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DESIDRATAÇÃO

E
HIDRATAÇÃO

Profª: Daltiane Almeida Bungenstab


 Osmolalidade→ mede a concentração de solutos em um fluido,
observando o número de partículas por peso (quilogramas) de
fluido.
 Osmolaridade→ avalia o número de partículas por volume (litro)
do fluido
 Tonicidade → osmolalidade efetiva.
 Osmolaridade plasmática = (2 x Na+) + Glicose/18 + Ureia
 6

 Tonicidade do plasma → Sódio plasmático.



DESIDRATAÇÃO
• Desidratação é um sintoma ou sinal de outra doença, ocorre por perda de líquido
E/OU Ingestão de líquidos diminuída.

• Na pediatria a principal causa é pelas perdas gastrointestinais (diarreia e


vômitos).

• Se não adequadamente tratada, a desidratação pode levar a distúrbios


hidreletrolíticos, acidose e hipoperfusão de diversos órgãos com consequente
insuficiência renal e instabilidade cardiovascular e, até mesmo, óbito.
DESIDRATAÇÃO
CLASSIFICADA EM:

• DESIDRATAÇÃO HIPERNATRÊMICA

• DESIDRATAÇÃO ISONATRÊMICA

• DESIDRATAÇÃO HIPONATRÊMICA
DESIDRATAÇÃO HIPERNATRÊMICA
• Tipo menos frequente de desidratação

• Perda excessiva de água em relação ao Sódio

• Concentração de Sódio > 150 mEq/L

• Dessa forma, em virtude da osmolaridade > 300 mOsm/kg (300 mmol/kg), ocorrerá
desvio da água do espaço IC para o espaço EC visando à manutenção do volume
intravascular.

Repor água livre com cautela!


DESIDRATAÇÃO ISONATRÊMICA
• Tipo mais comum de desidratação

• Perda Homogênea de Sódio e água

• Sem alterações na osmolaridade sérica

• Na+ sérico se situa entre 135 e 150 mEq/L.

• Existe depleção de Na+ e água porém com perda proporcional à concentração do fluido
extracelular

• Principal causa: diarreia e vômitos

• Manifestações clínicas de acordo com a intensidade das perdas hídricas


DESIDRATAÇÃO HIPONATRÊMICA

• Perda excessiva de Sódio em relação a água caracterizada por Na+ sérico <
135 mEq/L

• Osmolaridade plasmática menor que 270mOsm/l

• Hiponatremia costuma ser assintomática , sintomática quando < 125


mEq/L
DESIDRATAÇÃO
• O melhor critério para avaliar o grau de desidratação é a perda aguda
de peso corpóreo. Porém tem aplicação clínica limitada devido ao
desconhecimento do peso da criança anterior ao quadro na maioria das
vezes.

• De acordo com a percentagem de redução do peso corpóreo


• Leve – perda ponderal até 5% - desidratação leve
• Moderada – perda ponderal entre 5-10% - desidratação moderada
• Grave – perda ponderal acima de 10% - desidratação grave
DESIDRATAÇÃO POR DOENÇA DIARREICA AGUDA
DESIDRATAÇÃO POR DOENÇA DIARREICA AGUDA

PLANO A - Sem desidratação

Realizar no domicílio:

1) Aumento da ingestão de água e outros líquidos incluindo SRO

2) Manutenção da alimentação habitual; continuidade do


aleitamento materno

3) Retorno do paciente ao serviço, caso não melhore em dois dias


ou evolua com piora (Diarreia persistente, vômitos repetidos,
muita sede, recusa de alimentos, sangue nas fezes ou diminuição
da diurese).

SRO padrão da OMS: sódio 90, potássio 20, cloreto 80, citrato 10 e glicose 111.
SRO com osmolaridade reduzida da OMS: sódio 75, potássio 20, cloreto 65, citrato 10 e glicose 75.
DESIDRATAÇÃO POR DOENÇA DIARREICA AGUDA

• Plano B - Com desidratação (<10% de perda) e sem gravidade;

1) SRO na Unidade de Saúde, onde permanecerá até a reidratação completa


2) Estima-se que sejam necessários 50 a 100 mL/kg de SRO em quatro a seis horas
3) Se o paciente continuar desidratado com pouca tolerância à reidratação oral, a sonda nasogástrica
(gastróclise) pode ser utilizada.
4) Caso após seis horas de tratamento, não houver melhora da desidratação..

IR PARA O PLANO C

Obs: Se existir dúvida quanto à classificação do paciente entre PLANO B ou PLANO C, deve-se
considerar o pior cenário, estando indicado o PLANO C.
DESIDRATAÇÃO POR DOENÇA DIARREICA AGUDA
Plano C – Desidratação com sinais de gravidade
DESIDRATAÇÃO
E quais são as opções de cristalóides disponíveis para expansão volêmica?
• Soro Fisiológico 0,9% | Ringer | Ringer Lactato | Plasma lyte
DESIDRATAÇÃO
• Se não tratada pode evoluir para CHOQUE HIPOVOLÊMICO, caracterizado
por volume intravascular inadequado em relação ao espaço vascular.

• Hipotensão é um sinal muito tardio do choque.

• Os sinais mais precoces são: taquicardia, aumento do tempo de enchimento


capilar (>3 segundos), alteração do sensório, taquipneia e queda do débito
urinário.

• Alíquotas de 10-20ml/kg em 5-10min. Até reestabelecer tempo de enchimento


capilar, neurológico, taquicardia e débito urinário.
DESIDRATAÇÃO
Não há limite de expansões, desde que a criança tolere hemodinamicamente.

Sinais de alerta:
• Esforço respiratório progressivo (estertores na ausculta)
• Hipoxemia sustentada
• Rebaixamento hepático
• Arritmia cardíaca

Após uma reparação hídrica adequada, em que a criança retomou seu estado neurológico habitual,
normalizou FC, PA, perfusão periférica e apresentou diurese clara, devemos avaliar se a criança possui
condições de manter boa hidratação oral ou se há necessidade de prescrever o soro de manutenção.
DESIDRATAÇÃO POR DOENÇA DIARREICA AGUDA

Obs: Na pratica não usamos a solução de manutenção desse protocolo. Utilizamos soro isotônico. (veremos a frente)
HIDRATAÇÃO VENOSA
 Osmolalidade→ mede a concentração de solutos em um
fluido, observando o número de partículas por peso
(quilogramas) de fluido.
 Osmolaridade→ avalia o número de partículas por volume
(litro) do fluido
 Tonicidade → osmolalidade efetiva.
 Osmolaridade plasmática = (2 x Na+) + Glicose/18 + Ureia
 6
 Tonicidade do plasma → Sódio plasmático.
 Soro fisiológico (NaCl 0,9% = 154 mEq/L).
HIDRATAÇÃO VENOSA

Tem como objetivo preservar o equilíbrio hidreletrolítico corporal

Terapia de manutenção Terapia de reposição


• Tem por finalidade preservar a • Tem como objetivo repor déficits
homeostase. agudos de água e eletrólitos causados
• Objetiva equilibrar as perdas por distúrbios/doenças ou
fisiológicas diárias (urina, fezes, exacerbações fisiológicas.
respiração e suor). • A reposição faz com que o paciente
• Varia de acordo com a condição retorne ao seu equilíbrio
clínica do paciente. hidreletrolítico.
HIDRATAÇÃO VENOSA

 Utilização em emergência pediátrica


 Ressuscitação volêmica
 Impossibilidade de ingesta V.O. (manutenção da homeostase de fluidos e eletrólitos)

Quantidade balanceada de água, dextrose

Solução ideal e eletrólitos, sem ocasionar complicações


como hiper ou hipovolemia e distúrbios
eletrolíticos.
CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES INTRAVENOSAS
 Classificação de acordo com a concentração de sódio (Na)

Solução isotônica (concentração próxima à plasmática)

125 – 160 mEq/L

Solução hipotônica (concentração inferior à plasmática)

< 125 mEq/mL


Obs.: Glicose presente no soro não apresenta efeito de tonicidade, pois é rapidamente metabolizada ao
entrar no vaso.
HIDRATAÇÃO VENOSA

• Desde 1957, a fórmula de Holliday e Segar para fluidoterapia de


manutenção é utilizada. Ela estima uma relação entre o volume de
líquidos necessário e o gasto energético basal da criança na proporção
de 100mL/ 100Kcal/dia.

• Sendo assim, para cada 100 kcal de gasto energético, necessitamos de


uma oferta de 100ml de água, ou seja, (1kcal 1ml).
HIDRATAÇÃO VENOSA

 As necessidades de manutenção de água dos indivíduos são determinadas por seu


gasto calórico (cálculo a partir do peso: 1 ml = 1 cal).
 Fórmulas de Holliday & Segar

Necessidade hídrica diária

• ≤ 10 kg 100 ml/kg/dia (100ml/kcal)


• 10-20 kg  1.000 ml + 50 ml/kg/dia para cada kg acima de 10 kg
• > 20 kg 1.500 ml + 20 ml/kg/dia para cada kg acima de 20 kg

• Basta dividir a necessidade hídrica por 100 e teremos o peso calórico em kg/100kcal.
HIDRATAÇÃO VENOSA

E qual a aplicação prática disso?

Quando calculamos a necessidade de eletrólitos para compor o soro de manutenção nos


baseamos no peso calórico e não no peso real do paciente.
HIDRATAÇÃO VENOSA

Exemplos:

• Criança de 10kg tem uma necessidade hídrica diária de1000ml.


Seu peso calórico é 10.
• Uma criança de 15kg tem uma necessidade hídrica diária
de1250ml (1000ml + 5Kg x 50 ml). Seu peso calórico é 12,5.
• Uma criança de 24kg (1500ml+ 4kg x 20ml) tem uma necessidade
hídrica diária de 1580ml. Seu peso calórico é 15,8.
HIDRATAÇÃO VENOSA

SORO ISOTÔNICO X HOLLIDAY E SEGAR

• Segundo Holliday e Segar, com base na excreção urinária de sódio, a necessidade diária de sódio e cloro seria de
aproximadamente 2-4 mEq/100mlH2O.

• A concentração sérica de sódio no plasma é de 135-145mEq/l e a do soro ficava entre 30-40mEq/l), levando à
hiponatremia, por vezes severa.

• Sendo assim, nos últimos anos tem sido consenso mundial ofertar o soro isotônico em pediatria, respeitando uma
concentração de sódio aproximada de 136mEq/L (135 -145) muito similar ao nível sérico, evitando-se a
hiponatremia.
Resumo da composição de algumas das principais soluções
disponíveis
Eletrólitos SF Ringer Ringer Plasma- SG5%/SF Holliday-
(mEq/L) (NaCl 0,9%) acetato lactato lyte Segar
Sódio 154 130 130 140 77 30
Potássio --- 5 4 5 --- 25
Cálcio --- 1 1,35 4,4 --- ---
Cloreto 154 112 109 98 77 55
Magnésio --- 1 --- 3 --- ---
Lactato --- --- 28 --- --- ---
Gluconato --- --- --- 23 --- ---
Acetato --- 27 --- 27 --- ---
Osmolaridade 308 276 274 294 154 110
(mOsm/L)
Glicose (g) --- --- --- --- 25 g ---
HIDRATAÇÃO VENOSA

• SF 0,9% =154 mEq/Litro de sódio e cloro (0,15mEq/ml)


• SRL = 130 mEq/L de sódio e 109 mEq/L cloro
• SG5% = 5g de glicose em 100 ml (0,05g/ml)
• SG10% = 10g de glicose em 100 ml (0,1g/ml)
• Nacl 20% = 3,4 mEq/ml de sódio
• Kcl 19,1% = 2,5 mEq/ml de potássio
• Glicose 25% = 25g de glicose em 100 ml (0,25g/ml)
• Glicose 50% = 50g de glicose em 100 ml (0,5g/ml)
HIDRATAÇÃO VENOSA

• Não há composição ou velocidade universal.

• Soro de manutenção deve ser individualizado de acordo com o paciente: risco para
hiponatremia, a capacidade de concentração renal, as perdas de água livre e volemia
do paciente.

Cálculo da necessidade hídrica basal:


Regra de Holliday-Segar (Volume).
HIDRATAÇÃO VENOSA

• A base de um soro isotônico deve conter uma concentração de: 136mEq/L de sódio + 25mEq/L de potássio
+ glicose.

• O soro glicosado a 5% (5g/100ml) costuma ser suficiente para manter uma boa velocidade de infusão de
glicose (VIG = 3- 5mg/kg/min) e prevenir hipoglicemia em crianças acima de 6 meses.

• Lactentes mais jovens podem precisar do soro glicosado a 10%, por sua maior demanda metabólica.
(Geralmente lactentes entre 2 – 6 meses).

• Obs.: O máximo de concentração de glicose tolerada em veia periférica é 12,5%.


Composição da soluções-padrão mais utilizadas
no Brasil
Solução Solução de manutenção Solução isotônica com SF Solução de manutenção
Eletrólito isotônica 0,9% hipotônica
(mEq/mL) SG5% 1000 mL + NaCl 20% SF 890 mL + SG50% 100 mL SG5% 1000 mL + NaCl 20%
Glicose (g) 40 mL + KCl 19,1% 10 mL + KCl 19,1% 10 mL 10 mL + KCl 19,1% 10 ml

Sódio 136 137 34


Potássio 25 25 25
Cloreto 136 137 34
Osmolaridade 570 574 321
(mOsm/L)
Glicose (g) 50 g 50 g 50
HIDRATAÇÃO VENOSA

• Com essa proporção é possível adaptar a prescrição do soro para vários pesos, apenas acrescentando o número de
etapas e vazão (são valores aproximados para facilitar o preparo da solução, ainda que os eletrólitos ultrapassem um
pouco o volume diário) .

Ex.: 1000+40+10 PARA FACILITAR O PREPARO


NACL20% (1ML=3,4 mEq)
40ML =136 mEq
SG5% -----------1000 ML SG5% ----------- 500ML
NACL 20% ------- 40 ML NACL 20% ------- 20 ML
KCL19.1% (1ML=2,5mEq)
KCL 19,1% ------- 10 ML KCL 19,1% ------- 5 ML
10ML =25 mEq
HIDRATAÇÃO VENOSA
EXEMPLOS:

Para pacientes com 5kg Para pacientes com 10kg Para pacientes com 45kg
(NHD 500 ml /5 kcal) (NHD 1.000ml /10kcal) (NHD 2.000ml /20kcal)

SG5% --------- 500ML SG5% --------- 500ML SG5% --------- 500ML


NACL20% ----- 20ML NACL20% ----- 20ML NACL20% ----- 20ML
KCL19,1% ------- 5ML KCL19,1% ------- 5ML KCL19,1% ------- 5ML
EV EM 24H EV 12/12h EV DE 6/6H

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