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2) Fisiopatologia
• A doença é provocada por uma combinação de resistência periférica à ação da insulina, associada a
uma resposta compensatória inadequada de secreção de insulina pelas células beta pancreática
(deficiência insulínica relativa).
o Resumidamente, há uma redução da sensibilidade à insulina no músculo, uma excessiva
produção hepática de glicose (por resustência isnulínica no fígado) e declínio progressivo da
função das células beta.
• É uma doença multifatorial e complexa. Fatores externos, como estilo de vida sedentário e hábitos
alimentares apresentam um papel bem estabelecido (obesidade), fatores genéticos (histórico familiar é
mais frequente do que no DM1!)
I Módulo 801 – Problema 02 I Thiago Almeida Hurtado
• A resistência insulínica antecede o desenvolvimento da
hiperglicemia, sendo normalmente acompanhada por
hiperfunção compensatória das células beta e
hiperinsulinemia nos estágios iniciais da evolução do
diabetes.
a) Resistência Insulínica
• É definida como o insucesso dos tecidos-alvo em responder
normalmente à insulina.
o Como consequência, há uma redução da captação de
glicose pelo músculo, redução da glicólise e da
oxidação dos ácidos graxos no fígado e incapacidade
de suprimir a gliconeogênese hepática.
• É gerada por uma diversidade de fatores na via de sinalização
da insulina (como redução da ativação do IR)
• ATENÇÃO! A obesidade é o principal fator determinante da resistência insulínica! É uma anomalia
fundamental da sinalização insulínica nos estados de excesso adiposo, A RI faz parte da expressão
síndrome metabólica, aplicada ao conjunto de achados em conjunto com a obesidade visceral:
resistência insulínica, intolerância à glicose e fatores de risco cardiovasculares como, por exemplo,
hipertensão e perfis lipídicos anormais.
o É por isso que a mudança no estilo de vida é uma fundamental para pacientes em risco de
desenvolvimento de diabetes do tipo 2! Há uma relação direta entre o aumento do risco de
desenvolvimento de diabetes e o aumento de IMC.
• Apesar de muitos detalhes permanecerem desconhecidos, já
se sabe de algumas vias que levam a resistência insulínica:
o Excesso de ácidos graxos livres (FFA): o nível de
triglicérides intracelulares aumenta devido a
circulação desses, principalmente no músuclo e
tecido adiposo. Os triglicerídeos intracelulares e
os produtos do metabolismo dos ácidos graxos
são potentes inibidores da sinalização insulínica,
resultando em um estado de resistência insulínica
adquirida Age, portanto, inibindo a secreção de
insulina por essas células e aumentando a RI no
músculo esquelético (reduz a captação de glicose
por ele) devido ao depósito de gordura.
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o Inflamação: um processo inflamatório mediado por citocinas secretadas devido ao excesso de
nutrientes ingeridos (FFA) resulta em resistência insulínica e disfunção das células beta.
▪ Um complexo citoplasmático denominado de inflamossomo, é mobilizado devido ao
excesso de FFA no interior dos macrófagos e das células beta. Esse complexo libera a
interleucina 1-beta, a qual estimula a secreção de moléculas inflamatórias que interferem
no processo de sinalização insulínica.
o Adipocinas: o tecido adiposo opera como um órgão endócrino funcional, também liberando
moléculas inflamatórias na circulação em resposta ao excesso de FFAs
o PPARy (receptor y ativado por proliferadores de peroxissomo): receptor que promove a secreção
de adipocinas anti-hiperglicêmicas, melhorando a sensibilidade insulínica.
a) Biguanidas (Metformina)
• É um fármaco de baixo custo.
• Mecanismo de ação: não apresenta efeito direto nas células beta
o Inibe gliconeogênese
o Melhora da sensibilidade periférica a insulina
o Redução do turnover de glicose no leito esplâncnico
o Estimula translocação dos receptores GLUT-4 (efeito em nível celular).
o Aumenta os níveis de incretina
c) Glitazonas (pioglitazona)
• Mecanismo de ação: agem se ligando aos PPARy, expressos, sobretudo, no tecido adiposo, onde
regulam genes envolvidos na diferenciação do
adipócito e na captação e armazenamento dos
ácidos graxos, além da captação de glicose. A
ativação desses receptores gera um aumento de
lipogênese no tecido adiposo, o que reduz os
ácidos graxos livres (consequentemente, aumenta
a massa de tecido gorduroso subcutâneo). Como
consequência final, há uma maior sensibilidade
do fígado à insulina, menor conteúdo hepátio de
gordura e inibição da produção hepática de
glicose.
o ATENÇÃO! Geralmente, são classificadas, juntamente com a metformina, como drogas
sensibilizadoras de insulina,
o ATENÇÃO! Em teoria, como melhoram o desempenho da insulina endógena, apresentam um
potencial preservador da célula beta, postergando a deterioração pancreática.
• Indicações: apresentam boa eficácia quando utilizada em associação com outros hipoglicemiantes.
Entertanto, devido ao seu mecanismo de ação intracelular, quando utilizadas sozinhas, podem demorar
até 12 semanas de tratamento para manifestar seu efeito. Pode também ser utilizada no pré-diabetes e
na esteatose hepática não alcoolica.
• Efeitos colaterais: presentes em menos de 5% dos pacientes tratados com essa droga. Algumas delas são
IVAS, cefaleia, edema periférico, anemia dilucional e ganho de peso (cerca de 1 kg por 1% de HbA1c
reduzido, porém, pode ser extremo em alguns pacientes, sendo indicação para suspenção de tratamento.
Apesar de aumentar a porcentagem de gordura corporal, estudos indicam que essa é de maioria
subcutânea (menos maléfica que a visceral), o que pode piorar oftalmopatias devido ao acúmulo retro-
orbitário dessa (doença de Graves) ou edema de mácula. A hepatotoxicidade é outro evento importante,
sendo necessária dosagem de transminases antes de iniciar o tratamento com esse medicamento e depois,
periodicamente (caso alterações nas enzimas hepáticas maiores ou iguais a 3x, deve ocorrer suspensão
da droga).
• Contraindicações:
o Hepatopatas graves
o Alcoolatras
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o DM1
o Gestantes
o ICC (o medicamento aumenta em 2x o risco de desenvolvimento dessa)
• ATENÇÃO! Deve-se aumentar a dose do anticoncepcional oral em pacientes usando essa droga, pois
essa apresenta interação com o citocromo P450!
h) Análogos do GLP-1
• Mecanismo de ação: o GLP-1 é um hormônio liberado pelas células enteroendócrinas localizadas no íleo
e no cólon. Esse fármaco age estimulando a secreção glicose-dependente de insulina, inibindo a secreção
de glucagon e a gliconeogenese, retardando o esvaziamento gástrico, provocando saciedade e reduzindo
o apetite (consequentemente aumenta a perda de peso). São muitas vezes denominados
incretinomiméticos.
• Fármacos disponíveis: são de curta ação (exenatida, liraglutida e lixisenatida) ou de longa ação, com
aplicação semanal (albiglutida, dulaglutida e exenatida)
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• Indicações: são fármacos de segunda linha para tratamento da DM2
• Contra-indicações: não devem ser associados com inibidores da DPP-4.
Fase 3
Fase 1 Fase 2 Fase 4
- Perda da secreção de
- Hiperglicemia discreta - Redução da secreção insulina (geralmente 10 - Insulinopenia absoluta
de insulina anos depois) - Deve ser feita a
- Obesidade
- Devem ser prescritos - É necessário insulinização plena,
-Insulinorresistência com esquema bolus-
secretagogos, prescrever a
- A metformina é o associados a insulinização noturna basal
medicamento de sensibilizadores em conjunto com os - Hipoglicemiantes
escolha! insulínicos. outros podem ser associados.
hipoglicemiantes.
6) Tratamento (Insulinoterapia)
• Diferentemente do que ocorre no DM1, a maioria dos pacientes com DM2 não necessita da insulina após
o diagnóstico.
• A introdução da insulina é tardia no tratamento do diabetes, entretanto, muitas vezes atrasam o seu uso,
o que expõe o paciente a riscos do mau controle glicêmico por tempo prolongado.
• Assim como no DM1, procura-se reproduzir, de forma mais fisiológica possível, o perfil normal de
secreção e ação da insulina. Isso infere a necessidade de prescrição de uma dose basal de insulina e de
incrementos pré-prandiais.
• De um modo geral, recomenda-se iniciar a insulinização desses pacientes com uma insulina basal em
combinação com outros hipoglicemiantes. Com a elevação gradual dos níveis de glicemia capilar, o uso
de insulina prandial passa a ser necessário.
c) Insulinoterapia basal-bolus
• Esquema adotado quando o paciente não apresenta mais reserva pancreática.
• O tratamento é o mesmo dos pacientes DM1, sendo feito com uma dose de insulina de ação longa mais
três ou quatro doses de insulina de ação curta ou rápida por dia.
c) Neuropatia autonômica
• Pode ser detectada em até 50% dos pacientes com DM tipo 1 e 70% em DM tipo 2. Em 40% dos casos,
pode estar presente na ocasião do diagnóstico de pacientes com DM tipo 2 em algum grau.
• Pode ser compreendida em componentes: cardiovascular, periférico, gastrointestinal e geniturinário.
• QC; os sintomas são variados, sendo que os mais comuns são a disfunção sexual, tontura postural,
náuseas, vômitos e plenitude pós-prandial (gastroparesia diabética), sudorese profusa da face e
tronco superior, constipação e diarreia diabética (sintomas noturnos). Uma manifestação mais
grave, e que vem ganhando mais atenção, é a hipoglicemia induzida pela falência autonômica
(contrarregulação hormonal, devido principalmente à epinefrina).
o Disautonomia cardiovascular: aumenta o risco cardiovascular do paciente (arritmias, isquemia
miocárdica e morte súbita).
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o Disautonomia periférica: decorrente da desenervação simpática dos membros. Apresenta
sintomas inespecíficos, como hiperidrose, alteração de temperatura e edema. Geralmente provoca
ressecamento dos pés, o que favorece a ocorrência de fissuras e consequentemente, pé diabético
o Disautonomia genirurinária: bexiga neurogênica, disfunção erétil, ejaculação retrógrada e
dispaureunia são sintomas presentes. O acumulo de urina devido a bexiga neurogênica pode
predispor a infecções urinárias de repetição. É importante lembrar que essa população costuma
ficar impotente devido tanto a causas vasculares quanto neuropáticas, e apresentam essa condição
em uma idade mais jovem. As causas vasculares estão frequentemente associadas a claudicação
intermitente!
o Disautonomia gastrintestinal: ocorrem em até 75% dos pacientes, podendo acometer a inteiridade
do trato gastrintestinal. Geralmente cursa com sintomas dispépticos crônicos (plenitude, náuseas
e vômitos), diarreia ou constipação de início recente. Essas complicações podem dificultar o
controle glicêmico e predispor a uma hipoglicemia iatrogênica.
• DX: os pacientes assintomáticos, ou oligossintomáticos, podem ser detectados por exames simples à
beira do leito (aferição de hipotensão postural, ECG, FC fixa, anidrose na parte inferior do corpo e
hiperidrose na porção superior...). Quanto a impotência, devem ser descartadas as causas psicogênicas
(histórico de inicio gradual, disfunção constante, ausência de ereções norturnas e matinais...),
hipognonadismo (Dosagem hormonal), vasculares (doppler peniano) e uso de medicamentos (BB,
diuréticos...). Quanto a gastroparesia, deve ser diferenciada de doenças como parasitoses e doença
celíaca; sendo confirmada por cintilografia de esvaziamento gástrico ou por radiografia contrastada do
abdome, demonstrando retenção alimentar após período de jejum.
• TTO: depende das consequências da disautonomia
o Cardiovascular: hipotensão postural deve ser tratada comedidas gerais (não levantar rápido,
elevar a cabeceira da cama, cruzar as pernas ao levantar...) ou com o uso de fludrocortisona.
Betabolqueadores cardiosseletivos (atenolol) são utilizados com boa resposta nas taquicardias
decorrentes da disautonomia.
o Disautonomia periférica: tratar o edema com elevação das pernas ou meias elásticas.
o Disautonomia geniturinária: o uso de colinérgicos e alfabloqueadores podem ser úteis para
melhorar os sintomas de incontinência urinária. Quanto a disfunção erétil as drogas mais eficazes
são os inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (silfenafil, tadalafil e vardenafil), porém também
podem ser utilizadas injeções de prostaglandinas ou colocação de prótese peniana.
o Disautonomia gastrintestinal: metoclopramida 30 minutos antes da refeição. É um bloqueador
dopaminérgico, antiemético e estimulante peristáltico.
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d) Mononeuropatia
• A monononeuropaia do nervo mediano é a mais comum deste grupo. O nervo radial, ulnar e o fibular
também podem ser afetados.
• QC: depende do nervo afetado, podendo apresentar desde a mão do pregador (lesão do mediano).
Quando o nervo oculomotor é afetado, o paciente pode apresentar ptose, oftalmoparesia sem alteração
pupilar.
• TTO: costumam ser autolimitados, com o controle glicêmico
• ATENÇÃO! Pode ser “múltipla”, quando há o comprometimento assimétrico de mais de um nervo
periférico
e) Radiculoneuropatia
• É uma forma rara de neuropatia, geralmente acometendo pacientes mais velhos, que frequentemente
apresentam a polineuropatia periférica associada.
• QC: dor na região dorsal da coxa que involui insidiosamente para fraqueza muscular proximal
amiotrófica, a qual pode evoluir para o membro contralateral.
• TTO: apresenta melhora espontânea em um período de seis meses a dois anos.
2) Retinopatia Diabética
• É uma das principais causas de cegueira em indivíduos entre 20-74 anos, ocorrendo em quase 100% dos
diabetes tipo 1 após 20 anos, tratados com terapia convencional e em 60% dos pacientes diabéticos tipo
2 após o mesmo período.
• É classificada como: proliferativa, não proliferativa e maculopatia diabética.
• Alguns dos principais fatores de risco são: mal controle glicêmico, HAS, tempo de evolução do DM,
presença de nefropatia, puberdade, gravidez e dislipidemia. Os principais fatores envolvidos ao
aparecimento e evolução da RD são o tempo de evolução de DM e o mau controle glicêmico.
• Devido ao risco aumentado de amaurose/perda de visão nesses pacientes, recomenda-se uma triagem
com oftamologista:
o DM1: de 05 em 05 anos
o DM2: exame no momento do diagnóstico, depois anualmente para aqueles sem retinopatia e
semestralmetne para aqueles com retinopatia.
• Estudos indicam que o controle glicêmico rígido e o da hipertensão arterial reduzem a incidência e a
progressão da retinopatia diabética.
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a) Retinopatia de fundo (não proliferativa)
• É a forma mais frequente, sendo encontrada em até 90% dos casos.
• Há uma lesão inicial da parede vascular, tornando os vasos
frágeis e levando a formação de microaneurismas (pequenos
pontos vermelhos). Há também aparecimento de exsudatos
duros (extravasamentos de lipídios e proteínas
plasmáticas), devido ao processo de edema e extravasamento
de material vascular mencionado anteriormente (não
conseguem ser reabsorvidos)
• Com a progressão da doença, há obliteração dos pequenos
vasos; levando a características hemorragias em “chama de
vela” nos locais distais a obstrução. Podem surgir também
pontos de isquemia devido à hipóxica, que aparecem como manchas algodonosas. A fragilidade do
sistema venoso pode levar a formação de veias em rosário (não sei que merda é essa...)
• Durante a fase leve e moderada da doença, a visão costuma ser poupada, exceto quando há lesões
diretamete sob a mácula.
• TTO: sem comprometimento macular, não necessita de tratamento específico. O uso de anti-VEGF
intraocular é indicado para pacientes com edema de mácula, sendo que a fotocoagulação pode ser
utilizada em pacientes não aderentes a terapia.
c) Retinopatia proliferativa
• Esse é o tipo mais grave e ameaçador de retinopatia!
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• É o estágio final da doença. Devido a isquemia, são produzidos fatores locais de crescimento vascular
(VEGF, IGF-1...), levando a uma angiogenese descontrolada. Os novos vasos são identificados na
fundoscopia, geralmente acompanhando a trajetória das artérias ou veias retinianas.
• A neovascularização se “adere” ao humor vítreo e, eventualmente, sofre um processo de fibrose! A
tração gerada por esse processo leva ao descolamento de
retina, que, caso ocorra na região da mácula, leva a
amaurose.
• ATENÇÃO! Os neovasos formados são mais frágeis, o que
pode levar ao seu rompimento, promovendo hemorragia
vítrea e consequente perda de visão. Outra possibilidade é o
glaucoma agudo, devido a formação e fibrose dos neovasos,
o que gera um aumento de pressão súbito no olho.
• Nessa fase, o controle glicêmico não consegue levar ao
controle do quadro!
• TTO: fotocoagulação panretiniana a laser para tratamento do edema macular (corta neovasos e
impede que destruam a mácula. A necrose extensa reduz a produção local de fatores de crescimento,
responsáveis pelo crescimento de vasos). Pode acarretar em perda de acuidade visual (principalmente
periférica. A vitrectomia está indicada para pacientes com hemorragia vítrea ou descolamento de retina.
d) Maculopatia diabétca
• Condição carcterizada por um edema macular reversível.
• É a causa mais comum de sintomas visuais no diabético, como perda de visão central.
3) Nefropatia Diabética
• O comprometimento renal atinge principalmente o glomérulo.
• A glomerulopatia apresenta incidência entre 20 e 40% dos pacientes com ambos os tipos de DM.
• Fatores de risco: duração da doença, microalbuminúria, mal controle glicêmico, HAS, ITU de repetição,
uso de drogas nefrotóxicas.
• Fisiopatologia: formação de glomeruloesclerose difusa ou focal, levando a expansão do mesângio e ao
espessamento da membrana basal. Está envolvida a deposição em excesso de proteínas da matriz
extracelular no interior dos glomérulos, mediada por fatores de crescimento. Há, consequentemente:
Hipertrofia e Espessamento da
hiperfiltração membrana basal Microalbuminúria Proteinúria franca Insuficiencia renal Síndrome urêmica
glomerular glomerular
• QC: geralmente se manifesta por proteinúria no EAS ou mais de 300 mg de proteína na urina de 24 h.
Costumam se apresentar como assintomáticos no momento do diagnóstico, entretanto, possuem uma
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lesão que levará os rins ao estado terminal em menos de 07 anos! Alguns pacientes podem evoluir para
as manifestações clássicas de síndrome nefrótica (mal estar, urina espumosa, retenção de líquidos -) ou
de compicações desta, como anemia, infecções, dislipidemia e hipercoagulubilidade e síndrome urêmica.
A HAS também é um achado frequente, devido a retenção de líquidos.
• DX: detecção de microalbuminúria no EAS ou valores entre 30 a 300 mg de albumina na urina 24h ou
macroalbuminúria (>300mg/24h). Deve-se suspeitar de nefropatia não diabética na presença de uremia
sem proteinúria ou quando não houver retinopatia em um diabético com proteinúria!
o ATENÇÃO! Uma relação albumina/creatina > 30 mcg/mg já indica microalbuminúria!
o ATENÇÃO! Deve ser realizada uma triagem anual para a presença de microalbuminuria em
todo DM 1, ao menos cinco anos após a instalação da doença e em todo DM2, desde o
diagnóstico.
• TTO: deve ser feito o mais precocemente possível, uma vez que são muito menos eficazes quando a
proteinúria significativa e a insuficiência renal já estão instaladas. É baseado no:
o Controle glicêmico rígido – útil para conter evolução da microalbuminúria
o Controle da hipertensão (IECA ou antagonistas da angiotensina II) – útil para conter a progressão
da doença como um todo.
▪ ATENÇÃO! A pressão recomendada para diabéticos é < 140x90 mmHg.
o Controle da dislipidemia
o Diálise/transplante renal (rins terminais – creatina > 6,0 e ClCr < 25ml/min)
▪ ATENÇÃO! Cuidado com a hipoglicemia, devido ao papel dos rins no metabolismo da
insulina!
o ATENÇÃO! Atualmente os IECA estão indicados em todos os pacientes diabéticos com
proteinuria ou microalbuminuria, independentemente de presença da HAS. Isso se deve ao efeito
nefroprotetor (dilatam a arteríola eferente). Cuidado em pacientes com estenose bilateral de
artéria renal, ou em renais crônicos, onde esses medicamentos podem levar a IRA pré-renal ou
hipocalemia.
4) Fisiopatologia das complicações do DM
• A glicotoxicidade (hiperglicemia persistente) é o principal fator contribuinte para essas complicações.
No mínimo, três vias metabólicas parecem estar envolvidas na patogenia dessas:
o Formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs): são formados como resultado de
reações não enzimáticas entre precursores intracelulares derivados da glicose com proteínas intra
e extracelulares. Essas moléculas se ligam a receptores específicos, expressado em células
inflamatórias e no endotélio. Consequentemente, levam a: inflamação, geração de espécies
reativas de oxigênio, aumento da atividade pró-coagulante, aumento da proliferação das
células musculares lisas. Além disso, os AGEs podem se ligar a proteínas das matrizes
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extracelulares, intensificando a deposição proteica (como a LDL, aumentando o índice de
aterosclerose, ou a albumina, espessando a membrana basal)
o Ativação da proteína quinase C: a hiperglicemia estimula a síntese de diacilglicerol, segundo
mensageiro que provoca a ativação da PKC. Esse receptor, quando ativado, leva a produção de
moléculas pró-angiogênicas (neovascularização) e pró-fibrogênicas (aumenta a deposição de
matriz extracelular e na membrana basal)
o Via dos polióis: em tecidos que não exigem insulina para o transporte da glicose, a hiperglicemia
leva ao aumento da glicose intracelular. Essa glicose é transformada em sorbitol e depois frutose,
reação mediada pelo NADPH. Acontece que o NADPH é um cofator importante para enzimas
antioxidantes da célula (como a GSH), o que leva ao estresse oxidativo. Nos neurônios, esse
parece ser o principal mecanismo envolvido na neurotoxicidade da glicose.