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Pâncreas endócrino

Fisiologia gastrointestinal
• PÂNCREAS ENDÓCRINO

O pâncreas, além de suas funções digestivas (pâncreas exócrino), também se-


creta importantes hormônios (pancreas endocrino). Os principais hormônios
são a insulina e o glucagon que são fundamentais para a regulação normal do
metabolismo da glicose, dos lipídeos e das proteínas.

Os hormônios pancreáticos são produzidos nas ilhotas de Langherans. Estes se


organizam em torno de pequenos capilares para os quais suas células o secre-
tam. Elas possuem três tipos de células principais que são chamadas de alfa,
beta e delta e distinguem entre si devido suas características morfológicas e de
coloração.

1) Células beta

Constituem aproximadamente 60% de todas as células das ilhotas. São encon-


tradas no centro de cada ilhota e secretam insulina e amilina.

OBS: Amilina é um hormônio secretado, com frequência, em paralelo com a


insulina, apesar de sua função ainda não estar bem esclarecida.

2) Células alfa

Correspondem a cerca de 25% do total e secretam glucagon.

3) Células delta

São células que correspondem a aproximadamente 10% do total e vão secretar


somatostatina.
• INSULINA

A insulina desempenha um papel importante no armazenamento do excesso de


energia. Assim, no caso de excesso de carboidratos, a insulina faz com que se-
jam armazenados sob a forma de glicogênio, principalmente no fígado e nos
músculos. Além disso, todo o excesso de carboidratos que não pode ser arma-
zenado sob a forma de glicogênio é convertido, através da ação da insulina, em
gordura e é armazenado no tecido adiposo. No caso das proteínas, a insulina
exerce efeito direto na promoção de captação de aminoácidos pelas células e
na sua conversão em proteínas, sem contar que também age inibindo o catabo-
lismo das proteínas que já se encontram nas células.

Esse hormônio possui meia vida plasmática de, aproximadamente, 6 minutos,


sendo eliminada da circulação em cerca de 10 a 15 minutos.

1) Síntese

A insulina é produzida pelas células beta das ilhotas de Langherans no pân-


creas. É um hormônio proteico produzido no retículo endoplasmático granuloso.

- Etapas de produção

Ocorre a tradução do RNA e formação da molécula de pré insulina dentro do


retículo. Após esse processo, ocorre a formação da molécula de pró insulina e
seus grânulos no complexo de golgi. Por fim, dentro dos grânulos há remoção
de uma das cadeias presentes na molécula de pró insulina, formando, assim, a
insulina propriamente dita.

- Grânulos

A) Estão presentes no retículo endoplasmático rugoso e vão ser eliminados por


exocitose.
B) Conteúdo: molécula de insulina, amilina e cadeia C (cadeia retirada da molé-
cula de pró insulina).

C) Amilina: possui efeito sacietogênico pois tem a função de retardar o esvazi-


amento gástrico, aumentando, assim, o tempo de contato da glicose com a mu-
cosa intestinal, proporcionando uma maior absorção. Além disso, ela aumenta a
secreção de glucagon.

2) Liberação

Ocorre de forma bifásica em que há um primeiro momento de liberação rápida


seguida de uma fase lenta. Na fase rápida há liberação de moléculas armaze-
nadas pré-formadas e é importante pois evita que haja um pico hiperglicêmico
pós-prandial. Já na fase lenta há liberação de moléculas de insulina que foram
produzidas mediante ao estímulo da glicose.

Liberação antecipatória da insulina é um mecanismo importante em que a insu-


lina é liberada não só com o pico glicêmico, mas também com estímulos prove-
nientes da visão, olfato, entre outros, representando a fase cefálica da digestão.
Além desses estímulos, a insulina também é liberada pela chegada de alimento
no íleo pela ação das incretinas. Esse mecanismo é de extrema importância,
pois também evita que haja um pico hiperglicêmico pós-prandial.

OBS: Incretinas são produzidas sinteticamente e utilizadas no tratamento de


diabetes melilitus do tipo 2 devido aos seus efeitos (estimula a secreção de in-
sulina, inibe a secreção do glucagon, desacelera o esvaziamento gástrico, au-
menta a massa de células beta nas ilhotas, entre outros).

- Estímulo para a liberação da insulina

O principal estímulo para ocorrer a sua exocitose é a concentração de glicose


no interstício. Nas células beta, a glicose atravessa a membrana plasmática por
difusão facilitada, através de seus transportadores GLUT 1 e GLUT 2, realiza
ativação de diversas reações dentro da célula até que haja elevação das con-
centrações intra-celulares de cálcio que vão desencadear a liberação da insuli-
na.

A elevação dos níveis de lipídeos e proteínas também é um importante meca-


nismo de estímulo para a liberação da insulina.

3) Efeitos da insulina

Os tecidos do corpo humano podem ser classificados de três formas de acordo


com a dependência da insulina.

- Dependentes: Músculo e tecido adiposo;

- Parcialmente dependentes: Fígado;

-) Independentes: Sistema nervoso central, rim, trato gastrointestinal e hemá-


cias

Efeitos da insulina podem ser dividos em:

- Ultra-rápidos: Momento em que a insulina se liga no receptor e causa o au-


mento da expressão de GLUT-4 na membrana das células, promovendo a in-
ternalização da glicose e redução da glicemia de maneira consequente;

- Rápidos: Efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos, lipídeos e sobre a


potassemia;

- Lentos: Ação sinérgica ao hormonio do crescimento (GH) em que há aumento


da síntese de proteínas.

Efeito rápido sobre o metabolismo dos carboidratos: reduz a glicemia

- Estimula a gliconeogênese no tecido muscular e hepático;


- Reduz a glicogenólise e gliconeogênese.

Efeito rápido sobre o metabolismo dos lipídeos:

- Reduz a lipólise no tecido adiposo;

- Aumenta a síntese de ácido graxo no fígado;

- Reduz a utilização de gorduras no tecido adiposo;

- Efeito lipogênico no fígado e no tecido adiposo.

Efeito sobre a potassemia:

- A insulina aumenta a entrada de potássio na célula causando, assim, uma re-


dução da potassemia. Assim, esse hormônio pode ser utilizado no tratamento
emergencial da hiperpotassemia.

• GLUCAGON

O glucagon é o hormônio responsável pela rota catabólica do organismo e é


produzido pelas células alfa das ilhotas de Langherans. A importância fisiológi-
ca é que, desta forma, diminui-se a possibilidade do nosso organismo entrar em
estado hipoglicêmico, que levaria ao coma ou até à morte.

Sua ação dura, em média, 20 minutos no organismo e sua principal função é a


de diminuir os níveis séricos de glicose.

1) Os estímulos para sua liberação são:

- Jejum hipoglicêmico;

- Estados hipermetabólicos (estresse físico ou emocional, exercício, entre ou-


tros).
2) Efeitos

- Glicogenólise hepática;

- Gliconeogênese.

3) Secreção

A hipoglicemia estimula as células alfa a produzirem glucagon e estimula as


células beta a diminuir a produção de insulina, visto que a insulina atua inibindo
a liberação do glucagon. Com isso, há aumento da concentração desse hormô-
nio.

4) Controle da liberação

- Modulação positiva

A) Efeito direto: Células alfa com sensores de glicemia

B) Efeito indireto: Células beta com sensores da glicemia que vão atuar dimi-
nuindo os níveis de insulina quando a glicemia está reduzida

- Modulação negativa

Células alfa sendo inibidas pela somatostatina, incretinas e a própria insulina

• CLÍNICA

Existem várias doenças relacionadas aos hormônios pancreáticos, em especial,


à insulina, destacando-se o Diabetes Mellitus (DM) que pertence a um grupo de
doenças metabólicas caracterizado por hiperglicemia crônica, resultante de de-
feitos na secreção e/ou ação da insulina.

O DM pode ser classificado em dois grandes grupos:


1) DM tipo 1: Causa primária é a falência de células beta por destruição auto-
imune

2) DM tipo 2: Causa primária é a resistência insulínica, associada ou não à fa-


lência progressiva das células beta

O DM 2 é a forma mais comum de diabetes e é considerado uma das grandes


epidemias mundiais do século XXI, além de um problema de saúde pública. A-
presenta fatores genéticos importantes, é de caráter poligênico, onde múltiplos
genes podem estar envolvidos em mecanismos predisponentes. Fatores ambi-
entais também podem predispor ao surgimento de DM 2, tais como idade, se-
dentarismo, hábitos alimentares e obesidade.

A resistência à insulina é um dos principais fatores predisponentes ao desen-


volvimento de DM 2 e está relacionada também a hipertensão, dislipidemia,
aterosclerose e obesidade, configurando a síndrome metabólica (SM).

O DM 2 está associado a complicações crônicas, incluindo retinopatia, nefropa-


tia, neuropatia e risco aumentado de doenças cardiovasculares, se não for bem
controlado. Atualmente, a morbidade e a mortalidade atribuídas ao diabetes
ainda são elevadas, o que faz da prevenção a maneira mais eficaz de evitar
complicações. Além do tratamento medicamentoso, a prevenção está associada
a mudanças no estilo de vida, principalmente relacionadas à dieta e à prática de
exercícios físicos. Por serem medidas relativamente seguras e de baixo custo, a
dieta, a atividade física e a perda de peso são terapias de primeira linha, no ca-
so de não haver contraindicações, pois diminuem a resistência insulínica, previ-
nem ou retardam a progressão para DM 2.

Diabetes Tipo 1 é o tipo menos comum da diabetes e corresponde a 10% dos


pacien ç s-

insulina que aco . O tratamento consiste na utili-


e .Ai 3% por ano.
, o DM1 corresponde a 90% dos casos de diabetes, com aumento
expressi 5 anos.

A doença vai se subdividir em DM do tipo 1A e tipo 1B.

a-
da pela
beta.

mais conhecida, envolve:

- ;

- Fatores ambientais (levam a resposta autoimune);

- ;

- Com ;

- .

de au 1 com autoan-

e-
rapia plena. As recomen
stintos para as c
subtipos.

As manifestações clínicas se desenvolvem em semanas ou meses (idades


maiores). Início abrupto pode ocorrer principalmente em crianças menores. A
clínica clássica é baseada em poliúria, polidipsia e polifagia. Outras manifesta-
ções incluem a fadiga, perda de peso, desidratação, visão turva, entre outros.

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