Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução:
Há sete categorias de hipoglicemiantes orais.
1. Biguanidas: reduzem produção hepática de glicose.
2. Secretagogos da insulina (sulfonilureias, meglitinidas, derivados da d-fenilalanina): aumentam a secreção de insulina pela célula
beta.
3. Tiazolidinedionas: reduzem a resistência insulínica.
4. Inibidores da alfa-glicosidase: retardam digestão e absorção do amido e dissacarídeos.
5. Terapias baseadas na incretina: controla excursão de glicemia pós prandial, aumentando a liberação de insulina e reduzindo de
glucagon.
6. Análogo da amilina: reduz níveis pós prandiais e reduz apetite.
7. Sequestrador de ligação de ácidos biliares: acredita-se que reduz produção hepática da glicose
o Metformina > fármaco de escolha: tem menos efeitos adversos, é efetiva, pacientes toleram muito bem, pode ser utilizado a
longo prazo sem muitos problemas;
o Há situações em que a metformina está contraindicada (assim busca-se utilizar outra classe), e situações onde o uso isolado não
resolve, assim o médico deve lançar mão de outras classes.
Biguanidas
METFORMINA: Atualmente apenas a metformina é o medicamento que representa o grupo. A fenformina não é utilizada
atualmente porque tem um risco elevado de causar acidose láctica.
Mecanismos:
o Diminuição da produção endógena de glicose
o Sensibilização da insulina nas células periféricas (que assim passam a captar mais glicose o que causa uma remoção da glicose
na circulação).
o Redução na absorção de glicose.
Efeitos:
o Redução de 60-70 mg/dL na glicemia.
o É uma substância com efeito máximo potente, age por mecanismo múltiplos e não possui o principal efeito adverso
relacionados aos hipoglicemiantes, que é a hipoglicemia.
o O efeito principal é a redução da síntese endógena de glicose, como efeito secundário melhora a atuação da insulina e reduz a
absorção de glicose.
o Estimula a atividade da AMPK; Exerce pouco efeito sobre a glicemia nos estados normoglicêmicos e não afeta a liberação de
insulina sendo que raramente provoca hipoglicemia; Reduz mortalidade e previne complicações crônicas do diabetes.
Efeitos colaterais:
o Normalmente não são efeitos muito prejudiciais, sendo que a maioria dos pacientes tolera a metformina muito bem, inclusive a
longo prazo. Os efeitos adversos aparecem principalmente no início do tratamento e se manifestam sobretudo por desconforto
gastrintestinal (efeito adverso principal), que pode ser amenizado se fizer uma titulação de dose (começa com uma dose menor
e vai aumentando até atingir a dose recomendada ao paciente, assim os efeitos gastrintestinais podem ser menos intensos).
o Os principais efeitos são desconforto abdominal, diarreia, constipação, meteorismo, flatulência – 5 a 10% dos pacientes podem
apresentar. A acidose lática é um efeito adverso raro.
o Dos efeitos graves, que são raros, o mais característico da metformina é a acidose láctica (efeito adverso raro que pode trazer
consequências grandes para o indivíduo, principalmente em pacientes que tem predisposição a acidose).
o A acidose pode ocorrer porque o fármaco inibe a gliconeogênese, ou seja, o fígado passa a captar menos substratos para a
produção endógena de glicose, sendo que um desses substratos é o ácido láctico, assim esse ácido fica na circulação, podendo
causar acidose.
o Esse excesso não é um problema para pessoas que tem a função renal normal, mas em indivíduos com função renal prejudicada
e com predisposição a acidose (por ex. pacientes com DM II que tem predisposição a cetoacidose diabética, o que não é comum,
pois geralmente quem tem essa predisposição são pacientes com DM I, são mais sensíveis a acidose láctica, que pode acontecer
com o uso de metformina).
o Deve-se tomar cuidado portanto em pacientes que: tem função renal prejudicada, função hepática prejudicada (pois captam
menos ácido láctico), e que sejam portadores de DM II com predisposição a cetoacidose diabética – Essas situações geram
contraindicação ao uso da metformina. São contraindicações: Gravidez, insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar e
acidose grave – são todas condições que predispõem a acidose, assim deve-se evitar o uso de metformina e buscar outros
tratamentos disponíveis.
Secretagogos da Insulina
Sulfonilureias
Representam uma classe importante de fármacos hipoglicemiantes que pertencem ao grupo dos secretagogos. Esses
fármacos estimulam a secreção (produção e liberação) de insulina. Os fármacos estimulam tanto a produção de insulina, que
conseguem sobrepor a resistência insulínica existente em pacientes com DM2 (excesso de insulina agindo nos receptores, que
acabam ativando-os, melhorando a captação de glicose).
o Na célula beta, os níveis de glicose condicionam a produção de insulina. Esse nível de concentração de glicose é o sinal para a
célula beta produzir insulina. A glicoquinase é uma enzima que fosforila a glicose, convertendo ATP em ADP, assim a relação
entre ATP e ADP muda. Se há muita glicose entrando na célula beta, há consumo de ATP e excesso de ADP.
o Muita glicose no sangue: muito ADP na célula beta (por causa da fosforilação, ATP perde um fosfato e vira ADP); Pouca glicose
no sangue: menos ADP na célula beta e mais ATP.
o Na célula beta há um canal de potássio que é sensível ao nível de ATP – quando o nível de ATP diminui e passa a prevalecer mais
ADP, esse canal é fechado; Quando o nível de ATP está alto, o canal se abre.
o Se fechar o canal de potássio, o potencial de ação dura mais tempo, em decorrência do aumento da despolarização. Com isso o
canal de cálcio voltagem dependente se abre (porque o potássio não saiu) – cálcio entra e se liga a calmodulina, estimulando a
exocitose da insulina.
o O canal de cálcio está ligado e é dependente do fechamento de potássio. Quando o canal de potássio fecha, o potencial fica
positivo assim o canal de cálcio se abre (voltagem dependente), e ocorre a liberação de insulina.
o A sulfonilureia liga no receptor SUR, induzindo o fechamento do canal de potássio, assim a célula fica despolarizada e o canal de
cálcio se abre, culminando na liberação de insulina.
OBS: Despolarização: entra sódio (tem muito mais sódio fora do que dentro da célula, assim a tendência é que ele entre); para
repolarização abre canal de potássio (tem muito potássio dentro da célula, assim ocorre saída de potássio, levando a diminuição do
potencial e consequente repolarização).
o Possui o mesmo mecanismo de ação das sulfonilureias. Agem no mesmo receptor (SUR) culminando com o fechamento dos
canais de potássio, consequente entrada de cálcio e liberação de insulina. A divisão é por causa da estrutura química.
o A repaglinida é uma meglitinida e a nateglinida é um derivado da fenilalanina.
o Aumentam a secreção de insulina e podem causar hipoglicemia.
o Ambos apresentam t1/2 curto (1 h) e duração de efeito de 4-7 h para repaglinida e 4 h para nateglinida.
o Esses fármacos agem no mesmo receptor que as sulfonilureias, porem em sítios diferentes. Assim o efeito máximo não é tão
alto em comparação às sulfonilureias (possuem menor eficácia), causando redução de 20 a 30 mg/dL na glicemia de jejum.
o Estimulam a secreção de insulina por meio do fechamento dos canais KATP nas células β.
Tiazolidinedionas (Glitazonas)
o Atualmente o único fármaco utilizado é a pioglitazona. Outros fármacos dessa classe não são mais utilizados pois induziam a
hepatotoxicidade a longo prazo. A pioglitazona pode causar esse efeito adverso, mas em menor grau, por isso deve-se tomar
cuidado em pacientes que possuem predisposição.
o As glitazonas não são secretagogas. Agem ativando os receptores PPAR gama, que está envolvido no metabolismo lipídico e da
glicose. Causa sensibilização e amplificação da insulina, aumentando a eficiência na absorção de glicose.
o São agentes sensibilizadores que potencializam a ação da insulina nos tecidos-alvo.
o Reduzem 35 a 65 mg/dL na glicemia de jejum, portanto, possuem eficácia alta. Porem possuem muitos efeitos adversos.
o O fármaco nunca deve ser uma primeira opção, e seu uso é restrito para pacientes que não obtiveram bons resultados com o
uso isolado de outros medicamentos. É um fármaco utilizado como adjuvante.
o Pode causar retenção hídrica (Pode levar ao edema ou piorar o quadro de indivíduos com HAS), anemia, ganho ponderal,
insuficiência cardíaca e fraturas (o fármaco altera a farmacocinética do cálcio no organismo, causando desequilíbrio na liberação
de calcitonina e paratormônio, alterando o metabolismo do cálcio).
o A ativação dos receptores PPAR gama altera o perfil de captação de gordura nas células, assim aumenta a captação e
armazenamento de ácidos graxos no tecido adiposo, e diminui a captação no musculo esquelético e no fígado (assim o fármaco
pode ser benéfico para indivíduos com esteatose, pois retira a gordura do fígado e joga no tecido adiposo). Os adipócitos ficam
mais sensíveis a captação de ácidos graxos e o musculo e o fígado fica mais sensível a ação da insulina.
o O fármaco causa redução da gliconeogênese, assim suprimem a produção de glicose no fígado.
o Ação parecida com a metformina, mas com mais efeitos adversos, por isso é uma substância de 2ª linha no tratamento. Além
disso, não diminui a absorção de glicose como a metformina.
o Ativam os receptores de PPARγ; São agentes sensibilizadores que potencializam a ação da insulina nos tecidos-alvo; Promovem a
captação e o armazenamento de ácidos graxos no tecido adiposo, mais que no musculo esquelético e no fígado. Assim, o
músculo fica mais sensível à ação da insulina; Suprimem a produção de glicose no fígado.
Acarbose
o Inibe a absorção intestinal de carboidrato. Os fármacos mais novos atuam na inibição da reabsorção renal da glicose ou podem
atuar no próprio intestino inibindo a absorção da glicose.
o Redução de 20 a 30 pontos na glicemia. Não inibe gliconeogênese, não aumenta secreção de insulina, atua apenas em partes.