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ENDOCRINOLOGIA AULA 1 – DM
DIABETES MELLITUS
Definição: Síndrome metabólica de etiologia múltipla, caracterizada por hiperglicemia crônica que leva a danos ao endotélio vascular.
Causas
• secreção ausente de insulina
• secreção insuficiente ou resistência de órgãos alvo (fígado, tecido muscular e adiposo)
Fisiopatologia
• Tipo 1 – deficiência absoluta de insulina
• Tipo 2 – deficiência relativa de insulina (existe um grau de resistência insulínica que quando ultrapassa a capacidade do pâncreas de
hipercompensar, ele vai apresentar uma deficiência relativa)
EPIDEMIA MUNDIAL
Acredita-se que o número de pacientes diabéticos irá dobrar até 2025 e quase dobrar de 2020 até 20140, esse aumento está relacionado
principalmente ao diabetes tipo 2, pois está relacionado a obesidade, que é outra epidemia mundial.
FISIOLOGIA
Período pós-prandial
A absorção intestinal de nutrientes eleva os níveis séricos de glicose, aminoácidos e lipoproteínas ricas em triglicerídeos. A glicose
estimula a liberação de insulina. A glicose é “percebida” ao adentrar o citoplasma através dos canais GLUT 1 e 2, que são expressos de forma
constitutiva na membrana da célula beta. Ocorre então glicólise e formação de ATP, que promove o fechamento dos canais de potássio ATP-
sensíveis, resultando na despolarização celular e consequente influxo de cálcio, principal estímulo à degranulação.
Nesse período predomina o ANABOLISMO, marcado pela síntese de glicogênio hepático e muscular (glicogênese), de triglicerídeos nos
adipócitos e de proteínas em todos os tecidos, juntamente à utilização da glicose pela via glicolítica como principal substrato energético.
Ocorre predomínio da insulina em relação aos hormônios contrarreguladores.
FISIOPATOLOGIA
Principais órgãos-alvo:
Fígado – produtor de glicose
Músculo e tecido adiposo – captadores de glicose (quando você deixa de captar, passa a ter mais glicose na corrente sanguínea e isso acontece
na obesidade, no sedentarismo, etc.).
Há uma complexa interação entre a resistência à insulina nos órgãos-alvo e uma falência relativa de célula beta pancreática para apropriada
secreção de insulina em resposta a níveis aumentados de glicose.
Condição que leva à hiperglicemia: redução total ou relativa da produção de insulina + redução na captação da glicose pelo músculo e tecido
adiposo + produção hepática de glicose aumentada.
Essa homeostase é dada através da resposta do pâncreas ao nível de glicose sérica. Ex.: No período pós-prandial, vai haver um estímulo do
pâncreas, que vai aumentar a produção de insulina para captar a glicose via GLUT4 (receptor de membrana).
Os defeitos podem ser no pré-receptor, no receptor da insulina ou na via da secreção da insulina (esses últimos estão associados à resistência
insulínica)
produção de glicose
produção de glucagon
produção de insulina Hiperglicemia
Glicose com dificuldade de
absorção no tecido periférico
CLASSIFICAÇÃO
PRINCIPAIS:
Diabetes mellitus tipo 1
• 1A (autoimune)
• 1B (idiopático) – Mais raro
PICOS DE INCIDÊNCIA:
Idade: 10 a 14anos
4 a 6 anos
INCIDÊNCIA ENTRE OS SEXOS: Vírus possivelmente implicados no
Sexo: M=F desencadeamento do DM 1:
• Coxsackie B
Fatores de risco: • Rubéola
• Fatores genéticos • Caxumba
- Condição poligênica (principais genes envolvidos estão no sistema do HLA • Citomegalovírus
classe II). • Epstein Baar (Mononucleose)
* Existe uma discordância em relação ao DM1 entre gêmeos idênticos. • Retrovírus
• Fatores ambientais • Reovírus 1
• Hepatite
- Certas infecções virais;
- Fatores nutricionais (p. ex., introdução precoce de leite bovino);
- Deficiência de vitamina D e outros.
QUADRO CLÍNICO
Inicia-se de forma abrupta.
• Poliúria
• Polidipsia
• Polifagia
• Emagrecimento
OBS: Em crianças pequenas, as primeiras manifestações podem ser enurese noturna e candidíase.
Os pacientes podem apresentar, ainda, desidratação (tanto intracelular como extracelular).
ETIOPATOGENIA
Há uma predisposição genética, mas o fator mais importante é a
questão imunológica.
A célula beta é exposta à autoimunidade celular e humoral
(linfócitos, macrófagos, ILs, INFs, TNFs, etc), provocando uma insulite
(destruição da célula beta) e, consequentemente, o quadro de DM1.
Há uma infiltração das ilhotas por células mononucleares que
antecede a doença clínica e persiste por semanas ou meses antes
que uma destruição significativa das células beta ocorra. No curso da
insulite, os macrófagos e células T ativadas secretam mediadores
solúveis (citocinas, óxido nítrico, radicais livres do oxigênio), que
provavelmente contribuem para a disfunção e morte da célula beta.
Fase assintomática, em que ocorre destruição progressiva das células beta antes que o pâncreas se
torne incapaz de produzir insulina em níveis satisfatórios.
Ao longo do tempo, a maioria das células beta serão destruídas, portanto, os portadores de DM1
precisarão de insulinoterapia para o resto da vida.
Incidência bimodal, pico entre os 4-6 anos e outro entre 10-14.
Até 30% dos casos se iniciam após os 30 anos - LADA (Latent Autoimune Diabetes of Adults), a qual
apresenta déficit insulínico lento, de quadro clínico arrastado.
DM 1B - idiopática.
FISIOPATOLOGIA
O tecido adiposo e o tecido muscular passam a ter uma menor captação de insulina, ao passo que o fígado aumenta sua produção de
glicose. Tais mecanismos levam a uma hiperglicemia.
O aumento da resistência à insulina promove um desgaste cada vez maior da célula beta que, com o passar do tempo, a deficiência
de Insulina (antes relativa) passa a ser absoluta.
*Na deficiência relativa, a insulinemia está elevada, enquanto na deficiência absoluta, está diminuída.
3. Hiperglucagonemia:
Com a destruição de células beta, há um aumento das células alfa nas ilhotas pancreáticas, o que promove a hiperglucagonemia.
4. Aumento da lipólise:
Os ácidos graxos advindos da lipólise promovem uma resistência insulínica (tanto hepática quanto periférica).
O organismo interpreta a perda de glicose pela urina como uma “perda de energia” e, para compensar isso, há a hiperativação dos
receptores SGLT-2 e SGLT-1 (cotransportadores Na+/glicose presentes no túbulo contorcido proximal), que aumentam a reabsorção
de glicose. Essa reabsorção de Na+ e glicose ativa a SRAA na mácula densa (leva a um aumento ainda maior de retenção de líquido,
que pode ocasionar IC).
6. Disfunção Incretínica:
Incretinas são hormônios produzidos por células do intestino delgado em resposta à ingestão de nutrientes. Seu principal efeito é
aumentar a secreção pancreática de insulina em resposta à glicose (INCRETINAS INCREMENTAM a secreção de insulina, mas somente
quando a glicose é absorvida a partir de uma refeição). Existem duas incretinas principais: GLP-1 e GIP. Ambas são degradadas pela
enzima DPP-IV. Muitos diabéticos apresentam uma baixa do “efeito incretínico”.
QUADRO CLÍNICO
• A maioria dia pacientes passam meses ou anos ASSINTOMÁTICOS;
• Com menos frequência, sintomas de franca hiperglicemia podem ser referidos;
• Acantose nigricans (importante sinal clinico)
• Cerca de 50% desconhecem ter a doença por serem assintomáticos ou oligossintomaticos no DM2
• Apresentam mais comumente sintomas inespecíficos
- Vulvovaginite de repetição e disfunção erétil podem ser sintomas iniciais
• Poliúria
• Polidipsia
• Polifagia
• Perda de peso
DIAGNÓSTICO
Excetuando o critério 4, todos os demais precisam ser confirmados numa segunda dosagem,
na ausência de hiperglicemia inequívoca.
*A hemoglobina glicada representa a glicemia média em 120 dias.
Caso dois testes diferentes tenham sido solicitados ao mesmo tempo e ambos
sejam concordantes para o diagnóstico de diabetes, nenhum exame adicional é necessário.
Se os testes forem discordantes, aquele que estiver alterado deverá ser repetido para
confirmação ou não do diagnóstico.
*A glicose pós-prandial é mais associada com doença cardiovascular do que a glicose de jejum.
RASTREIO POPULACIONAL
A ADA também recomenda que, em crianças, o DM tipo 2 seja pesquisado bianualmente, a partir dos 10 anos de idade ou no início da
puberdade, quando houver sobrepeso (IMC > 85° percentil para idade e sexo ou peso, 120% do ideal para a altura) e dois ou mais dos
seguintes fatores de risco:
• história familiar de diabetes tipo 2 em parentes em primeiro e segundo graus
• determinadas raças ou etnias (p. ex., índios norte-americanos, negros, latino-americanos etc.)
• sinais de resistência insulínica (RI) ou condições associadas a RI (p. ex., acantose nigricans, hipertensão, dislipidemia ou SOP)
• história materna de diabetes ou diabetes gestacional.
TRATAMENTO
FISIOLOGIA DA ALIMENTAÇÃO
INSULINAS
• Dieta:
- Necessitam de aporte calórico adequado;
- Preferência para alimentos com baixo índice glicêmico;
• Álcool:
- Risco de hipoglicemia;
• Exercícios físicos:
- Risco do exercício físico sobre o controle glicêmico: hipoglicemia e hiperglicemia;
• Insulinoterapia
*Esquema basal-bolus: Como o diabético tipo 1 não produz insulina endógena alguma, o tratamento com insulina exógena deve tentar
reproduzir a resposta fisiológica. Uma insulina de ação intermediária ou prolongada substitui a liberação basal de insulina pelo pâncreas,
enquanto que uma insulina de ação rápida ou ultrarrápida simula o pico pós-prandial.
• Fatores que alteram a necessidade diária de insulina: insuficiência renal, infecções, trauma, Cushing.
DM2
• Dieta
- Objetivo: reduzir o peso;
- Tratamento da obesidade: medicações e cirurgia bariátrica;
• Exercícios Físicos
- Correção de hiperglicemia, obesidade, hipertensão arterial;
- Redução do risco cardiovascular.
• A estratégia terapêutica desses pacientes inclui controle dos fatores de risco para aterosclerose;
- Tratar HAS;
- Corrigir obesidade (a melhora da obesidade está relacionada com menor resistência periférica à insulina, bem como uma maior
capacidade das ilhotas de secretar insulina em resposta à glicose);
- Corrigir dislipidemia;
-Estimular o paciente a parar de fumar e sair do sedentarismo.
• Tratamento:
• Hipoglicemiantes orais
- Para escolha da droga a ser utilizada, pesa-se custo, benefício de controle glicêmico, efeitos colaterais, relação com aumento/redução do
peso, hipoglicemia e redução do risco cardiovascular.
- O ideal é uma droga que se perca peso, controle e glicose e não tenha hipoglicemia (porém, essas drogas são mais caras).
▪ Metformina
Mecanismo de ação:
1. Redução do turnover de glicose no leito esplâncnico (pelo
que eu pesquisei, turnover é uma renovação da molécula,
logo, a glicose não vai estar sendo renovada) *Acho que o
desenho tá errado e por isso ela também falou errado,
porque no livro tá como eu coloquei.
2. Inibição da gliconeogênese hepática, principal responsável
pela hiperglicemia de jejum.
3. Melhora da sensibilidade periférica à insulina (que reduz a
insulinemia). Atua no músculo, aumentando a utilização
periférica de glicose.
▪ Sulfoniureias
Mecanismo de ação:
Agem primariamente via estímulo da secreção pancreática de insulina. Secundariamente, reduzem o débito hepático de glicose e aumentam a
utilização periférica de glicose.
- Geram hipoglicemia e aumento do peso, além do aumento do risco cardiovascular (Glibenclamida tem maior risco e Gliclazida é considerada
segura em relação a esse ponto de vista).
▪ Pioglitazona
- Causa aumento do peso e agrava a ICC e tende a aumentar fraturas causadas pela
osteoporose. Porém, se mostrou benéfica em pacientes com AVC.
- É uma droga neutra em relação ao peso, tem risco de causar hipoglicemia e são bem
tolerados, porém não mostrou benefício cardiovascular.
▪ Análogos de GLP-1
- Por serem análogos de um hormônio proteico, são drogas que não podem ser administradas por VO (com exceção da Semaglutida), sendo,
então, injetáveis (SC).
▪ Inibidores de SGLT-2
Inibem o SGLT-2, permitindo que a glicose e o Na+ sejam liberados através da urina.
- Causam uma perda de peso, possuem baixo risco de causar hipoglicemia, acarreta
redução da mortalidade cardiovascular e reduz a pressão arterial. Além disso
melhora o desfecho renal, reduzindo a chance de: aumentar proteinúria, piorar a TFG
e de precisar de terapia dialítica.
• Insulina
- Pode ser iniciada quando o paciente utilizar doses máximas de duas ou três drogas orais por alguns meses e mantiver níveis de HbA1C >7%
ou >8%
- Pode ser também indicada como terapia inicial ou como segunda droga, especialmente quando existirem sintomas evidentes de
insulinopenia ou glicemia >300 -350 e HbA1C > 10-12%.
- A insulinoterapia no DM 2 é iniciada geralmente com esquema de insulina bedtime (“na hora de dormir”), cujo intuito é evitar a hiperglicemia
matinal, otimizando o efeito dos hipoglicemiantes orais (que deverão ser mantidos) tomados ao longo do dia, além de diminuir o risco de
hipoglicemia.
- Então, inicia-se com insulina bedtime. Caso necessário, muda-se para a insulinização plena e, ainda, caso precise, parte-se para a insulina
basal-bolus.