Você está na página 1de 7

1) Compreender a fisiologia do pâncreas endócrino, as ações da insulina e glucagon no

fígado, tecido adiposo e muscular e a relação com o metabolismo energético (de


carboidratos, proteínas e lipídios).

O pâncreas, além de suas funções digestivas, secreta dois hormônios importantes, insulina e
glucagon, cruciais para a regulação normal do metabolismo da glicose, dos lipídios e das
proteínas. Apesar de o pâncreas secretar outros hormônios, tais como amilina, somatostatina
e polipeptídeo pancreático, suas funções não estão tão bem fundamentadas.

O pâncreas humano tem entre 1 e 2 milhões de ilhotas de Langerhans. Cada ilhota tem cerca
de 0,3 milímetro de diâmetro e se organiza em torno de pequenos capilares, nos quais suas
células secretam seus hormônios. As ilhotas contêm três tipos celulares principais, as células
alfa, beta e delta, distinguidas entre si, devido às suas características morfológicas e de
coloração.

 As células alfa, em torno de 25% do total, secretam glucagon.


 As células beta, que constituem aproximadamente 60% de todas as células das ilhotas, são
encontradas sobretudo no centro de cada ilhota e secretam insulina e amilina, hormônio
que é, com frequência, secretado em paralelo com a insulina, apesar de sua função ainda
não estar bem esclarecida.
 E as células delta, cerca de 10% do total, secretam somatostatina.
 A célula PP, está presente em pequena quantidade nas ilhotas e secreta hormônio de
função incerta, chamado polipeptídeo pancreático.

Os neurônios simpáticos e parassimpáticos terminam nas ilhotas, fornecendo um meio pelo


qual o sistema nervoso pode influenciar o metabolismo.

FEEDBACK

A insulina inibe a secreção de glucagon, a amilina inibe a secreção de insulina, e a


somatostatina inibe a secreção tanto de insulina como de glucagon.

Ação da insulina:

No caso de excesso de carboidratos, a insulina faz com que sejam armazenados sob a forma de
glicogênio, principalmente no fígado e nos músculos. Além disso, todo o excesso de carboidrato
que não pode ser armazenado na forma de glicogênio é convertido sob o estímulo da insulina
em gordura e armazenado no tecido adiposo.

No caso das proteínas, a insulina exerce efeito direto na promoção da captação de aminoácidos
pelas células e na sua conversão em proteína. Além disso, ela inibe o catabolismo das proteínas
que já se encontram nas células.

A insulina:
A insulina é uma proteína pequena, composa por duas cadeias conectadas por meio de ligações
dissulfeto. Quando as duas cadeias de aminoácidos se separam, a atividade funcional da
molécula de insulina desaparece.

A produção:

Começando com a tradução do mRNA da insulina por meio dos ribossomos ligados ao retículo
endoplasmático para formar uma pré-proinsulina. Essa pré-proinsulina inicial apresenta peso
molecular em torno de 11.500, sendo então clivada no retículo endoplasmático, para formar a
proinsulina, com peso molecular de aproximadamente 9.000, e consiste em três cadeias de
peptídeos, A, B e C. A maior parte da proinsulina é novamente clivada no aparelho de Golgi,
para formar insulina composta pelas cadeias A e B, conectadas por ligações dissulfeto e
peptídeo cadeia C, denominado peptídeo conector (peptídeo C).

Os níveis de peptídeo C podem ser determinados por radioimunoensaio nos pacientes


diabéticos tratados com insulina, para determinar quanto de sua insulina natural ainda está
sendo produzida. Pacientes com diabetes do tipo 1, incapazes de produzir insulina, têm
normalmente níveis substancialmente diminuídos de peptídeo C.

Quando a insulina é secretada na corrente sanguínea, ela circula quase inteiramente em sua
forma livre. Uma vez que a sua meia-vida plasmática é de, aproximadamente, apenas 6
minutos, assim ela é, na sua maior parte, eliminada da circulação dentro de 10 a 15 minutos.
Com exceção da porção da insulina que se liga aos receptores nas células-alvo, o restante é
degradado pela enzima insulinase, em sua maior parte no fígado e em menor quantidade nos
rins e músculos e, menos ainda, na maioria dos outros tecidos. Essa rápida remoção do plasma
é importante, porque, às vezes, sua pronta desativação bem como sua ativação são
fundamentais para o controle das funções da insulina.

Para começar a exercer seus efeitos nas células-alvo, a insulina, em primeiro lugar, liga-se e
ativa um receptor proteico de membrana. É o receptor ativado que causa os efeitos
subsequentes.
1. A insulina inativa a fosforilase hepática, a principal enzima que leva à quebra do glicogênio
hepático em glicose. Essa inativação impede a clivagem do glicogênio armazenado nas células
hepáticas.

2. A insulina causa aumento da captação de glicose do sangue pelas células hepáticas


mediante aumento da atividade da enzima glicocinase, uma das enzimas que provocam a
fosforilação inicial da glicose, depois que ela se difunde pelas células hepáticas. Depois de
fosforilada, a glicose é temporariamente retida nas células hepáticas porque a glicose
fosforilada não pode se difundir de volta, através da membrana celular.

3. A insulina também aumenta as atividades das enzimas que promovem a síntese de


glicogênio, inclusive, de modo especial, a glicogênio sintase, responsável pela polimerização
das unidades de monossacarídeos, para formar as moléculas de glicogênio. O efeito global de
todas essas ações é aumentar a quantidade de glicogênio no fígado. O glicogênio pode elevar
até o total de, aproximadamente, 5% a 6% da massa hepática, o que equivale a quase 100
gramas de glicogênio armazenado em todo o fígado.

2) Descrever a epidemiologia do DM 1 no Brasil e no mundo e os fatores de risco


relacionados – hereditário e ambiental.

 Segundo a International Diabetes Federation (IDF), atualmente, 9,3% dos adultos entre
20 e 79 anos de idade – 463 milhões de pessoas – vivem com diabetes (1 em cada 11
adultos).
 O DM e suas complicações também implicam redução da expectativa de vida e elevada
mortalidade, resultando em 4 milhões de mortes em 2019. Isso corresponderia a uma
morte a cada 8 segundos.
 Na faixa etária acima de 65 anos, 136 milhões de indivíduos teriam DM. Um em cada
dois adultos com diabetes não é diagnosticado.
 Estima-se que o DM1 acometa 0,3% da população geral com idade igual ou inferior a
20 anos, e 0,5 a 1% se considerarmos todas as faixas etárias.
 Brasil é o 3° em criança com DM1 – sendo metade delas já com Cetoacidose diabética.

Aretaeus da Capadócia (81-138 A. C.) descreveu pela primeira vez a “curiosa” natureza dessa
doença, a qual consistia no “derretimento da carne... na urina”, acompanhado por uma
insaciável e terrível sensação de sede. A produção copiosa de urina carregada de glicose deu a
esta doença o seu nome.

O diabetes refere-se ao fluxo de fluido por entre um sifão, e melito vem da palavra mel. Na
Idade Média, o diabetes era conhecido como “o mal de urinar”.

O tipo grave de diabetes descrito por Aretaeus é o diabetes melito tipo 1. Esta é uma condição
de deficiência de insulina em consequência da destruição das células beta do pâncreas.
O diabetes tipo 1 é mais comumente uma doença autoimune, na qual o corpo falha em
reconhecer as células beta como “próprias” e as destrói com anticorpos e leucócitos.
3) Discutir a fisiopatologia do DM 1 e da cetoacidose diabética.

O diabetes tipo 1 é mais comumente uma doença autoimune, na qual o corpo falha em
reconhecer as células beta como “próprias” e as destrói com anticorpos e leucócitos.

DM1A – já nasce com os anticorpos contra as ilhotas

DM1B – adquire anticorpos contra as ilhotas

O diabetes tipo 1 é um distúrbio complexo cujo início em sujeitos geneticamente suscetíveis é,


às vezes, precedido por uma infecção viral. Muitos diabéticos tipo 1 desenvolvem a doença na
infância, dando origem ao antigo nome, diabetes juvenil. Cerca de 10% de todos os diabéticos
têm diabetes tipo 1.

- Metabolismo do encéfalo: Os tecidos que não são dependentes de insulina, como a maioria
dos neurônios do encéfalo, continuam o metabolismo normalmente. Todavia, os neurônios
localizados no centro da saciedade do cérebro são sensíveis à insulina. Como consequência,
na ausência de insulina, o centro da saciedade é incapaz de captar a glicose do plasma. Esse
centro percebe a ausência de glicose intracelular como inanição e permite que o centro da
fome aumente a ingestão alimentar. O resultado é a polifagia (excesso de vontade de comer),
um clássico sintoma associado ao diabetes melito tipo 1 não tratado.

- Diurese osmótica e poliúria. Se a hiperglicemia (aumento na concentração de glicose


plasmática) do diabetes ultrapassa o limiar renal para a glicose, a reabsorção da glicose no
túbulo proximal do rim torna-se saturada. Como resultado, alguns açúcares não são filtrados e
absorvidos, sendo, portanto, excretados na urina (glucosúria). A presença de solutos adicionais
no lúmen do ducto coletor faz com que menos água seja reabsorvida e mais água seja. Este
efeito promove a produção de grandes quantidades de urina (poliúria), a qual, se não
controlada, resulta em desidratação. A perda de água pela urina em função da não absorção
de solutos é um efeito conhecido como diurese osmótica.

- Acidose metabólica: A acidose metabólica no diabetes tem duas origens potenciais: o


metabolismo anaeróbio e a produção de corpos cetônicos. A causa primária da acidose
metabólica em diabéticos tipo 1 está na produção hepática de corpos cetônicos. Os pacientes
com cetoacidose diabética (DKA) apresentam sinais de acidose metabólica, como aumento da
ventilação, acidificação da urina e hipercalemia.
Os tecidos também podem apresentar elevação da glicólise anaeróbia (o que aumenta a
síntese de lactato) se a pressão arterial reduzir o fluxo de perfusão de sangue tecidual e,
consequentemente, promover a inadequada oferta de oxigênio às células. O lactato deixa as
células e entra no sangue, contribuindo para o estado de acidose metabólica. Se não for
tratada, a combinação de cetoacidose e hipóxia devido ao colapso circulatório pode causar
coma e até mesmo morte. O tratamento para o paciente com cetoacidose diabética é a
reposição de insulina, acompanhada por terapia líquida e eletrolítica para repor a perda de
volume e de íons.

4) Reconhecer as manifestações clínicas do DM 1.

Os sintomas clássicos de DM1 (poliúria, polidipsia, polifagia) estão presentes em praticamente


100% dos casos. Em contraste, muitos pacientes com DM2 são assintomáticos ou
oligossintomáticos, sendo diagnosticados ao acaso em exames de rotina.

5) Discutir o diagnóstico de DM 1 e tratamento não medicamentoso e medicamentoso


emergencial e ambulatorial, bem como dos alvos terapêuticos de exames
laboratoriais.

2/3 de manhã do medicamento

1/3 a noite do medicamento DISCUTIDO EM TUTORIA

NPH – 0,1 a 0, 2 U/KG/dia


O diagnóstico do diabetes é feito pela mensuração da concentração sanguínea de glicose. A
primeira indicação de que uma pessoa tem pré-diabetes ou diabetes normalmente ocorre com
a realização de exames laboratoriais de rotina. Esses testes são feitos no estado de jejum de
pelo menos 8 horas. Uma glicemia de jejum entre 100 e 125 mg/dL indica a presença de pré-
diabetes, e valores de 125 mg/dL é diagnóstico de diabetes.

Outro teste para o diabetes é o teste de tolerância oral à glicose de 2 horas. Primeiro,
determina-se a concentração de glicose no estado de jejum (tempo 0). Então, é fornecida uma
solução contendo 75 g de glicose dissolvidas em água, e a glicose plasmática é mensurada a
cada 30 minutos pelo período total de 2 horas.

Normalmente, as pessoas saudáveis apresentam uma pequena elevação na concentração de


glicose plasmática imediatamente à ingestão de uma solução contendo glicose, mas o nível
rapidamente retorna aos valores normais, devido à ação da secreção de insulina. Nos
pacientes diabéticos, contudo, a concentração elevada de glicose no estado de jejum está
acima do normal e aumenta ainda mais à medida que a glicose é absorvida pelo organismo.

No diabetes, a concentração de glicose permanece elevada (acima de 200 mg/dL após 2 horas
de teste). Esta lenta resposta indica que as células não estão conseguindo captar e metabolizar
a glicose de forma normal. Os pacientes pré-diabéticos apresentam uma resposta
intermediária; após 2 horas da ingestão de glicose, os valores plasmáticos ficam em torno de
140 a 199 mg/dL de sangue.

Hemoglobina glicosilada – HBA1c


- Pesquisa de corpos cetônicos

- Pesquisa do peptídeo C

6) Descrever as complicações relacionadas a hipoglicemia e hiperglicemia e


correlacionar com o prognóstico da doença.

Você também pode gostar