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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL DOS HOSPITAIS

ESPECIALIDADE: PEDIATRIA PROTOCOLO Nº


05.URG.HPDB

TÍTULO: DESIDRATAÇÃO Nº de páginas: 11

CID 10 - E87

1. INTRODUÇÃO

A desidratação é um quadro clínico causado por perda excessiva de água e electrólitos, que envolve
comprometimento variável do nível circulatório, embora possa afectar outros órgãos e sistemas. É
causada pela diminuição da ingestão de água, aumento das perdas ou ambos. 1

É uma das principais causas de internamento no Hospital Pediátrico David Bernardino em especial no
serviço de urgência2 e pode estar associado a situações de risco de vida o que torna fundamental o seu
reconhecimento e manejo adequado.

2. DEFINIÇÃO

A desidratação é um quadro clínico causado pela perda excessiva de água e electrólitos 3, que envolve
um compromisso variável inicialmente no nível circulatório, embora possa aparecer envolvimento renal,
neurológico (SNC), pulmonar, entre outros. É causada pela diminuição da ingestão de água, aumento
perdas ou ambos. A desidratação é, portanto, uma perda de volume circulante, uma hipovolémia, que às
vezes pode ser grave e causar choque hipovolêmico 4

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3. EPIDEMIOLOGIA / ETIOLOGIA

A desidratação é uma das principais causas de morbimortalidade em bebés e crianças pequenas em todo
o mundo5. A cada ano, aproximadamente 760.000 crianças têm doenças diarreicas em todo o mundo. A
maioria dos casos de desidratação em crianças é consequência de gastroenterite aguda. 5

É uma das principais causas de internamento no Hospital Pediátrico David Bernardino em especial no
serviço de urgência e no ano de 2020 ainda constituiu umas das 10 principais causas de morte. 2

A etiologia mais frequente está resumida na Tabela 1, mas, sem dúvida, a principal causa de
desidratação na infância está relacionada à gastroenterite aguda 4,6.

Jejum prolongado
Diminuição do aporte Diminuição do consumo de água
Aleitamento materno não bem estabelecido
Diarreia
Perdas excessivas Vómito
Gastrointestinal
Ingestão de laxante
Síndromes de má absorção
Poliúria
Renal Diuréticos
Nefropatia (especialmente tubulopatias)
Queimaduras
Febre
Cutâneo Exercício físico intenso
Calor intenso (especialmente em ambientes secos)
Fototerapia
Diabetes mellitus
Diabetes insipidus
Endócrino
Sínrome da perda de sal
Síndrome adrenogenital
Drenos cirúrgicos
Respiratório: polipneia
Perda de iões: Fibrose cística
Outros
Administração errónea de solução de reidratação mal
preparadas
Infusão de soros endovenosos erróneos ou escassos
Quadro 1. Etiologia da desidratação em crianças
Fonte: Adaptado de García Herrero MA, Olivas López de Soria C, López Lois MG. Deshidratación aguda. Protoc diagn ter
pediatr. 2020.

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4. FACTORES DE RISCO
As crianças são mais susceptíveis a desidratação devido a vários factores1: maior frequência de
processos infecciosos (gastroenterite), maior superfície corporal em relacção ao seu volume (apresentam
maior proporção de perdas de pele como em situações de queimaduras ou febre), e a incapacidade das
crianças pequenas de comunicar sua necessidade de fluidos e de acessá-los de forma independente1,4,6.

5. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os sinais e sintomas da desidratação variam de acordo com o grau do deficit ( correlações clínicas da
desidratação, quadro 2) e com o nível sérico de sódio.
Desidratação hipernatrémica - aparência mais enferma (mucosas muito secas, aparência pastosa da
pele) para um determinado grau de perda de água do que crianças com hiponatrémia. Pórem têm
melhor hemodinâmica (p. ex., menos taquicardia e melhor débito urinário) do que crianças com
hiponatrémia (deslocação do líquido para fora do espaço vascular)

Desidratação hiponatrémica - aparência levemente desidratadas, porém realmente mais próximas


da hipotensão e do colapso cardiovascular do que as crianças desidratadas com iso e hipernatrémia .

Quadro 2. Correlações clínicas da desidratação


Fonte: Manual Merck, 2020

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6. DIAGNÓSTICO

I. CLÍNICO

História clínica

Caracterizar o tipo de perdas (Tempo de início, número de evacuações por dia, consistência das fezes,
muco ou sangue, presença de sintomas adicionais) e a sua duração; avaliar o contexto epidemiológico;
tentar esclarecer a etiologia, avaliar os membros da família com os mesmos sintomas; história de
doenças crônicas e outros dados de anamnese.

Exame físico:

O mais completo possível, pesar sempre o doente na admissão (corresponde ao peso actual - PA).

Se peso recente ou peso estimado (PE) fidedigno; quantificar a perda ponderal e estabelecer o grau de
desidratação.

Desidratação ligeira: Até cerca de 5% do peso corporal em crianças e 3% em adolescentes (sem


alterações hemodinâmicas)

Moderada: Cerca de 10% do peso corporal em crianças e 5-6% em adolescentes (taquicardia)

Grave: Mais de 10% do peso corporal em crianças e 7-9% em adolescentes (Hipotensão com perfusão
prejudicada) 7

Combinação dos sinais e sintomas. Alteração no peso corporal: toda perda ponderal a curto
prazo > 1%/dia representa um deficit de líquido (depende do conhecimento preciso do peso recente
antes da doença). Um erro de cerca de 1 kg em uma criança com 10 kg provoca um erro de 10% no
cálculo porcentual da desidratação — a diferença entre a desidratação leve e a grave. Se o peso
anterior não for conhecido ou não for fidedigno estabelecer o grau de desidratação consoante os sinais
clínicos (Tabela 2)

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Quadro 3. Avaliação do grau de hidratação
Fonte:

II. LABORATORIAL

Deve incluir hemograma (policitémia relativa por hemoconcentração), urina, ureia, creatinina,
ionograma, pH e reserva alcalina do sangue. A coprocultura e o exame parasitológico de fezes
(indicados no caso de epidemia, diarreia sanguinolenta, história de toxinfecção alimentar, viagens
recentes ou diarreia arrastada).
Indicação:
Deficiente estado geral com desidratação grave
Desidratação hipernatrémica (irritabilidade, sede intensa, taquipneia e fraqueza muscular,
contrastando com a quase ausência de sinais de desidratação)
Convulsões (inicialmente ou no decurso da reidratação)
1. Ionograma sérico (Na, K, Cl, Ca, Mg)
2. Glicose, ureia e creatinina
3. Gasometria venosa e lactato (eventualmente)
4. Teste rápido da urina (tira de teste)

7. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Desnutrição aguda severa sem edema

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8. TRATAMENTO

Escolha da Estratégia - Após a avaliação do paciente, o médico deve traçar um plano de tratamento
• Plano A: criança sem desidratação. A criança é liberada para casa após o atendimento,
com prescrição de solução de reidratação oral (SRO) e demais orientações.
• Plano B: a criança está desidratada. Permanece na unidade em observação, com SRO.
• Plano C: a criança tem desidratação grave. Iniciar reidratação endovenosa. Se necessário
encaminhar a uma unidade onde esse recurso seja disponível

PLANO A:
Explique ao paciente ou acompanhante para fazer no domicílio:
1) OFERECER OU INGERIR MAIS LÍQUIDO QUE O HABITUAL PARA PREVENIR A
DESIDRATAÇÃO:
• O paciente deve tomar líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, chá, suco e sopas) ou Solução
de Reidratação Oral (SRO) após cada dejecção diarreica.
• Não utilizar refrigerantes

2) MANTER A ALIMENTAÇÃO HABITUAL PARA PREVENIR A DESNUTRIÇÃO:

• Continuar o aleitamento materno.


• Manter a alimentação habitual para as crianças

3) SE O PACIENTE NÃO MELHORAR EM DOIS DIAS OU SE APRESENTAR QUALQUER UM


DOS SINAIS ABAIXO, LEVÁ-LO IMEDIATAMENTE AO SERVIÇO DE SAÚDE:

Sinais de perigo
• Piora na diarreia
• Recusa de alimentos
• Vômitos repetidos
• Sangue nas fezes
• Muita sede
• Diminuição da diurese

4) ORIENTAR O PACIENTE OU ACOMPANHANTE PARA:


• Reconhecer os sinais de desidratação.
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral.

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• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratam ento da água
e higienização dos alimentos).

5) ADMINISTRAR ZINCO UMA VEZ AO DIA, DURANTE 10 A 14 DIAS:


• Até seis (6) meses de idade: 10mg/dia.
• Maiores de seis (6) meses de idade: 20mg/dia

Idade Quantidade de líquidos que devem ser


administrados/ingeridos após perdas (diarreia)
Menores de 1 ano 50-100ml

De 1 a 10 anos 100-200ml

Maiores de 10 anos Quantidade que o paciente aceitar

PLANO B
1) ADMINISTRAR SOLUÇÃO DE REIDRATAÇÃO ORAL:
• A quantidade de solução ingerida dependerá da sede do paciente.
• A SRO deverá ser administrada continuamente, até que desapareçam os sinais de desidratação.
• Apenas como orientação inicial, o paciente deverá receber de 50 a 100ml/kg para ser administrado
no período de 4-6 horas.

2) DURANTE A REIDRATAÇÃO REAVALIAR O PACIENTE SEGUINDO AS ETAPAS DO


QUADRO “AVALIAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO DO PACIENTE”
• Se desaparecerem os sinais de desidratação, utilize o PLANO A.
• Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogástrica (gastróclise).
• Se o paciente evoluir para desidratação grave, seguir o PLANO C.

3) DURANTE A PERMANÊNCIA DO PACIENTE OU ACOMPANHANTE NO SERVIÇO DE


SAÚDE ORIENTAR A:
• Reconhecer os sinais de desidratação.
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral.
• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e
higienização dos alimentos).

O plano B deve ser realizado na unidade de saúde. Os pacientes deverão permanecer na unidade
de saúde até a reidratação completa

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PLANO C
O PLANO C CONTEMPLA DUAS FASES PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS:
• Fase rápida
• Fase de manutenção e reposição

FASE RÁPIDA – MENORES DE 5 ANOS (FASE DE EXPANSÃO)


Solução Volume Tempo de administração
Iniciar com 20ml/kg de peso. Repetir
essa quantidade até que a criança
esteja hidratada, reavaliando os sinais
Soro fisiológico 0.9% clínicos após cada fase de expansão 30 minutos
administrada
Para recém-nascidos e cardiopatas
graves começar com 10 ml/kg de
peso

FASE RÁPIDA – MAIORES DE 5 ANOS (FASE DE EXPANSÃO)

Solução Volume total Tempo de administração

1º Soro fisiológico 0.9% 30ml/kg 30 min

2º Ringer lactato 70ml/kg 2horas e 30 min

FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS


Solução Volume em 24 horas
Soro glicosado a 5% Peso até 10 kg 100ml/kg
Soro fisiológico a 0.9% na Peso de 10 kg a 20kg 1000ml mais 50 ml/kg de peso que
proporção de 4:1 exceder 10 kg
(manutenção)
Peso acima de 20 kg 1500 ml mais 20 ml/kg
Soro glicosado a 5% mais Iniciarcom 50 ml/kg/dia. Reavaliar esta quantidade de acordo com as
soro fisiológico a 0.9% na perdas do paciente
proporção de 1:1 (reposição)
KCl 7.5% 4 ml para cada 100ml de solução da fase de manutenção

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Estimativa do défice de fluídos tendo como base o grau de desidratação e o peso actual (PA)

Fonte: Manual Merck - Desidratação em crianças 2020

DESIDRATAÇÃO HIPONATRÉMICA - [NA] < 130 MMOL/L


• Mantém Soro NaCl a 0,45% com Glicose a 5% + KCl a 7,5% (2/100)
• Correcção em 24 horas (manter o ritmo da fase 2);
• Monitorizar a correcção com determinações frequentes da natrémia e glicémia, cada 4h (o
aumento da [Na] deve ser de 0.5 - 1 mmol/l/hora), adaptando o teor de Na e de glicose do soro a
administrar;
• Se convulsões (hiponatrémia sintomática), corrigir rapidamente o défice de Na:
NaCl a 3%, 10 ml/Kg, EV, em 1 hora (1 ml = 0,5 mEq ou mmol Na)

DESIDRATAÇÃO ISONATRÉMICA (ISOTÔNICA) - [NA] = 130-150 MMOL/L


• Mantém Soro de NaCl a 0,45% com Glicose a 5% + KCl a 7,5% (2/100)
• Correcção em 24 horas (manter o ritmo da fase 2)

DESIDRATAÇÃO HIPERNATRÉMICA - [NA] > 150 MMOL/L


• Mantém Soro de NaCl a 0,45% com Glicose a 5% + KCl a 7,5% (2/100)
• Correcção em 48 horas: Ritmo (ml/h) = [Volume em défice (Tabe la II) + 2 x Necessidades de
manutenção (Tabela III)] / 48 horas.
• Monitorizar a correcção com a avaliação do peso e determinações de Na, K, Ca, Mg e glicose cada 4
horas (a diminuição da [Na] deve ser de 0.5 - 1 mmol/l/hora), adaptando-se o ritmo da perfusão e o teor
de Na e glicose do soro, em função dos resultados:
1. diminuição da [Na] = 0.5 - 1 mmol/l/h + aumento de peso adequado » Terapêutica apropriada;
2. diminuição da [Na] < 0.5 mmol/l/h + aumento de peso adequado » Reduzir aporte de sódio;
3. diminuição da [Na] < 0.5 mmol/l/h + aumento de peso inferior ao desejado » Aumentar ritmo
da perfusão;
4. diminuição da [Na] > 1 mmol/l/h + aumento de peso superior ao desejado » Diminuir ritmo da
perfusão;
5. diminuição da [Na] > 1 mmol/l/h + aumento de peso adequado » Aumentar aporte de sódio.
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• Se hipocalcémia sintomática (apneia, convulsões, irritabilidade, tremor das extremidades e/ou tetanía
– sinal de Chvostek e sinal de Trousseau), corrigir com:
Gluconato Ca 10%, 1 - 2 ml/Kg, EV, em 5 - 10 minutos (1 ml = 0,5 mEq ou 0,2 mmol Ca)

NOTAS – Se creatinina elevada, adiar a introdução de KCl no soro em curso. – Se hipernatrémia grave
(Na > 180 mmol/l), poderá justificar-se o uso de um soro com uma concentração de Na mais elevada
(por exemplo, com cerca de 10 mmol/l inferior á natrémia do doente).

9. COMPLICAÇÕES

• Hipotensão
• Febre
• Irritabilidade ou confusão
• LRA

10. PROGNÓSTICO
Bom, se abordagem precoce e correcta

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11. ASSINATURAS

Autor(es): Função Assinatura Data


Carlos Faustino1 Médico Especialista 19/09/202

César Freitas2 Médico Especialista 19/09/2021

Letícia Gunza Manuel3 Interna de Especialidade 19/09/2021

Imee Pinili 3 Interna de Especialidade 19/09/2021

Aprovado por Função Assinatura Data


Margarida Correia4 Médica Especialista 20/09/2021

Sílvia Silvestre5 Médica Especialista 19/09/2021

Médica Especialista
Joaquina Magalhães6 19/09/2021

Médico Especialista
Mbemba Makubica7 19/09/2021

Médico Especialista
Leite Cruzeiro8 19/09/2021

Médica Especialista
Manza Makubica9 19/09/2021

1 Chefe da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital Pediátrico David Bernardino


2 DirectorPedagógico do Hospital Pediátrico David Bernardino
3 Médica interna de Pediatria, Hospital Pediátrico David Bernardino
4 Directora Clínica do Hospital Pediátrico David Bernardino
5 Chefe de Serviço dos Cuidados Intermédios I do Hospital Pediátrico David Bernardino; Coordenadora do Módulo de Pneumologia do

internato de Pediatria do Hospital Pediátrico David Bernardino


6 Chefe de Serviço de Pediatria Especial, Hospital Pediátrico David Bernardino
7 Coordenador clínico do Serviço de Cirurgia do Hospital Pediátrico David Bernardino
8 Coordenador do Módulo de Neuroinfecciologia do internato de Pediatria do Hospital Pediátrico David Bernardino
9 Médica Especialista em Pediatria, Hospital Pediátrico David Bernardino

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12. ANEXOS

I. FLUXOGRAMA

Fonte:

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ABORDAGEM DA DESIDRATAÇÃO EM CRIANÇAS
ETAPAS A B C PLANO C
OBSERVE PARA TRATAR A DESIDRATAÇÃO GRAVE NA UNIDADE
Estado geral Bem, alerta Irritado, intranquilo Comatoso, hipotônico* HOSPITALAR
Olhos Normais Fundos Muito f undos e secos
O PLANO C CONTEMPLA DUAS FASES PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS:
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes
A FASE RÁPIDA E A FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO
Sede Bebe normal, sem sede Sedento, bebe rápido e avidamente Bebe mal ou não é capaz de beber* FASE RÁPIDA - MENORES DE 5 ANOS (fase de expansão)
EXPLORE SOLUÇÃO VOLUME TEMPO DE
Sinal da prega Desaparece rapidamente Desaparece lentamente Desaparece muito lentamente (mais de 2 ADMINISTRAÇÃÕ
segundos) Iniciar com 20ml/kg de peso. Repetir
Pulso Cheio Rápido, f raco Muito f raco ou ausente* essa quantidade até que a criança
Soro
esteja hidratada, reavaliando os sinais
DECIDA Fisiológico
clínicos após cada f ase de expansão 30 minutos
SEM SINAIS DE Se apresentar dois ou mais sinais: Se apresentar dois ou mais sinais, incluindo 0,9%
administrada.
DESIDRATAÇÃO COM DESIDRATAÇÃO pelo menos um dos destacados com asterisco Para recém-nascidos e cardiopatas
(*): DESIDRATAÇÃO GRAVE graves começar com 10ml/kg de peso.
TRATE
USE O PLANO A USE O PLANO B (pese o paciente) USE O PLANO C (pese o paciente) AVALIAR O PACIENTE CONTINUAME NTE
FASE RÁPIDA – MAIORES DE 5 ANOS (fase de expansão)
SOLUÇÃO VOLUME TEMPO DE
PLANO A PLANO B ADMINISTRAÇÃÕ
1º Soro 30ml/kg
PARA PREVENIR DESIDRATAÇÃO NO DOMICÍLIO PARA TRATAR A DESIDRATAÇÃO POR VIA Fisiológico 30 minutos
Explique ao paciente ou acompanhante para fazer no domicílio: ORAL NA UNIDADE DE SAÚDE a 0,9%
1) OFERECER OU INGERIR MAIS LÍQUIDO QUE O HABITUAL PARA PREVENIR A 2º Ringer a 70ml/kg 2 horas e 30 minutos
DESIDRATAÇÃO:
Lactato
• O paciente deve tomar líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, suco e sopas) 1) ADMINISTRAR SOLUÇÃO DE REIDRATAÇÃO ORAL:
ou Solução de Reidratação Oral (SRO) após cada dejecção diarreica. • A quantidade de solução ingerida dependerá da sede do paciente.
• Não utilizar refrigerantes. FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS
• A SRO deverá ser administrada continuamente, até que
SOLUÇÃO VOLUME TEMPO DE
desapareçam os sinais de desidratação.
2) MANTER A ALIMENTAÇÃO HABITUAL PARA PREVENIR A DESNUTRIÇÃO: ADMINISTRAÇÃÕ
• Continuar o aleitamento materno. • Apenas como orientação inicial, o paciente deverá receber d e 5 0
Peso até 10kg 100ml/kg
• Manter a alimentação habitual a 100ml/kg para ser administrado no período de 4-6 horas. Soro Glicosado a 5% +
Soro Fisiológico a 0,9% na 1000ml + 50ml/kg de
3) SE O PACIENTE NÃO MELHORAR EM DOIS DIAS OU SE APRESENTAR Peso de 10 a 20 Kg
2) DURANTE A REIDRATAÇÃO REAVALIAR O PACIENTE proporção de 4:1 peso que exceder 10kg
QUALQUER UM DOS SINAIS ABAIXO, LEVÁ-LO IMEDIATAMENTE AO SERVIÇO SEGUINDO AS ETAPAS DO QUADRO “AVALIAÇÃO DO ESTADO (manutenção)
DE SAÚDE: 1500ml + 20ml/kg de
DE HIDRATAÇÃO DO PACIENTE” + Peso acima de 20kg
SINAIS DE PERIGO peso que exceder 20kg
• Se desaparecerem os sinais de desidratação, utilize o PLANO A.
• Piora na diarreia • Sangue nas fezes Soro Glicosado a 5% +
• Recusa de alimentos • Muita sede • Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogástrica
Soro Fisiológico a 0,9% na
• Vômitos repetidos • Diminuição da diurese (gastróclise). Iniciar com 50ml/kg/dia. Reavaliar esta quantidade
proporção de 1:1
• Se o paciente evoluir para desidratação grave, seguir o PLANO C. de acordo com as perdas do paciente.
4) ORIENTAR O PACIENTE OU ACOMPANHANTE PARA: (reposição)
• Reconhecer os sinais de desidratação. +
3) DURANTE A PERMANÊNCIA DO PACIENTE OU
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral. KCl a 7.45% 4ml para cada 100ml de solução da f ase de
ACOMPANHANTE NO SERVIÇO DE SAÚDE ORIENTAR A:
• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, manutenção.
tratamento da água e higienização dos alimentos). • Reconhecer os sinais de desidratação.
• Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral.
• Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem
AVALIAR O PACIENTE CONTINUAME NTE. SE NÃO HOUVER MELHORA DA
5) SE DIARREIA, ADMINISTRAR ZINCO UMA VEZ AO DIA, DURANTE 10 A 14
DIAS: DESIDRATAÇÃO, AUMENTAR A VELOCIDADE DE INFUSÃO
adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos
• Até seis (6) meses de idade: 10mg/dia. • Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação
alimentos).
• Maiores de seis (6) meses de idade: 20mg/dia venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação endovenosa.
• Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir
IDADE Quantidade de líquidos que devem ser SRO em quantidade sufi ciente para se manter hidratado. A quantidade de SRO necessária
varia de um paciente para outro, dependendo do volume das dejecções.
administrados/ingeridos após dejecção diarreica
Menores de 1 50-100ml O PLANO B DEVE SER REALIZADO NA
tratamento.
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• Lembrar que a quantidade de SRO a ser ingerida deve ser maior nas primeiras 24 horas de
ano UNIDADE DE SAÚDE.
• Observar o paciente por pelo menos seis (6) horas.
De 1 a 10 anos 100-200ml
OS PACIENTES DEVERÃO PERMANECER NA OS PACIENTES QUE ESTIVEREM SENDO REIDRATADOS POR VIA
Maiores de 10 Quantidade que o paciente aceitar
anos UNIDADE DE SAÚDE ATÉ A REIDRATAÇÃO ENDOVENOSA DEVEM PERMANECER NA UNIDADE DE SAÚDE ATÉ QUE
COMPLETA ESTEJAM HIDRATADOS E CONSEGUINDO MANTER A HIDRATAÇÃO POR
Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde do Brasil VIA ORAL
II. INDICADORES DE AVALIAÇÃO
• Taxa de mortalidade
• Tempo de internamento por desidratação

III. BIBLIOGRAFIA

1. García Herrera MA, Olivas López de Soria C, López Lois MG. Deshidratación aguda.
Protoc diagn ter pediatr. 2020; 1:215-231

2. Serviço de Estatística do Hospital Pediátrico David Bernardino, 2021

3. Dorland. Dorland’s illustrated medical dictionary. Filadelfia: Saunders; 2007.

4. Somers MJ. Clinical assessment and diagnosis of hypovolemia (dehydration) in children.


In: UpToDate, 2020 [Acesso 15/09/2021]. Disponível: https://
www.uptodate.com/contents/clinical-assessment-and-diagnosis-of-hypovolemiadehydration-
in-children

5. Vega RM, Avva U. Pediatric Dehydration. 2021 Aug 9. In: StatPearls [Internet]. Treasure
Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan–. PMID: 28613793.

6. Guarino A, Ashkenazi S, Gendrel D, et al. European Society for Pediatric


Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition/European Society for Pediatric Infectious
Diseases evidence-based guidelines for the management of acute gastroenteritis in children in
Europe: update 2014.

7. Cellucci MF. Desidratação em crianças. Manual Merck. Sidney Kimmel Medical College
at Thomas Jefferson University 2020, Julho

8. Fonseca P, Moleiro P. Rehydration in Pediatrics - Guidelines. Reidratação em Pediatria –


Protocolo do hospital pediátrico de Coimbra 2009, Dezembro

9. Thomas L. Desidratação nas crianças. NewsMedicalLifeSciences 2019

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