Você está na página 1de 4

PEDIATRIA

DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS AGUDOS

• Definição:
Estado de perda de água associado a maior ou menos perda de íons, associando-se, frequentemente
a distúrbio ácido-básico.

• Fatores Causas:
a) Baixo nível sócio-econômico.
b) Baixa idade: maior propensão de perda, pois quando mais nova a criança maior quantidade de
água corporal total e maior a probabilidade de infecções. Principal causa de desidratação aguda
são gastroenterites (Rotavírus é maioria dos casos).
c) Condições climáticas adversas.
OBS) A vacina pentavalente protege contra o rotavírus. O ideal é aplicá-la em 3 doses, porém, na
rede pública, são oferecidas apenas 2 doses.

• Metabolismo da água:
a) No espaço extracelular há o predomínio de Sódio (135-145 mEq/L) e Cloreto.
b) No espaço intracelular há o predomínio de Potássio (3,5-5 mmEq/L) e Fosfato.

• Necessidade hídricas basais:


a) Superfície Corporal = 1800 ml/m²;
b) Atividade metabólica = 1ml/Kcal;

• Necessidades hídricas adicionais:


a) Febre = 20 ml/kg a mais por cada 1ºC de
febre;
b) Temperatura ambiente elevada;
c) Aumento da atividade muscular;
d) Vômitos e/ou diarreia;
e) Aumento da diurese
OBS) Criança desidratada com respiração rápida -> Taquipneia? Acidose metabólica?

OBS) Alcalose metabólica = vômitos (estenose de piloro).

• CLASSIFICAÇÃO DHE quando a intensidade: CLASSIFICAÇÃO DHE quanto ao tipo:

GRAU PERDA DE PESO TIPO Sódio plasmático

I - Leve Até 50 ml/kg ou 5% Isonatrêmica 130-150 mEq/l

II - Moderada 50-100 ml/kg ou 5-10% Hipernatrêmica > 150 mEq/l

III - Severa Até 150 ml/kg ou 10-15% Hiponatrêmica < 130 mEq/l
PEDIATRIA

• Repercussões do déficit volumétrico:


A hipovolemia diminui a pressão arterial e consequentemente a filtração glomerular, aumentando
catabólitos e radicais ácidos. Além disso, há aumento da secreção de aldosterona e HAD, o que
aumenta a reabsorção de água e sódio, diminuindo a diurese e natriurese, com urina concentrada.
Uma diminuição severa da pressão arterial pode levar a um choque hipovolêmico, cujas
repercussões podem ser graves, como: anóxia cerebral (alteração sensorial), alterações da função
renal, alterações da função hepática.

• Clínica dos distúrbios ácido-básico:


a) Alcalose metabólica: irritabilidade, abatimento, cianose, respiração lenta.
b) Acidose metabólica: abatimento, letargia, cianose, respiração rápida e profunda.

• Classificação quanto ao Sódio:


- Isonatrêmica é o mais comum.
- Os órgãos mais sensíveis à desidratação são: rins (IR pré-renal ou renal), cérebro (alteração
sensorial) e fígado (alteração das enzimas hepáticas).

a) Desidratação Isonatrêmica
- Etiologia: vômitos e diarreia. Consiste cerca de 70-90% dos casos e existe uma perda
proporcional de água e eletrólitos.
- Presença de sinais de espoliação intersticial e vascular.

b) Desidratação Hiponatrêmica
- Sinais clínicos clássico mais intensos, forma mais grave. Consiste em cerca de 8-20% dos casos,
envolve a perda desproporcional de água e eletrólitos (perde mais sódio que água).
- Ocorre diminuição do sódio no LEC, logo a água entra para o espaço intra-celular. Assim, o
paciente pode apresentar edema cerebral (convulsão, agitação e coma). Além disso, há sinais
nítidos de espoliação do intravascular (choque, anúria) associados a sinais intensos de espoliação
do líquido intersticial.
- Pode ocorrer por reposição de perdas isotônicas com líquidos hipotônicos.
- Desidratação grau III tende a ocorrer nesta situação.
- Reposição deve ser realizada de forma lenta.
PEDIATRIA
c) Desidratação Hipernatrêmica
- Principais causas: reposições com soluções hipertônicas, uso de diuréticos osmóticos, diabetes
insipidus.
- Consiste em 2-10% dos casos. Envolve a perda desproporcional de água e eletrólitos (perde mais
água que sódio). Logo, água sai do espaço intra-celular, ocorrendo desidratação (manifesta por
febre alta, sede intensa, irritabilidade, meningismo, convulsões e coma).
- Ocorre em lactente jovem (2 – 3 meses), com sede intensa e poucos sinais clássicos de
desidratação.

Laboratório:
Quando há um comprometimento maior (desidratação moderada no mínimo).
-Ionograma
-Ureia e Creatinina: depende de tempo de alteração da função renal.
-Eritrograma: resultado pode ser falso por hemoconcentração.
-Proteinograma
-EQU: Densidade urinária (RN=1010 / Lactente=1020).
-Gasometria arterial: nos casos mais graves. Realizar nas artérias radial ou
braquial. Reposição de bicarbonato se pH < 7,2-7,1.

Profilaxia
- Aumento da oferta líquida; - Tratar os fatores predisponentes
- Deixar a criança à vontade (vestuário); precomente;
- Respeitar o apetite da criança; - Campanhas de esclarecimento e uso
- Higiene na preparação dos alimentos; do soro caseiro;
- Melhorar as condições socioeconômicas - Vacinação com VORH;
e culturais;

Prognóstico - Maior Tratamento


Gravidade - Terapia de reidratação oral (Planos
- É de maior intensidade; A e B OMS).
- Menor idade; - Hidratação parenteral (Plano C -
- Presença de hipernatremia; OMS).
- Desnutrição presente;
- Dificuldade para remover a causa;
- Presença de complicações.
PEDIATRIA
ANEXO: DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA CORPORAL

idade ACT EC IC

Até 10 dias 75% 40% 35%

10 dias a 6 70% 30% 40%


meses

6 meses a 60% 25% 35%


2 anos

+ de 2 60% 20% 40%


anos

Você também pode gostar