDÍACA
• Parar toda a ingestão de líquidos ou sólidos (oral ou IV).
C)
o
37.0
são devidas 1) à uma Tª
ambiente baixa, 2) crianças
36.5
insuficientemente cobertas, 3)
perature(
crianças DAS após o banho.
36.0
• O gráfico mostra as
oreTem
consequências de uma Tª
ambiente de 25°C para uma C 35.5
Time (min) 47
DIAGNÓSTICO DE HIPOTERMIA
37.5
Temperature (oC)
37.0
36.5
-30 0 30 60 90
Time Minuets
51
LESÕES CUTÂNEAS
• Dermatose no Kwarshiorkor
=> Terapia com antibióticos de 1ª e 2ª Linha e fluconazol.
=> Sulfadiazina de prata e compressas gordurosas/pomada à
base de zinco sobre as feridas – se possível expor ao ar.
=> Massagem suave da pele nos locais não afectados pela
dermatose.
• Escoriação Perineal
Prevenção
1) Manter a criança o mais possível nua (nada de fralda e
cueca plástica) 2) Fazer massagens regulares.
Tratamento
Se é grave, tratar como uma dermatose de Kwarshiorkor
Se não é grave, antibióticos de 2ª Linha – nistatina –
creme/pomada miconazol 5% nitrato => lesões secas.
LESÕES CUTÂNEAS (1)
• Sarna/Piolhos
Tratamento da sarna
=> Pomada à base de Périmetrina (5%) / loção (1%)
sobre todo o corpo durante 12h e lavar com sabão.
Não aplicar nas mucosas e na cara.
Tratamento dos piolhos
Loção (1%) a base de périmétrina nos cabelos.
Mudar e ferver as roupas e lençóis de cama.
• Infecção Fúngica e Pele : intertrigo – tinha -
micose
Tratamento : creme nitrato miconazol / pomada (2%)
2 vezes por dia durante 10 dias. 53
LESÕES CUTÂNEAS (2)
• Impetigo
Prevenção =>Cortar as unhas – lavar frequentemente
com sabão e secar – não partilhar toalhas, etc.
Tratamento => Lavar com água saponácea quente.
=> Iniciar o tratamento com cloxacilina oral
Se as lesões não responderem em 48 horas, mudar para um
tratamento com eritromicina, clindamicina ou cefotaxima.
• Estomatite Gangrenosa
Limpar as lesões – Dar uma terapia com antibióticos de 2ª
Linha. Se possível, clindamicina+metronidazol 10mg/kg/d;
• Não submeter a operação cirúrgica antes da cura total da
desnutrição.
54
SÍNDROMA DE RENUTRIÇÃO
• Verifica-se quando o doente DAS tem um aumento
considerável da quantidade de alimentos ingeridos.
Subitamente ele desenvolve uma fraqueza, letargia,
delírio, sintomas neurológicos, acidose, necrose muscular,
falha hepática e pancreática, cardíaca e repentinamente
morre.
• Isto deve-se a um desequilíbrio nutricional com redução
do fósforo plasmático, potássio e magnésio.
Prevenção : Iniciar o tratamento com 100kcal/kg/d na
fase aguda e aumentar para 130kcal/kg/d na fase de
transição.
Não administrar mais do que a quantidade que figura
na tabela por classe de peso (100kcal/kg/d) na fase
aguda.
TRATAMENTO DO SÍNDROMA DE RENUTRIÇÃO