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Desidratação
Distúrbio hídrico corporal comum em lactentes e crianças e ocorre sempre que a eliminação
total de líquidos excede a ingestão total, independentemente da causa.
Pode resultar de várias patologias que causam perdas hídricas através:
Pele;
Excreção renal elevada;
Trato respiratório;
Trato GI.
A desidratação é diferente de hipovolémia, uma vez que, a desidratação caracteriza-se pela
perda de água livre pelo organismo e a hipovolémia caracteriza-se pela depleção vascular
por saída de água livre ou com eletrólitos.
Fisiopatologia
A distribuição de água entre os espaços de líquido extracelular (LEC) e líquido intracelular
(LIC) depende do transporte ativo de potássio para o interior das células e de sódio para
fora das células.
O Na+ é o soluto principal do LEC é determinante primário do seu volume.
O K+ é maioritariamente encontrado no interior da célula (intracelular).
Causas da desidratação
Desidratação na Infância
(conteúdo e distribuição dos fluidos corporais em função da idade).
As crianças são mais vulneráveis à desidratação.
Possuem maior área de superfície corporal (com subsequente aumento das perdas
insensíveis);
Dependem muitas vezes dos cuidadores para o acesso à água;
Apresentam maior prevalência de GEA.
Pesar
A variação entre o peso anterior e o atual. é o meio mais fidedigno de quantificar a
desidratação.
Uma alternativa é assumir o peso estimado (PE), adotando o peso teórico que teria
atualmente, se mantivesse o mesmo percentil.
Se impossível calcular o PE, aplicar um conjunto de parâmetros clínicos que permita uma
estimativa percentual da desidratação e, consequentemente, o cálculo do défice.
Corpos cetónicos;
Densidade urinária.
Balanço Hídrico
Perdas Sensíveis Perda Insensíveis
Rins- Urina Impercetíveis: Evaporação da pele,
Trato intestinal- Fezes humidade exalada na respiração
Pele- transpiração
Sinais de Desidratação
Desidratação
A classificação qualitativa é efetuada com base no valor de sódio sérico e implica avaliação
laboratorial.
Os exames laboratoriais não são rotina, deverão, principalmente, ser pedidos se
desidratação grave.
Choque;
Acidose grave;
Vómitos persistentes;
Alteração da consciência;
Distensão abdominal grave e íleus;
Agravamento ou ausência de melhoria.
Hidratação Oral
Considera o tratamento de 1ª linha nas desidratações ligeiras a moderadas.
O aleitamento materno deve ser sempre mantido.
Hidratação Nasogástrica
Antes da reidratação EV;
Menos efeitos adversos;
Diminuição do internamento;
SRO 40-50mL/kg: durante 3 a 6h ou em 24h
Hidratação Endovenosa
Fase 1: Apenas aplicada na desidratação moderada a grave, com eventual compromisso da
função circulatória. Destina-se a repor o volume intravascular e é independentemente na
natrémia.
Consiste na administração em bólus de 20mL/kg de uma solução isotónica, em cerca de
20min, através dum acesso venoso ou intra-ósseo. Os fluidos mais usados são NaCl 0,9%
(SF).
Ou: Reidratação rápida- Nacl 0,9% 20mL/kg durante 2 a 4h.
O uso de fluidos hipotónicos nesta fase pode provocar graves complicações.
Fase 2:
Desidratação isonatrémica ou hiponatrémica: compensar o défice + soro de
manutenção em 24h (NaCl 0,45 Gli 5% + 20mEq/L KCl 7,5% após micção);
Hipernatrémia: compensar o défice + soro de manutenção em 48h (pode variar) (NaCl
0,45% (podemos aumentar ou diminui) Gli 5% ----> mais perigosa das desidratações.
Exemplo Prático
Protocolo de Reidratação em Idade Pediátrica
Sinais de Alarme
Idade <3m;
Sede intensa, não saciável pelas SOR;
Olhos muito encovados de aparecimento recente;
Vómitos mantidos no intervalo das refeições, e que impedem a RHO;
Vómitos biliares;
Dejeções muito frequentes (+ de 6 em 12h);
Várias dejeções muito volumosas (que saem muito da fralda);
Prostração (sonolência excessiva, não segurando o tronco e nem a cabeça);
Dor abdominal muito intensa e/ou contínua;
Defesa à palpação abdominal;
Irritabilidade mantida, e que não melhora com as SOR para RHO;
Não melhoria do estado geral com as SOR para a RHO;
Crianças com doenças crónicas debilitantes/défices imunitários;
Crianças já previamente desnutridas;
Condições familiares e/ou sociais desfavorecidas .
Embora não sejam sinais muito preocupantes, poderão justificar avaliação médica, mas com
menos urgência:
Critérios de Internamento
Desidratação grave (>9%);
Compromisso hemodinâmico;
Alteração do estado de consciência ou convulsões;
Vómitos incoercíveis;
Falência da hidratação oral;
Suspeita de patologia cirúrgica;
Incapacidade de prestação de cuidados no domícilio.