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Três sistemas primários regulam a concentração de H+ dos líquidos corporais: (1) os sistemas tampão acidobásico
químicos dos líquidos corporais, que imediatamente se combinam com um ácido ou uma base para impedir mudanças
excessivas na concentração de H+; (2) o centro respiratório, que regula a remoção de CO2 (e, portanto, H2CO3) do
líquido extracelular; e (3) os rins, que podem excretar urina ácida ou alcalina, reajustando, dessa forma, a concentração
normal de H+ do líquido extracelular durante a acidose ou alcalose.
Quando ocorre uma mudança na concentração de H+, os sistemas tampão dos líquidos corporais reagem dentro de
segundos para minimizar essas alterações. Sistemas tampão não eliminam nem adicionam H+ no organismo, somente o
mantêm aprisionado até que o equilíbrio seja restabelecido.
O sistema de tamponamento fisiológico mais importante é o sistema HCO3−/CO2, descrito pela equação:
A segunda linha de defesa, o sistema respiratório, atua dentro de alguns minutos para eliminar CO2 e, consequentemente,
H2CO3 do organismo.
Essas duas primeiras linhas de defesa impedem que a concentração de H+ se altere exageradamente até que a terceira e
mais lenta linha de defesa, os rins, possam eliminar o excesso de ácidos ou bases do organismo. Embora os rins sejam
relativamente lentos em sua resposta comparados às demais defesas, atuando ao longo de horas até vários dias, são,
certamente, o mais poderoso dos sistemas de regulação de ácidos e bases.
EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO
Regulação do equilíbrio hídrico e eletrolítico. Para que se mantenha a homeostasia, a excreção de água e eletrólitos deve
corresponder precisamente à sua entrada. Se a entrada exceder a excreção, a quantidade dessa substância no organismo
aumentará. Se a excreção exceder a entrada, a quantidade se reduzirá. Ainda que desequilíbrios temporários (ou cíclicos)
de água e eletrólitos possam ocorrer em muitas condições fisiológicas e fisiopatológicas associadas à alteração de sua
entrada ou excreção renal, a manutenção da vida depende da restauração do equilíbrio hídrico e eletrolítico.
Regulação da pressão arterial. Os rins exercem papel dominante na regulação da pressão arterial a longo prazo por meio
da excreção de quantidades variáveis de sódio e água. Também contribuem a curto prazo secretando hormônios e fatores
ou substâncias vasoativas (p. ex., renina) que conduzem à formação de produtos vasoativos (p. ex., angiotensina II).
Regulação do equilíbrio acidobásico. Os rins contribuem com a regulação acidobásica, juntamente com os pulmões e
tampões dos líquidos corporais, por meio da excreção de ácidos, reabsorção de bases e regulação dos estoques de tampões
fisiológicos. Certos tipos de ácidos só podem ser eliminados pelos rins, como os ácidos sulfúrico e fosfórico, os quais são
produzidos pelo metabolismo das proteínas.
Regulação da produção de eritrócitos. Os rins secretam a eritropoetina, que estimula a produção de hemácias pelas
células-tronco hematopoéticas na medula óssea rubra. Um importante estímulo para a secreção de eritropoetina pelos rins
é a hipóxia. Os rins normalmente são responsáveis por praticamente toda a eritropoetina secretada na circulação. Em
indivíduos com doença renal grave ou que tiveram seus rins removidos e são submetidos à hemodiálise, ocorre anemia
grave resultante da diminuição da produção de eritropoetina.
2. Compreender a fisiopatologia da
cetoacidose diabética (DM1 e DM2)
PORTH PAG 1219
A CAD ocorre mais comumente em uma pessoa com diabetes tipo 1, na qual a ausência de insulina leva ao aumento da
liberação de ácidos graxos do tecido adiposo, em consequência da ausência de supressão da atividade da lipase das células
adiposas, a qual degrada os triglicerídios em ácidos graxos e glicerol. O aumento nos níveis de ácidos graxos ocasiona a
síntese de cetonas pelo fígado. A CAD pode ocorrer no início da doença, com frequência antes do diagnóstico, e também
como uma complicação durante a evolução da doença.
Etiologia e patogênese. As três alterações metabólicas principais na CAD são a hiperglicemia, a cetose e a acidose
metabólica. A hiperglicemia leva à diurese osmótica, à desidratação e à perda crítica de eletrólitos. A hiperosmolaridade do
líquido extracelular resultante da hiperglicemia ocasiona um desvio da água do compartimento intra para o extracelular.
Com frequência, a concentração de sódio extracelular está baixa ou normal, apesar do aumento das perdas urinárias de água
causado pelo desvio do líquido intracelular para o meio extracelular. Esse efeito de diluição é denominado
pseudo-hiponatremia. Os níveis séricos de potássio podem estar normais ou elevados, apesar da depleção total do potássio
que resulta da poliúria prolongada e dos vômitos. A acidose metabólica é causada pelo excesso de cetoácidos, que requer
tamponamento com íons bicarbonato e, assim, leva a uma diminuição acentuada nos níveis séricos desse íon. A gravidade
da CAD é classificada com base na gravidade da acidose metabólica
ROBBINS PATOLOGIA
MSD
Os sinais e sintomas da cetoacidose diabética são os sinais e sintomas da hiperglicemia com o acréscimo de náuseas, vômitos
e — particularmente nas crianças — dor abdominal. Letargia e sonolência são sintomas de descompensação mais grave.
Pacientes podem estar hipotensos e taquicárdicos por desidratação e acidose; podem respirar rápido e profundamente para
compensar a acidemia (respiração de Kussmaul). Podem também apresentar hálito com odor de frutas em razão de exalarem
acetona. A febre, em si, não é sinal de CAD e, se presente, significa infecção subjacente. Na ausência de tratamento oportuno,
a CAD evolui para coma e morte.
O edema cerebral agudo, uma complicação de 1% dos casos de CAD, ocorre primariamente em crianças e com menor
frequência em adolescentes e adultos jovens. Cefaleia e flutuação do nível de consciência marcam essa complicação em
alguns pacientes, mas a parada respiratória é a manifestação inicial em outros. A causa não é bem compreendida, mas pode
estar relacionada a redução rápida demais na osmolalidade plasmática ou à isquemia cerebral. A CAD como manifestação
inicial do diabetes mellitus é mais provável em crianças < 5 anos. Crianças com ureia mais elevada e PaCO2 mais baixa na
apresentação parecem apresentar maior risco. A demora na correção da hiponatremia e no uso de bicarbonato durante o
tratamento da CAD são fatores de risco adicionais
A CAD é diagnosticada pela detecção de pH arterial < 7,30 com hiato aniônico > 12 e cetonas séricas. As
diretrizes diferem quanto aos níveis específicos de hiperglicemia a serem incluídos nos critérios diagnósticos
da CAD. Mais comumente predefine-se um nível sérico de glicose > 200 (11,1 mmol/L) ou > 250 mg/dL (13,8
mmol/L), mas dado que a CAD pode ocorrer em pacientes com níveis de glicose normais ou levemente
elevados, algumas diretrizes não incluem um nível específico ( 1, 2). Pode-se fazer um diagnóstico presuntivo
quando glicose e cetonas urinárias são positivas no exame de urina. Os testes com fitas na urina e alguns
ensaios para cetonas séricas podem subestimar o grau da cetose porque detectam ácido acetoacético e não
beta-hidroxibutírico, que costuma ser o cetoácido predominante. Pode-se medir os níveis séricos de
beta-hidroxibutirato ou iniciar o tratamento com base na suspeita clínica e na presença de acidose com
intervalo aniônico se os níveis séricos ou urinários de cetonas estiverem baixos.
Os sinais e sintomas de doenças desencadeantes devem ser pesquisados por meio dos exames adequados
(p. ex., culturas e exames de imagem). Os adultos devem fazer ECG para rastrear infarto agudo do miocárdio
e ajudar a determinar o significado das alterações do potássio sérico.
● Hiponatremia
● Nível elevado de creatinina
● Aumento da osmolalidade plasmática
A hiperglicemia pode causar hiponatremia dilucional; assim, a dosagem do sódio sérico é corrigida
acrescentando 1,6 mEq/L (1,6 mmol/L) para cada 100 mg/dL (5,6 mmol/L) de elevação da glicemia acima de
100 mg/dL (5,6 mmol/L). Por exemplo, para um paciente com sódio sérico de 124 mEq/L (124 mmol/L) e
glicemia de 600 mg/dL (33,3 mmol/L), acrescentar 1,6 [(600 − 100)/100] = 8 mEq/L (8 mmol/L) a 124, para o
valor sérico correto de 132 mEq/L (132 mmol/L).
À medida que se corrige a acidose, o potássio sérico cai. Uma concentração inicial de potássio < 4,5 mEq/dL
(< 4,5 mmol/L) indica depleção significativa de potássio e exige reposição imediata.
Em geral, a amilase e a lipase séricas estão elevadas, mesmo na ausência de pancreatite (que pode ocorrer
nos pacientes com cetoacidose alcoólica e naqueles com hipertrigliceridemia concomitante).
Endocrinologia e Diabetes
Francisco Bandeira; Marcio Mancini; Hans Graf